Comunicado Expedido em 10/07/2008 . Enfim a Grande Disputa
Prezado público leitor. Fez três semanas estou plenamente imbuído por contribuir na elaboração do marketing da campanha dos candidatos democratas a Prefeitura de Aracaju, Mendonça Prado e Pedrinho Valadares. Gostaria de pedir desculpas pela ausência de escritos. Não julgo ético fazer uma campanha eleitoral e ao mesmo tempo usar deste espaço democrático para expor minhas opiniões justamente sobre política e meios de comunicação de massa. Assim, resolvi dar um tempo no Ezine e no blog –-pelo menos enquanto durar o pleito; depois dele, independente do resultado, volto a esta trincheira. Minha intenção é escrever somente artigos diretamente envolvidos com a campanha e usar dos meios da campanha para divulgá-los. A todos agradeço sobremaneira o carinho da audiência e a paciência de acompanhar minhas observações. Até breve!

Segunda-feira, 30/06/2008 – Ano II – Edição 283
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Quanto Maior O Homem, Mais Singular A Queda
O incomensurável poder da Presidência da República começa a ser usado para destruir os planos dos partidos adversários do PT e aliados em todo o Brasil. Na quarta-feira o governo anunciou aumento de 8% - bem acima da inflação de 2007, 5,6% - para o Bolsa-Família, carro-chefe da pragmática relação de amor entre o “pai dos pobres” e o eleitorado, especialmente o sem instrução. Três meses atrás, o então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Marcos Aurélio de Melo disse que a legislação proibia distribuir benefícios em ano eleitoral. Nem a oposição se deu conta do enunciado. Aliás, a oposição no Congresso achou por bem aplaudir o aumento do Bolsa-Família, pois “o povo pobre não pode pagar a conta da política”, conforme disse o candidato a prefeito de Salvador (BA) pelo DEM, ACM Neto. Em ano eleitoral, quem vai de encontro ao eleitor, afinal? Ontem, o jornal O Globo publicou dados do Sistema Interno de Administração Financeira do governo federal. Entre 01/06 e 26/06 houve a liberação recorde de R$ 679,7 milhões em emendas ao Orçamento (para obras e projetos sociais) dos parlamentares aliados do presidente Lula da Silva. Ainda aguardam liberação outros R$ 3 bilhões. O presidente prometeu liberar tudo antes da eleição – no caso, até a oposição sai ganhando. Aumento de benefício e liberação de verbas do Orçamento são argumentos eletrizantes para envolver (e tentar convencer) o eleitorado da vantagem de eleger quem está afinado com o poder fincado em Brasília. Ou seja, o discurso está pronto...
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O presidente Lula da Silva já disse que apenas dois pleitos lhe interessam pessoal e politicamente. São Paulo – por razões óbvias – e Aracaju, para derrotar “a qualquer custo” João Alves Filho, o único que o incomoda. A junção de forças em torno da candidatura de Edvaldo Nogueira configura o maior acordão da história sergipana. Nunca um candidato a prefeito – governista ou não – teve tanto poder e tantos diferentes partidos em seu favor. Mendonça Prado e Almeida Lima, candidatos com reais chances de combater e vencer Edvaldo Nogueira, vão enfrentar as máquinas (federal, estadual e municipal) e a arregimentação dos 15 partidos aliados (PCdoB, PT, PSDB, PSB, PSC, PR, PRB, PDT, PSL, PSDC, PTN, PPS, PTdoB, PV e PMN). Neste contexto, a polarização ainda permanece a mesma. A real disputa é do poderoso acordão de Lula da Silva e Marcelo Déda contra o grupo de João Alves Filho, agora resumido ao Democratas e o PP de Venâncio Fonseca. Almeida Lima, caso faça uma campanha propositiva, poderá se beneficiar do confronto. Tem conteúdo, capacidade administrativa, discurso ferino e... empáfia, o pior dos defeitos numa campanha eleitoral. A oposição tem o discurso mais eloqüente. A conjuntura conspira a favor. Terá competência para por à prova o comando do presidente cujo poder parece não ter limites?

Sexta-feira, 27/06/2008 – Ano II – Edição 282
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As Promessas ao Embaixador Gringo
Muita gente ainda está surpresa com a presença no final de semana do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobbel. A última visita de um chefe da diplomacia norte-americana a Sergipe ocorreu em 1963, quando a costa sergipana foi cogitada para receber uma base militar gringa. Clifford Sobbel é um experimentado homem de negócios. Amigo pessoal do presidente George W. Bush, ele foi inicialmente indicado embaixador na Noruega. Em 2006 assumiu a representação no Brasil. Antes de incorporar-se ao Departamento de Estado, Clifford Sobbel presidia a Net2Phone, maior provedor de Internet dos EUA – a empresa também opera com telefonia móvel e soluções tecnológicas. Em 2001 a Net2Phone associou-se a Cisco Systems, companhia californiana multinacional especializada na fabricação de softwares de gerenciamento de redes e roteadores de grande porte. Há 45 anos, a visita do embaixador Lincoln Gordon a Sergipe ocorreu por motivos estratégico-militares. A guerra fria e a tendência política do Brasil ao esquerdismo eram as maiores preocupações dos EUA. Clifford Sobbel esteve em Sergipe para fazer negócios. Conversou com o governador Marcelo Déda sobre a instalação de uma fábrica da Net2Phone/Cisco Systems na Barra dos Coqueiros, nas áreas próximas ao porto. O embaixador saiu de Sergipe com a impressão de que vai fazer dinheiro, especialmente depois de ouvir os argumentos de Marcelo Déda para fechar o negócio. Entre as promessas, renúncia fiscal, infra-estrutura e apoio logístico. Agora é esperar para saber se vai vingar... PS – Apesar de produzir alta tecnologia, a fábrica em questão opera com mão de obra altamente especializada – ou seja, remunera com altos salários, mas dada à automação, terá poucos empregos. Algo em torno de 300 postos de trabalho.

Quinta-feira, 26/06/2008 – Ano II – Edição 281
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O Poder da Máquina Federal
A pendenga promete ser dura. O poder incomensurável da Presidência da República mais uma vez será usado em Sergipe em benefício dos interesses de Lula da Silva, correligionários e aliados antigos e novos. Segundo Lauro Jardim (Revista Veja, 25/06), o presidente dará “atenção especial” à apenas dois pleitos: São Paulo e Aracaju. São Paulo tem o maior colégio eleitoral do Brasil. São 7,9 milhões de eleitores. Vitrine política, cultural e econômica da América Latina, a cidade é setor estratégico para todos os partidos. O eleitorado de Aracaju soma 325.954 pessoas. Em 2004, Marcelo Déda foi reeleito com 186.507 votos, ou 71,38% dos votos válidos. Qual seria a motivação de Lula da Silva na disputa de um “bairro” paulistano? A resposta foi dada pelo próprio Lauro Jardim: “Ali, (ele) quer porque quer derrotar o ex-governador João Alves Filho” – no caso, através dos candidatos democratas Mendonça Prado e Pedrinho Valadares. Ao rasgar seda para receber o apoio do PSBD à reeleição de Edvaldo Nogueira, Marcelo Déda lembrou de quando Albano Franco era governador: “Ele teria condições de bloquear os recursos para a prefeitura, mas pelo contrário. Quando estava com algum ministro me ligava perguntando se havia pendências”. Faltou a Marcelo Déda o mesmo desprendimento! Para edificar a candidatura ao governo, o hoje governador abusou de práticas mesquinhas, próprias dos regimes autoritários. A influência junto ao compadre-presidente permitiu-lhe vetar financiamentos, atrasar repasses e sufocar economicamente o adversário. Faltou a Marcelo Déda coragem para competir em pé de igualdade com aquele a quem mais teme – ontem e agora... A decisão do presidente Lula da Silva de intervir pessoalmente na eleição de Aracaju é prova eloqüente de que João Alves Filho não mentia quando falava em perseguição e uso da máquina federal contra ele. Mais uma vez, Aracaju vai assistir ao abuso do poder desmedido em auxílio luxuoso ao desejo do governador Marcelo Déda de continuar ditando as ordens também na prefeitura da Capital. O acordão estilo sarapatel, a reunir gente estranha numa festa esquisita – do PSDB de Albano Franco ao PPS de João Fontes, passando pelo meio PMDB de Jackson Barreto –, busca exterminar da vida pública quem é empecilho. A menos que...

Segunda-feira, 23/06/2008 – Ano II – Edição 280
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A Crise no Banese Repercute

Leitores insatisfeitos com meus escritos criticam o passado, como se estripulias de agora pudessem justificar supostas ilicitudes de outrora:

  • Excelente a notícia que dá conta da decisão do Ministério Público e do TC de investigar o Banese, mais especificamente a área de TI. Quem sabe assim desvenda a mágica que proporcionou ao eficiente gerente de TI da gestão anterior tão exuberante riqueza. Será que foi algum mimo pela aquisição de "novas plataformas operacionais com sistemas mais eficientes e seguros"? Juliana Santos .
  • Enquanto jornalista o senhor é uma excelente pessoa, daquelas que se curvam servilmente perante aqueles de quem depende. Ou seja, um excelente capacho. Não fosse assim, não estaria se submetendo a assinar matéria difamatória como esta sobre o Banese, sem ao menos verificar o caráter do gerente de TI da gestão Jair Araújo. Os baneseanos se perguntam diariamente de onde veio a fortuna do senhor Robson Cerqueira? Como um bancário do Banese, cuja esposa também é bancária do Banese, acumula tanta fortuna? Seriam heranças de pais milionários? Resposta: não, os pais de ambos são paupérrimos. Fique atento, senhor jornalista. Neste caso o senhor pode estar dando um tiro no pé. Francisco Pereira
Interessante a reação dos petistas quando se sentem ofendidos. Parece algo patologicamente congênito. Tentam espertamente inverter os papeis. Algo mais ou menos assim: “Se fizeram antes, podemos fazer também. Critique o passado e deixe a gente em paz. Agora é a nossa vez”. Os magoados leitores aparentam possuir informações privilegiadas sobre estripulias do ex-governo no Banese. Prestariam um grande serviço à sociedade se formalizassem denúncia no MPE contra Jair Araújo e Robson Cerqueira. Estranho é que somente agora, depois da avalanche de denúncias contra a gestão de Marcelo Déda no Banese, eles tenham resolvido abrir o bico e delatar o passado de favorecimentos, enriquecimento ilícito...
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Os Berros da Vitória
Minha informação exclusiva (vide edição anterior) sobre a reação do governador Marcelo Déda imediatamente após a confirmação da chapa dos democratas a prefeito e vice despertou o leitor Célio Otacílio:
  • “Você disse que ele despreza Mendonça Prado e Pedrinho Valadares por ter dito ‘Eu vou ganhar a eleição de Aracaju no primeiro turno’. Penso eu que ele despreza mesmo é Edvaldo Nogueira e comprova o que todo mundo já sabe: sem Déda, Edvaldo não existe. Também há a possibilidade de Déda está tão convicto que é governador e prefeito de Aracaju ao mesmo tempo, que até acha que o candidato é ele próprio. De qualquer maneira, a informação demonstra claramente o momento de ‘espelho, espelho meu’ vivido pelo governador mais humilde da história de Sergipe”. Célio Otacílio
Qualquer das alternativas é péssima para a militância governista, já plenamente contaminada pela visão equivocada da vitória antecipada. Em contraste, a sobriedade de Edvaldo Nogueira quando recebeu a notícia evidencia o quanto ele respeita não apenas a conjuntura – ainda desfavorável aos governistas – mas o próprio eleitorado. O eleitor de Aracaju tem a estranha mania de remar contra a maré do poder vigente. Já elegeu prefeito gente sem um único voto ou mesmo cabedal eleitoral definido (Wellington Paixão e João Augusto Gama), embalado por fatores cujo histórico se assemelha com o momento atual. Políticos de prestígio costumam transferir votos com incrível facilidade. Porém, a agravante para os governistas é o fato de em 23 anos nunca ter sido eleito um prefeito indicado pelo governador. Mesmo o poderoso Marcelo Déda precisa ir como menos sede ao pote!
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Duda Mendonça em Aracaju
Os tentáculos de Duda Mendonça já estão devidamente fincados na campanha de Edvaldo Nogueira. A produtora de vídeo Malagueta, contratada a peso de ouro para realizar o material de campanha (rádio e TV) já está organizando a montagem da estrutura. A empresa pertence aos familiares de Duda Mendonça e realizou trabalhos para o governo das mudanças para pior, e também para a prefeitura de Aracaju, na gestão de Marcelo Déda.

