Sexta-feira, 29.02.2008 - Ano II - Edição Número 232

A EUGENIA DE ROGÉRIO CARVALHO
O inesquecível milagre do hospital perfeito, que literalmente limpou os sobrecarregados corredores do João Alves, volta à discussão depois de o deputado-secretário estadual de Saúde Rogério Carvalho se vangloriar no rádio (Rede Ilha, 27.02) de ter acabado com o "Corredor da Morte". O fiel escudeiro do governador Marcelo Déda não teve coragem de dizer. No entanto, para substituir o macabro "Corredor da Morte", ele implantou um sistema muito interessante, apelidado pelos servidores do agora rebatizado Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) de "Altas da Morte". O sistema é simples e tem a mesma eficiência da política de eugenia implantada pelos nazistas durante a II Guerra Mundial, para exterminar o maior número possível de "imprestáveis". No caso do Hospital João Alves, a política do médico Rogério Carvalho é negar atendimento aos pobres que não passam pela "triagem" ou mandar para casa pacientes não totalmente curados.
Resultado: aos olhos dos desavisados, o governo do PT cumpre com maestria a promessa de mudar a saúde pública. Porém, construída sobre pés de barro, tal mudança não resiste a um mínimo sopro da verdade. O povo que o diga - e tem dito no rádio e na TV! Pior ainda é assistir ao silêncio-cúmplice do Conselho Regional de Medicina, do Ministério Público e até dos médicos do João Alves diante dos óbitos decorrentes da eugenia rogeriana. Em qualquer outra parte do universo onde as leis funcionassem, Rogério Carvalho e seus asseclas vestidos pomposamente de branco penariam na cadeia por quebrarem o solene juramento de salvar vidas.
Mas para certas tipos desobrigados, assim como foi para tantos outros oportunistas espalhados pela história humana, o que vale é manter a pose. Custe o que custar, morra quem morrer... . . SERÁ QUE AGORA VAI?
Deve ser louvada a coragem do promotor de Justiça Rony Almeida ao ajuizar uma ação civil pública determinando o início das atividades do Hospital Pediátrico José Machado de Souza (anexo ao Hospital João Alves), inaugurado em dezembro de 2006. O prazo para a abertura da unidade é de 60 dias.
O promotor, segundo fontes do MPE, teria ameaçado deixar a Curadoria de Saúde caso a ação não fosse imediatamente encaminhada ao Judiciário. O governo do PT descaracteriza totalmente a estrutura física da unidade hospitalar para funcionar como pronto-socorro. Rony Almeida entende que a reforma em curso, ao custo de mais de R$ 1 milhão, seria um "desvio de finalidade". Na ação, ele comenta que "dessa forma, o hospital deixa de atender crianças e adolescentes necessitados dos serviços médicos".
Já não era sem tempo! O Ministério Público tem agido com estranha passividade nos casos envolvendo o governo do PT, especialmente na área da Saúde. Num passado recente, o MP parecia mais ágil, atento, dinâmico. Hoje, como se tomado pela apatia, deixa sob o manto do esquecimento casos graves, até hoje não totalmente explicados.
Estão vivas na memória do povo, por exemplo, as mortes de mais de 60 crianças num período de três meses por conta da imundície da hoje extinta Maternidade Hildete Falcão enquanto uma maternidade de ponta era mantida fechada por puro capricho, bem como as baixas na UTI do João Alves pelo mesmíssimo motivo. Contratações irregulares, compras de mais de R$ 200 milhões sem licitação, descontrole do material de almoxarifado, pacientes dependentes de remédios controlados e altamente caros entregues à própria sorte, cirurgias interrompidas no meio dos procedimentos por falta de material... Tudo isso parece não ter despertado o interesse da briosa Curadoria de Saúde, comandada pela promotora Miriam Teresa Cardoso Machado.
A saudade daqueles tempos, quando outros governantes tinham no MP um vigilante arguto para evitar as mazelas que agora contaminam de ponta à cabeça o governo da mudança, finalmente é recompensada pela determinação do promotor Rony Almeida ao garantir que o Ministério Público vai insistir - isso mesmo, INSISTIR! - na abertura do hospital infantil e para isso aguarda somente a decisão do poder judiciário.
Resta, então, esperar pelos senhores das leis...

