#NaImprensa | JL Política
OPINIÃO: DELEGADOS EM BUSCA DE PODER POLÍTICO – E DE UMA PENCA DE CARGOS
[*] David Leite
Vem do colega Diógenes Brayner o alerta [nesta terça-feira, 17, no FaxAju]: as eleições municipais de Aracaju terão pelo menos três delegados disputando a prefeitura. Nada foi confirmado, mas as pretensões de Daniela Garcia, Cidadania, Georlize Teles, DEM e de Paulo Márcio (ainda sem partido) estão bem expostas. Não existe vácuo na política! O interesse desses novos atores faz sentido.
O quadro de falência das instituições democráticas após as denúncias de corrupção carcomeu os partidos de centro-esquerda e centro-direita, diferentes entre si apenas por uma ou outra questão cosmética e muitas vezes só no discurso. Na esteira dessa derrocada, gente ligada às forças de segurança derrotou nomes tradicionais da política e invadiu as casas parlamentares de Brasília.
De olho em 2020, crentes de que o sistema falido que impulsionou delegados, militares e juízes aos cargos de senador e deputado em 2018 fará o mesmo serviço na eleição de outubro, Daniela Garcia, Georlize Teles e Paulo Márcio sonham em derrotar Edvaldo Nogueira, atropelando nomes tradicionais como Valadares Filho, PSB, Márcio Macedo, PT, e Emília Correia, Patriota, e também os “alternativos”, como Gilmar Carvalho e Henri Clay Andrade, ambos sem partido.
Essa turma trabalha com a possibilidade de usar sola de sapato e estratégia nas redes sociais como chaves para uma campanha barata, emulando o mesmo tipo de suposta “virtude” da eleição do hoje senador, delegado Alessandro Vieira. Aliás, na Folha de S. Paulo desta mesma terça-feira, 17, o parlamentar gaúcho confirma que enxerga a todos como otários.
A reportagem trata de como fazer campanhas baratas, com gastos racionais, a fim de reduzir o efeito do poder econômico no resultado do pleito e melhorar o processo de representação, tudo em razão do projeto da Câmara dos Deputados de destinar R$ 3,8 bilhões para o fundão eleitoral, mas que, após pressão, deve ser reduzido para R$ 2 bilhões – em 2018, foram cerca de R$ 1,7 bilhão.
Para conter uma possível expansão exacerbada do fundão, que para os novos atores da política nacional desequilibraria a disputa e desincentivaria os candidatos a arrecadarem em suas bases, figuras como Alessandro Vieira, quadro formado pelo curso privado RenovaBR, que capacita potenciais candidatos de diferentes partidos, apostam na saída de começar o trabalho cedo através da mobilização de voluntários.
À Folha de S. Paulo, o senador-delegado informou ter gasto na campanha míseros R$ 102,5 mil, quantia considerada baixa, mesmo em um estado pequeno, com 1,5 milhão de eleitores - para efeito de comparação, o gasto médio de um deputado federal eleito em 2018 foi R$ 1,1 milhão. Ele diz ter feito um trabalho baseado em divulgação de conteúdo via redes sociais, sobretudo WhatsApp, campanha de rua e aparições na mídia tradicional [rádio].
Ora bolas, santa cara de pau! Quem acompanhou a campanha de 2018 sabe que esse discurso é plenamente falacioso. Alessandro Vieira esconde que recebeu apoio da rede subterrânea que trabalhou para Jair Bolsonaro que, como sabemos, tinha estrutura financeira e tecnológica de alto nível. Quem duvida disso, deveria acompanhar os debates da CPMI das Fakes News e as tais “milícias virtuais”.
Que chances esses contendores terão na disputa contra a poderosa máquina de guerra montada estrategicamente por Edvaldo Nogueira, que inclui um cabedal de obras em vários pontos da cidade, propaganda cirúrgica nas redes socais e veículos tradicionais, e ações políticas de bastidores? É cedo para dizer, mas não creio que a confluência astral que facilitou o ingresso de Alessandro Vieira no Senado se repetirá em 2020. Essa turma terá que gastar muita sola de sapato e latim!

[*] É consultor em Marketing Político e Eleitoral.

