E.Zine 05/10 N164

SE A MODA PEGA
O governo do Partido dos Trabalhadores promove sem muito alarde a derrocada final do movimento sindical dos servidores públicos estaduais. Parte considerável deles votou em Marcelo Déda e hoje está atônita com a mudança de "paradigma". Não por acaso, as lideranças da maioria dos sindicatos são ligadas ao PT ou a partidos da base de sustentação do governo.
Exemplo melancólico é o dos professores. Na quarta-feira, em assembléia geral, eles decidiram realizar um protesto público na próxima terça-feira. Querem o urgente cumprimento da pauta acertada com o governo do PT em 30 de maio e até ontem não cumprida.
Segundo o blog PENSANDO ASSIM (04.10), "os professores reivindicam a progressão vertical, a implantação da gestão democrática nas escolas e a entrega de 2,9 mil computadores a professores. Já o Sintese, que resolveu botar uma pressãozinha no governo do Estado e ameaçou uma paralisação dos professores, decidiu em sua assembléia geral ter mais paciência com o governo. Os professores deixaram para novembro a decisão de entrar ou não em greve por tempo indeterminado".
O líder oposicionista Venâncio Fonseca faz o resumo da ópera: "O PT não cumpre compromissos de campanha. É preciso sair do discurso e partir para a prática. Não dá para ficar apenas prometendo. A sociedade cobra ações e rápido! Outra coisa, eu nunca vi sindicato procurar o Ministério Público Estadual para denunciar a falta de compromisso de um governante. Em outros tempos, os professores faziam manifestação e greve. Não existia toda esta paciência com o governador".
De fato, depois da fracassada greve do semestre passado, os professores estão ressabiados. Sem liderança imparcial e ativa, eles estão à mercê de dois núcleos petistas: um no comando do estado a ignorá-los sumariamente; outro no sindicato, tateando para não desagradar o governador e ao mesmo tempo mostrar serviço aos associados. Convenhamos, a tarefa não é nada fácil...
Quanto à ação ajuizada no MPE pelo sindicato dos professores, ocorre por um fato interessante. No governo do futuro -a educação vai melhorar, a saúde vai melhorar, a segurança vai melhorar-, a revista da Secretaria de Comunicação prevendo como Sergipe poderá ser no ano vindouro deixou os mestres irados. Até os acostumados às defecções ficaram chocados com a crueza das palavras do professor Roberto Silva Santos, diretor de Comunicação do Sintese: "Na área de Educação, o texto da revista é totalmente equivocado. A população sergipana está sendo informada de algo que ainda não aconteceu. Nossa ação é para impedir a distribuição da revista". Se a moda pega...
  • O outro lado - Na LIBERDADE FM (04.10), o governador Marcelo Déda declarou já ter cumprido muitas das reivindicações do Sintese. Disse ainda, vai melhorar as condições de trabalho dos professores e o que não puder ser atendido (na pauta de reivindicações) será explicado. Salientou também que o (aliado) professor Joel Almeida, presidente do Sintese, está fazendo o papel dele: "Indo às rádios, reivindicando e trabalhando pelos professores, botando a cara". Interessante! "Botando a Cara". Seria para levar porrada?

E.Zine 04/10 N163

PARIRAM UM MONSTRO!
O PMDB nascido da junção de corpos e alma dos primos em rusgas eternas Jackson Barreto de Lima e José Almeida Lima é um bizarro subproduto da bagunça política a dominar o Brasil. Quem acredita na vida longa de um ser cujo frágil corpo deve atender a duas diferentes cabeças? O comando do diretório estadual ficou com o santo-deputado. O da Capital com o senador.
Em meio ao trailer de terror, atônitos, os históricos do partido tentam manter a mínima normalidade. Evitar um debandar sem fim é necessidade básica. A situação, por enquanto, está sob controle, mas insatisfações podem influir na saída de alguns caciques.
A briga para comandar o PMDB nasce ainda em meio à turbulência provocada pela extremada participação de Almeidinha na absolvição de Renan Calheiros. O senador alcançou um patamar de divergência pessoal e de interposição quase física com colegas dele no Senado. Requintes de espetáculo circense não faltaram. A imprensa não perdoou. Além de ganhar novas acunhas, Almeidinha também foi guindado ao posto de escracho preferido dos analistas políticos.
O ponto de conflito entre os primos parece ter sido aplainado. Motor do monstro recém parido, a candidatura a prefeito de Aracaju é alimento tanto de Jackson Barreto de Lima quanto de José Almeida Lima. Ambos querem a cadeira ocupada por Edvaldo Nogueira Foguinho custe o que custar. Doa a quem doer. O estilo deles também é parecido: esperneiam, destratam, confrontam.
Para qual lado o monstro vai dar os primeiros passos é o próximo lance desta pendenga urdida no milênio passado quando os beiços dos dois bicudos passaram a se estranhar...