Sexta-feira, 20/06/2008 – Ano II – Edição 279
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Ainda Sobre a Crise no Banese
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O leniente TCE (Tribunal de Contas do Estado) resolveu acordar do sono esplêndido e ontem deliberou pela realização de auditagem especial no Banese para apurar a enxurrada de denúncias de favorecimento em licitações e contratos na área de tecnologia (informática). Conforme comentei na edição de ontem, o presidente João Andrade tem muito a explicar. A estreita ligação dele com a IBM, seria apenas fanática simpatia pela multinacional americana? Fato relevante: a proposta de averiguar as estripulias do governo Marcelo Déda no Banese foi provocada por requerimento do procurador-geral do MPE (Ministério Público Estadual) junto ao TCE, João Augusto dos Anjos Bandeira de Mello. Faz meses, notícias sobre a falta de competitividade e suposto direcionamento nas licitações do Banese eram publicadas pela imprensa. O assunto parecia não interessar a ninguém. Nem mesmo à diligente (contra os adversários) Controladoria-Geral do Estado. Embaixo do pirão baneseano tem carne de primeira. Resta esperar para ver se a inspeção do TCE vai remexer na panela a fundo. Contaminado pela Vitória Antecipada A euforia tomou conta do governador Marcelo Déda tão logo recebeu uma ligação confirmando Mendonça Prado e Pedrinho Valadares como candidatos a prefeito e vice dos democratas. Acompanhado de dois auxiliares, Marcelo Déda sorvia o café da manhã num hotel de São Paulo (16/06) antes de embarcar para Fortaleza (CE), onde participou do Diálogo sobre Energia Eólica. Aos berros, o governador disse no celular: “Eu vou ganhar a eleição de Aracaju no primeiro turno!”. A algazarra despertou a atenção das demais mesas, pois a frase foi repetida várias vezes. O desprezo pelos concorrentes é visível entre os governistas – e depois do referendum do “número um”, deve contaminar ainda mais a militância. Quem está no poder por vezes ignora quão imponderáveis são os ditames do eleitorado para homologar candidatos. A realidade pode ser bem diferente... Os Detalhes Finais das Composições O prefeito-candidato Edvaldo Nogueira mostra-se aguerrido na composição do leque de partidos dispostos a apoiar o projeto de reeleição. Não se pode ignorar o valor político agregado ao minguado PCdoB. Parte da corriola apenas continua onde sempre esteve – à esquerda. Outra parte aderiu pelo simples gosto de interagir com o mandatário da vez. O mérito pelas conquistas, no entanto, deve-se ao hábil poder de convencimento de Edvaldo Nogueira. Mansamente, o comunista vai comendo pelas beiradas. Sem estofo eleitoral próprio, Edvaldo Nogueira usa a força da máquina e um trato acima de tudo afável – até mesmo humilde – para fazer-se notar. Apesar dos esforços, alguns dos agregados de última hora podem não embarcar de corpo e alma. Um exemplo é PSDB de Albano Franco. O grão-mestre tucano é Edvaldo Nogueira desde pequenininho. Candidatos a vereador pelo PSDB, contudo, preferem e vão trabalhar outra candidatura. Edvan Amorim engoliu sapos para convencer o PCS e o PR a apoiar o projeto de reeleição. Seguidas reuniões lograram em discórdia. A decisão de quem vai receber o apoio depende agora de Almeida Lima. O tripé formado para a escolha do eleitor tem ingredientes de uma grande disputa. Edvaldo Nogueira com o imenso rebanho e a força das máquinas. Almeida Lima e a experiência de já ter sido prefeito. E Mendonça Prado, a novidade do processo!

Quinta-feira, 19/06/2008 – Ano II – Edição 278
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Crise no Banese
O Banese atravessa uma séria crise interna. A diretoria petista realiza mudanças questionadas por funcionários e sindicalistas. A base da discórdia está no cobiçado setor de Tecnologia da Informação. No início do governo João Alves Filho, caixas eletrônicos do Banese sofreram agressão de clientes insatisfeitos com os serviços do banco. Obter um simples extrato de conta corrente dava dor de cabeça. Durante o período de Jair Araújo (2003/2006), o Banese recebeu novas plataformas operacionais com sistemas mais eficientes e seguras. As falhas do sistema antigo do Banese decorriam do modelo de gestão da informação adotado pelo atual presidente João Andrade quando ocupou o mesmo cargo no governo Albano Franco. À época, João Andrade implantou um modelo operacional aposentado pela maioria dos bancos havia tempos - não obstante o alto desembolso feito pelo Banese para adquirir hardwares e softwares fornecidos até então com exclusividade pela IBM. Tempos bons aqueles para a turma de João Andrade! Chegou 2007. Por obra do governador Marcelo Déda, João Andrade reassumiu o posto de presidente e tratou imediatamente de imiscuir-se (ele mesmo) nas tarefas de informatização do Banese. Contratou – certamente para ajuda-lo – um ex-consultor da IBM que recebia cerca de R$ 30 mil de salário da multinacional americana, mas topou trabalhar no Banese por míseros R$ 4 mil. Na última semana de dezembro passado, João Andrade realizou o primeiro pregão destinado à aquisição de softwares e serviços de gerenciamento. De fora de Sergipe, apenas a IBM deu lance. Quem venceu a licitação? A IBM... Até 2006, diversas empresas forneciam soluções tecnológicas para o Banese. Depois do retorno de João Andrade, a IBM deixou a concorrência a ver navios. Em abril, a IBM deixou de abiscoitar uma verba gorda porque os preços apresentados estavam “muito altos”. Mas a IBM não perdeu nada. O pregão foi sumamente cancelado. Deve ser retomado até o final deste mês! João Andrade tem muito a explicar. As acusações feitas por funcionários e até por ex-presidentes – além das notórias evidências negativas – contra sua gestão são prejudiciais à imagem do Banese. José Figueiredo – mesmo afastado do Conselho do banco, a pedido dele próprio – deve participar da reunião dos conselheiros na manhã desta quinta-feira. O ex-mandatário quer se inteirar da situação... Aliás, seria de bom alvitre que João Andrade pusesse as barbas de molho. Até 2006, os verdadeiros donos do Banese – os sergipanos –recebiam suas “ações” na forma de obras, através do repasse de dividendos ao tesouro estadual. No governo das mudanças para pior, além do repasse ter minguado, o pouco que o Banese aplica dos altos lucros vem na forma de festa. Só com os festejos juninos são quase cinco milhões.

Quarta-feira, 18/06/2008 – Ano II – Edição 277
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Vitória Antecipada

O jogo começou com um desfalque. Conforme previsto, João Alves Filho está fora do embate contra o prefeito-candidato Edvaldo Nogueira. A saúde da senadora Maria do Carmo seria a razão. Mendonça Prado e Pedrinho Valadares, pré-candidatos a prefeito e vice de Aracaju, foram escalados para detonar o grupo arraigado 23 anos na administração municipal. Não será tarefa para amadores! Os candidatos democratas têm cabedal político e trafegam bem no eleitorado formador de opinião. Juntos, somaram mais de 100 mil votos na eleição de 2006 – metade deles em Aracaju. Pesquisas revelam o desejo por mudança e pela descentralização política. O poder financeiro pode não ser tamanhamente decisivo, como alguns imaginam. A indicação de Mendonça e Pedrinho gerou em alguns governistas o sentimento de desprezo pelos adversários. Imaginar uma vitória fácil – e por antecipação – parece ser comum a quem se nutre do poder. Cautela e canja de galinha...

Segunda-feira, 16/06/2008 – Ano II – Edição 276
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Apenas Reflexo
Não cabe crítica o fato de Sergipe ter o pior ensino médio do Brasil. Trata-se de conseqüência, de efeito... A imprensa paraestatal tentou isentar o governo Marcelo Déda de qualquer responsabilidade. Gilvan Manoel (Jornal do Dia, 13/06) chegou a esconjurar os governos passados. Os Centros de Excelência, para ele, são “ilhas de exclusão”. Já o pré-universitário “segrega os alunos”. Como criticar o ensino público de Sergipe se pessoas supostamente letradas como Gilvan Manoel não tratam sobriamente idéias largamente bem sucedidas em outras nações apenas por conveniência político-jornalística? O umbigo é mais embaixo! A educação vai mal porque o governo vai mal. Não obstante financiar regiamente o jornalismo de encomenda, para parecer que vai bem... A grande questão reside no tal do recomeço. Os estudantes da rede pública alcançaram um índice de aprovação espetacular (e inédito) na UFS nos vestibulares de 2005 e 2006. O “excludente” pré-universitário levou quase três mil alunos pobres à universidade pública e gratuita – aliás, independente se pretos, amarelos ou bancos. Estão lá não por qualquer cota de segurança social, mas pelo mérito próprio e pela ação afirmativa de um programa educacional eficaz. À semelhança dos países onde o politiquismo foi aposentado! O Enem de 2006 apontou os alunos do Centro de Excelência Atheneu entre os melhores de Sergipe – de escolas públicas e privadas. Na “ilha de segregação”, os melhores alunos e professores da rede estadual tiveram a oportunidade de se engajar num projeto-piloto para formar uma elite intelectual. À semelhança dos países onde o paternalismo foi aposentado! Embriagados pelo caldo alucinógeno da propaganda enganosa do governo Marcelo Déda, poucos se deram conta de quanto é dispendioso recomeçar. A confusão mental de uns poucos prejudica uma geração inteira, porquanto atrasa - quando não interrompe – mudanças conceituais baseadas nos melhores exemplos, testadas e aprovadas mundo afora. O governo das mudanças para pior inventou de recomeçar do zero a Educação. Programas reconhecidos pela Unesco, Alfabetização Solidária e outras entidades de igual porte como eficientes foram simplesmente abandonados. Marcelo Déda suspendeu ações de melhoria da qualidade do ensino e da gestão escolar. Cortou inventivos financeiros dos docentes... Só podia dar no que deu! (ou dará!). Não há porque criticar a fajuta educação do governo Marcelo Déda. Lamentavelmente, ela é apenas um reflexo...