– – –

Originalmente publicado em http://bit.do/jlp-dmilk17dez.


ALESSANDRO VIEIRA QUER SER BABADO
Não deixa de ser engraçado – quando não, ridículo! –, o bafafá de Rodrigo Valadares com Alessandro Vieira. Na opinião desiludida e até chorosa do deputado estadual, o delegado-senador gaúcho é um “líder inseguro”, um político que só conseguiu recordes em “eleitores arrependidos”.
E por que tantas pedras atiradas? A resposta é simples: Rodrigo Valadares, um político ainda sem cabedal eleitoral a lhe garantir mínima sustança, supõe que Alessandro Vieira, outro sem-voto, detém peso político e fará a diferença em 2020, e o queria como padrinho! Dançou...
Modestamente, digo que se trata de uma tremenda bobagem. Rodrigo Valadares vive no mundo da Lua. Não consegue enxergar o óbvio ululante: a desimportância de Alessandro Vieira, esse ilustre desconhecido – sim, desconhecido! – é inversamente proporcional à atenção a ele dispensada.
O erro em 2018 patrocinado por todos os candidatos ao Senado, exceto o ligeiro Rogério Carvalho, foi pedir votos para Alessandro Vieira sem se darem conta das circunstâncias do processo político, com a questão segurança pública tendo função comprovada em inúmeras pesquisas. Resultado, o “Zé Ninguém” foi eleito folgadamente pelo voto de 474.449 sergipanos – ou 25,95% dos válidos.
Em 2020, posso apostar, o cavalo selado não passará de novo para Alessandro Vieira, a não ser que uns e outros cometam o mesmo erro de ajudá-lo, agora polemizando com ele – no caso, com quem venha a indicar à Prefeitura de Aracaju. Por outro lado, vaidoso como é, o delegado-senador espera ser cortejado, até por Edvaldo Nogueira. A questão é quem o fará.


OLAVO-MORO-BOLSONARISTAS CHUPAM OS DEDOS
Movimentos há de parte do nosso amado presidentO Capitão Brucutu Leão, o Rei dos Animais, para engrossar o caldo e estabelecer uma monocracia! Ele quer, sim, radicalizar e impor um comando pela força, ainda que seja aconselhado a se manter sóbrio.
Com as eleições do ano que vem batendo à porta, Jair Bolsonaro tem assumido postura mais beligerante por acreditar na polarização para manter no cercado a manada olavo-moro-bolsonarista.
Na ótica dele, conquistar uma base nos estados e não deixar o discurso da esquerda novamente se tornar hegemônico depende de bater de frente com Lula da Silva Lava Jato, por ora solto e alvo de reunião [9/11] fora da agenda presidencial com a Cúpula Militar. Além da libertação do mequetrefe petista, os protestos pelo braziU e as crises na América Latina motivaram o encontro com o ministro da Defesa, o ministro-chefe do GSI e os comandantes da Marinha, Exército e FAB.
De parte dos chefes militares, uma certeza: mesmo diante da sofrência chorosa da turba olavo-moro-bolsonarista, a clamar por ações mais contundentes para minar a subsistência da esquerda, tais apelos não serão atendidos, ora bolas! Os comandantes são taxativamente contra qualquer ação fora da Constituição Federal e defendem com veemência a não intromissão entre os poderes.
Para esses radicais vigaristas, a resposta é simples: “Se a sociedade acredita que a lei é injusta ou branda demais, deve exercer seu papel de forçar o parlamento a atualizá-la”. A frase está entre aspas pois foi pronunciada pelo presidente do STF, Dias Toffoli. Ou seja, o recado está dado!


