AFINAL, O SANTO WHATSAPP LHE ESPIONA?
Ai, ai… e pensar que em pleno Século XXI ainda há pessoas supostamente inteligentes que imaginam as grandes corporações internacionais, sobretudo do setor midiático, como “anjos do bem”. Pior, essa gente crê piamente no coração boníssimo e altruísta de figurinhas premiadas Mark Zuckerberg, só porque ele mantém “gratuito” o aplicativo WhatsApp, pelo qual pagou a bagatela de US$ 21,8 bilhões. Você também pensa como esses “entendidos” em tecnologia da informação?
O mundo inteiro conhece e reconhece o Facebook como recorrente violador das políticas de privacidade. Creia, com o WhatsApp não é diferente. O modo como o aplicativo lida com os dados de usuários desperta fúria entre especialistas em segurança e militantes pelo direito à privacidade na Internet.
Nos EUA, a Electronic Frontier Foundation (EFF), ONG norte-americana dedicada a denunciar abusos das corporações de mídia, está de olho em certos aplicativos para Androide – WhatsApp incluso – capazes de acessar o microfone e a câmera dos aparelhos onde foram instalados, para fins de garimpagem de dados, mesmo sem autorização dos proprietários.
Para quem se interessa pelo tema, a EFF edita anualmente o documento “Who has your back?” (algo como “Quem defende sua retaguarda?”), que avalia companhias de internet e telecomunicações sobre suas “políticas de privacidade”, muitas das quais estão voltadas [nas entrelinhas] à espionagem dos hábitos diários e corriqueiros de bilhões de pessoas com o objetivo de transformar todo esse “bigdata” em metadados a fim de tê-los para uso próprio ou para comercializá-los a clientes dos mais variados setores – bancos, lojas de departamento, agências de viagens –, incluindo o governo dos EUA.
Vamos aos fatos! Não deve ser novidade para você, mas saiba que sempre que se visita um site dessas corporações, que se faz alguma pesquisa de consumo [para compra, especialmente] ou que se frequenta plataformas de redes sociais, são coletadas informações a respeito do usuário, como endereço IP [para localização], e os chamados “dados-padrão” de acesso à web, como tipo do navegador e páginas acessadas no referido site.
Por trás dessa aparente bondade, de oferecer serviços gratuitos de pesquisa e intercomunicação pessoal, há algo bastante sinistro, como explorar ao extremo o potencial de consumo de usuários desses serviços para venda ou aluguel dessas informações pessoais para terceiros, para fins de marketing, tudo sem seu consentimento explícito – mas não esqueça, nos Termos de Uso você concordou e não poderá reclamar.
Em resumo, usuários dos serviços de Internet são constantemente monitorados por grandes corporações, como o Facebook e o Google, mas muitos “entendidos” em tecnologia da informação ainda duvidam das proezas feitas por essa gente muito inocente em nome da audiência e do lucro.
Por que devemos nos preocupar com toda essa absurda devassa de nossas vidas pessoais? Por que essa gandaia vive mentindo, jamais fala a verdade ou, quando faz, usa apenas a verdade que lhe é conveniente. De fato, somente uma meia verdade.
Atualmente, o Brasil serve como imenso laboratório para as grandes corporações de mídia, sobretudo por ser um mercado consumidor em ascensão. Se no mundo, hoje, existe mais de 1 bilhão de aparelhos Androide ativos – ou seja, que estiveram conectados à Internet pelo menos uma vez nos últimos 30 dias com o sistema da Google –, a Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 aponta para o crescimento do mobile no País: “O uso de aparelhos celulares como forma de acesso à Internet já compete com o uso por meio de computadores ou notebooks, 66% e 71%, respectivamente. O uso de redes sociais influencia esse resultado. Entre os internautas, 92% estão conectados por meio de redes sociais, sendo as mais utilizadas o Facebook (83%), o WhatsApp (58%) e o YouTube (17%).”