Sexta-feira, 13/06/2008 – Ano II – Edição 275
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Cabide de Emprego
Na edição 215 (24/01/2008), informei sobre a reforma milionária de uma casa no conjunto Leite Neto onde a obsequiosa Secretaria Estadual de Comunicação Social pretende abrigar o tal de “núcleo de multimeios”. Madame Eloísa Galdino torra na repaginação do novo cabide de emprego do governo Marcelo Déda R$ 206.980 (até o momento) – sem contar um aluguel mensal de R$ 1.300. O imóvel vale no mercado no máximo R$ 180.000. Alguns dias após a minha denúncia, a temida jornalista Thaís Bezerra (Jornal da Cidade, 27.01) posou de pombo-correio: “Andam falando horrores da Secretaria de Comunicação por causa de uma casa bem próxima ao Palácio de Despachos. Ali será desenvolvido o projeto Mídia Jovem, em parceria com a operadora Oi e, talvez, com a participação do grupo Votorantin. Como está sendo adaptada para instalações multimídia, ilhas e estúdios de TV e rádio, a reforma custa caro”. Ontem, o líder da oposição na Assembléia, Venâncio Fonseca, não satisfeito com as declarações da porta-voz extra-oficial do governo Marcelo Déda, cobrou explicações sobre os investimentos públicos numa casa alugada, lembrando que o imóvel vale menos que o gasto na reforma. Venâncio Fonseca felicitou o proprietário – “É um felizardo, um sortudo!” - e observou: “O custo será outro, será um outro valor. O edital do Diário Oficial é claro. Fala em reforma e não na implantação de um projeto. É preciso falar a verdade. Do jeito que está, fica a dúvida”. O ceticismo de Venâncio Fonseca decorre dos argumentos defensivos do líder governista. Depois de confirmar as informações de Thaís Bezerra, Francisco Gualberto apenas ironizou a oposição, sem esclarecer absolutamente nada. “Não é uma barbearia, não tem navalha. É um local para educação, para a formação de jovens do interior”. A placa de identificação da obra fala só em reforma do imóvel. Não cita a destinação de uso nem menciona qualquer projeto educativo ou equipamentos necessários. A contratação de servidores e a aquisição de bens móveis ou imóveis exigem concurso público e concorrência pública. É o que diz a lei. A transparente Secom age como se buscasse esconder algo. Desde o início da obra de “adaptação”, o silêncio acerca da casa milionária imperou. Foi quebrado apenas depois da minha denúncia, mostrando fotos do imóvel e da placa de identificação com o valor surreal da “reforma” – agora transformada pelo PT em “valoroso projeto social”. O governo das mudanças para pior esbanja dinheiro num intento ainda não devidamente esclarecido, cujo proveito caberia melhor se aplicado na combalida TV Aperipê, conforme ponderou Venâncio Fonseca. “O Sistema Aperipê tem implantada toda a infra-estrutura necessária para abrigar o programa da Secom. Se fosse preciso algum reparo ou adaptação, o investimento seria feito num equipamento público e não num imóvel de terceiros. É uma questão de prioridade, de economia do dinheiro público”. O novo cabide de emprego do governo Marcelo Déda, adaptado a peso de ouro para abrigar com milionário conforto o caudaloso séqüito de amiguinhos da Musa da Secom, ainda vai dar o que falar...

Quinta-feira, 12/06/2008 – Ano II – Edição 274
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O Rubor de Tânia Soares
Faz quase um mês, a deputada Tânia Soares ficou escandalizada quando adversários do governador Marcelo Déda foram indiciados pelo STF por conta da operação “Navalha”. A comunista se disse “envergonhada, assim como os sergipanos que residem em outras partes do Brasil”. Tânia Soares tem agora mais 237 motivos para ruborizar-se. A partir de 2005, fiscais da CGU estiveram em nove das 100 maiores cidades do país para checar a lisura e eficiência de projetos financiados com verbas federais. Encontrou 652 indícios de irregularidades (licitações forjadas, programas com beneficiários fantasmas, desperdício de equipamentos, sumiço de bens e superfaturamento). Aracaju lidera o ranking. Para vergonha não apenas de Tânia Soares, a CGU aponta 237 “atos de ilicitude” em convênios cuja soma chega a R$ 171 milhões, conforme informou a Folha de S. Paulo (09/06). O relatório da Controladoria foi concluído em dezembro de 2006. Contudo, os problemas perduram. Entre as muitas peripécias flagradas pela CGU há um posto de saúde fantasma no valor de R$ 426 mil. Deveria funcionar no bairro Getúlio Vargas desde a gestão de Marcelo Déda. Para fazer a obra, o então prefeito quis usar uma empresa previamente desclassificada pela comissão de licitação por apresentar preço “inviável”. Detectada a irregularidade, ele prometeu cancelar a licitação. Ainda na gestão de Marcelo Déda, a PMA pagou indevidamente R$ 3,6 mil pela limpeza e infra-estrutura de um terreno antes de comprá-lo. Um ano e meio após a inspeção da CGU, a nesga ainda não foi adquirida. Em março de 2006, foram gastos R$ 36 mil em equipamentos para obras no Bairro Jabotiana. Nada existe por lá. O caso do Hospital Santa Isabel é surreal. O centro cirúrgico e as novas instalações da maternidade deveriam funcionar desde o segundo ano do primeiro mandato de Marcelo Déda na PMA. Seis anos depois, o nosocômio ainda está em obras e busca mais dinheiro para finalizá-las. Num posto de saúde do Bairro Porto Dantas, a gestão de Marcelo Déda colocou a farmácia numa sala com ar-condicionado, toda arrumadinha. Mas a clínica-geral do posto, Jane Marinho de Passos, diz que falta até analgésico Dipirona injetável. A administração de João Alves Filho não poderia escapar dos fiscais da CUG. Parte dos equipamentos destinados à instalação de central de alarme e rede de iluminação de emergência no Colégio Atheneu Sergipense nunca foi usada e outra parte simplesmente desapareceu. Prejuízo: R$ 8,5 mil. A deputada Tânia Soares pode agora voltar à tribuna da Assembléia para mais uma vez mostrar-se vermelhamente ruborizada. Motivos ela tem de sobra. Aliás, 237 bons motivos. Resta saber se terá coragem de se envergonhar publicamente por peripécias cometidas na gestão do companheiro Marcelo Déda, como fez despudoradamente com os adversários.
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Edvaldo Nogueira Tira o Braço da Seringa Marcelo Déda Está Dodói
À Folha de S. Paulo, o prefeito-candidato negou qualquer irregularidade nos contratos questionados pela CGU. Edvaldo Nogueira atribui os problemas ou a questões burocráticas e pendências jurídicas ou a gestões anteriores. Exatamente: a culpa é de Marcelo Déda, João Augusto Gama... Interessante foi a desculpa de Marcelo Déda para escapar da Folha de S. Paulo. Mandou dizer que está doente e não poderia falar – engessou as duas mãos, queimou a língua ou pegou a malvada dengue? Já o arguto deputado-secretário de Saúde Rogério Carvalho, responsável pelos contratos suspeitos, foi mais ligeiro. Disse que suas explicações foram dadas à CGU em 2006. O rapaz danado nada teria a acrescentar. O ex-governador João Alves Filho não foi localizado. A chefa da Procuradoria da República em Sergipe, Eunice Dantas Carvalho, afirmou que vai analisar a papelada para definir se cabem ações cíveis e criminais. É esperar para ver se esse bonde vai mesmo andar...