CONHECER PARA NÃO ESQUECER
O ano era 2002, campanha eleitoral de João Alves Filho ao Governo de Sergipe – uma eleição complicada e, por fim, vitoriosa, frise-se! No comando, um cabra baiano risonho, por vezes compenetrado, astuto e muito observador, que só abria a boca depois de ouvir e ouvir…
O poeta, jornalista e publicitário Carlos Sarno é um amigo que cultivo com carinho, daquele tipo que mesmo à distância a gente consegue absorver boas energias. E eis que um vídeo do YouTube, além de me fazer recordar do camarada, me traz um bom argumento para dividi-lo com os amigos.
Durante a Ditadura Militar [1964/1985], Carlos Sarno, hoje com 71 anos de vida, militou na mesma organização que a ex-presidente Dilma Rousseff, a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares. Com a redemocratização, envolveu-se com estratégia política. No vídeo, ele diz que “a subversão convive muito bem com a não-tolerância a nada! Ou seja, ela é essencialmente desmistificadora.”
Isso acendeu uma luz em mim: é importante dizer não – e saber dizer não é, para muitas pessoas, bastante complicado. Mas precisamos saber a hora de lutar contra o arbítrio, contra o desejo de impor estilos e formas de pensar e viver. Liberdade é o que nos faz humanos! Neste tocante, mais uma vez, eis o sempre lúcido Carlos Sarno a me ensinar com a sua experiência de vida.

PARECE FILME DE MAZZAROPI
Agressões físicas ou verbais são sempre medonhas e injustificáveis em qualquer instante da vida, mais ainda num debate público entre pessoas que divergem, mas são supostamente civilizadas! Contudo, por vezes o sangue ferve e as estribeiras e bons modos vão às favas…
Hoje, numa entrevista ao programa “Pânico” da Rádio Jovem Pan FM de São Paulo, o clima ficou tenso entre dois debatedores, os colegas Augusto Nunes e Glenn Greenwald. Em meio a um comentário irônico que irritou o norte-americano, editor do The Intercept Brasil, responsável pela divulgação de patifarias praticadas pelo caçador de corruptos aposentado São Sergio Moro e seus asseclas à época em que o ex-juiz comandava a Operação Lava Jato, Glenn Greenwald passou a ofender Augusto Nunes, tachando o jornalista de “covarde”.
Não deu outra: o bafafá começou e Augusto Nunes chegou a esbofetear o jornalista gringo.
Ambos se excederam nas agressões! Glenn Greenwald não poderia chamar Augusto Nunes de covarde, o que nada tinha a ver com o debate, e este jamais deveria ter caído na provocação do colega estadunidense, partindo para as vias de fato – algo até mambembe, como se pode ver no vídeo publicado nas redes sociais. Amácio Mazzaropi não faria melhor…
Como, a meu ver, Glenn Greenwald queria criar um fato – e conseguiu! –, posto que que tem tentado se passar por vítima dos brucutus da direita, já passou a receber a solidariedade dos membros da seita #LulaLivre, enquanto Augusto Nunes está sendo ovacionado pelos aloprados bolsonaristas, que o aplaudem pelo ato abusivo como se fosse a coisa mais linda do mundo.
Em resumo, o braziU foi transformado um Faroeste Caboclo!


UM CABRA CAPAZ… DE TUDO!
Dois pesos e duas medidas, a fórmula mágica do caçador de corruptos aposentado São Sergio Moro na sua cruzada civilizatória do braziU. Que país é esse, afinal?
O descarado abusa do poder conferido pelo cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública para proteger aliados, em especial o nosso amado presidentO Capitão Brucutu Leão e familiares dele, e perseguir adversários, especialmente se integrantes do famigerado PT.
Conforme relata o Estadão desta quarta-feira, 06, “a Polícia Federal [que é subordinada ao ministro] pediu ao relator da Operação Lava Jato no STF, Edson Fachin, a prisão temporária da ex-presidente Dilma Rousseff, em inquérito que apura possível compra de apoio do MDB para eleição dela em 2014”. O pedido foi negado, mas ele permitiu que a ex-governAnta seja ouvida em depoimento.
Palavras do ministro: “Nada obstante, esteja satisfatoriamente demonstrada a plausibilidade das hipóteses investigativas levadas a efeito pela autoridade policial, a pretensão de restrição da liberdade dos investigados [foram dez pedidos de prisão] não se encontra provida da indicação de concretas condutas atentatórias às apurações que evidenciem a necessidade da medida extrema”. Em resumo, prender por que, se a PF não provou que há obstrução às investigações?
Dilma Rousseff é inocente? Cabe à PF provar que sim! Não duvido de nada vindo do PT.
Contudo – e eis aqui a patifaria de sempre –, São Sergio Moro caga e anda para o Senhor Rachadinha Fabrício Queiroz e só apura o laranjal do PSL porque isso interessa diretamente a… Jair Bolsonaro. Ora bolas, da forma como esse danado se conduz, não se pode esperar outra coisa, não é mesmo?
_ _ __




