Quinta-feira, 22 de Outubro de 2009 – 14h55

Leia Nesta Edição:

>> Teria Ivaldo José Acordado de Casaca Virada?

(Veja ainda: Curtas & Boas)

---------------

Ivaldo José Acordou de Casaca Virada?

Cá entre nós, ainda estava meio sonolento quando vi no site da Câmara Municipal a foto do jornalista Ivaldo José a exibir duas pequenas tartarugas. Pensei: teria o neófito vereador descoberto os símbolos ideais para mimetizar as administrações de Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira, e resolveu trazê-los aos olhos do respeitável público?

Explico! À primeira vista, enxerguei Ivaldo José a segurar na mão direita o Governo das Mudanças para Pior, justificando com riqueza de detalhes a incrível similitude com aquela tartaruga. Sem qualquer projeto, obra de relevância ou grandes ações para justificar a poética retórica eleitoreira, o governo Marcelo Déda poderia ser fielmente simbolizado pelo preguiçoso animal.

Da mesma forma, a administração Edvaldo Nogueira estava muito bem representada pela tartaruga da mão esquerda. Aracaju simplesmente parou no tempo. O único projeto prevendo o crescimento ordenado do município (criado pelo urbanista Jaime Lerner) remonta há três décadas. De lá para cá, nunca foi atualizado. Resultado: caos total –no trânsito, nas zonas de expansão... A tal promessa de “desprivatizar” a prefeitura também foi esquecida.

A simbiose entre as lerdas tartarugas e a letargia das administrações de Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira era perfeita demais. Teria Ivaldo José aderido à oposição?

Com os primeiros lampejos da realidade real sobrepujando minha sonolência, passei a enxergar a cena com olhos menos embotados. Ivaldo José havia sim encontrado nas tartarugas a simbologia adequada para identificar com precisão as administrações de Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira. Mas à maneira da fábula “A Tartaruga e a Lebre”!

A história infantil relata a disputa entre a esperta lebre e a preguiçosa tartaruga. Gabando-se da ligeireza, a lebre desafiou outros animais numa corrida. A improvável tartaruga aceitou. A lebre então respondeu: “Ganho com os pés amarrados”. A corrida começou e a lebre disparou. Para mostrar desprezo pela tartaruga, resolveu tirar uma soneca na primeira curva da estrada. A lebre acordou assustada com os gritos da torcida, aplaudindo a passagem pela linha de chegada da intrépida tartaruga, que disse: “Devagar se vai longe”.

Ao apresentar as prosaicas tartarugas, quem sabe Ivaldo José não estivesse a exibir-nos dois grandes símbolos da máxima esperteza, porquanto, aparentando lerdeza, Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira na verdade seriam tão ligeiros que facilmente deixariam a comer poeira até grandes velocistas... Senão, vejamos!

Somente no primeiro ano de governo, Marcelo Déda comprou mais de R$ 200 milhões em medicamentos, equipamentos e serviços para a Saúde sem licitação. Em 2008, essa conta se perdeu... Tem ainda a história do terreno adquirido em Lagarto a preço superfaturado para edificar um hospital. Licitações com cartas marcadas também ocorreram em obras de estradas e escolas...

Edvaldo Nogueira não fica para trás. O “amém” às grandes construtoras. Os lucrativos negócios do lixo, transporte coletivo e parquímetro. As transferências milionárias de dinheiro público a Organizações Não-Governamentais especializadas em todo tipo de “serviço”, incluindo os de cunho meramente eleitoral –só a Sociedade Eunice Weaver faturou mais de R$ 28 milhões. As obras inacabadas à espera de mais verbas...

Mas toda esta minha sonolenta elucubração com tartarugas, Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira logo se desfez ao ler o texto cuja foto acima servia de ilustração. Na verdade, os animais foram socorridos por Ivaldo José quando tentavam atravessar a avenida Melício Machado e por pouco não foram por ele atropelados. De acordo com o vereador, os alagados e lagos da zona de expansão, onde as tartarugas vivem, estão sendo paulatinamente aterrados (sem a mínima intervenção da Prefeitura de Aracaju). Além das tartarugas, jacarés e cobras também estariam obrigados a migrar em busca de novo habitat.

O interessante disso tudo é lembrar de outra intrigante semelhança. Tão quanto os animais capturados por Ivaldo José, o Plano Diretor de Aracaju, empacado na Câmara de Vereadores faz séculos, também caminha (espertamente?)... a passos de tartaruga!

