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Sábado, 12 de Junho de 2010 - 11h30
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  Eles estão aperreados 
Incomodado com meus escritos, Marcelo Deda
inclui este blog no “index” do governo petista

Index Librorum Prohibitorum ou Index Librorvm Prohibithorvm (Índice dos Livros Proibidos ou Lista dos Livros Proibidos, em português): resumo criado em 1559 no Concílio de Trento (1545/63) contendo publicações proibidas pela Igreja durante a Santa Inquisição (ou Santo Ofício). O objetivo era impedir quem sabia ler –basicamente os “sofisticados”, pois mais de 95% dos europeus eram analfabetos– de conhecer o protestantismo através de obras contrárias à doutrina católica, e assim prevenir a “corrupção” dos fiéis.
De modo geral, desde a ascensão ao poder de políticos da esquerda, os meios de comunicação de vários países latino-americanos enfrentam novos mecanismos de pressão para impedir a divulgação de conteúdo crítico às gestões. No Brasil, sob a presidência de Lula da Silva, o governo federal insistiu na tentativa de criar o Conselho Nacional de Imprensa, com o claro objetivo de cercear a liberdade de expressão. Foi demovido diante da gritaria de jornalistas independentes.
Os irmãos Castro, proprietários da paradisíaca Cuba, instituíram a opinião única tão logo tomaram o poder. Lá se vão cinco décadas nas quais os cubanos foram impedidos de criticar abertamente o regime que transformou um belo país numa ilha-prisão. Somente elogios aos grandes arquitetos do socialismo caribenho são permitidos na “imprensa” oficial –recentemente, as mazelas da fraude cubana passaram a ser expostas em blogs de jovens muito ousados (somente acessáveis de fora da ilha), mas ao custo de incontáveis prisões, torturas e até mortes!
Na China Comunista, apesar da larga abertura ao mercado através da qual milhões de chineses foram alçados à classe média, com o país sendo um dos principais motores da economia mundial, ainda persiste o controle à informação. O governo chinês mantém uma quebra-de-braço ferrenha com os críticos internos (que não raro pagam com a vida ou com trabalhos forçados em campos de concentração pelas discordâncias) e até empresas de outros países –caso recente do Google, cujas páginas foram hackeadas– sofrem censura.
Para evitar maior desconforto, não vou descer o nível deste debate citando as estripulias de Hugo Chávez na Venezuela. Vamos direto ao assunto tema deste escrito. Seguindo a cartilha dessa turma da pesada, o governador Marcelo Deda, inconformado com as críticas ao governo publicadas neste blog –e talvez, mais insatisfeito ainda por ouví-las comentadas por aí–, tomou a drástica decisão de impedir o acesso dos funcionários públicos através dos computadores interligados à rede da Emgetis (Empresa Sergipana de Tecnologia da Informação).
Não se trata de medida preventiva para evitar a sobrecarga da rede. Blogs de jornalistas ligados ao governo, sites oficiais (governos municipais, estaduais e federal e órgãos afins) e da imprensa, e sites de conteúdo geral têm acesso livre em todas as secretarias e órgãos do governo estadual. A censura ao ABRA-O-OLHO foi observada a partir da terça-feira (8/06), talvez em função dos inúmeros acessos de servidores públicos para assistir ao vídeo-reportagem com o governador pedindo votos no comício do Palácio de Veraneio.
Segundo pude apurar, a ideia de impedir o acesso de servidores no local de trabalho partiu de um jornalista de fora da Secretaria de Comunicação, mas acabou encampada por um assessor de Carlos Cauê ligado por anos de amizade ao dito cujo jornalista. O assunto foi tratado com o governador, que teria questionado acerca da legalidade –juridicamente, nada impede de o governo restringir acessos aos sites que considera “improdutivos”. Ao saber da falta de empecilhos legais, Marcelo Deda então teria autorizado.
De toda sorte, a censura governamental a este blog prestou-nos o grande favor de esclarecer o nível de aperreio dos governistas. Já não mais têm a sutileza dos dias passados, quando a censura era apenas velada, em forma de reprimenda a quem se dispunha a comentar esse ou aquele conteúdo aqui publicado ou através do ataque direto de bajuladores aboletados na imprensa a minha pessoa. Como perceberam que tais ações apenas alimentavam ainda mais a empatia do blog junto ao respeitável público, foram às vias de fato. Aliás, algo natural neste Governo da Mudança para Pior.