HOJE DARIA FOGUINHO PELA QUARTA VEZ NA PREFEITURA
É exatamente o que venho dizendo faz tempo: será complicado para a oposição tirar a cadeira do prefeito Edvaldo Nogueira. No meu entender, talvez o único com alguma possibilidade seja Valadares Filho. Ele, contudo, enfrenta diversas questões que o emperram: falta de liderança na oposição;

sempre contratar gente de fora para suas campanhas [dizem que ele não confia nos profissionais locais]; um grupo que esteja minimamente organizado; desconfiança dos mecanismos técnicos [pesquisas, grupos de estudo]; muita gente ao seu lado que só diz amém; e um pai que por vezes atrapalha mais do que ajuda... O colega Adilberto de Souza [no FaxAju, hoje] é quem faz a análise, com a qual corroboro.
Ouvido por Adilberto de Souza , o ex-senador Antônio Carlos Valadares concorda que Foguinho seja um osso duro de roer, porém, não analisa a política e suas circunstância, como seria de esperar de alguém calejado no assunto eleição e derrotas. Ao contrário, faz corolário em torno da figura -- para ele duvidosa! -- do prefeito, como se a gestão não valesse nada…
____
Comentário do colega Diógenes Brayner acerca da malquerença do senador aposentado Antônio Carlos Valadares com o prefeito Edvaldo Nogueira:
Não entendeu nada

Um político, também da velha guarda, disse que não entendeu essa posição do ex-senador neste momento. E lembrou que ele deixou de estar com Edvaldo Nogueira em 2016, quando houve a disputa pela Prefeitura de Aracaju com Valadares Filho.

* Lembrou que nas eleições de 2012 Valadares Filho (PSB) foi candidato prefeito da Capital exatamente com apoio de Edvaldo Nogueira, que administrava a cidade.
* Lembrou, também, que nas eleições de 2016, o PSB recorreu ao DEM para tentar eleger Valadares Filho à Prefeitura, trazendo ACM Neto para uma manifestação no Iate.


DOU UNS PELOS OUTROS…
As redes sociais explodiram de uns dias para cá na guerra de versões entre petistas e bolsonaristas, frutos da mesma cepa genética política, e separados na maternidade! Vejamos a tal da ditadura, o papo da vez: cada um tem a sua para aplaudir…
Os petistas são os ardorosos defensores das ditaduras de esquerda espalhadas pelas Américas, África e Ásia, e não se importam de fazer loas e decantar em versos e prosas figuras como Fidel Castro, Ché Guevara, Hugo Chávez, Teodoro Obiang Nguema [há 34 anos no poder na Guiné Equatorial], Kim Jong-un, Nicolás Maduro, Evo Morales e tantos outros do mesmo naipe.
Porém, quando o assunto é a ditadura militar brasileira e as de direita das Américas e mundo afora, sai de baixo! Os adjetivos são sempre os piores possíveis…Alguns até choram e lamentam as torturas vividas na própria pele e exibem os holerites de compensação – no alheio é refresco, claro!
Agora, faça exatamente o percurso inverso a fim de decantar o discurso bolsonarista de apologia à ditadura: condena todas aquelas alegoricamente aplaudidas pela esquerda e fazem loas aos Anos de Chumbo no braziU – incluindo o famigerado Ato Institucional Nº 5, o AI-5 – e às ditaduras de Argentina e do Chile de Augusto Pinochet, e ainda riem da cara de quem teve entes queridos “sumidos”.
São essas as peças políticas que estão em voga no tabuleiro do País hoje! Temos de conviver com esse tipo de gente escrota e respeitar que conosco coexistam pois esta ainda é uma democracia. Mas quem concorda com esse tipo de discurso, travestido de liberdade de opinião, é igualzinho a essa famigerada turba, esteja à esquerda ou à direita ou na coluna do meio.


