REFORMA POLÍTICA VIA
PLEBISCITO É PATIFARIA
“A vida dos brasileiros melhorou da porta para dentro, mas piorou da porta para fora”. A frase é do marqueteiro de Dilma Rousseff, publicitário João Santana. Ela resume a raiz dos protestos que divide o Brasil em dois: de um lado, mais comida à mesa, eletrodomésticos e móveis modernos, até carro na garagem (fruto da continuidade da política econômica implantada pelo PSDB de Fernando Henrique Cardoso); do outro, trânsito caótico, transporte precário, saúde e educação falidas e a sensação de que segurança de verdade é coisa para gente muito rica.
O custo de vida aumentou – e não foi só o preço do tomate! Contudo, o brasileiro médio é incapaz de relacionar o impacto da inflação e a queda dos serviços públicos com o modelo perdulário imposto pela governanta. A gestão do PT gasta em demasia... e muito mal. A presidente disse que os anseios das ruas são também os do seu governo. É preciso ter coragem para dizer tal impropério; e mais ainda para propor como solução a reforma política.
O Brasil é o país dos trouxas. Gente que se deixa levar por qualquer mínima ilação de boa vontade. O plebiscito é o mais novo truque para engambelar incautos. Quem ouve Dilma Rousseff falar, pensa até que ela também estava entre os manifestantes. Esquecem todos que o partido da presidente que anseia pelas mesmas mudanças gritadas nas ruas está no poder há 10 anos e seis meses? Os parasitas da nação comemoram! Eta povo sem noção...
Dentre as propostas de Dilma Rousseff para acalmar os manifestantes havia a consulta popular para promover a esperada reforma política, mesmo que o assunto não estivesse na pauta dos protestos e só apareceu nas redes sociais depois de sugerido. Com esperteza petista, a presidente aproveitou a crise e encaixou no debate o modelo de Hugo Chávez da Constituinte exclusiva, para alterar as regras do jogo eleitoral. Diante da chiadeira no Congresso, ela amenizou. Mas persiste o tal plebiscito.
O modelo político atual está falido, não há dúvida. A reforma política, no entanto, é um tema complexo demais. Envolve o financiamento de campanha, fidelidade partidária, o voto em si – se proporcional; aberto ou fechado; distrital, misto ou em lista –, reeleição, coligações, cláusulas de desempenho ou barreira... Assuntos para muita controvérsia, sendo inadequados a um plebiscito porquanto obscuros para a maioria da população.
A oposição deve se insurgir contra o plebiscito. Se a Constituinte exclusiva seria um golpe nos moldes de Hugo Chávez, o plebiscito é uma patifaria favorável apenas a quem tem máquina partidária, militância e eleitorado cativo. Trocando em miúdos: o plebiscito só seria bom para o PT, pois detém a máquina governamental e deseja implantar suas propostas de financiamento público de campanha e o voto em lista, sonhos de consumo de Mula da Silva.
Está na cara que o desejo dos manifestantes é ter as instituições cumprindo seu papel com eficiência, servidores públicos trabalhando com honestidade e imparcialidade, e que os parlamentares ajam como legítimos representantes dos seus eleitores. Dilma Rousseff, em vez de buscar o mais simples – promover mudanças tópicas no sistema político, conduzidas pelos próprios congressistas (nos temas já citados acima) –, quer jogar para a plateia, visando o pleito de 2014.
Que estejamos de olhos abertos...
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Por David Leite | 03/07 às 17h15 

ACORDA, SINTESE! – E TAMBÉM QUEM
SUPÕE SER A EDUCAÇÃO PRIORIDADE
Antes que me acusem de pegar no pé da turma petista que há duas décadas aboletou-se no Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica da Rede Oficial do Estado de Sergipe (Sintese), reafirmo minha querência e respeito pela causa sindical, sem a qual os trabalhadores não teriam voz nas discussões com os patrões, mesmo que discordando frontalmente dos métodos desse tipo de sindicalismo jocoso e leniente. Mas vamos ao que interessa...
