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Sábado, 15 de Maio de 2010 - 14h20
> “Tá todo mundo desligado, desligado. Todo mundo...”
> Marcelo Déda se liga no Twitter

“Tá todo mundo desligado, desligado. Todo mundo...”
A semana passou sem uma única palavra da Justiça Eleitoral acerca de como Marcelo Déda gerencia a distribuição de cargos no governo, transmitida em meio às queixas do empresário político Edvan Amorim ao jornalista Jozailto Lima na última edição do Cinform.
Se Amorim tiver dito nada mais do que somente a verdade, o governador da Mudança para Pior teria encontrado a fórmula mágica de privilegiar cabos eleitorais. Segundo o empresário, somente na Saúde, Marcelo Déda estaria a contratar mil servidores em regime temporário.
Ao contratar milhares, fraudando a obrigação do concurso público para suprir supostas faltas de pessoal na Administração estadual –além da Saúde, haveria outros setores também absorvendo mão de obra temporária–, o governador provocou a ira de Amorim, porque dele o magnânimo se esqueceu.
Para o empresário, trata-se de homérica sacanagem Marcelo Déda “só ter olhos para aliados filiados ao PT, enquanto os do PSC, PTdoB e afins não conseguem sequer indicar um único currículo” para o Metrô da Alegria estadual. Amorim revelou ainda outros privilégios dos petistas: somente um candidato a deputado estadual (ligado ao MST) pode distribuir 1.200 cisternas no Alto Sertão.
Que a Justiça Eleitoral anda a passos de cágado, sobretudo (e estranhamente) quando as querelas envolvem os altos coturnos do PT, não é novidade. A novidade é tamanho descaramento vir à público e a oposição simplesmente ignorar a desabrida transgressão da ordem jurídica em vigor.
Então, de duas uma: o jornal Cinform carece de leitores entre juízes, promotores e líderes políticos da oposição; ou está todo mundo desligado! Epa, dá até hip-hop: “tá todo mundo desligado, desligado. Todo mundo...”.

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Marcelo Déda se liga ao Twitter
Deu no microblog do governador neste sábado à tarde: raquel_passos - Só aqui mesmo que vc vê @MarceloDeda falando "mano", "tô ligado", "cara", "tamojunto" e expressões afins. #gostodisso (about 2 hours ago via HootSuite in reply to @MarceloDeda. Retweeted by MarceloDeda). Este é “nosso” Marcelo Déda no Twitter...
Semana passada, “o maior tribuno do Brasil”, conforme definição do ministro do STF Carlos Ayres Brito, resolveu entrar na rede das mensagens concisas –são apenas 140 caracteres por texto publicado. Acostumado a discursos longamente enfadonhos –neste ponto, frise-se, João Alves Filho ganha de longe–, Marcelo Déda tem se comportado direitinho.
Além de republicar elogios dos seus seguidores –faz parte do jogo esquecer as críticas, que não são poucas–, o governador também costuma informar o que anda fazendo da vida. Hoje, por exemplo, a primeira twittada ocorreu por volta do meio-dia (não que ele tenha acordado a esta hora, obviamente), e entre as “pérolas” estava a bajulação aposta acima.
Sem dúvida, a internet será a grande arena eleitoral (alternativa) deste ano.

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Quinta-feira, 13 de Maio de 2010 – 20h00