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Quinta-feira, 10 de junho de 2010 - 13h30
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 Marcelo Deda x Almeida Lima
Governador trabalha nos bastidores
para impedir senador de ter legenda
Desde o princípio, sabia-se da incompatibilidade –por conta do gênio de cada um– da aliança entre o governador Marcelo Deda e o senador Almeida Lima. Enquanto o primeiro tem por si profunda admiração narcísica e inamovível incapacidade de conviver com o contraditório; o segundo confere no espelho, sempre que possível, se o charme e a inteligência ainda se lhe abundam.
Almeida Lima deixou claro desde a semana passada: será candidato à reeleição e ponto final. Marcelo Deda afiançou a pessoas próximas: “Perco os minutos de RTV do PMDB, mas o senador não subirá no meu palanque nem terá legenda”. O cisma criou-se, conjurado pela disputa de egos. A dúvida é: se o PMDB não importa, como fica a situação de Jackson Barreto?
Diante da decisão do governador, restou a Almeida Lima a opção única de solicitar a intervenção no Diretório Estadual de Sergipe. Em Brasília, a candidatura do senador obteve o apoio de nove dos membros da Executiva Nacional do PMDB –e, pasmem, de 11 da cúpula petista. Nesta quarta-feira, no programa de Gilmar Carvalho, o vice-presidente da Executiva Nacional do PMDB, senador Valdir Roupp, disse não achar justo Almeida Lima ser impedido de disputar a reeleição: “Ele já é senador e nas pesquisas aparece à frente do candidato do PSC (Eduardo Amorim)”.
Na semana passada, Marcelo Deda definiu a provável configuração da chapa governista. Cada partido da base aliada teria apenas um representante, razão pela qual Belivaldo Chagas não mais seria candidato a vice-governador. Valdir Roupp disse, contudo, que o PMDB, “a princípio, não aceitaria esta composição, pois Almeida Lima tem o direito de pleitear a reeleição”.
Almeida Lima, como se sabe, é mestre em contendas. Surpreende a reação dele, por assim dizer, humilde. Através do Twitter ponderou: “... com boa vontade, a solução será encontrada. Quero somar sem excluir. Não fui nem estou sendo levado em consideração. Busquei o diálogo e fizeram ouvidos de mercador. Jamais vi tanta soberba e desdém. Não haverá briga. Acho que posso contribuir muito com a aliança e a reeleição de Marcelo Deda. Por que me excluir? Como vão justificar ao povo de Sergipe a minha cassação sem que eu responda a nenhum processo? Nem a ditadura militar fez isso. Ela, pelo menos, forjava um processo para tentar se justificar à opinião pública nacional e internacional”.
Marcelo Deda também se movimenta. Através do presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, encaminha para evitar a intervenção do PMDB sergipano, e assim manter a configuração da chapa montada para concorrer contra João Alves Filho. Ao construir a engenharia política que permitiu ao senador Antônio Carlos Valadares e aos Amorim manterem-se apoiando o PT, o governador avariou importantes egos. Belivaldo Chagas perdeu a vice-governadoria –foi rebaixado à Secretaria de Educação. A vice ficou para JB, cuja vaga de senador acabou acomodando Eduardo Amorim.
A questão é: talvez, mesmo que quisesse, como Marcelo Deda poderia encaixar Almeida Lima agora sem amputar algum dos já escolhidos? No caso do queixoso senador, existe ainda uma barreira de difícil transposição. O governador  não o perdoa pelas alfinetadas morais (insinuações de improbidade) ditas da tribuna do Congresso, com audiência garantida pela TV Senado.
Por tudo isso, a presença do presidente Lula da Silva em Sergipe pode ser a oportunidade de ouro para o governador tentar, por via do seu oráculo, encontrar a paz, tão necessária para enfrentar o poderoso troco preparado para o Governo da Mudança para Pior (!) por parcela expressiva da população.