Quarta-feira, 11/06/2008 – Ano II – Edição 273
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Atos de Selvageria
De um lado, socos, pontapés, empurrões, gás lacrimogêneo... Do outro, hematomas, caras quebradas, humilhação! A Tropa de Elite do governo do PT mais uma vez mostrou-se inapta para intervir em conflitos desarmados. As vítimas recentes da desinteligência da Polícia Militar são agora os sem-teto. Faz poucos meses, a mesmíssima Tropa de Elite do governo do PT surrou estudantes do Colégio Dom Luciano. Em diferentes ocasiões, já havia surrado estudantes da Unit e da UFS. Como ninguém foi punido, a banalização da violência contra “insubordinados” desarmados virou regrar na PM. Ontem, a Secretaria Estadual de Comunicação publicou comunicado onde pretendeu desvincular o governador Marcelo Déda – e o próprio governo – da ação truculenta. Em cada palavra, a confirmação da omissão, o descaramento... A Secom diz que o governo agiu legalmente ao expulsar os desabrigados dos escombros do Hotel Brisa Mar, pois “a lei lhe permite agir imediatamente para impedir a ocupação indevida de propriedade pública”. Quem na oposição criticava a desocupação de fazendas e acostamentos de rodovias invadidas pelos sem-terra, mostrou-se no poder radical no trato com os movimentos sociais. A Secom diz que os invasores usaram de força para ocupar o terreno. Mentira! No rádio, testemunhas disseram que o local estava abandonado fazia tempo. A Secom diz que a PM “buscou sempre uma saída pacífica”. Mentira! Ao chegar ao local, conforme testemunhas ouvidas pela imprensa, a Tropa de Elite do governo do PT ordenou a desocupação. Revoltados, pois não tinham para onde ir, os invasores passaram a usar palavras de ordem, o que “ofendeu” a PM. Resultado da “ofensa”: a porrada comeu! A Secom diz que a Tropa de Elite do governo do PT “atuou nos limites da moderação, impedindo a entrada de mais 150 pessoas ao local”. Mentira! Imagens das emissoras de TV e fotos de jornais mostraram exatamente o contrário. Segundo invasores, a PM atacou física e moralmente até mulheres e crianças. A Secom diz que entre os invasores há beneficiados por projetos habitacionais do governo do PT ou cadastrados em programas com obras em execução. Meia verdade! Apenas uns poucos entre os mais de 300 sem-teto tinham cadastro em programas habitacionais e somente dois deles foram beneficiados anteriormente, contudo, não através de programas do governo do PT sergipano. A Secom diz que o governo do PT “enfrenta com coragem o drama do déficit habitacional”. Mentira! Todos os programas habitacionais em curso no estado são patrocinados, financiados e mantidos pelo governo federal. Até o programa “Sergipe Minha Casa” (criado no ex-governo), que substituía casebres de taipa por casas de alvenaria, foi cancelado no ano passado. Não obstante, a entrega entre 2003 e 2006 de quase 10 mil unidades nos municípios com menor IDH. A Secom diz que o governo do PT “em nenhum momento deixou de prestar assistência às pessoas que estavam no local”. Mentira! Conforme os próprios invasores testemunharam, somente no dia anterior à desocupação do Brisa Mar uma equipe da secretária Ana Lúcia Menezes (Inclusão Social) esteve no local. Cadastrou famílias, mas nada acertou quanto ao abrigo pós-desocupação. Para amenizar os efeitos da dantesca selvageria promovida por sua Tropa de Elite, o governo do PT alojou de última hora os desabrigados em galpões do Estado. Por que, então, permitiu a invasão uma área pública se fazia parte do plano de desocupação alojá-las provisoriamente? A resposta é simples: tal “plano” simplesmente não existia. Foi criado um tapa-buraco, visando remediar o estrago à imagem. A Secom encerrou a nota garantindo que o governo do PT “não abrirá mão do dever de preservar o patrimônio dos sergipanos”. Espera-se apenas que para cumprir o intento o governo das mudanças para pior não volte a usar o cassetete como argumento ao convencimento. Pega mal. Muito mal! Por incompetência ou omissão, a responsabilidade pela baixaria ocorrida no sábado é toda e tão somente do governo do PT. Doa a quem doer!
. Os Oportunistas Nas vezes em que o povo pobre acaba vítima do poder desmedido e excessivo, sempre surgem os espertinhos com aquele apetite voraz para aparecer de bons-moços. Dois deles deveriam manter-se caladinhos. O primeiro é o líder do governo na Assembléia, Francisco Gualberto. Semana passada, armado com um facão, o deputado petista saiu em perigosa perseguição a um atabalhoado, chato e rouco sindicalista por conta da eleição do sindicato dos professores da prefeitura de Aracaju. Apelidado de Ninja, Rambo e até de Chuck Noris de São Cristóvão, Francisco Gualberto é o próprio símbolo do excesso desmedido, da violência gratuita, da insânia, do poder luxurioso. Ele a defender um governo marcado pela truculência policial só aumenta os prejuízos à imagem de ambos. O segundo é o radialista-deputado tampão Gilmar Carvalho. O outrora implacável defensor dos frascos e comprimidos amansou, serenamente. Talvez ressabiado pelas dezenas de processo e condenações judiciais por calúnia e difamação – além, claro, do óbvio esforço para resguardar a própria pele, afinal depende do governador Marcelo Déda para seguir deputando. Desta feita, o governador de plantão não foi chamado pelo Cão-Cão de “frouxo” – que o diga Albano Franco. Por hora, Gilmar Carvalho fica satisfeito apenas com a demissão do comando da PM e fica tudo resolvido. Também, para “sorte” do governo do PT, ele não disse que “vivemos um desgoverno”, nem que temos “um governo acovardado, acuado pela incompetência”. Em certas ocasiões, o silêncio é a melhor das virtudes...
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Tonho Leite Revoltado
O ator, publicitário e empresário Antônio Leite distribuiu ontem artigo com o ponto de vista dele quanto à derrubada dos bares da Praia de Aruana. Pelo conteúdo bombástico, publico o texto completo:
  • CAPRICHOS DO PROCURADOR É inusitada a peleja travada entre comerciantes da Paia de Aruana e Ministério Publico Federal de Sergipe. A sociedade sergipana assistiu perplexa e assustada o desfecho dessa injusta querela. Diversos atores sociais, principalmente jornalistas, manifestaram-se na imprensa as suas indignações contra o absurdo que se configurou numa das mais arrogantes investidas daquele poder que, em nome de defender a sociedade, acaba se voltando contra ela. Mas alguns fatos precisam ser esclarecidos, para que a população entenda o que é que existe de pano de fundo nesta história e que a outra parte jamais irá contar. Em 2000, após uma reunião festiva em uma mansão nas dunas da Aruana, casa da americana Caroline, com a presença de algumas figuras importantes de vários poderes, interessados na valorização da área, ficou decidido acabar com os bares da praia naquela localidade. Orientados, criaram uma associação de moradores para provocar o Ministério Publico Federal. A partir desta data, o procurador Paulo Jacobina iniciou um processo, com uma postura pessoal e no mínimo estranha, chegando em reunião com vários órgãos, inclusive com o prefeito de Aracaju, na época João Augusto Gama, o procurador dirigiu-se a mim de maneira agressiva e disse: “Eu vou derrubar o seu bar”, no caso o Botequim.bom.br. Criando, entre os presentes, uma situação vexatória, um sentimento de constrangimento. Não fosse a turma do deixa disso com o tradicional: calma Jacó, que é isso Jacó, deixa disso Jacó, pro home se aquetá, eu teria tomado uns catiripapos. O professor Jorge Carvalho levantou e disse em meu ouvido “cuidado Tonho Leite o homem é faixa preta”. Aí é que eu tremia de medo: o homem babava de raiva, na sala dele, e faixa preta. Eu ia apanhar e muito. Por diversas vezes o procurador repetiu esta cena, não somente comigo, mas com outros companheiros donos de bares da Aruana, com virulência, criando um ódio, uma obsessão. Alegava o Sr. Paulo Jacobina que se tratava de área de preservação ambiental. Por coincidência, concomitante com a tenaz resistência do procurador, no que se refere à Aruana, várias mansões foram construídas em dunas por todo litoral sergipano, inclusive na própria Aruana, que hoje possui um prédio de 12 andares e um condomínio da casas nas dunas em frente aos bares que foram derrubados. Na verdade a idéia era demolir os bares deixando a área livre para novos empreendimentos. Este argumento de que os bares estavam invadindo uma área de preservação ambiental, é querer subestimar a inteligência da sabedoria. O IBAMA, que em principio dizia ali ser área de preservação, reconheceu em documento, no decorrer do processo, não ser mais aquela era área de preservação, depois da construção da rodovia. Por que será que o Ministério Público Federal considera os Bares da Aruana como uma ocupação ilegal, uma agressão ao meio ambiente, e não enxerga situações berrantes, verdadeiros escândalos como o Bairro Jardins e o seu Parque Tramandaí, as mansões nas dunas na Praia do Saco, os grandes bares das praias da Sarney, e recentemente o Hotel Star Fish, que construiu uma piscina dentro do mar, além de diversas construções sem o menor respeito ao meio ambiente? Por que sempre dois pesos e duas medidas? A quem interessa a retirada dos bares da Aruana? Qual o benefício para a sociedade, seja de ordem econômica ou ambiental? Qual o beneficio para os pais de família que dali tiravam o sustento?. É isto que o Ministério Público Federal quer? Tenho certeza que não. Tenho certeza que nas suas atribuições não constam atitudes prepotentes desta natureza. Tenho certeza que não permite sadismo de membros diante do choro de oprimidos perdedores. Gargalhadas em contraponto com uma profunda tristeza. Os últimos bares destruídos pelas maquinas do Ministério Publico Federal, protegido por forte esquema policial, Bombeiros, armas de grande potencia da Policia Federal, eram bares considerados dos mais equipados da orla de Aracaju. E eu pergunto: quem vai pagar o prejuízo? Apelo para que o Ministério Público Federal, órgão do qual a sociedade sempre espera lisura em seus julgamentos, reveja este processo e corrija este ato de injustiça cometido por alguns dos seus membros. Seria uma forte demonstração de grandeza que a sociedade saberia muito bem enxergar no órgão que ela tem como seu maior protetor. Antônio Leite Proprietário do Botequim.Bom.BR

Terça-feira, 10/06/2008 – Ano II – Edição 272 Um Ninho Para Albano Franco
Cada eleição tem sua história. A máxima já tornada popular é seguida à risca por Albano Franco. Tão difícil quanto encontrar o líder tucano num mesmo palanque em eleições seguidas é vê-lo decidir antecipadamente (e para valer) a quem de fato apoiará num pleito. Candidato à reeleição em 1998, Albano Franco surpreendeu o planeta quando se aliou a Jackson Barreto. Não obstante a fraqueza moral de quem viveu a emporcalhar a imagem da família Franco por quase um quarto de século e depois rendeu-se a “Rede Cabaú”, a composição revelou até onde o grão-tucano é capaz de ir para manter-se influente. Após um período de recomposição com o então PFL, indicando Fabiano Oliveira para vice-governador da chapa de João Alves Filho em 2006, Albano Franco agora flerta com o PT. A engenharia política não é simples: onde o PSDB tiver mais chances, o PT indica o vice-prefeito e vice-versa. Nas conversas com Albano Franco, Marcelo Déda deixa transparecer muitas incertezas. O deputado tucano também está determinado a só subir nos palanques do PT e aliados se puder emplacar algumas prefeituras e outros petiscos. O caso de Aracaju é o mais emblemático. Albano Franco já conversou com todo mundo. Agora, as asas do tucano pendem para as bandas de Edvaldo Nogueira. Tudo, porém, ainda depende de Marcelo Déda. Mas não será surpresa se até as convenções Albano Franco simplesmente partir para outro ninho, que lhe assegure o esperado conforto... . Passe Mais Caro Caso João Alves Filho resolva revirar de cabeça para baixo o pleito de outubro, apresentando a si mesmo como candidato, a orientação da Executiva Nacional do PSDB é de apoiar a candidatura do ex-governador. A decisão foi noticiada ontem ao radialista-deputado tampão Gilmar Carvalho pelo presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra. Ainda esta semana, ele volta a conversar com Albano Franco sobre as eleições de outubro. Segundo Sérgio Guerra, Fabiano Oliveira deveria ser o candidato do partido a prefeito de Aracaju. Como não aceitou entrar na disputa, o apoio vai para o DEM, que mantém com o PSDB uma aliança em nível nacional. Sendo a “orientação” para valer, Marcelo Déda terá de redobrar os encantos visando conquistar os tucanos. O passe fica mais caro!

Segunda-feira, 09/06/2008 – Ano II – Edição 271 Com o Umbigo
A sanha voraz pela destruição pura e simples parece estar no cerne da derrubada dos bares da Praia de Aruana. A metodologia usada para “preservar a área” embute um sofisma: nada haverá em substituição ao que existia! Trata-se de uma lógica dantesca. Destrói-se o que bem ou mal servia e para substituí-lo o vazio de idéias. Os “empresários”, trabalhadores (agora desempregados) e a comunidade recebem como herança os cascalhos ainda não recolhidos. Nenhum projeto de preservação ou lazer resgatará o rescaldo. Estariam incluídos na “área de preservação” os condomínios de luxo de frente para o mar onde tantos poderosos encontram a paz? A pista a beira-mar (em frente ao Tecarmo) também será destruída para repor a praia virgem de dez anos atrás? E o Banho Doce, terá um dia o glamour e a privacidade de outrora? Infeliz da civilização cujos pretensos promotores do bem-estar comum pensam com o umbigo. “Não Contabilizadas” O governo que prometia mudanças realiza um faz de conta com os números da dengue. A imprensa paraestatal – por razões óbvias! – e a imprensa mouca fingem acreditar na epidemia controlada. A Secretaria Estadual da Saúde simplesmente sonega os reais números de casos e vítimas fatais da doença. Desde quando Delúbio Soares inventou as finanças “não contabilizadas” para justificar o caixa dois da campanha do compadre-presidente Lula da Silva e posteriormente o mensalão, omitir passou a ser regra juramentada nos governos petistas, para encobrir mazelas e evitar vexames. Os casos de dengue e os óbitos “não contabilizados” podem acobertar a incontestável verdade. Mas não há como resguardar a frustração daqueles que esperam por mudanças e só as encontra para pior! Vide os noticiosos do rádio e TV. Eles falam por si... Epidemia de Violência A Secretaria de Segurança Pública a muito perdeu o controle. Vive-se uma epidemia de violência cujo resultado é estarrecedor: 510 assaltos a ônibus até sábado passado. O número superou faz tempo todas as ocorrências de 2007. O governo do PT gasta uma fortuna com propaganda no horário nobre das emissoras de TV para se promover. É Tudo uma farsa muito bem montada. Depoimentos “comprados” endossam o inexistente. A realidade do dia a dia é completamente outra. Não há combate real à violência. Até quando o governador Marcelo Déda vai se permitir ignorar a epidemia de violência? Será que o caos da dengue nada ensinou ao governo do PT sobre como agir preventivamente para evitar uma catástrofe? Discursos tão belos, ações constrangedoramente pífias. É muito triste!

