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Sexta-feira, 9 de Março de 2012 | 08h50 | Eleições 2012
A quem Edvaldo Nogueira pretende enganar?
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Deveria ser um majestoso presente de aniversário para a população de Aracaju pelos 157 anos de fundação da capital, comemorados a 17 de março. Mas o tal do “reajuste zero” apresentado com pompa e circunstância pelo prefeito comunista de boutique Edvaldo Nogueira mostra-se apenas como outro factoide eleitoreiro, cujo único fito é ludibriar a patuleia e amolecer-lhe o coração. Vejamos...
A tarifa dos coletivos circulantes na Grande Aracaju foi congelada para 2012 em R$ 2,25 – em 2006, também um ano eleitoral, Edvaldo Nogueira agiu da mesma forma. Como “compensação”, as empresas prestadoras do serviço passarão a ter a partir deste mês um desconto mensal de 3% no Imposto Sobre Serviço (ISS), visando a equilibrar o suposto impacto da ausência do reajuste. O pleito dos empresários do setor era de 12% de aumento – a passagem passaria a custar R$ 2,52.
O “reajuste zero”, no entanto, poderia ter sido aplicado faz tempo. Durante as gestões de Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira, o preço da passagem saiu de R$ 0,90 para R$ 2,25. Majoração de 150%, para uma inflação de 90% acumulada no período. Trocando em miúdos: não houve favor! Foi mantida uma tarifa já bastante obesa, cujo excesso de gordura enriqueceu na última década alguns poucos felizardos.
Diante da chiadeira dos donos de buzus, supostamente (mais uma vez) passados para trás, o pândego Edvaldo Nogueira, com cara de pastel de rua no fim do dia, cuspiu no abastado cofre que financiou as campanhas políticas dele próprio, de aliados e do padrinho Marcelo Déda. Disse o cabra macho alagoano: “Meu relógio não funciona com pressão de ninguém, muito menos de empresário” – mas só em ano eleitoral...
O “reajuste zero”, respeitável público, surge assim para enganar os trouxas...
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Piada? – O prefeito promete agora iniciar o “processo licitatório do transporte coletivo”, anunciado para o mês da mentira: dia 17 de abril. Não esqueçamos porém, na campanha de 2000 a dupla Marcelo Déda/Edvaldo Nogueira falava em “desprivatizar” a prefeitura comanda por João Augusto Gama, hoje um empresário megamilionário. Era conversa para vaca roncar. Tivesse sido feita a licitação, o preço da tarifa para 2012 seria no máximo R$ 2,00 – incluída a inflação do período (veja tabela abaixo) e o lucro das empresas.


Confira também o “Demonstrativo de Tarifas e Tributos nas Capitais Brasileiras”, comparativo a provar quanto são extorsivos os valores cobrados dos usuários do transporte coletivo na Grande Aracaju.


Tabelas colhidas no Facebook do ex-deputado federal José Carlos Machado.