Segundo dados da consultoria e bureau de tecnologia da informação Avellar&Duarte, “o e-Commerce brasileiro faturou R$ 41,3 bilhões em 2015”. Informa ainda que “31% dos brasileiros aceitam compartilhar dados pessoais”, que “o número de municípios com Wi-Fi cresceu 83,2% em dois anos”, que “pela primeira vez, celulares são o principal meio de acesso à Internet dos jovens brasileiros” e que, detalhe do detalhe, os “smartphones ficam imunes à crise no Brasil e 4G vira ‘objeto de consumo’”, sem contar que “mais de 70% dos consumidores compraram produtos na Internet em 2015”.


WhatsApp: “Calma, eu só vou pôr a ‘cabecinha’”
Nos EUA, a EFF e gente como o esperto – e siderado – John Mcafee, brilhante PhD em Matemática e fundador de uma das maiores empresas de antivírus do mundo, figura das mais excêntricas no mundo da tecnologia, resolveram agir para impedir abusos.

O “doidão” criou um aplicativo [D-Vasive] capaz de escanear permissões e acessos no Androide, permitindo aos usuários conhecer através de relatórios tudo o que ocorre com o sistema operacional – se um aplicativo ativar o microfone ou a câmera do aparelho ou ainda usar outros dados, um alerta será exposto na tela.
Já a EFF, exigiu do WhatsApp que explicasse detalhes da operação dos sensores em aparelhos Androide, o que motivou a empresa a criar um catálogo de notificações em “Perguntas Frequentes”. Curiosamente, fato já esperado, aliás, quando questionado “Por que o WhatsApp pede permissão para utilizar a câmera no meu Android?”, a Equipe de Suporte diz para você não se preocupar “pois o WhatsApp jamais irá tirar uma foto ou fazer um vídeo sem que você tenha requisitado e permitido”.
No entanto, logo em seguida, informa que “esta permissão da Google, chama-se ‘android.permission.CAMERA’, e diz o seguinte: ‘Permite um aplicativo a tirar fotografias e gravar vídeos com a câmera. Esta permissão possibilita o aplicativo a utilizar a câmera a qualquer momento sem sua confirmação’.
Ou seja, quem não conhece a velha pegadinha do “calma, eu só vou pôr a ‘cabecinha’”? Quem acredita que o aplicativo não faz isso, só porque ele mesmo diz que não faria? Quem controla as ações do WhatsApp, para garantir que ele haja conforme diz? Não há tal órgão de vigilância na Terra nem em Marte.
Talvez exista gente inocente o suficiente – ou desinformado, o bastante – para acreditar que uma corporação como o Facebook, useira e vezeira recorrente na violação das políticas de privacidade, denunciada por isso até no Senado norte-americano e alvo de investigações, ofereceria o WhatsApp gratuitamente, após ter pago meros US$ 21,8 bilhões pelo aplicativo, apenas para satisfazer o coração boníssimo e altamente altruísta de seu dono, Mark Zuckerberg, sem dele auferir qualquer benefício. Me bata um abacate com mel e raspas de casca de limão galego, mosfias e mosfios
Escrevi esta série de artigos, publicados nestas ‪#‎VerdadesQueIncomodam‬, não para provar que tenho conhecimento em engenharia eletroeletrônica ou informática [hardware], longe disso – sou, nesta área, completamente analfabeto, apesar da formação em eletricidade (técnico), área que nunca atuei.
Porém, como comunicador social, optei pela mídia eletrônica – especialmente as mídias sociais – como meio de sobrevivência, por isso estudo e pesquiso sobre tecnologia da informação.
Leio de tudo e busco comprovações para as “teorias” apresentadas. Umas erram, outras são “na mosca”. Espero que você abra seus olhos para esse “admirável mundo novo”, onde somos vigiados de uma forma que nem mesmo o genial autor britânico George Orwell [Eric Arthur Blair], em “1984”, foi capaz de prever. É isso… sigamos! A vida precisa adiantar seu curso.