TUDO IGUALZINHO!
O dia a dia tem confirmado: petistas e bolsonaristas são filhos da mesma cepa genética, cada um no extremo do espectro político, mas semelhantes até na choradeira com a imprensa e na mania de perseguição.
Vejamos o ruidoso caso provocado pelo Jornal Nacional ao veicular dados de investigação sigilosa na qual o nosso amado presidentO Capitão Brucutu Leão foi citado por um porteiro como tendo autorizado o acesso ao condomínio onde ele reside no Rio de Janeiro do miliciano acusado de assassinar uma vereadora carioca: doa a quem doer, a TV Globo agiu corretamente!
Havia interesse público na informação, e ponto!
“Mas era vazamento ilegal de informação sob segredo de Justiça”, alguém pode chiar... E tem vazador maior do que caçador de corruptos aposentado São Sergio Moro, hoje abundado na cadeira de ministro e com status de celebridade? Ora bolas, me batam um abacate: por que essa turba ficava caladinha quando os vazamentos beneficiavam a campanha bolsonarista à Presidência da República?
Doa a quem doer, como diria o genial Millôr Fernandes, jornalismo é oposição, o resto é quitanda onde se vende notícias!
“Mas a imprensa não pode ser contestada, ainda que esteja protegida pelo argumento da liberdade de expressão e do direito público à notícia?”, outro pode chiar... Pode e deve ser contestada sempre, contudo, é prerrogativa constitucional dessa mesma imprensa a responsabilidade de publicar tudo o que seja do interesse público, caso da notícia publicizada pela TV Globo.
Se Jair Bolsonaro não gostou do que o JN noticiou, que ativasse o aparato jurídico para reparar o suposto erro. Bater na mesa, dizer que vai tirar a concessão da Rede Globo, isso não vale! Que use a Justiça se está ferido emocionalmente, pois é assim que as democracias funcionam. E por ora, ainda não vivemos uma ditadura bolsonarista, mesmo que uns e outros sonhem com isso dia e noite.
Então, que essa turma baixe a bola: imprensa é oposição, e acabou...

__ __ __

#BoaTarde 17h31
IDIOTAS FALAM IDIOTICES, ORA BOLAS
Escrevi mais cedo que petistas e bolsonaristas têm genética política semelhante, na choradeira com a imprensa e na mania de perseguição. Esqueci do pendor autoritário!
Lula da Silva e Dilma Rousseff tentaram sem sucesso impor um certo conselho regulador da mídia, uma estrovenga que queria impor censura ao conteúdo da informação. Jair Bolsonaro bate nervoso na mesa e diz que cassará a concessão da TV Globo, após a divulgação de notícias que o desagradam.
Ora bolas, idiotas falam idiotices…
E por falar em gente estúpida, nesta quinta-feira, 31, no canal do YouTube da jornalista Leda Nagle, o deputado Eduardo Bolsonaro, incontido no besteirol, mas violento nas palavras, disse sem pejo que “se a esquerda radicalizar (…) a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5”.
A história ensina: o Ato Institucional nº 5, AI-5, baixado em 1968 pelo general Costa e Silva, foi a expressão mais acabada da ditadura militar brasileira (1964-1985). Vigorou até dezembro de 1978 e produziu um elenco de ações arbitrárias de efeitos duradouros: exílio, tortura e morte, em resumo.
“A apologia reiterada a instrumentos da ditadura é passível de punição pelas ferramentas que detêm as instituições democráticas brasileiras. Ninguém está imune a isso. O Brasil jamais regressará aos anos de chumbo”, explicou nesta tarde sem meias palavras Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados.
Creio que é chegada a hora de levar o filho Zero Três do nosso amado presidentO Capitão Brucutu Leão ao Conselho de Ética, a fim de trazer o feito à ordem! É preciso deixar claro para uns e outros que, mesmo achando que podem fazer do braziU um circo ainda maior do que já é, a lona tem limites.
#SantaQueimação