E.Zine 03/10 N162

O BICHO (A)MORAL A imprensa se notabiliza por ser âncora dos grandes debates do país sobre ética nas atividades públicas. O debate se acirra ainda mais quando os políticos viram-se de costas à Nação. Haveria um complô com ares de conspiração urdindo nas redações! Não se deve desprezar esta hipótese. Ter opinião neste país é imprescindível. No Brasil, os donos da imprensa abusam do querer pessoal: “Esse pode. Esse não!”. Ancoram-se na suposta isenção para manter o poder de influência junto ao respeitável público. Em todo e qualquer editorial, reportagem, foto, vídeo publicado na mídia houve, há e sempre haverá a intenção de incutir. Assim é o jogo! Sociedades mais avançadas, como a Norte-Americana, não se permitem dúvidas quanto a quem é quem. A mídia antecipadamente diz quem, o que e qual idéia vai apoiar. Ou seja, o noticiário pode até ser dividido igualmente. Mas existe a preferência! A deixa é para lembrar que assim não agiu nem age a imprensa nacional. Tudo é feito em cima do muro. Entender o jogo de bastidores a mover cada manchete, cada palavra dita, cada imagem divulgada, é fundamental. A opinião pessoal (e personalizada) de uns poucos pintados como isentos, honestos e sinceros só se torna opinião pública e sacramentada quando se acredita. Em relação ao principado de Sergipe e aos grandes meios midiáticos, e os profissionais agregados, nunca esqueça: aqui, poucos são os sem ônus ao governo petista. E diga-se, isso não é privilégio do PT...

E.Zine 02/10 N161

EM MEIO AO LUPANAR A patifaria sempre fará parte da política e da mídia. Agarrados ao conceito neoliberal da liberdade de expressar opiniões, muitos jornalistas prostituídos pelo poder fazem da imprensa seu bordel particular. Em Sergipe, os colaboracionistas do petismo infiltrados especialmente nos jornais promovem diariamente estragos consideráveis à verdade para acalentar certos desejos. A polêmica sobre a refinaria Atlântico Sul demonstra claramente como fatos podem ser inescrupulosamente manipulados. Em setembro de 2006, no calor da campanha eleitoral, João Alves Filho apresentou o investidor David Wood, diretor da empresa inglesa Merchant Energy. No mesmo dia foi assinado o protocolo para a construção da primeira planta de refino petrolífero de Sergipe –investimento de 1,8 bilhão de dólares, capacidade para processar 10 milhões de toneladas/ano de óleo cru, 10 mil empregos na fase de construção e 600 empregos diretos quando pronta. Os colaboracionistas deitaram e rolaram. O repórter domingueiro Ivan Valença, um destes proeminentes dispostos a tudo na roda da vida, tirou das cachorras para denunciar mais uma intrépida armação do rei das armações: a refinaria era uma piada, David Wood um aventureiro canalha e os investidores europeus jamais apostariam um dólar furado em Sergipe com tantos outros negócios reais pelo mundo afora. Caiu do salto, cara ao chão! Quase um ano se passou e a verdade, como sempre, se revela. Após criteriosa análise, a refinaria foi aprovada pela Agência Nacional de Petróleo. Acabrunhado inicialmente, o governador Marcelo Déda, profissional esperto, logo a encampou como grande e único projeto do seu governo no cenário internacional. Ivan Valença seguiu os passos do mentor: o santificado David Wood é agora um empresário aquinhoado; a Merchant Energy, não mais aquela empresa de fachada, foi até convidada para apresentar a Atlântico Sul a investidores norte-americanos; e com grande esforço, o governo do PT contribui na captação de recursos e viabilização do empreendimento, “nesta fase mais difícil do projeto” (JORNAL DA CIDADE, 30.09). Quanta mudança! Oportunistas e espertos pregando loas sempre existiram. Ivan Valença não é o maior, nem o menor. Nem será o último! Regurgitando os áureos tempos de escriba na finada GAZETA DE SERGIPE, encravada à época em meio a ruidosos lupanares, ele ainda se entrega de mente e alma ao deleite da nobreza mão aberta. Mas para a felicidade do respeitável público, a patifaria tem pernas curtas.