Briga de branco
O Twitter definitivamente foi ocupado como palco principal das disputas políticas. Através do microblog, Almeida Lima e Marcelo Deda têm dado muitos recados. O presidente nacional do PT, ex-senador José Eduardo Dutra, um dos comandantes da campanha de Dilma Rousseff, adora polemizar com membros da oposição, sobretudo com o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, transformado numa espécie de desafeto particular.
Ontem, não satisfeito com as mensagens postadas pelo senador Antônio Carlos Valadares –e talvez até por ter algum conhecimento de causa de como age o ex-governador nos bastidores–, José Eduardo Dutra alfinetou: “Caro amigo Valadares, não entendo o por quê de você repercutir tanto possíveis divergências internas do PMDB/SE”. O senador respondeu como fazem os bons coronéis: “... ainda não nasceu o homem capaz de impedir-me de dar minha opinião, ainda mais porque, quando o faço, respeito sempre os demais”.

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Segunda-feira, 07 de Junho de 2010 - 15h00
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. Parece praga de madame .
A história da gravação do comício do Palácio
de Veraneio ainda aperreia os governistas

Antes do comentário, informo ao respeitável público a postagem no YouTube de vídeo-reportagem com o trecho no qual Marcelo Déda pede votos a prefeitos e lideranças políticas, no comício do Palácio de Veraneio (sábado, 15/05/2010). Acesse e confira: http://bit.ly/cC7uF6.
Certamente, até pelo fato de não ter havido qualquer punição para os crimes eleitorais praticados quando o governador Marcelo Déda ainda era candidato ao cargo (“Micareta Picareta”, revista Veja de 10/05/2006), tudo levava a crer, o comício realizado no Palácio de Veraneio seria mais uma das ilegalidades cometidas pelo PT sem expectativa de consequência futura. Mas, ao que parece, a espera positiva deu lugar à ansiedade desmedida: finalmente, após inquietante letargia, o Ministério Público Eleitoral resolveu (re)agir.
Para começo de história, a Procuradoria Regional Eleitoral de Sergipe, segundo comenta-se, estaria a investigar se o rega-bofe eleitoral, custeado com dinheiro público nas dependências de um prédio do governo, teria agredido a legislação em vigor (uso da máquina) –a oposição não tem a mínima dúvida! Hoje, através do programa de rádio, Gilmar Carvalho reavivou o tema ao comentar ter ele recebido da Justiça uma intimação para entregar a fita original, gravada durante o comício (não vale a gravação do ar, que estaria retalhada).
O jornalista, apesar de manter uma cópia da gravação original –a fita original teria sido destruída por quem a gravou, por medo de represálias–, não a entregará ao MPE: “Podem, inclusive, fazer busca e apreensão na minha residência, pois ela (a cópia da gravação) não está lá e se depender de mim vai permanecer onde está”. Não se trata de viril coragem de Gilmar carvalho. Talvez, no máximo, seja só uma (enviesada) maneira de ganhar dividendos eleitorais. Vai que a Justiça mande prendê-lo por ocultação/sonegação de provas? O mote do cabra valente, destemido; daquele que afronta a PODER de mãos vazias, estaria devidamente criado para a campanha eleitoral...
Por outro lado, quem sabe se o candidado a deputado estadual Gilmar Carvalho não esteja querendo proteger Marcelo Déda de sua verve incontida? Afinal, como o próprio jornalista afiançou, apenas “fragmentos, retalhos” das quase duas horas de discurso do governador, saudando a si mesmo e pedindo votos a prefeitos e lideranças políticas, foram veiculados no rádio. Ou seja, quem sabe haveria na fita um conteúdo altamente comprometedor, e justamente quando o grupo de Edvan Amorim se firma como integrante da chapa governista, seria péssimo (eleitoralmente) entregar à Justiça a prova do crime, que pode impedir o governador de candidatar-se!
Acostumado desde a época da prefeitura a abusar da máquina pública em seu benefício pessoal e a torrar dinheiro dos impostos em campanhas políticas sem merecer nem mesmo uma pequena reprimenda da Justiça (?) Eleitoral, Marcelo Déda não teria estômago para enfrentar um questionamento de tal magnitude. Além do aperreio moral, seria um forte argumento à oposição para exibir ao respeitável público como o poder político remove montanhas.
Por essa Marcelo Déda não esperava! Quem o deixou de calças curtas há pouco mais de duas semanas, ao veicular no rádio o discurso do comício do Palácio de Veraneio, agora mostra-se solidariamente comprometido, “para não prejudicar o projeto do governador”. Tanta contradição é capaz de enlouquecer qualquer um...
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PS – A quem interessar possa, informo haver outras cópias da gravação do comício do Veraneio em mãos de gente da oposição, aguardando apenas o momento certo para trazê-la a público!