OPOSIÇÃO? QUE OPOSIÇÃO?
Por David Leite*

Como eleitor, tenho o que chamo de “voto crítico”. Os políticos o detestam, mas é o que posso oferecer – e ponto! Explico: eu opino publicamente, inclusive por não manter ligação de qualquer ordem com quem quer que seja. Livre dessa amarra, uso minha experiência em 15 campanhas eleitorais, comandando 10 delas, para analisar a cena política e as perspectivas eleitorais.
Tenho dito e repito: a oposição sergipana perdeu o rumo e não é páreo para a ala governista, seja no nível estadual ou de Aracaju. Hoje, o colega Diógenes Brayner [FaxAju] comenta: “Até o momento [a oposição] ainda busca saídas para retomar a unidade, aparentemente difícil e muito complicada”.
Eu diria mais: essa junção não se dará em 2020 e nem 2022, e a razão é simples, conforme explica o próprio Diógenes Brayner: “O resultado do pleito de 2018 esfacelou o que ainda se supunha resistente. Candidaturas do mesmo grupo ao Senado e governo [estadual] receberam o tiro de misericórdia, com apelação caracterizada por erros primários”.
Erros crassos, na verdade! Esse aborto da natureza chamado Alessandro Vieira, por exemplo. Diógenes Brayner diz que o delegado está convencido que a enxurrada de votos deve-se ao seu sotaque gaúcho e por mudanças que ele pregava. “Não foi assim: os candidatos ao Senado lhe direcionaram votos. A metade deles não pediu voto para a chapa, mas usou a estratégia do ‘votem em mim e no Alessandro’ por considerar um nome frágil na disputa”.
Tendo a discordar do colega, em parte. Afora Rogério Carvalho, que bobo não é, todos os outros candidatos ao Senado caíram nessa esparrela de pedir votos para Alessandro Vieira. “Deu zebra”, ora bolas! “O candidato com uma das menores chances, que era o ilustrado delegado, terminou ganhando. O que fazer? Aceitar, claro, a ‘cagada’ quase coletiva”, sugere Diógenes Brayner.
A lição parece não ter sido aprendida e mais uma vez vê-se o total amadorismo em cena. A oposição segue dispersa e sem um nome capaz de congregar grupos e interesses tão heterogêneos. Falta pragmatismo – aliás, foi justamente a ausência de sensatez o “ponto fora da curva” responsável por abater de uma só vez Eduardo Amorim, Valadares Filho, Antônio Carlos Valadares e André Moura.
Existe saída? Talvez… Uma coisa é certa: sem diálogo e sem uma liderança respeitável, será impossível vencer. Outra questão fundamental é estabelecer uma política de grupo longe das vaidades pessoais e uma comunicação profissional. Sem isso, não há caminho seguro. O tempo trabalha contra a oposição! Já Edvaldo Nogueira segue fazendo um feijão com arroz bem temperado.
[*] É consultor em Marketing Político e Eleitoral.
_____
Originalmente publicado em http://bit.ly/dljlp16out no dia 15 de outubro de 2019, 21h15.

UM CASO PARA ESTUDO
Um político veterano de Sergipe, especialista em intrigas e conspirações, costuma lembrar que a “política é coisa do Diabo”. Minha experiência pessoal diz que ele tem razão!
Veja o caso do versátil vereador Vinícius Porto, líder da bancada da situação na Câmara de Aracaju, ex-líder do então prefeito João Alves Filho e hoje um fervoroso entusiasta da gestão do prefeito Edvaldo Nogueira, a quem se rasga em elogios. A política, sem dúvida, é coisa do Diabo…
Que o coração do democrata Vinícius Porto acelere somente ao ouvir o doce som da voz do comunista de butique, nada contra. Amor é amor, em qualquer formato! O que impressiona, contudo, tem a ver com um discurso pronunciado nesta quinta-feira, 10.