Antes que eu esqueça As tartarugas conseguiram se safar das rodas do carro de Ivaldo José. A mesma sorte não teve um pedestre, atropelado por ele na semana passada. Além do imediato socorro, o cidadão recebeu do vereador assistência médica e remédios. A vítima passa bem!

João Alves Filho Ganha Marketing Eleitoral Gratuito – O Jornal da Cidade (sem querer, certamente) prestou um grande serviço à campanha do ex-governador, possivelmente ao governo estadual. Ao promover a escolha de “As Sete Maravilhas de Aracaju”, o JC consultou os internautas do seu portal sobre os mais belos monumentos da cidade. Pela ordem, os mais votados foram o Projeto Orla, o antigo farol (Unit), a igreja do Santo Antônio, a Ponte do Imperador, a Passarela do Caranguejo, a ponte Construtor João Alves e o relógio do mercado municipal. Três obras de JAF (orla, Passarela do Caranguejo e ponte Aju/Barra) estão entre as vencedoras, sendo que outras três (o farol, a Ponte do Imperador e o relógio) foram construídas no século 19...

* * * * *

Afinal, Quem é o Melhor: Marcelo Déda ou Edvaldo Nogueira? – Curiosa enquete do portal www.clicksergipe.com.br questiona “Qual dos dois você acha que é o melhor: (1) Edvaldo com zabumbeiro; (2) Déda como cantor; (3) Os dois; (4) Nenhum dos dois. Pelo auferido até agora (veja os resultados ao lado), a parada promete ser dura. Porém, as chances do governador parecem maiores. No sábado 17/10, ao receber no hospital a visita de Alceu Valença –o cantor fazia show em São Paulo e fez questão de visitar o antigo amigo de birita (da época do inesquecível Bar Gosto Gostoso)–, Marcelo Déda pode praticar a cantoria num dueto improvisado com o prestigiado artista. O quarto do governador ficou lotado de enfermeiras, médicos e funcionários do Sírio-Libanês. Como a última vez que Edvaldo Nogueira arriscou uma zabumbada foi durante o Forró-Caju...

Duas grandes estrelas. Dois grandes cantores?

Terça-feira, 20 de Outubro de 2009 – 12h45

Leia Nesta Edição:

>> O Ocaso da Iluminada Eloísa Galdino?

>> José Eugênio de Jesus, um Exemplo de Vida

---------------

O Ocaso da Iluminada Eloísa Galdino?

A Vida é curta, o poder transitório. Antigo no ensinamento, poucos se dão a observar a marcante atualidade do dito popular. A outrora toda poderosa secretária de Comunicação, e atualmente minguada secretária de Cultura, Eloísa Galdino, vive hoje o crepúsculo de um fenômeno arrasador: o tempo!

Deslumbrada com a fogosa auto-estima incutida ainda nas primeiras semanas de governo, Madame Eloísa Galdino deu-se a missões rasteiras. Demitiu pessoalmente (um a um) antigos assessores do ex-governo. Perseguiu melancias e vermelhos históricos aboletados fazia séculos na Comunicação, enxotando-os para bem longe. Promoveu a maior limpeza jamais vista numa secretaria supostamente técnica. Inchou de amigos e coleguinhas o já inflacionado quadro comissionado da Secretaria de Comunicação. Por fim, posou de musa da Comunicação sergipana para jornais e revistas pagos com dinheiro público*.

Avessa ao contato com profissionais de imprensa e mesmo com colegas de secretariado, prefeitos aliados e políticos ligados ao governo, Eloísa Galdino pavimentou com doses cavalares de egolatria o caminho do próprio infortúnio. As reclamações chegavam aos ouvidos de Marcelo Déda, mas a força da primeira-dama, amiga-confidente de Madame, impediu um final infeliz ainda no primeiro ano de (des)governo.

Eloísa Galdino teve bons méritos. As festas promovidas por ela, especialmente o “Projeto Verão”, garantiram circo à juventude carente de diversão gratuita. Ela também apostou na mídia técnica e foi rigorosa no conceito e na finalização do material audiovisual (publicidade e propaganda) destinado à mídia eletrônica, de quem a boa imagem do governo alimentou-se até bem pouco tempo. O zelo com a Internet e as mídias alternativas também marcou a gestão de Madame.

Fechado o ciclo – os longos dias na Comunicação lhe foram gratos –, a moça esforçada, filha de pais lutadores, recebeu como prêmio de consolação a combalida Secretaria de Cultura. Na bagagem, ela tentou abocanhar para seu novo feudo o Fundo estadual de Patrocínios para Projetos Sócio-Culturais e de Comunicação Social. Inicialmente o governador Marcelo Déda pareceu concordar. Porém, o Diário Oficial de 28/09 trouxe uma péssima notícia para Madame. O tal fundo foi mantido na Comunicação sob os cuidados de Carlos Cauê.