E.Zine 01/10 N160

FRITADA DE NOGUEIRA Tão logo assumiu a prefeitura de Aracaju, o primeiro prefeito comunista da Capital trabalhou o nome dele à própria sucessão. Edvaldo Nogueira Foguinho contava, então, como o apoio do grupo de sustentação da base governista. Uns poucos petistas, contudo, estavam descontentes com o fato de o partido não indicar um nome puro-sangue após duas fragorosas vitórias em Aracaju (2000 e 2004), com Marcelo Déda eleito ainda no primeiro turno. O processo de fritura de Foguinho foi deflagrado através dos colaboracionistas de Sua Alteza Real infiltrados na imprensa, atendendo às ordens de vermelhos ilustres, como a professora-secretária de combate à pobreza, Ana Lúcia Menezes, e o deputado-secretário de Saúde, Rogério Carvalho. Um puxão de orelhas público do governador, confirmando a predileção pessoal por Foguinho, abrandou as incursões. A imprensa comprada parou de bater no prefeito. Tranqüilo desde então, Edvaldo Nogueira Foguinho reaviva agora os sentidos e novamente põe-se preocupado com o futuro. Depois da notícia dando conta que o Negão poderá ser candidato a prefeito, o peso político do atual mandatário para enfrentá-lo passou a ser questionado. E quem chega como candidato a salvador da pátria? Ninguém menos que o santo-deputado Jackson Barreto de Lima. O deputado com ficha criminal de mais de cinco metros, metade dela por improbidade administrativa quando foi prefeito de Aracaju no século passado, “aceita” disputar com o Negão. Considerando o estilo dele de fazer política, Edvaldo Nogueira Foguinho que se segure. O cheiro de fritada está no ar! SEM VALIDADE O alerta é das autoridades médicas: não passe do prazo de validade. Dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) estimam em 30% a população do planeta afetada pelo menos uma vez por ano com intoxicação alimentar. São quase 2 bilhões de pessoas e parte delas passa mal ao não se dar conta do prazo de validade vencido dos alimentos (Revista VEJA, 17.07.07, p.120). Aqui, tratamos também de prazos de validade. Mas pela ótica de um outro tipo de especialista, o de notícias. Douglas Magalhães expõe no BLOG* dele a capacidade do governo do PT de criar fatos no mínimo curiosos: “O governo começou com a validade vencida. Isso pode fazer mal! Lembram da carne podre servida aos estudantes do Colégio Atheneu? Estava com a validade vencida. E os remédios, ou melhor, as dez toneladas de medicamentos com validade vencida estocados no depósito da Secretaria de Saúde? Pois é. Como se não bastasse tudo isso, apareceu agora o concurso público com validade vencida. Esse é um governo deteriorado”. Outra piada, esta contada por um radialista que rir de tudo e de todos, invoca o Instituto Parreiras Horta. Diz ter o laboratório público anunciado que o líder do governo na Assembléia estaria, imagine, com a validade vencida. Segundo o “laudo”, foi fácil diagnosticar o problema. Ele contraiu um vírus chamado ''repetite'', que o faz repetir frases sem nexo e provoca irritação a ponte de deixar o sujeito vermelho. A “doença” não tem cura, pois também já passou do prazo. Pobre Francisco Gualberto! Piadas a parte, o concurso da Polícia Militar com validade vencida é prova eloqüente da falta de interação entre o governador Marcelo Déda e seus assessores. No período de transição, a equipe do PT tomou conhecimento da situação legal do certame. Na PM, todo mundo sabia dos prazos e da necessidade de revalidação. Nada foi feito! O lamentável é o mico de Sua Alteza Real anunciando a contratação dos 500 policiais...