A fim de contestar o laudo feito pelo ITPS que reprovou radares de velocidade geridos pela SMTT, o edil afirmou sem pejo que eles “estão funcionando perfeitamente. Não existe qualquer irregularidade”.
Ora bolas, abusando da retórica e sem qualquer contra laudo em mãos – ou que fosse um simples atestado de algum técnico renomado, afiançando que o ITPS fez barbeiragem na fiscalização dos radares –, conclui-se que Vinícius Porto usou de poderes metafísicos para tentar convencer que a SMTT multou motoristas, mas sem má intenção!
Fico a imaginar o ex-líder de João Alves Filho, todo engomado e faceiro, consultando sua prodigiosa e infalível bola de cristal, cercado de búzios e cartas de baralho…
No braziU da Era Bolsonarista proliferam filósofos terraplanistas, ministro do Meio Ambiente antiambientalista e toda sorte de trevosos que fazem da Terra de Macunaíma o paraíso do ataque à ciência e à boa técnica! É um caso para estudo...



QUEM NÃO AGUENTAR QUE SE MATE!
Sempre diligente com a boa notícia, o colega Diógenes Brayner tem fontes seguras na política, e uma delas lhe pôs no caminho uma casca de banana. Em análise sobre a quebradeira – o termo correto é esse – do governo sergipano [no Plenário do FaxAju de hoje], um dos integrantes da equipe econômica que assessora Belivaldo Chagas “desenhou [ao jornalista] um quadro interessante, de uma melhora que muitos já percebem”.
Isso é fato, mas o governador fez pouco para isso – quase nadica de nada! Agora, a grande piada mesmo, a gozação que tenta-se fazer com a cara do eleitor, vem adiante, quando “a fonte” diz que “Belivaldo Chagas pegou Sergipe em ‘estado terminal, entubado em um leito da UTI, respirando, comendo e ‘descomendo’ por sonda. Um quadro triste e de complicada recuperação’”.
Isso também é fato, mas faltou esclarecer que o próprio governador tem culpa nessa insolvência financeira, ora bolas! Belivaldo Chagas foi levado em 2006 pelas mãos do então senador Antônio Carlos Valadares a integrar esse projeto de poder que, graças a essas figuras – incluindo-se aqui os dois piores governadores da história sergipana, Marcelo Déda e Jackson Barreto –, atrasou Sergipe em 50 anos.
Pois é, não há perspectiva de petróleo e gás, energia eólica e quaisquer outras ações de geração de emprego e renda – para as quais Belivaldo Chagas não moveu uma única palha, nem mesmo com orações a Nossa Senhora Santa'Ana, padroeira de Simão Dias, frise-se –, que possibilite resgatar Sergipe dessa letargia econômica, havendo uma única certeza: os próximos dez governadores vão gerir um Estado fraco, absolutamente combalido na saúde fiscal.
Espera-se, contudo, que Belivaldo Chagas ao menos consiga estabilizar a dívida pública e reduzir os gastos, sobremaneira os afeitos à folha dos servidores efetivos e comissionados, sem falar na perigosa situação previdenciária, que pode levar a Administração Pública à quebradeira total. Do jeito que vai, se nada fizer, vai figurar na galeria onde hoje estão as vestais do PT e MDB.
Vida que segue...





O QUE DIZ E POR QUE DIZ JAIR BOLSONARO
Nas palavras do filósofo Eduardo Jardim, “é preciso estudar esses discursos [pronunciados pelo nosso amado presidentO] e, especialmente o da ONU, com olhos abertos e sem preconceitos”. Ele é um dos acadêmicos ouvidos por O Globo em reportagem que analisa 147 falas de Jair Bolsonaro, cujo resumo geral está nesta primeira foto ao lado e nas duas abaixo.
Analisados em detalhe, chega-se à conclusão de que o discurso oficial do mandatário da Nação gira ao redor das mesmas palavras e ideias, muitas usadas durante a campanha [eleitoral de 2018, já que ele permanece em campanha] e voltadas para sua base eleitoral, mas, também, a um mundo conservador que vem crescendo.
Em comunicação – quem é do meio sabe disso – a repetição é fundamental. Muitos políticos ainda não entenderam que apenas umas poucas palavras e ideias são suficientes para formar conceitos no inconsciente coletivo. Neste sentido, Jair Bolsonaro faz direitinho o dever de casa.
– – – –
Leia na fonte: https://oglobo.globo.com/brasil/o-presidente-bolsonaro-em-dez-horas-47-minutos-de-discursos-23982241.