A ONG Todos Pela Educação, em parceria com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), aplicou a Prova ABC no final do ano letivo de 2012. Foram avaliadas 54 mil crianças de 2º e 3º ano de 1.200 escolas públicas e privadas em 600 municípios de todo o País. O objetivo do exame era traçar um diagnóstico da alfabetização dos alunos nos primeiros anos do ensino fundamental, com base em testes de leitura, escrita e matemática.
Os dados divulgados em 25 de junho são alarmantes. Mostram que mais da metade das crianças matriculadas no 3º ano do ensino fundamental de escolas públicas e privadas do País não aprendeu os conteúdos esperados. Elas escrevem pior do que leem – 74,1% não têm conhecimento suficiente para identificar temas de uma narrativa e perceber relações de causa em um texto. O Nordeste ficou na rabeira dos resultados de escrita: 86,8% não conseguiram fazer uma boa redação, que pedia ao aluno para escrever uma carta convidando um colega para brincar nas férias. Os maiores problemas foram de coerência e de adequação ao tema, reflexo da fraca formação em língua portuguesa.
A pesquisa também apontou certo abandono do ensino de matemática. A situação é ainda pior se forem consideradas apenas as escolas públicas: 70,8% das crianças têm dificuldades elementares. Conseguem responder a questões básicas, mas ficam empacadas diante de conteúdos complexos. É como se fossem analfabetos funcionais, incapazes de resolver questões mais elaboradas. Nenhum estado brasileiro registrou mais da metade dos alunos no 3º ano do ensino fundamental com instrução adequada em matemática. No Nordeste, 86,4% das crianças estão abaixo do desempenho esperado – no Sudeste, são 57%. Os técnicos da ONG Todos Pela Educação sugerem que a causa para tamanha incapacidade com os números seja a falta de clareza curricular. Ou talvez, por temer que as crianças fracassem, o professor acabe ensinando apenas o conteúdo básico.
Diante desse caos, o tal “Pacto pela Educação Pública” proposto às pressas por Dilma Rousseff numa tentativa de responder às queixas das manifestações de rua nada resolve. É falacioso o discurso sobre os royalties do Pré-Sal para a Educação. A Câmara aprovou projeto que destina 75% deles para esta área e 25% para a Saúde. A população precisa ser informada de que, em média, um poço de petróleo, após licitado e a empresa vencedora devidamente contratada, leva de 10 a 15 anos para começar a operar. Será que a Nação terá de esperar outra década para ver a educação recebendo imprescindíveis investimentos?
Em que pese a má gestão dos recursos até agora aplicados em educação e a falta de resultados que os justifiquem, Dilma Rousseff não precisa esperar pelos “royalties do petróleo” para começar a investir mais em educação, pois tem às mãos uma solução imediata. Repousa no Senado o Projeto de Lei – PL 8035/2010, obrigando o governo a aplicar 10% do PIB em educação. Basta a presidente exigir do relator do projeto que apresse o seu parecer a fim de ser votado pelos senadores ainda neste ano. Dilma Rousseff poderia ainda criar uma campanha nacional de valorização da educação e investir em regras plausíveis de gestão, além de fiscalizar – quando necessário, punir – e cobrar a prestação de contas do dinheiro repassado até agora.
Outro problema a ser enfrentado é a precariedade das instituições de ensino. Um censo de dois atrás mostrou que no Brasil quase 11 mil escolas funcionam em condições degradantes e inapropriadas. Apenas 0,6% das unidades de ensino público funcionam em prédios completos; 44% das escolas não vão além de energia, sanitário e esgoto... Por mais que pareça um contrassenso, aumentar o orçamento da educação não resolve o problema, se a prioridade desses novos investimentos não for a capacitação dos profissionais do magistério, como fez a Finlândia, campeão do Pisa desde 2008, onde os professores do ensino fundamental são os melhor formados e 100% deles possuem no mínimo um mestrado em educação.
Professores dispostos e de alta qualidade técnica, com remuneração justa e prêmios de acordo com o desempenho dos seus alunos fazem grande diferença numa sala de aula, tanto quanto diretores capacitados e treinados para a função, pois sem um gerenciamento qualificado a escola não funciona bem, seja ela pública ou privada. São imensas as consequências econômicas diretas dos sistemas educacionais de alto e baixo desempenho na economia dos países, sobretudo em uma economia globalizada e baseada nas habilidades profissionais. O Brasil já sabe disso. Chegou a hora de arregaçar as mangas e usar todos os recursos disponíveis para melhorar a qualidade do ensino. Disso dependerá o futuro da nação. Não podemos continuar na rabeira do mundo civilizado.