Quarta-feira, 04/06/2008 Edição Especial – 11h30
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BARACK OBAMA

Agora a pouco, recebi um resumo do discurso de Barack Obama na última prévia para a indicação à Presidência dos EUA. Quer gostemos ou não, os Estados Unidos fazem mais uma vez uma grande reviravolta na história, a partir de sua política interna, com reflexo no resto do mundo. Barack Obama entrou na disputa como patinho feio diante do poderoso clã dos Clinton, personificado pela senadora Hillary Clinton. A campanha dele mobilizou como nunca a juventude americana – que compareceu em massa às votações – e acendeu o orgulho na comunidade afro-descendente. Hillary Clinton sai da disputa maior. O discurso efusivo feito agora a pouco, onde reconheceu a vitória do oponente, é mais um grandioso espetáculo da democracia americana. Ela até cogitou ser candidata à vice-presidente. Num país rescaldado por séculos de segregação racial, quando há quarenta e cinco anos havia assentos exclusivos só para negros nos ônibus e os sanitários eram separados pela cor da pele, a indicação de Barack Obama aprofunda indelevelmente o conceito de civilidade e cidadania. Ontem à noite, o candidato republicano, senador John McCain, fez um duro ataque a Barack Obama, pouco antes de virar fato consumado a escolha dele. A disputa nos próximos meses promete ser dura. Se vencer as eleições, Barack Obama será o homem mais poderoso do planeta. O líder estrangeiro que apertar a sua mão negra terá de repensar as relações entre poder, inteligência, raça e cor da pele. Nada será como antes...

Leia a seguir a tradução que fiz do comunicado e abaixo o comunicado original.

David, Estou prestes a finalizar esta etapa (da campanha) em Saint Paul (Minnesota) e anunciar que vencemos a nomeação do Partido Democrata para presidente dos Estados Unidos.

Tem sido uma longa jornada e todos nós devemos aproveitar para agradecer a senadora Hillary Clinton, que fez história nesta campanha. Nosso partido e nosso país estão melhor agora por conta dela.

Preciso que você compreenda o que temos pela frente. Na noite passada, o senador John McCain (candidato Republicano) delineou uma visão da América que é bastante diferente da nossa - uma visão na qual perdura a desastrosa política de George W. Bush.

Contudo, este é o nosso momento. Esta é a nossa vez. É o nosso instante de virar a página de políticas ultrapassadas e trazer novas idéias e uma nova energia para enfrentar os desafios que temos pela frente. É o nosso tempo para dar ao país que amamos um novo rumo.

Será uma missão difícil. Mas graças a você e a milhões de outros doadores e voluntários, ninguém mais (do que eu) está tão preparado para tal desafio.

Obrigado por tudo que você fez para nos fazer chegar até aqui. Vamos continuar a fazer história.

Barack

------------------------------------------------------- David, I'm about to take the stage in St. Paul and announce that we have won the Democratic nomination for President of the United States. It's been a long journey, and we should all pause to thank Hillary Clinton, who made history in this campaign. Our party and our country are better off because of her. I want to make sure you understand what's ahead of us. Earlier tonight, John McCain outlined a vision of America that's very different from ours -- a vision that continues the disastrous policies of George W. Bush. But this is our moment. This is our time. Our time to turn the page on the policies of the past and bring new energy and new ideas to the challenges we face. Our time to offer a new direction for the country we love. It's going to take hard work, but thanks to you and millions of other donors and volunteers, no one has ever been more prepared for such a challenge. Thank you for everything you've done to get us here. Let's keep making history. Barack

Terça-feira, 03/06/2008 – Ano II – Edição 270
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O Banese Que Se Cuide
O apetite voraz do Banco do Brasil para aquisições deve atingir em breve o pequeno Banco do Estado de Sergipe. Com a compra de instituições menores – já foram engolidos o BRB (Brasília) e Nossa Caixa (São Paulo) –, o BB reúne forças para bater de frente com os concorrentes privados. As investidas são sempre agressivas. Para detonar o Banese, o BB já devorou a folha de pagamento dos servidores de algumas prefeituras sergipanas administradas pelo banco. Os prefeitos não perceberam a jogada do BB para enfraquecer o Banese e transforma-lo num banquete. Caíram como patinhos! O Banese teve importância estratégica no fomento econômico de Sergipe até 2006. Só o Banco do Povo investiu R$ 24 milhões em pequenos empreendimentos. Como resultado, 17.242 postos de trabalho foram abertos, beneficiando majoritariamente mulheres chefes de família (68,5%), especialmente no setor do comércio (79,59%). O governo das mudanças para pior asfixiou o Banco do Povo, considerado pelo Banco Central “o melhor exemplo de execução de microcrédito”. O relatório da conceituada agência internacional de avaliação de risco Austin Rating, publicado em 05/01/2007, destacou a “elevada solidez do Banese, tanto no âmbito financeiro como corporativo-institucional, com efeitos positivos no crescimento e sustentabilidade do banco”. Noutra publicação (VOCÊ S.A. de maio de 2007), o Banese é apontado na primeira posição entre os 20 bancos de pequeno e médio porte com “melhor rentabilidade operacional” no mercado brasileiro. Diz a revista: “O índice preço/lucro para os papéis do Banese tem retorno em quatro anos, contra os habituais 12 anos. A média do setor. O Banese ostenta um retorno sobre o patrimônio de 50%, bastante superior aos 27% da média do mercado”. O governo do PT é o principal responsável pela recente vitória do BB sobre o Banese. Muitas mentiras foram ditas para emporcalhar a imagem do governo passado com a pecha de incompetente – para dizer o mínimo. Ninguém no governo das mudanças para pior tem moral para criticar os prefeitos vendedores de folha, pois deixou sob suspense a real saúde financeira da instituição. As ameaças de retirar apoio aos eventos de prefeituras desertoras não têm outra função senão iludir a população com uma reação tardia. Sabendo das investidas do BB desde o primeiro dia do mandato, o governo do PT deveria ter se precavido para preservar a liquidez do banco. Detratou e agora faz ameaça, ao invés de ter trabalhado a imagem positiva e o convencimento. Na oposição, o PT creditava ao ex-governo o desejo de privatizar o Banese – falava-se até de negociações secretas com o Bradesco. Todos sabem da ligação umbilical do governador Marcelo Déda com o compadre-presidente Lula da Silva. Noutras situações, o governador já afiançou seu intento de jamais contrariar aquele a quem deve parte substancial do sucesso político. O Banese que se cuide! .
Para Bom Entendedor...
Com o “amém” da imprensa paraestatal, regiamente nutrida pelas verbas da Secretaria Estadual de Comunicação, o governo do PT mandou a credibilidade do Banese às favas. Dizia-se com alarde que o banco passou perto de fechar as portas no governo de João Alves Filho. Agora imagine: se a situação do Banese era tão precária, por que a oposição da época, personificada pelo então prefeito Marcelo Déda e pelo deputado federal Jackson Barreto, aliados do governo Lula da Silva, não pediu a intervenção do Banco Central por gestão fraudulenta? Na mesma linha de raciocínio, tendo em conta o tratamento VIP dispensado ao ex-governador pelo governo federal, por que manter um banco à beira de um ataque de nervos nas mãos de um perigoso adversário? O governo do PT diz ter recebido o Banese na UTI, mas anuncia lucro de R$ 28,4 milhões em 2007 “depois dos remédios aplicados”. Rápido e fácil. Já a mesmíssima imprensa paraestatal ignora as perseguições contra servidores de carreira da instituição. As “bondades” do governo das mudanças para pior vão da redução salarial ao corte de inúmeros outros benefícios já incorporados. Torna-se claríssima a fonte do tal “lucro real”.
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Eles Merecem
O crédito serve para boa parte. Na verdade, para a maioria dos servidores do Banese. Gente cuja vida sofreu mudança, mas não a prometida nos palanques pelo então candidato Marcelo Déda. Quem acreditou...

Aos assinantes: Estamos com problemas no provedor de envio do ABRA-O-OLHO. Esperamos saná-los em breve. Gratos pela compreensão, David Leite//

Quarta-feira, 28.04.2008 - Ano II - Edição 269
. AINDA HÁ TEMPO
A pendenga de Tobias Barreto, onde Edvan Amorim resolveu mexer na cumbuca, promete ser desastrosa para o PT. Tudo indica, o empresário começa a dar o troco nos petistas e nos aliados do governo do PT pelo salto alto. O objetivo é diminuir ao máximo a influência destes grupos para 2010. O presidente do PR e do PSC pretende eleger o irmão, deputado federal Eduardo Amorim, governador - não necessariamente no próximo pleito. A engenharia política já está traçada. Edvan Amorim perdeu um importante escudeiro, responsável por auxiliá-lo no financiamento do projeto. O conselheiro-lobista do TCE Flávio Conceição operava o braço armado para “acertar a jugular” de Marcelo Déda e forçá-lo a negociar. Cortado ao meio pela Operação Navalha, Flávio Conceição agora convalesce dos imensos remendos causados pelos atropelos judiciais que lhe ferem mortalmente a saúde física e moral. Marcelo Déda percebeu de pronto o alto custo material e político de juntar-se a Edvan Amorim. Beneficiário das estripulias maquinadas pelo empresário na eleição passada, quando juntos conspiraram para derrotar João Alves Filho, o governador resolveu esquivar-se. Marcelo Déda tem a estranha mania de governar por e-mail. Secretários despacharam pessoalmente com ele apenas duas vezes nos últimos 15 meses – ressentem-se da relação apenas virtual. Trata-se de um executivo peculiar, de difícil acesso até aos mais chegados. Um servidor público com hora para chegar e sair do trabalho. Só não bate ponto! Edvan Amorim estava acostumado a entrar sem bater nas portas. Depois de acertar a eleição “por unanimidade” de Flávio Conceição ao TCE em dezembro de 2006, ele nunca mais trocou um único dedo de prosa com o governador. Marcelo Déda depende de Edvan Amorim para manter a maioria no parlamento. Edvan Amorim tem a fidelidade partidária como trunfo e ostenta o atrevimento da discordância. Se quisesse, o governador poderia incitar o motim. Armas não lhe faltam. A deputada Susana Azevedo confessou a Flávio Conceição, numa conversa gravada pela Polícia Federal, receber um “mensalinho” de Marcelo Déda. Não bastaria aumentar a cota? Voltando aos negócios! Edvan Amorim disse não saber com quem deve tratar no governo sobre alianças municipais. Faz sentido buscar alianças fora deste círculo O resultado colide com o projeto de poder do governador Marcelo Déda. Talvez ainda haja tempo... .
NADA COMO TER BONS AMIGOS
Sergipe foi sorteado para receber auditores da CGU (Controladoria-Geral da União). Em abril, eles passaram a esmiuçar contratos do governo do PT com órgãos federais. Debruçados sobre algumas compras feitas com dinheiro do SUS (Sistema Único de Saúde), deram de cara com um turbilhão de tirar o sossego do governador Marcelo Déda. No meio da devassa, sem mais nem menos, o grupo recebeu um chamado inadiável para retornar imediatamente a Brasília.
Coisas de quem tem amigos influentes...