> Aperreado, doutor Rogério Carvalho expõe como argumento os músculos


Aperreado, doutor Rogério Carvalho
expõe como argumento os músculos
Dizem as más línguas, o doutor Rogério Carvalho anda roendo muito as unhas –segundo observadores audazes, elas estariam no cotoco! O motivo para tamanha ansiedade seria a incansável atitude crítica da oposição quanto à desastrosa gestão do Governo da Mudança para Pior no setor da Saúde, sobretudo a documentada veemência do deputado Augusto Bezerra.
Doutor Rogério Carvalho tem motivos de sobra para querer esganar o colega oposicionista com o que lhe resta das extremidades dorsais dos dedos, contando na operação “vias de fato” com o obsequioso apoio do deputado do facão, Francisco Gualberto. Na quarta-feira (12/10), o trio quase se engalfinha no plenário da Alese... O troca tapas apenas não ocorreu porque, convenhamos, iria pegar mal para todo mundo.
A tropa da oposição conta com poucos soldados. Mas o pequeno grupo tem sido mestre na arte de infernizar o cotidiano dessa gente supostamente preparada para conviver com a crítica. Afinal, por mais de 20 anos, o PT foi oposição ferrenha. Hoje fica claro: quem batia não sabe apanhar!
Augusto Bezerra é cinicamente ardiloso, desavergonhadamente provocador e extremamente maledicente. Contudo, merece o devido respeito porque representa a parcela da sociedade que o elegeu seu legítimo representante. Ademais, a grande frustração do doutor Rogério Carvalho é não intimidar a oposição com seu olhar de vilão de subúrbio da novela das oito.
Quando estava secretário, doutor Rogério Carvalho negava um bom dia aos servidores comuns e costumava resolver problemas com murros na mesa, gestuais de bordel e urros de incontida fúria. No parlamento, para desgosto dele, terá de educadamente exercitar outra forma de convivência com os demais da espécie. Lá, o probo doutor Rogério Carvalho é “apenas” mais um deputado.
A raivinha do doutor Rogério Carvalho com o quebra-barraco Augusto Bezerra vem de longe. Começou quando o oposicionista apareceu com uma fita na qual um empresário magoado queixava-se da cobrança do pedágio de 30% nas operações realizadas com a Saúde estadual. À época, o tal k-7 foi enviado pelo secretário para análise na SSP. A “perícia” deu em nada: a gravação, inaudível, conteria mais gritos de papagaio, latidos de cachorro e cocoricós de galinha que fala de gente.
Depois, Augusto Bezerra apareceu com duas certidões do cartório da Comarca de Lagarto. Na primeira, uma fazenda era vendida por menos de R$ 100 mil. Na outra, apenas dois meses depois, uma parte da dita propriedade foi negociada com a Saúde estadual por R$ 600 mil. Como se vê, um grande negócio imobiliário. Desculpas para lá, desculpas para cá... Hoje, no terreno, está em construção o hospital do governo naquele município.
Com um baú de documentos praticamente inesgotável, o deputado da oposição exibiu os Diários Oficiais do Estado com as constantes dispensas de licitação, sob alegação de “compra emergencial”. A última fatura da SES contabilizava mais de R$ 50 milhões em medicamentos e insumos hospitalares. Augusto Bezerra também mostrou o DOE com a autorização para contratação por R$ 800 mil de um buffet, para atender as festinhas organizadas pela Secretaria Estadual de Saúde.
Ou seja, aperreado pela enxurrada de denúncias da oposição, a maioria deflagrada por Augusto Berreza e reverberada sem dó pela imprensa, o deputado Rogério Carvalho, na falta de argumentos factuais verosímeis, resolveu contraditar o adversário político usando os próprios músculos.

De onde pode-se concluir: para ser oposição ao governo Marcelo Déda, além da destreza para livrar-se de facões e bordoadas morais, o cabra também deve ter bom preparo físico para o caso de enfrentamento no corpo-a-corpo. Haja mudança...

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Terça-feira, 11 de Maio de 2010 – 10h35
> Afinal, ao que serve a oposição?