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VER PARA CRER – Não acredite em mim. Veja [ouça e leia] com seus próprios olhos:
Por que o WhatsApp pede permissão para utilizar a câmera no meu Android? – https://www.whatsapp.com/faq/pt_br/android/28000004
John McAfee hackeia ao vivo o smartphone de apresentador da Fox –http://www.tecmundo.com.br/…/72629-john-mcafee-hackeia-vivo…
Pesquisa Brasileira de Mídia 2015 [Ibope] – http://www.secom.gov.br/…/pesquisa-brasileira-de-midia-pbm-…
Avellar&Duarte: Internet no Brasil 2015 (Estatísticas) –http://www.avellareduarte.com.br/…/internet-no-brasil-2015…/



 SEU CELULAR É SEU ESPIÃO – OU, DE COMO A COMPUTAÇÃO QUÂNTICA MUDARÁ SUA VIDA
Os temas são distintos, de fato, mas cabem no mesmo (con)texto pois convergem, talvez não agora, mas num futuro bem próximo. Para começo de história, falemos da computação quântica, assunto mais em voga hoje no Pentágono, sede do Poder Militar dos EUA, com bilhões de dólares em investimentos.
Recentemente, uma reportagem da revista inglesa The Economist tratou da perda de fôlego da indústria da computação com o “fim” da chamada Lei de Moore, premissa evocada em 1965 por um dos fundadores da Intel, o engenheiro Gordon Moore, pela qual a capacidade de processamento de dados e de diminuição do tamanho dos transistores duplicaria a cada dois anos.
Qual é o “pulo do gato” dessa história: em termos comparativos, toda a capacidade de processamento do módulo lunar [o rudimentar e “imenso” Apollo Guidance Computer (AGC), da Apollo 11], ápice do poderio tecnológico dos EUA em 1969, faria rir uma criança com um smartphone barato às mãos. De lá para cá, tudo ficou infinitamente menor e mais poderoso.
Hoje, diante do novo desafio de manter-se na dianteira tecnológica, governos [para fins militares] e empresas de tecnologia [para ganhar dinheiro] investem em abordagens como a computação quântica e a inteligência artificial. Nos EUA – sempre lá, diga-se –, o Quantum Artificial Intelligence Laboratory, da Nasa, realiza um experimento de avaliação do potencial dos computadores quânticos para executar cálculos difíceis ou impossíveis usando supercomputadores convencionais. Trata-se de uma iniciativa em parceria com o Google e a Universities Space Research Association [associação de pesquisa espacial das universidades norte-americanas].
A agência espacial utiliza a tecnologia para realizar pesquisas sobre missões espaciais sem tripulação e para melhorar o suporte e o controle de missões. Já o Google pretende usá-la para melhorar, por exemplo, as ferramentas de buscas e o reconhecimento de voz. Mesmo caríssimo, o investimento nesse tipo de plataforma é justificável: enquanto os bits dos atuais processadores operam com os valores 1 ou 0, os qubits podem assumir os valores 1, 0 ou os dois ao mesmo tempo, o que torna as máquinas quânticas extremamente boas na solução de problemas com grande número de variáveis, pois são capazes de testar todas as possibilidades ao mesmo tempo.
No que isso interferirá na vida do cidadão comum – nós? A conectividade será fundamental no dia a dia em breve, talvez em mais uns cinco anos. A “Internet das coisas” ou “Internet de tudo” exigirá alto grau de processamento de dados para colocar objetos [carros, geladeiras, casas...] em conexão integrada. Junto com toda essa gama de informação, seremos cada vez mais “vigiados”.
Começa aqui a segunda parte deste escrito: seu celular é um espião! Muita gente vai achar que se trata de teoria da conspiração ou apenas mais outra danação de um idiota juramentado, um imbecil letrado – no caso, Eu, segundo alguns amigos! Porém, a verdade começa a surgir de modo espartano, aqui e ali. É preciso garimpar e juntar os dados, para tudo fazer sentido.