Quarta-feira, 27.02.2008 - Ano II - Edição Número 231

MARCELO DÉDA FICA OU SAI?
Assessores do prefeito-candidato Edvaldo Nogueira comentam com satisfação sobre a possibilidade de afastamento de Marcelo Déda do cargo de governador por dois, quem sabe até três meses, para coordenador pessoalmente a campanha de Foguinho à reeleição. Ontem, esta publicação dizia o seguinte sobre como está a administração estadual, ao comentar a situação de penúria da Segurança Pública: “É por essas e outras que o governador Marcelo Déda deveria dar um tempo nas tarefas políticas e se dedicar de verdade à gestão da máquina. Entregue ao bel-prazer de secretários como Kércio Pinto, o governo comandado pelo PT vai de mal a pior. Apenas na propaganda a coisa anda bem... Fora dela, reina o caos, a esperteza desmedida e a embromação descarada!”. Na verdade, quem conhece Marcelo Déda de perto sabe de sua ojeriza à labuta executiva, motivo pelo qual delega a assessores de confiança tarefas para ele consideradas hercúleas, como planejar, discutir, arregimentar e, acima de tudo, cobrar resultados. Tão logo assumiu, o governador da mudança se empenhou em desfazer a imagem da gestão anterior, tratando tudo o que foi feito com discursos ácidos, nos quais não faltavam acusações de toda ordem. Também esteve dedicado a projetar-se nacionalmente, aproveitando a brecha que tem na grande imprensa, quem sabe para angariar a simpatia de pretensos candidatos a presidente - sim, o governador de Sergipe sonha compor uma chapa à sucessão do Grande Molusco como candidato a vice-presidente. Não sobrou tempo para materializar as promessas feitas nos palanques durante a espetacular campanha! Na sexta-feira passada, por ocasião da posse dos novos dirigentes do PT, Marcelo Déda se auto-proclamou coordenador da campanha do comunista-prefeito de Aracaju. Era de se esperar, portanto, que viesse a se dedicar em tempo integral ao pleito. O príncipe petista sofre calafrios horríveis só de imaginar a chegada de um oposicionista à prefeitura, comenta uma fonte bem próxima dele. Especialmente alguém disposto a esmiuçar cada centímetro quadrado das duas administrações que fez. Por que será? Uma devassa de tal monta poderia revelar alguma mazela ainda entocada, talvez podendo comprometer planos futuros? Ninguém sabe... Diante de tais fatos, caso Marcelo Déda se afaste mesmo do cargo pelo tempo que desejar e venha de fato se engajar de corpo e alma na campanha, bom mesmo será para Foguinho. Pois, pelo andar da carruagem, a saída dele em nada alterará a rotina comezinha do governo do PT. Se até agora, 15 meses depois da posse, as propaladas mudanças aparecem apenas nos anúncios dos jornais, rádios e TVs, com a devida proteção dos Céus, pior não haverá de ficar! E mais: derrotar Edvaldo Nogueira sozinho ou tendo como penduricalhos Jackson Barreto, João Augusto Gama, Antônio Carlos Valadares... teria um sabor menor para o vencedor. Uma coisa é destronar um sujeito sem cabedal eleitoral como Foguinho e seus correligionários com parca ou nenhuma expressão política. Outra é tirar o docinho da boca do próprio Marcelo Déda, num terreno onde ele ciscou impávido por duas eleições, derrotando fragorosamente os adversários ainda no primeiro turno e garantindo a hegemonia política que hoje detém em todo o estado. Parte respeitável da oposição aposta na histórica resistência do eleitorado da Capital à concentração de poder para alcançar a vitória. Somente uma única vez nos últimos 23 anos elegeu-se um prefeito alinhado com o governador. Naquele longínquo 1984, Jackson Barreto recebeu de mão beijada a prefeitura de Aracaju, surfando na imensa popularidade de João Alves Filho no primeiro mandato. De lá para cá, a festa governista acabou. Seria Marcelo Déda o primeiro mandatário a quebra tal paradigma, dando um drible a la Garrincha nos adversários e consolidando de vez a centralização de toda a política do estado apenas num único grupo, após quase 30 anos de luta? A dúvida persiste. Dizia o ex-governador mineiro Magalhães Pinto: "Política é como nuvem, a todo instante muda de lugar". E eleição, não esqueça, é sempre uma caixinha de surpresas...