Resumo da ópera: acorda Sintese! Lutar por melhores salários é justo, mas não vai resolver o problema da qualidade da educação. O segredo do sucesso dos campeões mundiais em educação nada tem a ver com métodos pedagógicos revolucionários ou com o uso intensivo de tecnologia de ponta em sala de aula. Apostaram na qualificação do professor, em metodologias baseadas em currículos de comprovada eficiência e numa “cultura” do aprendizado, que valoriza a presença da comunidade na escola. Nos países onde o estudo tem um elevado grau de importância na sociedade e as expectativas que os pais têm dos filhos são muito altas, a educação é levada a sério e frutifica-se em resultados sempre positivos.
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Por David Leite | 02/06 às 18h50

ONIPOTENTE, JOÃO ALVES FILHO
É UM SUJEITO COM “DUAS” CARAS
Sempre me foi comum ouvir entre amigos o bordão segundo o qual João Alves Filho teria comportamentos difusos dentro e fora do poder. Seria um sujeito com “duas” caras: a do extremadamente humildade, useiro e vezeiro da querência, afetuosidade e fidalguias quando fora de cargos públicos; e o onipotente todo-poderoso, ao empossar-se. Os fatos provam que o bordão é verdadeiro!
Por falar em dueto de faces, só para quebrar o gelo, lembro agora de uma tirada magnífica do então senador Esperidião Amin, quando discutia em plenário com o colega Eduardo Suplicy. Os ânimos ficaram exaltados e o pai do roqueiro Supla atacou: “O senhor tem duas caras!” Rápido no gatilho, apontando para o próprio rosto, o barriga-verde retrucou: “Não seja injusto comigo, senador. Se eu tivesse duas caras, o senhor acha que eu viria ao Plenário com esta?”
Uma dupla de rápidas notinhas publicadas ontem no “Periscópio” do Jornal da Cidade resume a situação, apontando os estragos que as tais “duas” caras do Negão podem trazer à permanência de aliados importantes no grupo por ele liderado. Não é novidade que João Alves Filho optou por manter na prefeitura militantes do PCdoB e PT em detrimento do pessoal que ajudou a elegê-lo. Também não se ignora ter o prefeito de Aracaju desprezado (e isolado da prefeitura) antigos aliados, como afiança a nota, e ter ainda a estranha mania de só atender quando o assunto em pauta lhe interessa.
Leiam o material (foto; clique para ampliar) e tirem suas próprias conclusões. Abraços a todos. Uma semana feliz...
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Por David Leite | 01/07 às 18h28

>> Resumo da Semana <<
PEDRADA NA REPÓRTER, VAIAS PARA MENDONÇA,
A SAIA FURADA DE GALDINO E BATALHA, DE NOVO
Acordei mais leve na sexta-feira, após perceber duas ausências matinais. A serpente falante da cabeça redonda avantajada e de olhos esbugalhados, pança nababesca e pernas finas tirou uma folguinha na Megga FM, acompanhado pela serpente falante da fiação trocada, seu arquirrival. George Magalhães e Gilmar Carvalho... caladinhos! Ah!, se todos os dias fossem assim, longe daquele serpentário! Uma pitada de silêncio faz muito bem ao bom espírito, não há dúvida.
Semana danada, até uma colega do Portal Infonet recebeu uma pedrada no meio da testa, durante a manifestação do “Acorda Aracaju” na quarta-feira – aliás, o movimento miou, com cada vez menos gente participando. Na quinta-feira, os manifestantes hostilizaram Carla Suzane, repórter da TV Sergipe, e a viatura da empresa teria tido os pneus furados. Através do Facebook, manifestantes afirmam que o veículo saiu rodando. Quanto ao esvaziamento do evento, também pudera! Uma cambada marginal se infiltrou entre os manifestantes, causando balbúrdia, danificando o patrimônio público e queimando um ferro-velho sobre rodas, apelidado pelo Poder Público Municipal de ônibus.