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Quarta-feira, 7 de Março de 2012 | 09h20 | Políticas Públicas
Marcelo Déda, afinal, admite: Doutor Rogério Carvalho destruiu a Saúde estadual
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Leia também neste escrito: José Carlos Machado aponta uma possível razão para a derrocada da Saúde Pública nacional.
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Num comercial veiculado ontem no horário nobre das emissoras de TV sergipanas, o governo anuncia que “está reconstruindo a saúde”... A semiótica implícita na frase sugere duas interessantes alternativas: Marcelo Déda relaxou na elaboração do marketing eleitoral/governamental (não necessariamente nesta ordem), cujo gasto chega a quase R$ 30 milhões/ano... ou a Comunicação estadual imbecilizou-se!
Iniciado o calendário de 2012, entra-se no sexto ano consecutivo da gestão do PT, sendo a Saúde Pública – seguida da segurança – o maior problema enfrentado por Marcelo Déda. Se agora “reconstrói” alguma coisa, é porque supostamente havia destruição – e quem a praticou? Sem dúvida, já que a esta altura do campeonato não mais se pode admitir a ingerência do ex-governo nas ações do atual, a culpa certamente recai sobre o ex-secretário estadual de Saúde, o hoje deputado federal e candidato do governo à Prefeitura de Aracaju, Doutor (ele gosta de ser chamado assim) Rogério Carvalho.
Sergipe inteiro conhece a histórica passagem de Rogério Carvalho pela Saúde da Prefeitura de Aracaju, quando inaugurou dois “hospitais” de ponta, posteriormente rebaixados a postos de saúde pelo Ministério Público, atendendo a pedido da Sociedade Médica de Sergipe, que denunciou a fraude perpetrada ainda no período eleitoral de 2006. Ao assumir a Saúde estadual, o médico e professor, munido de uma marreta, mandou destruir as partes internas do Hospital Infantil José Machado de Souza,  finalmente inaugurado  somente no fim do ano passado na calada da noite, por ordem da Justiça, também atendendo a pedido do MP por via dos médicos.
O programa “Fantástico” da Rede Globo foi assíduo nas denúncias do projeto de Rogério Carvalho para desmantelar o sistema de Saúde Pública estadual, apresentando ao Brasil a morte de mais de 100 crianças na Maternidade Hildete Falcão por conta da imundície, o fechamento por quase um ano da Maternidade N. S. de Lourdes, apesar de plenamente operacional; a transformação do Huse (ex-Hospital JAF) em matadouro de pobres e, por fim, o sucateamento do Samu Estadual e a falácia das Clínicas da Família, um dos maiores trotes da história política de Sergipe.
Ao utilizar uma peça de propaganda com o fito de tentar provar que busca solucionar as tantas barbeiragens cometidas pelo danado do Doutor Rogério Carvalho, em prejuízo da imagem pública dele próprio (Marcelo Déda), sobretudo ao admitir que “está reconstruindo a saúde”, o governador diz afinal o que todos os sergipanos já sabem faz tempo: a gestão de Doutor Rogério Carvalho só não foi pior porque, graças aos Céus, ele precisou afastar-se para concorrer à Câmara Federal e, num golpe de sorte para os pobres de Sergipe, foi eleito deputado federal.
Resta saber se, além de “reconstruir a saúde”, Marcelo Déda vai fazê-la algum dia voltar a funcionar num nível aceitável, pelo menos no mesmo nível deixado por João Alves Filho, que apesar de ser precário, era indubitavelmente mais eficiente que o da gestão do PT.
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Poderia ser ainda pior? – Ontem, através do Twitter, o ex-deputado federal José Carlos Machado, engenheiro por formação e, portanto, afeito a números, informou que o “Índice de Desempenho do SUS aponta 13 estados abaixo da média de Sergipe, que é de 5,36”. Ou seja, em 13 estados a Saúde Pública está pior do que em Sergipe – imaginem a tragédia...
O interessante”, diz o ilustre camarada, “é que dos treze, 12 estados são governados por aliados da presidente Dilma Rousseff. Sinal que a Saúde Pública está no vermelho, literalmente! Acima da média de Sergipe estão seis estados, cinco governados pelo PSDB e o outro pelo DEM. Então, o resultado da avaliação feita pelo Ministério da Saúde significa o quê?”, questiona José Carlos Machado, para concluir que “Santa Catarina é o estado com a maior média do IDSUS: 6,29 – (santa) coincidência: o estado nunca foi governado pelo PT”.


Terça-feira, 6 de Março de 2012 | 10h30 | Política
Marcelo Déda trata os Amorim como “lixo”
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Passemos sem delongas ao dissecamento de como a comunicação oficial, por via de assessores ligados diretamente ao governador ou através de lisonjeadores profissionais aboletados na imprensa, tratou o imbróglio gerador do cisma entre as facções controladas por Marcelo Déda e pelo chefe político – e grande colecionador de partidos –, o megaempresário Edvan Amorim.
Movido por um ódio extremo ao que considera “traição” desmedida, o garboso Marcelo Déda imbuiu-se pessoalmente de organizar o discurso – e a ação, diga-se! – visando a punir com crueldade os rebelados da ex-base aliada do governo. Sem ao menos considerar a possibilidade de manter aberto um canal de diálogo com a turma do irmãos Amorim, usou a guilhotina, “limpando” a máquina estadual da presença dos dissidentes.
Observem a palavra “limpando”, pois ela não está em uso ao acaso. Foi exatamente o verbo limpar que definiu a retórica política retaliatória de Marcelo Déda. Pode-se concluir portanto que, se se estava limpando, é porque havia sujeira, muita sujeira – e quem era o tal “lixo” ou o “sujo”? Sim, eles mesmos... aqueles que ajudaram o PT e companhia a conquistar o segundo mandato no governo sergipano, os irmãos Amorim e sua turma.
A aliança entre Marcelo Déda e os Amorim nunca foi bem digerida por ambas as facções políticas e, tudo indicava, o rompimento era apenas uma questão de tempo, sobretudo por haver interesses eleitorais conflitantes entre as partes envolvidas. Por seu turno, o governador nunca foi afeito a pressões – a soberba e o narcisismo não lhe permitem conviver com pleitos “impostos”!
A pragmática do discurso de Marcelo Déda tem sido a seguinte: precisou, de fato, unir-se aos “sujos” para obter um novo mandato, mas quando esta união já não mais era do seu agrado (ou interesse!) – nem nos moldes do “jeito petista de governar” –, optou por promover uma devassa, a “limpeza” em curso, numa espécie de purificação da alma política governamental.
Restou aos irmãos Amorim o consolo de, ao serem tratados como “lixo” político, retribuir na mesma moeda onde puderem – ou, ao contrário, oferecer aos governistas uma merecida “complacência”, já que agora detêm o poder absoluto na Assembleia Legislativa e devem fazer a maioria dos prefeitos e vereadores, fonte da mágoa entranhada em Marcelo Déda.


