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Terça-feira 23 de Março de 2010 22h45

Nesta Edição Por David Leite

> Se não puder ajudar, atrapalhe...

> Afinal, o importante é participar!

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Se não puder ajudar, atrapalhe...

O deputado Augusto Bezerra prestou um grande serviço ao distinto público quando desmascarou hoje pela manhã na Ilha FM a ratazana-mãe Alberto Jorge: “Você é irresponsável. É o chefe dos ratos de rádio”.

O parlamentar discutia com Gilmar Carvalho sobre as incontáveis mortes no Hospital João Alves Filho. Foi interrompido pelo murídeo Alberto Jorge tentando mudar o foco da conversa. Claro, em benefício do governo.

A ratazana-mãe acusou Augusto Bezerra de mentir sobre a falta de água numa clínica da família do povoado Tamburil em São Miguel do Aleixo: “Lá tem água, deputado. Fui lá e comprovei”. “Mas é água de poço. Salobra. Não é da Deso”, rebateu o oposicionista. “É água, deputado. Tem água lá. Eu bebi dela”, disse na tréplica.

Depois dos impropérios de Augusto Bezerra, um ofendido chefe dos ratos de rádio ainda persistiu na contenda, mas acabou retirado do ar.

Alberto Jorge nega receber dinheiro do governo para operar como ratazana-mãe ou mesmo como simples rato de rádio. O secretário Carlos Cauê diz “desconhecer essa lenda urbana chamada rato de rádio”. Portanto, como poderia pagar por algo fruto da imaginação coletiva?

Alberto Jorge tem bom coração. Usa o próprio telefone em intervenções elogiosas ao governo (e no ataque aos desafetos do governador) e viaja cerca de 200 quilômetros (ida e volta) só para conferir se sai água das torneiras de um posto de saúde meia boca no médio sertão.

Alberto Jorge possui uma pequena empresa prestadora de serviços terceirizados. Órgãos do governo contratam os préstimos da gata* do murídeo. Seriam os ratos de rádio alimentados através dessa empresa? Talvez fosse o caso de o Ministério Público averiguar.

No Governo da Mudança para Pior a inovação é tamanha que pode até ter rato mamando em peito de gata. Será?

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(*) No jargão governamental, “gata” é uma empresa contratada para realizar serviços em diversos setores, incluindo construção civil e terceirizações.

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Afinal, o importante é participar!

O repórter Douglas Magalhães* sabe tudo sobre ratos de rádio. Descobriu dia e local onde ocorrem as reuniões semanais do grupo de opinadores profissionais pagos pela Secretaria de Comunicação – era para ser algo reservado, mas rato em restaurante chique nunca é algo discreto.

Segundo Douglas Magalhães, o dia de pagamento dos murídeos é 20 de cada mês, mas na sexta-feira passada (19/03) eles botaram a mão na grana. “O pagamento foi feito depois de um almoço na orla. A sobremesa foi um envelope amarelo. A ordem (no governo) é tratar bem os ratos de rádio, que desempenham papel fundamental quando o assunto é mentir para enganar o povo”.

Por outro lado, um desses jornalistas de vitrine – gente da cozinha do governo – usa um importante portal de conteúdo para fazer-se notar sem desagradar o chefe maior. Vejamos a blague: “O blog sabe que vai contrariar muita gente, mas está acabando o levantamento dos nomes de todos eles (os ratos de rádio), inclusive com as benesses recebidas”.

A crônica da contrariedade anunciada foi publicada em 09/10/2009. Como até agora ninguém sofreu embaraços de qualquer ordem, conclui-se: os ratos não atuam roendo pelo governo somente no rádio...

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(*) Leia conteúdo completo em http://douglasaju.wordpress.com.

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Domingo 21 de Março de 2010 20h36

Nesta Edição Por David Leite

> O silêncio por vezes é salutar

> A praga dos ratos de rádio

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O silêncio por vezes é salutar

Fiz-me silencioso. Os dedos coçaram. Muito, aliás! Após um recesso de cerca de 50 dias, estou de volta. Descansado – e, portanto, preparado para mais um bom papo com o caríssimo publico leitor. Peço desculpas por nada ter dito (ou mesmo agora comentar) sobre meu “exílio”. Motivos outros, profundamente pessoais... Vamos aos escritos! Uma semana produtiva para todos.

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A praga dos ratos de rádio

O rádio sergipano – o matutino, “jornalístico” – está contaminado. A credibilidade dos programas supostamente informativos foi carcomida ao longo das últimas duas décadas pela presença imoral dos murídeos radiofônicos. Comprometeu-se, sobretudo, a qualidade da audiência – e, obviamente, o quantitativo de ouvintes ligados.

Em outubro do ano passado, a deputada Ana Lúcia Menezes denunciou a promíscua relação entre o governo Marcelo Déda e os ratos de rádio*. Na FM Liberdade e posteriormente na AM Cultura, para defender o papel do sindicato dos professores, a petista bateu boca com dois conhecidos ratos de rádio, a quem acusou de receber “dinheiro do meu governo para atacar o Sintese”.

Pelos meios possíveis, inclusive negativas peremptórias do secretário de Comunicação Carlos Cauê, o governo garantiu desconhecer (ou nutrir com gordas mesadas) os opinadores profissionais. Muita gente inocente, alguns aboletados na imprensa, creu no anunciado e o dito encerrou a querela.

No início do mês, o repórter Douglas Magalhães denunciou a contratação de 50 pessoas para trabalhar como ratos de rádio. A seleção teria sido criteriosa. Além de entrevistas, os candidatos passaram por simulações para medir o desempenho. Segundo apurou o jornalista, cada rato recebe R$ 4 mil/mês. Uma famosa ratazana seria o chefe da turma, sob a supervisão de um radialista.

A denúncia não passou em branco. Na mesma semana, o colunista do Jornal da Cidade Ivan Valença referendou Douglas Magalhães, afirmando: “Ratos de rádio estão de volta. Na verdade, nunca foram embora. Mas agora se prepara um ataque feroz para tirar o predomínio dos ratos da oposição”.

Opa! Ratos da oposição? Então, os ratos da denúncia de Douglas trabalhariam para o governo? A resposta está estampada na manchete deste domingo do próprio Jornal da Cidade: “Rádio vira ‘ringue’ Eleitoral”. Reportagem de Antônio Carlos Garcia acusa a “maioria dos programas matutinos de transformar informação em palanque eletrônico”.

A motivação para tanto chilique talvez esteja na abusada intervenção do murídeo-chefe Alberto Jorge, na sexta-feira (FM Liberdade). George Magalhães ouviu do inconformado rato de rádio chorosas lamúrias pelos comentários de Ivan Valença e, sobretudo, pelo humor debochado de Douglas Magalhães.

A ratazana-mãe não perdoou: “O escriba desdentado usa perfume para esconder a falta do banho diário. Deveria ocupar-se de cuidar da dentição, ao invés de comentar sobre rato de rádio, dando crédito ao jornalista cachaceiro”.

Pelo nível do “debate”, explica-se a razão pela qual o rádio sergipano nos últimos anos perdeu em qualidade (e na quantidade) da audiência...

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(*) Veja comentário sobre as denúncias da deputada em http://abraoolho-dmilk.blogspot.com/2009_10_11_archive.html)