A frase da semana vem da douta secretária estadual de Cultura, Madame Eloisa Galdinho, via Twitter: “O partido do tal (Marco) Feliciano (o PSC), com VT anunciando um novo Sergipe, é uma piada de péssimo gosto. Nosso Estado merece outro futuro.” A queixa não teria sido uma manifestação ao alheio proferida pela querida gestora cultural. De fato, a bela senhora defende apenas o “pão nosso de cada dia”, afinal o PT – leia-se, o governo do PT – está em fim de carreira.
Quanto ao deputado falastrão, a questão é mais em cima. Espécie de Maria Bonita moderna – comenta-se que Madame Eloisa Galdino costumaria levar à cama uma garruncha e só dormiria com uma faca entre os lábios –, ela detestaria o deputado-pastor não pela impertinência, impropérios, desvarios e, mais recentemente, a tal “cura gay”. É aquele cabelo ensebado com laquê e esticado a ferro frio que a incomoda. Para Eloisa Galdino, se quer ficar bem na fita, Marco Feliciano deveria fazer uma chapinha profissional. Ela tem os canais...
O desamor da semana ocorreu entre o secretário de Cultura da Prefeitura de Aracaju Josenito Vitale de Jesus (amém!), o Nitinho, e o colega da Comunicação Carlos Batalha. O “Amigo da Febem” ficou irado porque o jornalista queria montar um camarote exclusivo para a sua secretaria numa área do ForróCaju não liberada (para este fim) no projeto aprovado pelos órgãos fiscalizadores. Carlos Batalha ainda chegou a mandar um caminhão com equipamentos para montar seu “puxadinho” na tora, mas encontrou um Nitinho reticente e pronto para o embate. O jornalista, fulo de raiva pela desfeita, nem apareceu na festa...
Aliás, Nitinho é um caso raro de gestor de Cultura incapaz de citar um único título de livro que (não) leu, exceto a Bíblia, da qual tem de cabeça alguns esparsos versículos – coisas inventadas pela cabeça do onipotente João Alves Filho. Mas Joselito Vitale compensa a falta de erudição sendo um secretário generoso com os artistas sergipanos. Normalmente, um conjunto de “Pé de Serra” recebe por apresentação em época junina entre R$ 400 e R$ 800, a depender da fama. Nitinho não se fez de rogado e, ao menos no papel, paga até três mil reais a cada um dos grupos contratados pela FunCaju.
Já o fato mais comentado da semana ocorreu em meio ao show de Flávio José, segunda atração do palco principal do ForróCaju na noite da quarta-feira. Dona Ana Alves do Nascimento, filha do prefeito João Alves Filho e esposa do deputado federal Mendonça Prado, havia deliberado aos apresentadores da festa que citassem somente o nome do pai, do vice José Carlos Machado e do consorte – nas noites anteriores, secretários estavam sendo mais citados que os políticos, sobretudo Carlos Batalha e André Carvalho, seu adjunto.
Flávio José passou a anunciar os nomes das autoridades, seguindo a sequência ordenada por Dona Ana Alves. Ao chegar ao nome de Mendonça Prado, foi interrompido por uma sonora vaia que cortou a lombra até dos maconheiros do Alto da Divineia, em São Cristóvão. Motivo para tanto desamor popular? O deputado do DEMo votou A FAVOR da PEC 37 – aliás, ele foi um dos nove votos favoráveis entre os 513 parlamentares federais; e depois disso, o cujo sumiu das redes sociais. Para evitar maior hostilidade, foi montada uma operação de bota-fora! Um case de sanfona serviu para transportar o pequeno Mendonça Prado do camarote até um carro-forte da frota particular de Carlos Batalha, estacionado nos fundos do palco, de onde escafedeu-se sem deixar vestígios...
É como diz a cara amiga Thaïs Bezerra, minha doce TB, “Em Sergipe, tudo se sabe”... Eta semaninha danada, mosfias e mosfios... Abraços! Inté mais...
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Por David Leite | 30/06 às 11h55