SER JOVEM NÃO É DEFEITO, GENTE!
Nos últimos dias, declarações sobre candidaturas, competências e a eleição de 2016, do vice-prefeito de Aracaju José Carlos Machado, e dos deputados federais André Moura e Valadares Filho, atiçaram o meio político.
Para José Carlos Machado, a situação de Aracaju seria mais drástica, caso tivesse Valadares Filho como prefeito, porque “não se pode comparar a experiência de João Alves Filho com a dele”.
Na análise do deputado André Moura, arguto observador da cena política, as pesquisas hoje apontam para o empate técnico entre o prefeito e Valadares Filho, razão para o receio de José Carlos Machado, pois “há o desgaste natural de quem está no poder” e o “risco de perder existe, não se pode negar”.
Já na ótica de Valadares Filho, prefeito e vice morrem de medo da renovação, isso porque “ela virá acompanhada de novos projetos, de novas ideias e de uma grande energia e vontade de acertar”.
Vamos à história, em rápidas pinceladas: em 1975, ao assumir pela primeira vez o cargo de prefeito de Aracaju e nomear José Carlos Machado secretário de Obras, tanto este quanto o próprio João Alves Filho possuíam “zero” de experiência em gestão pública, não obstante terem literalmente “revolucionado” Aracaju. Somente em termos de grande avenidas, 14 foram implantadas. À época, eles eram ainda mais jovens do que Valadares Filho, e isso não lhes impediu a competência.
Ademais, no fatídico ano de 2006, com a máquina governamental às mãos, montado sobre uma experiência de quatro mandatos – um de prefeito, três de governador e uma passagem marcante como ministro do Interior na gestão do presidente Ribamar Ferreira (José Sarney) –, João Alves Filho achou-se no direito de desdenhar o contendor Marcelo Déda, vindo a perder para “o Menino” meses depois.
José Carlos Machado é um dos homens mais inteligentes com quem convivi e conheci. Possui visão estratégica macro do que seja administração pública e gestão eficiente. É um empresário consolidado, cuja atuação política é respeitada e até admirada pelos adversários. Contudo, erra ao usar o mesmo comparativo feito pelo amigo e parceiro João Alves Filho nove anos atrás.
Convenhamos – já ensinava há 2 mil anos o grande general chinês Sun Tzu –, não se deve desdenhar do adversário, sobretudo com ele às barbas (vide as declarações de André Moura sobre as pesquisas realizadas nos últimos meses). Pior ainda quando a gestão empreendida pelo DEM/PSDB carece de, digamos, presença mais visível, mesmo após a troca de luzes na Avenida Beira Mar. Seria mera justificativa pelo fracasso?
A briga promete ser boa, sobretudo porque não se deve menosprezar um outro contendor disposto a também lutar pelo pódio. Edvaldo Nogueira pode até não ter o mesmo approach de Valadares Filho, mas tem duas forças a favor dele: foi prefeito de Aracaju e não fez feio, além de trafegar bem entre a juventude “sonhática” das faculdades. Detalhe: ambos têm a possibilidade de receber apoio do governador Jackson Barreto que, mesmo desgastado politicamente, tem a máquina.
Porém, para finalizar, se alguém me questionasse neste instante: quem de todos os pré-candidatos possíveis teria chance de ser o próximo prefeito, eu diria sem medo de errar, o Negão.
O motivo é simples: Valadares Filho e Edvaldo Nogueira – assim como Zezinho Sobral (PMDB) e a própria deputada petista Ana Lúcia Menezes, também supostos contedores – não trabalham de forma estratégica. Acreditam piamente que podem empurrar com a barriga a discussão – leia-se, pré-campanha – até o próximo ano, mesmo erro cometido por Eduardo Amorim na eleição de 2014, com o resultado que todos conhecemos.