Terça-feira, 26.02.2008 - Ano II - Edição Número 230

ERRATA
Na edição de ontem (229), informou-se um número equivocado. A constante estabilidade do ex-governador João Alves Filho, observada nas pesquisas feitas pelo Instituto Padrão, está sempre acima dos 40% e não dos 45%, como foi incorretamente informado.
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AS QUALIDADES DE KÉRCIO PINTO
Quando era estudante na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Sergipe, no início da década de 1980, Marcelo Déda teve os primeiros contatos com o hoje delegado da Polícia Federal Kércio Pinto. À época, o atual secretário de Segurança Pública de Sergipe era “olheiro” do regime militar, tendo a responsabilidade de produzir relatórios sobre as atividades “subversivas” do alunado envolvido com a política estudantil. Berço para o fomento de idéias contrárias à ditadura e manjedoura dos militantes esquerdistas. Apesar da formação em Direito, Marcelo e Kércio seguiram rotas profissionais distintas. O destino, contudo, tratou de uni-los, desta feita como chefe e subordinado. O governador da mudança apostou alto na competência do policial. Porém, a insegurança transformou a propalada esperança de dias melhores no desalento de o passado ter sido menos doloroso – a sensação de violência é muito maior agora! Mas não é por falta de dinheiro para combater a criminalidade! No Cinform de ontem, o perito criminalista Anselmo Cardoso apresentou mais uma das recorrentes e incontáveis mazelas do governo do PT. Segundo denunciou, a SSP “jogou no lixo” quase R$ 1 milhão com gratificações indevidamente pagas a funcionários alheios à Coordenadoria Geral de Perícia. Ainda de acordo com Anselmo Cardoso, Kércio Pinto sabe das irregularidades e teria até a lista dos “assessores” beneficiados. Todos indicados pessoalmente por ele. O secretário dedo-duro de estudantes fingiu preocupação e agiu como faz no combate ao crime: não fez nada! As bem-aventuranças de Kércio Pinto para favorecer quem lhe dá suporte político na SSP vão longe. O perito ouvido pelo Cinform revelou também que funcionários do Instituto de Identificação estão à disposição da agremiação sindical Sincongerp, sem inscrição no Cadastro Nacional de Registro Sindical do Ministério do Trabalho. Colegas sufocados pela extenuante escala de serviço pediram ao secretário o retorno dos servidores às atividades fins. Para dar guarida aos seus apaniguados, ao invés de atender à solicitação, ele encaminhou um pedido parecer à Procuradoria-Geral do Estado visando garantir a permanência dos “sindicalistas” onde estão. É por essas e outras que o governador Marcelo Déda deveria dar um tempo nas tarefas políticas e se dedicar de verdade à gestão da máquina estadual. Entregue ao bel-prazer de secretários como Kércio Pinto, o governo comandado pelo PT vai de mal a pior. Apenas na propaganda a coisa anda bem... Fora dela, reina o caos, a esperteza desmedida e a embromação descarada! PS - Em sua obra prima “O Homem Sem Qualidades”, o escritor austríaco Robert Musil tratou sobre a “consciência” moderna. Dizia ele: "Não há nenhum pensamento importante que a burrice não saiba usar. Ela é móvel para todos os lados e pode vestir todos os trajes da verdade. A verdade, porém, tem apenas um vestido de cada vez e só um caminho, e está sempre em desvantagem". Trata-se de uma interessante ambigüidade, que cabe como uma luva para definir este momento estranho vivido pelos sergipanos!