Sem dotação própria para bancar os projetos por ela academicamente engendrados, a jovem secretária de Cultura terá pela frente uma árdua missão: por de lado o amazônico ego, desligar a língua açodada e dedicar-se ao cultivo de novas relações com colegas e parceiros. De pires na mão, talvez possamos encontrar vida afora Madame Eloísa Galdino mais contida nos arroubos e no trato. Quem sabe, poder-se-á ouvir dela um verdadeiro “por obséquio”, um “poderia você?”, e num futuro não muito distante até um efusivo “muito obrigado”. Quem sabe!

A Vida é curta, o poder transitório. Por que, após ser o xodó de Marcelo Déda, Madame Eloísa Galdino está hoje num quase ocaso? Por que persona tão radiantemente iluminada vive o crepúsculo profissional? Por vezes a chance de olhar no espelho e auferir da observação o quanto somos passageiros vendavais da rotina cotidiana se nos apresenta tão rapidamente, a ponto de ir-se sem dela nos apercebermos. É a vida!

(*) Recordar é viver – Madame Eloísa Galdino encontrou a maneira “inteligente” de ajudar amigos e de divulgar-se. Pagou com dinheiro público para ser capa de revista, figurar em programas de TV e participar de eventos privativos. Reveja Madame Eloísa Galdino como ícone de uma bissexta publicação. No detalhe da roupa, o fetiche(?): réplica de dinheiro como adereço –Freud explica!

---------------

José Eugênio de Jesus, um Exemplo de Vida

O rádio sergipano (e a imprensa de modo geral) deve muito ao jornalista e radialista José Eugênio de Jesus. Aos 91 anos completados ontem com saúde e vigor incomparáveis, José Eugênio de Jesus vive agora com aquela mesma disposição dos anos em que dava os primeiros passos em sua gloriosa carreira na comunicação.

Inicialmente nas oficinas do Sergipe Jornal (1932) como auxiliar-tipógrafo, depois na Rádio Difusora –atualmente AM Aperipê– ao lado de Santos Mendonça e Silva Lima (1943), José Eugênio de Jesus marcou época na crônica esportiva sergipana como arguto comentarista. Voz mansa e pausada, pensamento fundamentado e Português de fazer inveja, José Eugênio de Jesus seguiu carreira respeitado por todas as torcidas por conta da imparcialidade e do zelo com a verdade dos fatos.

Anos mais tarde, José Eugênio de Jesus passou a escrever diariamente na Gazeta de Sergipe e posteriormente na Tribuna de Aracaju e Jornal da Manhã, comentando a cena esportiva local. Fundador e membro do Sindicato dos Radialistas e do Sindicato dos Cronistas Esportivos de Sergipe, ainda hoje José Eugênio de Jesus trabalha diariamente com afinco e dedicação ímpares.

Nascido numa família pobre do Bairro Industrial, José Eugênio de Jesus cativa a todos pelo fino trato, cordialidade e simplicidade. Um jornalista cuja vida profissional nos serve de grande exemplo...

Propaganda Eleitoral Descarada – Finalmente a oposição mostra a cara. O senador tucano Álvaro Dias informou a intenção do PSDB de apresentar ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ação contra o presidente Lula da Silva pela propaganda eleitoral antecipada feita durante a viagem de três dias ao vale do Rio São Francisco na semana passada. O PSDB também vai pedir ao TSE que obrigue os integrantes da “caravana do abuso político” a devolver aos cofres públicos todo o dinheiro gasto na viagem. A questão é simples: se o presidente pode fazê-lo, qualquer um também poderá antecipar a campanha eleitoral do seu candidato.

* * * *

Afinal, Cadê as Câmeras? – A SSP fez alarde, a Comunicação estadual e da Prefeitura de Aracaju usaram a mídia para divulgar, mas afinal cadê as tão badaladas câmeras de segurança dos ônibus de Aracaju? Os assaltos continuam e elas sumiram –ou quem sabe, nunca existiram de fato! O jornalista Douglas Magalhães questionou alguns funcionários de empresas de coletivos e estes lhe informaram que nem todo ônibus que tem aquela placa “Sorria, você está sendo filmado’’ é equipado com câmera de segurança. Comenta Douglas Magalhães em seu blog: “Os usuários foram enganados, e os cobradores e motoristas jogados aos leões. Já pensou se na hora de um assalto o bandido pede a gravação? Pode sobrar para motorista e cobrador”. Pois é...