A National Security Agency (NSA), por exemplo, testou com sucesso em 2012 um “brinquedo” chamado PlaiceRaider e, desde então, o introduziu como parte do sistema integrado de vigilância mundial de “alvos” do interesse do governo dos EUA. Através desse sistema, conforme denunciou Edward Snowden – in “Os arquivos Snowden”, do jornalista britânico Luke Hardin –, foram espionados chefes de várias nações e integrantes de grupos criminosos ou os notórios terroristas.
Parece coisa de filme de ficção, porém, esse tipo de malware [PlaceRaider] utiliza a câmera do aparelho e outros sensores para criar um modelo em três dimensões de um ambiente, permitindo que seja construído um mapeamento físico do local. Criado pelos militares dos EUA, ele consegue desligar os alto-falantes do dispositivo para evitar alertas sonoros indicativos de que uma nova imagem foi capturada pela câmera.
A NSA também usa malwares como o SoundMiner, projetados para escutar conversas e decodificar os tons emitidos quando as teclas do aparelho são pressionadas, além de localizar onde o aparelho se encontra, via GPS, com precisão espantosa.
Agora, vem a maior danação desta história toda: empresas como Facebook e Google são parceiras do governo dos EUA nesses projetos e suas plataformas [incluindo o WhatsApp, do Facebook] foram [e são] usadas para testar o sistema [secretamente, claro]. As duas gigantes da tecnologia auxiliam em projeto de inteligência artificial executados por universidades e pela Defense Advanced Research Projects Agency (Darpa).
Como tais empresas [Facebook e Google] faturam bilhões de dólares com a coleta incessante de dados – in “Future Crimes”, do ex-consultor de Tecnologia do FBI Marc Goodman – a fim de comercializá-los em forma de anúncios em suas páginas, é óbvio que usaram [e usam] esses “brinquedos” para seus próprios interesses, e com o “de acordo” [Eu concordo] dos usuários.
Para fazer a “Internet das coisas” ou “Internet de tudo” operar conforme o planejamento de extrair cada vez mais informação – de consumidores, de quem esteja em conflito com a lei ou simplesmente de quem seja “alvo” das agências de inteligência governamentais –, o sistema como um todo precisará atingir um alto grau de conectividade [o que significa conhecer os hábitos das pessoas de maneira ainda mais intimista] e, para tanto, necessita de computadores quânticos, com imenso poder de processamento e capazes de “racionalizar” [inteligência artificial].
Eu acordei após a “pílula vermelha” – Até pouco tempo atrás eu também duvidava que coisas assim pudessem ocorrer. Imaginava que empresas a quem confiamos “abrir” nossas vidas e permitir que vasculhem nossos computadores pessoais, tablets e smartphones seriam confiáveis, ao ponto de jamais jogarem em meu desfavor. Mas eu era apenas um inocente, cujas crenças foram forjadas quase no nível de uma “Matrix”.
Como alguns dos meus melhores amigos, você também pode me achar um tonto imbecil, crente em teorias da conspiração e dado a acreditar no que leio. Afirmo que pondero muito, reflito, pesquiso e jamais aceito uma única opinião sobre qualquer assunto, por isso, num exemplo sobre questões político-ideológicas, leio autores da esquerda, da direita e também os anarquistas – meus preferidos. Rogo que você faça o mesmo.
Mas não acredite em mim! “Perca” você mesmo algumas horas por dia para entender como somos diária e involuntariamente manipulados. Leia livros, leia artigos de especialistas em segurança na Internet e material da imprensa alternativa, que foge da pauta chapa-branca da maioria dos veículos da grande mídia. Então, verá como somos presas fáceis para quem fatura bilhões de dólares garimpando dados que fornecemos gratuitamente e, em certos momentos, com inadvertido prazer.
Voltemos, por fim, ao início deste longo escrito: seu celular é seu espião, pode crer, e a computação quântica mudará sua vida, fazendo com a que a privacidade seja um bem muito caro. Os temas são distintos, de fato, mas convergirão num futuro bem próximo. Que fiquemos alertas, se queremos ser livres.