Terça-feira, 27.04.2008 – Ano II - Edição 268
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DUVIDAR É PRECISO
Algo não bate com a realidade. A pesquisa do Ibope de avaliação do governo Marcelo Déda destoa do noticiário. A aferição aponta o seguinte resultado: 47% acham o governo do PT ótimo e bom, 32% regular e 21% ruim e péssimo. Os números são os maiores obtidos pela gestão de Marcelo Déda desde janeiro de 2006 – o Ibope fez três avaliações até agora. O interessante está nas reações antagônicas do povo diante do pesquisador do Ibope e quando conversa com jornalistas e radialistas. Senão, vejamos: 61 mortes de crianças na Hildete Falcão sem qualquer explicação até hoje; epidemia de dengue, com mais de 20 mortes; hospital João Alves Filho em situação de penúria; fugas em presídios e delegacias; mais de 90 carros roubados apenas nos últimos cinco meses; mais de 420 ônibus assaltados em 2008 na Grande Aracaju, superando todos os casos registrados no ano passado; paralisação de serviços essenciais... A pesquisa do Ibope revela uma anomalia passível de aprofundado estudo. O povo adora o governo do PT e confia plenamente em Marcelo Déda (63%). Mas não pára de reclamar da falta de governo nas emissoras de rádio e TV e nos jornais. Pesquisas podem ser conduzidas ao gosto do freguês. Buscar a informação positiva onde ela está não significa necessariamente manipulação dos resultados. Pode ser este o caso da recente aferição feita pelo Ibope (apesar de o governo ter informado que ouviu 1.008 sergipanos entre 06 e 12 de maio). Outra possível explicação para números tão alvissareiros está no bem sucedido projeto de usar a mídia para difundir propaganda enganosa. Os filmes sobre água e segurança veiculados em emissoras abertas e nas TVs a cabo são vergonhosamente mentirosos. Apresentam, por exemplo, as adutoras do Alto Sertão e Sertaneja, obras projetadas e com financiamento contratado no ex-governo, como sendo de Marcelo Déda. Armas antigas são mostradas como novas; carros comprados no ex-governo e entregues somente no ano passado por força dos contratos são “idéias” do PT. Quem está em casa vendo TV e não usa os serviços públicos – os da Saúde, especialmente – não se dá conta da real situação nos hospitais geridos ou mantidos pelo governo estadual. Tende a acreditar nos depoimentos da propaganda do governo. Da mesma forma, quem não se locomove de ônibus e não passou pelo vexame de ser assaltado duas e até três vezes no mesmo trajeto, ao ouvir tantas “boas notícias” sobre a SSP se confunde. Tende a acreditar na informação massificada dez, vinte vezes ao dia. No noticiário a ação dos bandidos é vista apenas uma, duas vezes a cada dia. Num ano eleitoral, quando perder a Prefeitura de Aracaju significa permitir aos adversários sonhar com 2010, Marcelo Déda faz do marketing a principal, senão a única ação plenamente real do governo das mudanças para pior...
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DUAS CARAS
Posando de bom moço, o governador Marcelo Déda disse na TV no exato dia da chegada do ex-governador João Alves Filho, após o indiciamento pelo MPF na Operação Navalha, que não opinaria sobre o caso. Mesmo indiciados, não havia ainda um julgamento final dos acusados. Por enquanto, até prova em contrário, na opinião dele eram inocentes – suspeitos, no máximo. Já nos comícios, em cima dos palanques, o indefectível monarca que habita o ventre de Marcelo Déda surge rompante. Noite dessas, no Coqueiral, ao lado do deputado federal Jackson Barreto, o governador entregou-se por inteiro a baixaria. Corroborando com os discursos de JB e de políticos do mesmo quilate moral, Marcelo Déda desferiu seguidos golpes contra a honra de João Alves Filho. De “suspeito”, o Negão passou a “ladrão do dinheiro público”, dentre outras interessantes definições na mesma linha, sempre abaixo da cintura. A claque de servidores do governo e da prefeitura de Aracaju – era o lançamento de um programa de casas populares para favelados do governo federal, gerido por Edvaldo Nogueira – aplaudia a cada novo ataque. Tal conduta, no entanto, não surpreende. O PT sempre foi o partido da algazarra. Depois de alçar à Presidência da República, especializou na produção e difusão de escandalosas espertezas e na perseguição abjeta dos adversários e desafetos.
Marcelo Déda sabe o que diz quando fala sobre estripulias...

Segunda-feira, 26.05.08 - Ano II - Edição Número 267
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UNS SIM, OUTROS NÃO
Parlamentares da ala governista reclamam da oposição por estranhar a ausência do “número dois” entre os 11 sergipanos denunciados pelo MPF ao Supremo Tribunal Federal na Operação Navalha. Não há lógica na indignação. O caso “Gautama”, de fato, não começa com o pagamento de R$ 600 mil feito por Marcelo Déda em abril de 2006, atendendo ao apelo de Belivaldo Chagas, consoante acerto com o conselheiro-lobista do TCE Flávio Conceição. O quiproquó é mais antigo.
  • Parêntese importante – Por tratar-se de órgão extra-oficial do governo das mudanças para pior, o Jornal do Dia merece todo o crédito. A edição deste domingo fala em milhões e não em R$ 600 mil apenas, como valores pagos por Marcelo Déda à Construtora Gautama. Diante dos “novos” números, quem fala a verdade: o governo do PT, ao declarar quanto de fato repassou ou o JD. Seria mais outra das recorrentes barrigadas?

A primeira etapa da adutora do São Francisco foi inaugurada em 1980, no governo de Augusto Franco. Aracaju passou a ser a primeira capital do Nordeste abastecida pelo São Francisco. Em 1992, João Alves Filho iniciou o projeto para a duplicação do sistema, considerado obsoleto para atender à demanda futura. Coube a Albano Franco contratar a empreiteira, em 1997. Ao assumir o terceiro mandato (2003), João Alves Filho encontrou a obra em andamento com a Construtora Gautama. A adutora do São Francisco é uma obra gigantesca. Começou com Albano Franco, teve seqüência na gestão de João Alves Filho e segue no governo do PT. Custou até agora mais de R$ 220 milhões. Financiada pela Caixa Econômica Federal, a obra teve e tem todas as fases de construção fiscalizadas. Pela própria CEF e também pelo Tribunal de Contas da União. Três governos se passaram. Muitos personagens se envolveram com a empreiteira. Uns aparecem na denúncia ao STF. Outros não. O interessante é imaginar o desvio de R$ 178 milhões em três gestões – ou 80% do valor da obra – e a pecha de ladrão recair apenas sobre uns poucos (adversários). Evidências colhidas pela Polícia Federal suscitam surpresa ante a ausência de Belivaldo Chagas entre os indiciados, partindo do princípio de que a “suspeita” deveria valer para todos. Também, não se deve duvidar da possibilidade bastante plausível de perseguição política. Num país onde até ministros da mais alta corte de Justiça têm os telefones “monitorados” pelos arapongas do governo do PT, tudo é possível. A oposição, portanto, tem todo o direito de estranhar...

  • A TRANSPARÊNCIA DA MUSA DA PROBIDADE
  • Os oposicionistas na Assembléia tentaram a todo custo convencer a bancada do governo a endossar o requerimento à Secretaria de Comunicação solicitando o valor do "investimento" nas publicações onde a secretária Eloísa Galdino aparece com destaque.
  • Não houve acordo. O líder governista fez muxoxo do pedido de informação. Para Francisco Gualberto, transparência tinha serventia apenas quando o PT estava na oposição. Hoje, "mando eu!".
  • Quinze dias se foram e nada da Secom se manifestar, apresentando espontaneamente os contratos firmados.
  • Madame Galdino poderia agora mostrar que nada tem a esconder e revelar quanto finalmente pagou para posar para jornais, revistas e programas de TV, porquanto auto-proclamada musa da transparência e da probidade nas dezenas de entrevista que deu.
  • A conta, dizem certos desafetos, é de dar água na boca...

Quarta-feira, 21.05.08 - Ano II - Edição Número 266
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PARA QUAL LADO DÉDA PENDE?
O “autismo seletivo” proporciona ao governador Marcelo Déda traduzir a realidade como ele a deseja. Para tanto, conta com a lisonja do bando esquerdista infiltrado no rádio, TV e jornais, ávido por coadunar e difundir o anseio palaciano. Esta trupe tratou de evocar a esdrúxula sugestão de Marcelo Déda ao prefeito Edvaldo Nogueira de pedir na Justiça punição aos assessores do senador Almeida Lima, acusados de pichar a cidade com a hilária frase “Fora dengue, fora Edvaldo”. Pichação, não obstante o reflexo negativo desta conduta, especialmente do ponto de vista do prejuízo patrimonial e ambiental, constitui “apenas” um delito. Não tem potencial para aumentar a sensação de insegurança nem perpetra ato de violência. Mas há um crime ignorado tanto pelo governador das mudanças para pior quanto pela “turma do amém”, lotada nas redações e microfones: o de espionagem! A nova lei da escuta transforma em crime até mesmo a gravação de conversa própria, feita sem o conhecimento do interlocutor. A regra vale para gravações de diálogos telefônicos e para as chamadas escutas ambientais. Quem grava ou divulga conversas próprias ou alheias está sujeito à pena de prisão de um a três anos, mais multa. As “interceptações ambientais”, ainda não regulamentadas na legislação em vigor, foram incluídas na nova lei e seguem o mesmo rito legal das execuções e do sigilo de escuta telefônica convencional. Na semana passada, o radialista-deputado Gilmar Carvalho (Ilha FM) e o radialista-vereador Fábio Henrique (Liberdade FM) fizeram um carnaval com a gravação dos assessores de Almeida Lima. Divulgaram uma gravação feita clandestinamente por espião infiltrado na reunião de um partido político. Ninguém questionou quem gravou as conversas, com autorização de quem ou a pedido de quem e se rolou grana para a execução do serviço... Se a espionagem é crime passível de cadeia. A omissão de homens públicos ante um crime também merece séria reprimenda. O primeiro a ser ouvido pela Polícia deveria ser o deputado federal Jackson Barreto. De quem ele recebeu a fita? Como ficou sabendo do conteúdo? Por que resolveu divulga-la? Por seu turno, ao invés de pedir a punição de quem pichou ou tramou a pichação, o governador Marcelo Déda deveria por a SSP a vasculhar o submundo político de Sergipe para descobrir quem é o canalha que grava reuniões políticas alheias e se ele (ou ela) agiu por conta própria ou a mando de outrem. A história não perdoará o governador Marcelo Déda se cometer mais este ato de omissão. O governo dele já entrou para a literatura como “o das mudanças para pior”, “o das promessas ao vento”. Não seria de bom alvitre juntar a este desastroso cabedal o título de “o governo que acoberta espiões e permite o violento crime da espionagem dos adversários políticos”. Afinal, ficará o governador com a legalidade?
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VERGONHAS SELETIVAS
(Com informações de http://www.pensandoassim.com/) O deputado Augusto Bezerra estranhou o repentino acesso de rubor e vergonha da deputada comunista Tânia Soares, externado no plenário da Assembléia Legislativa depois da divulgação do indiciamento de 11 pessoas de Sergipe na Operação “Navalha” da Polícia Federal. Segundo a deputada, sergipanos residentes em outras paragens se sentiram constrangidos por ver na mídia conterrâneos em situação de desagravo moral, prejudicando a imagem do estado. Em boa hora, Augusto Bezerra questionou se o fato de Aracaju ser, proporcionalmente, a capital nacional da dengue também não envergonharia a nobre deputada e os sergipanos lá de fora. Considerando como verdadeiro o choroso pejo da deputada Tânia Soares, imagino como ela e os sergipanos de dentro e de fora do estado não se sentiram com a divulgação pelo Jornal Nacional da morte de 21 crianças decorrentes da imundície da maternidade pública estadual comandada pelo governo a que ela serve. Da mesma forma, deve ter doído muito quando a revista Veja gastou duas páginas inteiras da edição 1.955 de 10/05/2006, mostrando ao planeta Terra a famosa “Micareta Picareta”, com a farra do dinheiro público gasto nas homéricas festas de despedida do então prefeito Marcelo Déda para concorrer ao governo que ela serve. A deputada comunista Tânia Soares, como se vê, tem motivos de sobra para se envergonhar...
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ATÉ UM POSTE
A sorte da candidatura de Edvaldo Nogueira pode ser decidida nas próximas semanas. Pesquisas para consumo interno encomendadas pelo governador Marcelo Déda apontam resultados sofríveis para o candidato governista. Quando a eleição se polariza entre o prefeito-candidato Edvaldo Nogueira e o ex-governador João Alves Filho, o Negão dá uma surra de dá dó. O mesmo ocorre quando Edvaldo Nogueira é confrontado com o ex-deputado Fabiano Oliveira. Até o empate técnico com o senador Almeida Lima soa como derrota antecipada do candidato sem carisma ou apelo eleitoral. A piada dentro das hostes governistas é que Edvaldo Nogueira perde até se concorrer com um poste. Quanta maldade...