Segunda-feira, 25.02.2008 - Ano II - Edição Número 229

SOLIDARIEDADE AO GOVERNADOR MARCELO DÉDA
A casa legislativa estava cheia. Quando o governador Marcelo Déda entrou no plenário da Assembléia sexta-feira à noite para dar posse aos dirigentes recém-reeleitos da direção do PT, foi aplaudido efusivamente. A ovação, porém, não o fez mudar um único milímetro do propósito de aproveitar a ocasião para espezinhar o governo de João Alves Filho e fazer queixas contra aliados e militantes do PT. Depois da costumeira ladainha de ser o governo dele o mais honesto de toda a Via Láctea, Marcelo Déda disse que auditorias estão sendo feitas em todos os setores, “mas sem alarde”! Também ratificou o tom do discurso a ser adotado na campanha eleitoral contra o temido adversário: “Eu vou mostrar os erros, a corrupção e a maior orgia com o dinheiro público”. Não, o governador da mudança não estava se referindo à famosa “micareta picareta”. Falava sobre o ex-governo! E adiantou: “Documentos não faltam...”. Contudo, o trecho mais feérico da eloqüente falação foi dirigido aos próprios correligionários. Marcelo Déda queixou-se das traíras “que levam à imprensa” fatos relacionados ao seu governo: “É preciso conversar antes, senão sangra. E cada gota do nosso sangue fortalece os vampiros que querem nos derrotar. Não podemos dar munição aos inimigos que buscam retomar o poder”. O pito tinha como destinatário os sindicalistas presentes ao ato, especificamente os ligados à Saúde e à Educação. Marcelo Déda, de fato, tem se mostrado muito preocupado com o crescimento da oposição. A última pesquisa de intenção de voto para prefeito de Aracaju, realizada pelo Instituto Padrão entre os dias 16 e 17 com 675 eleitores de 26 bairros e do Centro da capital, apresentou como prováveis candidatos Almeida Lima (PMDB), Edvaldo Nogueira (PCdoB), João Alves (DEM) e João Fontes (PPS). João Alves estaria à frente com 43.9%, Edvaldo Nogueira em segundo com 26.3%, Almeida Lima teria 14.2%, João Fontes 7.7%, nenhum deles 4.9% e não souberam responder 3.3%. Apesar dos números temerários para o candidato governista, sobretudo pela constante estabilidade do ex-governador João Alves Filho (sempre acima dos 45%) e do avanço do senador Almeida Lima, o queixume de Marcelo Déda contra os próprios correligionários decorre da má fama que toma conta do governo do PT: o desprezo pela decência! São compras de mais de R$ 200 milhões na Saúde sem licitação, má gestão em unidades hospitalares com a morte de paciente como se fossem pulgas, estudantes espancados por protestar contra as condições físicas da escola, superfaturamento na compra de alimentos para a merenda escolar... Para citar alguns rápidos exemplos. É disso que ele se contorce de medo! De forma inusitadamente humilde, Marcelo Déda pediu à companheirada que maneire na entregação, evitando passar para jornalistas e radialistas os podres que ocorrem nos subterrâneos do governo da mudança. Encerrou a falação com um apelo dramático, próprio de quem sabe o quanto tem sofrido: “Ninguém venceu na História desconhecendo a que bloco pertence, tratando companheiro como se fosse inimigo”. O príncipe do PT tem razão. Com tanto dedo-duro dentro do próprio governo, fica difícil esconder as mazelas! Assim, verdadeiramente solidários com o governador da mudança, reiteremos esse solicitação tão profundamente lamuriosa: vocês dos sindicatos, calem essa boca...

Sexta-feira, 22.02.2008 - Ano II - Edição Número 228

A OPOSIÇÃO MOSTRA A CARA
Finalmente, a oposição parece ter tomado ciência do papel que lhe cabe e fará ofensiva para acabar com a enxurrada de contratações temporárias sem concurso público e também para derrubar os mais de R$ 150 milhões alocados no Orçamento federal à TV BRASIL, nova emissora pública que está no ar desde dezembro. A vergonha na cara pode ter chegado tarde ao PSDB e DEM, mas antes tarde que nunca!
Outra mamata - na verdade uma porta aberta para a esperteza - que os oposicionistas tentarão acabar é a dispensa de licitação para a TV BRASIL firmar parcerias com entidades públicas ou privadas que explorem serviços de comunicação ou radiodifusão, e para que a Empresa Brasileira de Comunicação (nome oficial da TV pública) possa ser contratada por instituições da administração pública, "desde que o preço seja compatível com o de mercado".
Essa tal TV pública nada mais é que um grande cabide de empregos para apaniguados do PT e o pote de mel para os capangas do partido infiltrados na grande mídia faturarem um gordo quinhão do dinheiro público. As medidas chegam em boa hora...