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Domingo, 04 de Março de 2012 | 18h00 | Livros
Privataria Tucana”, mais um livro-panfleto
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Palavras de Oscar Wilde: “As boas intenções têm sido a ruína do mundo. As únicas pessoas que realizaram qualquer coisa foram as que não tiveram intenção alguma.” Parcela expressiva da imprensa brasileira está contaminada por gente de “boas intenções”, uma cambada nutrida pelo poder de plantão, a serviço de conglomerados econômicos, governos e partidos...
A imprensa é um fenômeno recente. São mais ou menos 300 anos de história – e no início, já havia o propósito de servir à sociedade burguesa e suas atividades lucrativas. Esta primeira fase, entre os séculos XV e XVI, foi marcada principalmente por dois fatores decisivos para sua evolução: a escolaridade (grande parte da população era analfabeta) e o poder aquisitivo (o papel impresso era muito caro).
O acesso à informação de qualidade, mesmo nesta Era da Informação” gratuita – e havendo uma maioria absoluta de pessoas letradas, apesar de isso não significar que pensem de modo independente –, exige do cidadão comum atenção redobrada com as letras impressas em papel ou postadas em sites e blogs. Saber separar o “joio” do “trigo” tem sido uma tarefa cada vez mais complexa...
Lançado ao final de 2011, sucesso na lista dos “Mais Vendidos” da revista Veja, “Privataria Tucana” (343 páginas, Geração Editorial), do jornalista Amaury Ribeiro Jr., deveria ser um livro-bomba, com “segredos e verdades sobre o maior assalto ao patrimônio público brasileiro”. Mas é apenas um livro-panfleto, dedicado a provar a tese (furada) dos petistas, segundo a qual o único (e “maior”) benefício das privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso foi enriquecer os barões do tucanato.
Muita sujeira, de fato, ocorreu no âmbito das privatizações, podendo ser resumidas no diálogo de Ricardo Sérgio de Oliveira, controlador das finanças nas campanhas de FHC e José Serra, com o então ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros, tratando sobre a privatização das operadoras de telefonia: RSO - “Nós estamos no limite da irresponsabilidade.” LCMB - “É isso aí, estamos juntos.”
Mas, afinal, qual seria a “novidade”, os tais “segredos e verdades” de “Privataria Tucana”? Uma penca de documentos a unir familiares e amigos do então ministro da Saúde de FCH, José Serra, cujos laços com empresas de fachada – provavelmente usadas para lavagem de dinheiro – o deixam numa situação bastante desconfortável. Por que, então, lançar o livro exatamente às véspertas do pleito eleitoral de outubro? Pimba! Lula da Silva tem um candidato à Prefeitura de São Paulo, Fernando Hadad, um sujeito sem votos, mas com um grande cabo eleitoral...
O livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr. presta-se ao valoroso serviço de espalhar inúmeras cascas de banana no caminho de José Serra, de quem se pode dizer tudo, menos alegar “santa inocência”, sobretudo diante de tantos documentos – alguns, diga-se, foram contestados por familiares do ex-governador e o jornalista defendeu-se dizendo serem todos cópias de material oficial colhido em fóruns, cartórios, juízos... Ponto para Lula da Silva.
Assim, recomendo cautela a quem decidir ler o bólido. Ao centrar toda a patifaria supostamente ocorrida no período das privatizações de FHC apenas na figura do ex-ministro José Serra, seus familiares e amigos, como se o hoje candidato tucano fosse o grande “mafioso” do pedaço – o que se sabe, é uma deslavada mentira –, “Privataria Tucana” expõe sem meios termos a missão a que se devota!
Mais uma danação sem estofo político factual de um membro da turma aloprada  da  grande imprensa nacional  muito bem sevado, aliás – a serviço do poder da hora...