Terça-feira, 20.05.08 - Ano II - Edição Número 265
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FALTOU ÓLEO DE PEROBA
A sexta-feira foi movimentada no Calçadão da Rua João Pessoa. A CUT fez manifestação de protesto pela passagem do primeiro aniversário da Operação “Navalha”, da Polícia Federal. A CUT está de bolsos cheios. Ganhou do governo Lula da Silva a parte de um quinhão de mais de R$ 100 milhões distribuídos de mão beijada às centrais sindicais somente neste ano. Dinheiro do vergonhoso Imposto Sindical, tributo descontado de todo trabalhador com carteira assinada, que deixou de ser “empecilho ao livre exercício da representação sindical”. Nascida das entranhas do PT no histórico Primeiro Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (28/08/1983, São Bernardo do Campo, SP), a CUT não tem moral para cobrar decência de ninguém. A CUT está embaraçada demais para poder pedir a punição dos responsáveis pelo “mensalão”, “dólares na cueca”, “dólares na mala”, “máfia dos Correios”, “quebra do sigilo do caseiro”, “máfia dos cartões corporativos”, “capina em terreno cimentado de postos de saúde”, “micareta picareta”, “mortes da Hildete Falcão”, “milhões em compras sem licitação”, “CPI da Deso”, “escândalo da merenda escolar”, “o descalabro da epidemia de dengue”... A Central Única dos Trabalhadores, na falta do que fazer depois de admitida no paraíso da finança fácil bancada com o suado dinheiro dos operários brasileiros, sai às ruas a cobrar do alheio o que não pode cobrar de si mesma nem dos companheiros do PT. Durante o ato de sexta-feira, a CUT distribuiu pizza, doce de leite e vinho (vagabundo). Faltou distribuir óleo de peroba... .
FALTA NOTÁVEL
Observou-se a ausência de algumas estrelas na manifestação de protesto da CUT na sexta-feira. O governador Marcelo Déda, por exemplo, deveria estar lá. Outro que não poderia ter faltado é o “número 02”, Belivaldo Chagas. Nem tampouco o presidente da Deso, Max Montalvão. Em 14/03/2007, conforme escuta telefônica gravada pela PF com autorização da Justiça, Belivaldo Chagas teria acertado o pagamento de duas faturas, cuja soma chegava a R$ 1,1 milhão, com o conselheiro-lobista do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Flávio Conceição. Em abril, uma repentina viagem do “número 01” pôs o comando do governo das mudanças para pior sob a tutela do vice-governador. Foi quando Max Montalvão teve a brilhante idéia de pagar, naturalmente por conta própria, R$ 600 mil reais à Construtora Gautama. Dias depois, a casa caiu. A Operação “Navalha” pegou todos de surpresa – ou quase todos! Marcelo Déda, para lavar as mãos, disse que Max Montalvão pagou “porque estava tudo correto”. Vem a oposição e sugere a CPI da Deso. A bancada comandada pelo líder governista Francisco Gualberto – outro eminente grupo ausente à manifestação da CUT – tem trabalhado contra a proposta. Na semana passada, o MPF (Ministério Público Federal) encaminhou ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) denúncia contra 61 almas, acusadas de abusar do dinheiro público. Assim como esteve ausente na manifestação da CUT, o vice-governador sergipano também, inusitadamente, não estava entre os indiciados pelo MPF. Certamente os diálogos gravados pela PF, onde Belivaldo Chagas diz que já “conversou com o número 01!” e “está tudo ok!”, nem a consolidação posterior dos acertos através do pagamento à Gautama foram “evidências” relevantes para fazê-lo incluso. Homem de sorte o governador Marcelo Déda...

Segunda-feira, 19.05.08 - Ano II - Edição Número 264

Mais uma vez peço desculpas ao estimado público leitor pelo espaçamento na publicação de novas edições. Afazeres profissionais limitam o exíguo tempo. Bem, mas voltamos à trincheira...
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QUEM GRAVOU?
A semana encerrou com a enigmática sugestão do governador Marcelo Déda a Edvaldo Nogueira para processar judicialmente aliados do senador Almeida Lima, acusados pelo deputado federal Jackson Barreto de pichar muros e paredes em Aracaju com “frases desabonadoras à imagem” do prefeito comunista. Tudo começou terça-feira, no programa do radialista-deputado tampão Gilmar Carvalho. Jackson Barreto disse ter em mãos gravação com o ex-vereador Marcélio Bomfim, assessor de Almeida Lima, comandando pichadores e alertando para não falarem no nome do senador, caso fossem pegos em flagrante. As pichações com a frase “Fora dengue, fora Edvaldo” apareceram na semana retrasada, na madrugada da quinta-feira. Para Jackson Barreto, “a campanha nem começou e a baixaria já corre solta”. Sobre baixarias em campanhas eleitorais – e também, antes e depois delas –, o nobre deputado, cujo histórico judicial tem quase cinco quilômetros de extensão, é catedrático. O hoje sexagenário Jackson Barreto, talvez em respeito às madeixas brancas tingidas de acaju, não negou as delinqüências da juventude. Ele contou a Gilmar Carvalho, vertendo as homéricas e onipresentes lágrimas de crocodilo, sua epopéia como pichador. Àquela época, pichava-se por uma causa justa: derrubar a ditadura! Jackson Barreto, contudo, não encerrou a carreira de pichador com o fim da ditadura, como fez crer no programa do Cão-Cão. Preceptor de toda uma geração de grandes pichadores de esquerda, o deputado deu continuidade ao uso indiscriminado da pichação como instrumento covarde para achincalhes virulentos contra a honra e a moral dos adversários também no período democrático. Jackson Barreto, inclusive, tinha cuidados especiais com sua trupe de elite de pichadores de alta confiança. Batizou um deles, o ex-vereador Luis Carlos dos Santos, com a sugestiva alcunha de Branca de Neve, para despistar a Polícia. Negro, forte e alto, Branca de Neve passava incólume pelos policiais, que procuravam “o cara branco e franzino”. Marcélio Bomfim foi colega de pichação de Jackson Barreto, Marcelo Déda, Edvaldo Nogueira e de uma centena de outros vanguardistas da esquerda sergipana, especialistas em borrar muros e paredes. Um dos mais lendários causos, sempre rememorado quando os mestres da pichação têm encontros etílicos para enaltecer o passado glorioso, conta da “timidez” de Marcelo Déda. Na hora de pegar na brocha para pichar a antológica frase “Abaixo a ditadura!”, o esgalgado estudante de Direito sempre dava um jeitinho de escapar de fininho – quem era preso, invariavelmente tomava uns tabefes. A obscura atitude de Marcelo Déda de induzir o prefeito comunista a pedir ao Judiciário para punir os pichadores de hoje revela um interessante sintoma de “autismo seletivo”. Para ele, a percepção da (real) realidade é apenas a que lhe convém. Marcelo Déda, de fato, deveria mandar descobrir o verdadeiro criminoso de toda essa pendenga. Afinal, quem invadiu a reunião do PMDB e gravou clandestinamente todas as conversas tratadas e em seguida repassou a fita gravada – graciosamente ou recebendo algum provento – a um político adversário do grupo pichador? O precedente é perigoso! A SSP precisa urgentemente investigar – e descobrir, claro! – quem é o autor das gravações, quem mandou gravar e se houve transação comercial das informações (a fita em si), cujo teor, apesar de risível, expõe as entranhas do modus operandi de uma entidade de direito público supostamente inviolável. Estaríamos diante de um PMDBgate? Jackson Barreto e Marcélio Bomfim tiveram a vida esmiuçada pela ditadura. Ambos sofreram o horror do confronto direto com um regime de exceção arbitrário. O deputado diz que parou de pichar. O assessor foi flagrado ordenando pichações. A grande diferença é que a bisbilhotice de agora acontece num ambiente de suposta democracia! Lamentável, porém, é que um chefe de Governo esteja mais preocupado em garantir punição a quem pichou a hilária “Fora dengue, Fora Edvaldo” do que por investigar quem é o canalha que anda gravando as reuniões políticas alheias. Mesmo sendo um “advogado chumbrega” (conforme foi definido pelo compadre-presidente Lula da Silva), Marcelo Déda deve conhecer minimamente de leis. Sabe não ter havido crime na pichação. Mas há um crime que Marcelo Déda pode contribuir para elucidar, por ter o instrumental necessário. Daria, por conseguinte, grande contribuição à manutenção do Estado de Direito e à prerrogativa constitucional da privacidade. Afinal governador, dá para mandar saber quem gravou a reunião?

Terça-feira, 12.05.08 - Ano II - Edição Número 263

GENTE, NÃO PERCA TEMPO
O descaramento da banda podre da imprensa sergipana é notório. Mas nada supera o engajamento da camarilha do Jornal da Cidade. Bastou o governo da mudança para pior rebatizar o Hospital João Alves de Huse (Hospital de Urgência de Sergipe) para o bando esquerdista infiltrado no JC reproduzir a hilária cantilena. Porventura passou pela cabeça dos áulicos jornalistas do Jornal da Cidade estar o povo alheio à imposição do novo nome? .
NA CORDA BAMBA
Pode até ser verdadeira a afirmação do deputado-secretário de Saúde, Rogério Carvalho, quanto a ter gasto menos em dispensa de licitação – ele prefere chamar de “dispensa emergencial” – em 2007, que o ex-governo em 2006 (Jornal da Cidade, 11/05). A questão, porém, reside na aplicação digna dos recursos. Existem suspeitas de superfaturamento em várias compras – algumas, inclusive, estão sendo “avaliadas” pelo TCU (Tribunal de Contas da União) e pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). Por conta disso, o vice-líder da bancada de oposição na Assembléia, Augusto Bezerra, já protocolou no TCE duas representações contra Rogério Carvalho. Ambas pela contratação de R$ 171 milhões sem licitação, só no ano passado. É aguardar o resultado... .
QUEM NÃO CHORA...
Uma coisa é certa. Só saiu com alguma grana a mais na disputa pela reposição salarial entre os sindicalistas do PT e o governo das mudanças para pior quem esbravejou mais alto. Apesar dos recados ameaçadores do governador Marcelo Déda aos policiais, os milicos e civis foram os grandes beneficiados – um coronel da PM passa a receber R$ 8,8 mil. Saíram-se melhor até que os professores, tradicionalmente mais aguerridos. No caso dos professores, aliás, a derrocada da categoria é vergonhosa. Quem ganha mil reais de salário-base, por exemplo, vai receber em maio R$ 1.050,00 + 60% de regência (se tiver). Quem também bradou grosso e acabou “sensibilizando” os ouvidos de sua alteza foram os sindicalistas petistas do fisco! Agregam a partir de agora algumas gratificações ao salário final. Já quem não pôde reclamar ou fazer greve – caso dos sindicalistas petistas da saúde, por conta da epidemia de dengue –, terá de se contentar com 5% de reajuste linear. Pior ainda para quem recebe o salário mínimo e não conta nem com sindicalistas do PT para defendê-los nem com qualquer outro tipo de sindicalista. Como o reajuste nesta faixa de remuneração é definido pelo governo federal, o “aumento” vai repor apenas as perdas inflacionárias e ponto final. Assim, o ditado “quem não chora não mama” cai como uma luva para definir a relação entre os petistas dos sindicatos e os petistas governistas. Interessante, muito interessante...

