E NÃO É QUE
FERNANDO COLLOR TEM RAZÃO?
Analisar a
política exige, tanto quanto exercer a atividade política, estômago
de aço, dado que é preciso buscar a luz mesmo onde, supostamente,
há apenas trevas. A filosofia política é um campo vasto para tais
elucubrações, e mesmo discordando – ou até sendo frontalmente
contra o pensamento de alguns exegetas – busco ler a tudo e a
todos.
Pessoalmente,
defino-me como pendido à direita, ao lado de quem defende menos
intervenção do Estado na vida alheia, na sociedade e na economia.
Daí que poderia me ater, no âmbito dos estudos continuados, apenas
aos pensadores dessa corrente, mas faço justamente a contraposição
– quero mais é ouvir as vozes discordantes, os contrários, até
para conhecer os argumentos “dialéticos” dos adversários.
Dito isso, passo a
tratar sobre o personagem do vídeo desta postagem, o ex-presidente
da República e hoje senador Fernando Affonso Collor de Mello.
Desnecessário dizer de minha “desadmiração” por ele, como
político, apesar de apreciar a forma como ele pontua as ideias e
defende os pontos de vista, além do que, vejo-o como um político
letrado, com amplo domínio do vernáculo e ácido com os
adversários. Ou seja, por um triz não o tenho em relevante
consideração [pessoal]. O passivo de escândalos inibe minha alma
aristocrática de professar respeito à figura, digamos assim.
Nesta entrevista
ao colega Fernando Pereira, do UOL, Fernando Collor faz paralelos
entre a crise enfrentada pela nossa amada GovernAnta e o processo de
cassação sofrido por ele em 1992. Ele também faz um diagnóstico
duro da situação do governo Dilma Rousseff, com um detalhe: o
diálogo ocorreu em 22 setembro de 2015, portanto, bem antes de tudo
que ocorre hoje. Vê-se a maturidade e a esperteza de Fernando
Collor. Observa-se um ator político em plena forma e analisando o
contexto racionalmente, até mesmo sobre o processo que o afastou da
Presidência da República.
Recomendo que
vejam a íntegra da entrevista. São 64 minutos de uma boa conversa.
De fato, temos uma aula para se entender o momento político atual,
as razões para a vitória da oposição na Câmara dos Deputados no
domingo (17) e sobre a inexorabilidade do processo de afastamento
constitucional da petista. Que erros e omissões ocorreram e os
mecanismos de funcionamento do Congresso Nacional em tempos de crise.
Como disse, não “curto” Fernando Collor, mas o que ele diz se
revelou premonitório. Vejam…
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