Afinal, ao que serve a oposição?
no DNA do PT o gene da opinião única: só presta quem coaduna com o projeto das lideranças maiores do partido. Seria uma quase profissão de fé. A nova religião hegemônica e ditatorial adotada pelo petismo estatal. A alternativa seriam as chamas do inferno.
Quando por mais de 20 anos Marcelo Déda atuou na oposição, as ações dos grupos contrários ao governo eram então bastante justas; espécie de contribuição à causa republicana. Hoje no poder, o governador criou a dicotomia dos estrelados: é do bem quem está com ele; e do mal quem é contra!
Nos palanques ou através dos bajuladores aboletados na imprensa, sobretudo no “jornalismo opinativo”, tem-se a impressão de Marcelo Déda ter sempre razão, em contraposição a todo o resto. Tenta-se convencer a população não com a eficiência na gestão da máquina pública, mas pelo cínico apelo emocional da propaganda enganosa ou a desqualificação moral dos adversários.
A julgar pelas queixas da população, amplamente reverberadas na mídia, talvez a ladainha da “mudança” esteja a definhar. Neste tocante, seria a oposição injusta ou irresponsável quando aponta a falta de planejamento e a gritante incompetência da administração Marcelo Déda na Saúde, Educação e Segurança Pública? Torce a oposição pelo pior, conforme cutuca o governador, quando não ignora os apelos da população, sobretudo a mais pobre?
Na prática, Marcelo Déda não deveria ficar contrariado com a atuação dos oposicionistas, porquanto, como ele bem sabe –se é que ainda lembra–, cada um apenas cumpre o papel que foi-lhe definido pelas urnas. Ele o de governar (mal). A oposição de conquistar adeptos a sua causa, que não seria outra senão destronar o atual governo do conforto do poder...
A bola da vez – Desprezado pelo Partido Verde –aliás, num ato de absoluta idiotia política–, o professor Anderson Góis virou uma espécie de “pessoa desnecessária”, após anunciar sua intenção de apoiar João Alves Filho ao governo. Sem palanque para este pleito, restou ao promissor político da nova geração juntar-se a quem teria, em sua ótica, mais condições de derrotar Marcelo Déda. Pois é, bastou a simples declaração de intenção de voto para os áulicos da bajulice governamental decretarem o sepultamento de uma carreira que visivelmente está apenas começando, com a alma de Anderson Góis sendo devidamente recomendada ao sofrimento eterno.

De Anderson Góis no seu Twitter: Os petistas dizem que cometerei suicídio político se ficar com João. E com Déda é suicídio existencial, moral ou ético?
Todos do mesmo lado A contabilidade do “jornalismo opinativo” ignora fatos cruciais quando apresenta como indício da futura vitória de Marcelo Déda o apoio de 65 prefeitos ao governador, contra oito de João Alves Filho. Como memória boa é para poucos, relembremos o embate de 2006. Além da quase totalidade dos prefeitos e lideranças comunitárias, JAF contava naquela eleição, como Marcelo Déda conta agora, com a maioria dos deputados federais e estaduais. Mas acabou derrotado.

Dinheiro não vai faltar – Claro, não se fala abertamente sobre o assunto. No entanto, nos cálculos dos governistas acerca das vantagens oferecidas pelo poder para vencer em outubro, soma-se o caixa do governo –há quase R$ 1 bilhão estocado desde 2007– como “elemento” fundamental para garantir a permanência de Marcelo Déda, levando em conta que o governador, como fez no passado (“Micareta Picareta”, revista Veja de 10/05/2006), será capaz de tudo para obter a vitória.
Novamente me vem à memória um interessante pleito... A campanha a prefeito de Aracaju em 1988, na qual o médico dos pobres Lauro Maia foi fragorosamente derrotado pelo praticamente desconhecido Wellington da Mota Paixão, apoiado pelo mago das urnas, o hoje deputado Jackson Barreto.
O senador Antônio Carlos Valadares, governador de então, era arqui-inimigo de JB, a quem havia defenestrado da prefeitura sob acusação explícita de desvio de dinheiro público. ACV escancarou desavergonhadamente a máquina estadual para derrotar os adversários. Fez festa na periferia da capital com artistas de renome nacional, distribuiu milhares de colchões, botijões de gás, dentaduras, óculos, cestas básicas, e quitou débitos de água e luz...
Jackson Barreto dizia com voz rouca na TV: “Recebam tudo, pois vocês precisam. Mas o voto é secreto. Ninguém sabe em quem você vota. Receba e vote contra quem quer comprar seu voto”. Nas visitas aos bairros, adentrava as casas debochando: “Chegou a 'boneca, o ladrão'... Você vai votar em quem me tirou da prefeitura e me esculhamba todo dia?”.
Wellington Paixão foi eleito com mais de 60% dos votos válidos, com JB sendo transportado nos braços do povo em plena praça pública, para desgosto de Antônio Carlos Valadares, João Alves Filho, José Carlos Teixeira, Viana de Assis... Prova inequívoca de que o poder financeiro nem sempre define resultados eleitorais. Afinal, quando o povo opta por uma liderança, ensina a História, quase nada consegue demovê-lo da escolha.