Segunda-feira, 11.05.08 - Ano II - Edição Número 262

ENTREVISTA
Nesta segunda-feira será apresentada pela TV Cidade a entrevista que concedi a Gélio Albuquerque na sexta-feira. Trato, entre outras questões, do processo movido contra mim pelo deputado-secretário estadual de Saúde, Rogério Carvalho. O programa vai ao ar às 23h45 e será reprisado na terça-feira no mesmo horário. .
QUADRIMESTRE FECHA
COM 400 ÔNIBUS ASSALTADOS
A edição 174 (22/10/2007) deste ABRA-O-OLHO informou sobre a instalação de câmeras de vídeo em 70% da frota do sistema integrado de transporte da Grande Aracaju. Custaram às empresas de ônibus e a Secretaria de Segurança Pública 500 mil reais. O secretário Kércio Pinto dizia que elas inibiriam os assaltos. Os empresários do setor e os trabalhadores dos coletivos definiram a cantilena do delegado como grandiosa balela. Na dúvida quando ao efeito das câmeras, o próprio Kércio Pinto se comprometeu a manter o policiamento ostensivo nas proximidades de pontos de parada e terminais. Não cumpriu a promessa. Lá se vão sete meses e 19 dias desde a primeira semana de funcionamento das câmeras e os bandidos nem deram conta delas. Aliás, a polícia também não. Servem apenas de enfeite. O presidente do Sintra (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Aracaju), João Batista, não sabe precisar o tamanho do estrago ou mesmo fazer a média mensal exata de assaltos. O dado oficial aponta que entre janeiro e abril deste ano foram registrados 401 assaltos a ônibus. Excetue-se daí os ocorridos durante o período de greve da Polícia Civil, que suspendeu as atividades e, conseqüentemente, o registro de boletins de ocorrência. Somente na quarta-feira passada sete veículos foram rendidos pelos bandidos no Conjunto Jardins e no Parque dos Faróis. Entre sexta-feira e a madrugada de ontem, mais seis ocorrências foram registradas. Agora são 407 assaltos... A Zona Norte da cidade virou palco de guerra: bandidagem x população pobre. Pois a polícia sumiu! O governo das mudanças para pior resolveu fechar a delegacia plantonista da região. A situação passou de péssima para degradante. Há um consenso sobre a incapacidade do governo do PT de gerir a segurança pública. Mas não se pode culpar unicamente a cúpula petista da SSP por todas as mazelas. Os petistas infiltrados nas Polícias Civil e Militar e nos sindicatos compartilham a (ir)responsabilidade. Não se justifica ocorrerem assaltos sempre nas mesmas rotas e horários e não haver ação preventiva, apenas porque petistas em desacordo com o governador Marcelo Déda resolveram trabalhar contra o governo das promessas ao vento! As pendengas, contudo, devem arrefecer. O processo de reestruturação salarial da categoria foi aprovado. No final deste mês, os policiais receberão 5% de reajuste. Em junho, as gratificações serão incorporadas. Em dezembro de 2010, a base salarial será de 45% do valor pago aos delegados – hoje em torno de R$ 7,8 mil. A carga horária de trabalho passa de seis para oito horas diárias, fechando em 40 horas semanais. Espera-se agora que a cúpula petista da SSP e os petistas infiltrados na polícia e nos sindicatos se entendam e passem a trabalhar para livrar o povo pobre desta epidemia de assaltos a ônibus. Salário baixo deixou de ser um problema...

Sexta-feira, 09.05.08 - Ano II - Edição Número 261

AFINAL, QUEM É NILSON LIMA?
Os servidores estaduais apostaram alto quando uniram forças para eleger o governo das mudanças para pior. Embalados pelo discurso mudancista, confiaram acima de tudo na ligação entre a categoria, através das representações sindicais, e o PT – partido majoritariamente sindicalista. Não por acaso, na terça-feira o Sintese saiu às ruas num carro de som para acusar o governador Marcelo Déda de ter traído os professores. A confiança mútua de outrora se transfigurou numa relação conturbada, com palavras ofensivas ditas por ambos os lados. Mais intrigante ainda é o tratamento dispensado pelo governo do PT aos representantes dos policiais civis. Mês e pouco atrás, a categoria apresentou proposta de readequação salarial. Agentes de polícia (salário-base: R$ 420), auxiliares (R$ 420) e escrivães (R$ 620) passariam a receber até o final do governo 60% do salário-base dos delegados de 1ª classe, atualmente em R$ 7,8 mil. Para chegar ao porcentual, inicialmente seriam incorporadas as gratificações e vantagens. Num prazo de 32 meses, os valores sofreriam progressão vertical até atingir o equivalente hoje a R$ 4,2 mil. Ao final do mandato de Marcelo Déda, os policiais civis sergipanos teriam uma das melhores remunerações do país. O secretário de Fazenda, Nilson Lima, manteve pessoalmente dois encontros com os representantes sindicais. No primeiro, apresentou como contraproposta a incorporação de apenas 20% das gratificações e vantagens. A proposta foi recusada unanimemente. “Era nada sobre coisa nenhuma”, conforme definiu o vice-presidente do sindicado, Antônio Novaes. No segundo, ocorrido na quarta-feira, esteve por duas vezes com os policiais. Na primeira ocasião, surpreendeu os sindicalistas quando sugeriu pagar a proposta da categoria com uma mínima diferença. Ao invés dos 60% pedidos, o porcentual cairia para 50%, mas nos mesmos moldes da proposta anterior. Como contrapartida, os policiais passariam a trabalhar não mais seis, mas oito horas diárias, fechando quarenta horas semanais. Eufóricos, alguns parlamentares da bancada governista e sindicalistas mais afoitos até prepararam “a marvada” para comemorar a “grande vitória dos policiais e o presente do governador Marcelo Déda”. Por volta das 21h00, os sindicalistas foram chamados à Secretaria de Fazenda para bater o martelo. Acompanhado dos colegas Jorge Aberto (Administração) e Oliveira Júnior (Casa Civil), Nilson Lima mais uma vez surpreendeu os policiais. Depois de “estudar detalhadamente” as planilhas apresentadas pela categoria, o secretário de Fazenda explicou ser impossível atender àquela proposta feita por ele mesmo algumas horas antes. “Causaria um tremendo impacto na folha salarial”, justificou. Chupando dedos, os policiais, ainda atônitos, deixaram as negociações para o dia de ontem, na esperança de Nilson Lima, depois de refletir sobre os números, confirmar a proposta feita à categoria. Até o fechamento desta edição, vigorou o silêncio. Parece piada, mas o flagrante desrespeito do governo Marcelo Déda com os funcionários públicos, e especialmente com as representações sindicais, tem se tornado corriqueiro. Como justificar a irresponsabilidade do comissário gestor do Erário estadual ao propor um reajuste sem ter antes estudado o impacto nas finanças supostamente coordenadas por ele mesmo? E para completar, passando a ilusão a centenas de trabalhadores e seus familiares de que as reivindicações acordadas horas antes seriam plenamente atendidas... É mais uma das desastrosas inovações do governo das mudanças para pior a ser incluída no anedotário sergipano!

Quinta-feira, 08.05.08 - Ano II - Edição Número 260

NOTA DE REPÚDIO
O Sindicato dos Radialistas de Sergipe e o Sindicato dos Jornalistas de Sergipe vêm a público apresentar seus mais veementes protestos e repúdio contra a posição assumida pela diretoria do Hospital João Alves Filho, que numa atitude descabida, sem sentido e sobretudo arrogante e antidemocrática, proibiu no dia 05/05 que a imprensa sergipana tivesse acesso às dependências daquele hospital, que estava recebendo a visita de alguns parlamentares que buscavam ver de perto os problemas que ocorrem diariamente e principalmente agora com os casos de dengue surgidos em Sergipe.
Entendemos que, com essa atitude, a imprensa sergipana teve o seu direito à liberdade de informação tolhido. Rogamos ao espírito democrático do governador Marcelo Deda para que ele venha tomar uma posição clara no sentido de garantir aos profissionais de comunicação de Sergipe o livre desempenho do exercício profissional e que possam, assim, cumprir com o seu importante papel constitucional na sociedade, que é o de bem informar a população.
Sindicato dos Radialistas de Sergipe (Sterts)
Sindicato dos Jornalistas de Sergipe (Sindijor)
. "NA ONDA DO IÊ-IÊ-IÊ"
diz o surrado ditado: "Quem tem cútis tem medo"! A mais acovardada e apequenada imprensa do Brasil, calou-se de novo.
Afora Giovani Allieve (Correio de Sergipe), nada foi dito ontem da solicitação do líder da oposição na Assembléia, Venâncio Fonseca, sobre aos gastos definidos por ele como "promoção pessoal" de Eloísa Galdino (Veja edição anterior em www.abraoolho.net).
Enquanto o deputado quer saber quanto a secretária estadual de Comunicação Social "investiu" nos jornais e revistas onde fotos e entrevistas dela são destaques, a imprensa paraestatal preferiu dar conhecimento da intenção do deputado-secretário estadual de Saúde, Rogério Carvalho, de processar o vice-líder da oposição da Assembléia, Augusto Bezerra.
É uma questão de prioridades!
Criar um "mal-estar" com madame Eloísa Galdino por conta de assunto tão comezinho pode gerar perdas significativas. Por outro lado, o afago a quem momentaneamente detém o poder é prática secular e rotineira da imprensa sergipana.
O complicado da situação é ponderar a cabeça de quem formula tão brilhantes estratégias. Será mesmo possível esconder do respeitável público qualquer tema desinteressante, apenas para agradar ao "patrão" da vez?
As vezes me vem à cabeça certo filme dos Trapalhões...
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MAIS UMA
O deputado Mendonça Prado vai representar o governador Marcelo Déda no Ministério Público por "superfaturamento" na compra do terreno de 3,67 hectares destinado ao hospital estadual de Lagarto pelo preço de R$ 650 mil. Detalhe sórdido: a referida área é apenas uma nesga de outra muito maior (com 25,03 hectares), vendida dois meses antes por R$ 100 mil.