#NaImprensa
JL Política | Opinião
A CPI da Lava Toga é puro oportunismo e questão de poder
David Leite*

Quase choro ao tirar o docinho da boca de uns e outros, confesso! No entanto, para que a verdade não morra, é preciso dizer com todas as letras: a CPI da Lava Toga nada tem a ver com passar a limpo o Judiciário, o que seria uma ação salutar em si. Trata-se apenas de peça de propaganda eleitoral para o pleito de 2022, a fim de garantir palanque a candidaturas futuras de lavajatistas e fortalecer um novo núcleo de poder.
Inicialmente, a ideia por trás da Lava Toga tinha o objetivo supostamente meritório de eviscerar o Judiciário, em especial o STF - Supremo Tribunal Federal. Impedimentos regimentais são alegados para evitar a CPI e garantir que não haja, ao menos por ora, um desnecessário confronto entre poderes da República. Ou seja, não adianta forçar a barra, pois ela não sairá do papel.
Os problemas no Brasil não estão no Judiciário e menos ainda em ministros do STF, mas no uso político dos instrumentos do Estado para fins eleitorais e pessoais, como fizeram o então juiz Sérgio Moro e os procuradores da Lava Jato, e como faz o atual presidente da República no desmonte das instituições republicanas.
Não parece incomodar certos próceres do Brasil sem corrupção que o hoje ministro da Justiça e Segurança Pública tenha cometido atos corruptos em nome de proteger o Brasil de políticos ladrões. Por que não propor a CPI da Lava Jato? Ora bolas, por ser equivalente a um suicídio político! Como diria o falecido amigo Rosalvo Alexandre, seria “matar a galinha dos ovos do ouro”.
Há corruptos no Judiciário? O leitor tem dúvida? A própria ex-ministra Eliana Calmon, primeira mulher a compor o STJ - Superior Tribunal de Justiça -, quando esteve corregedora nacional de Justiça, em 2011, afirmou que “bandidos de toga” estavam infiltrados no Judiciário e que a Lava Jato precisava chegar àquele poder. Ela naturalmente desconhecia os porões da operação.
Para infortúnio da turba de Sérgio Moro, que inclui parlamentares, foram trazidos a público pelo The Intercept Brasil os desmandos da Lava Jato, um submundo no qual o conluio entre o então juiz, promotores, policiais e auditores da Receita Federal perseguia objetivos escusos, para fins políticos e pessoais. Estamos diante de falsos heróis, que lucraram com a operação cujo alegado combate à corrupção escondia o abuso do sistema jurídico.
E o que uma coisa, a Lava Jato, tem a ver com a outra, a Lava Toga? Já no começo da Lava Jato, políticos poderosos atingidos pelas investigações tentaram sufocá-la. Agora, o próprio Jair Bolsonaro maneja contra a operação. O discurso de combate à corrupção e de confronto com o STF começou a perder o sentido para o presidente da República logo depois da vitória eleitoral.
A falta de explicações convincentes sobre movimentações financeiras atípicas de Flávio Bolsonaro denunciadas em vazamentos de dados do Coaf - Conselho de Controle de Atividades Financeiras -, hoje extinto por seu pai, e o sumiço de Fabrício Queiroz, ex-policial militar que trabalhava no gabinete dele quando era deputado no Rio de Janeiro, o tornaram personagem vulnerável. Agora, o senador Zero Um trabalha para barrar a CPI.
Uma coisa puxa a outra: a Lava Toga afeta a família Bolsonaro diretamente. Ora bolas… não se dá carne a gato! A CPI contraria interesses estratégicos compartilhados pelo presidente da República, que passou a enxergar nos lavajatistas, em especial Sérgio Moro, prováveis adversários, afinal 2022 é logo ali.
Na esteira de Sérgio Moro surgem figuras como o senador Alessandro Vieira, nascido em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, mas eleito por Sergipe em 2018. O delegado crê piamente que está no Senado não por um aborto da natureza, mas por seus elevados méritos pessoais e políticos. E assim, sua vitória ao governo sergipano em 2022 seria algo “natural” e a CPI o seu cartão de visitas.
Será que um plano tão rocambolesco dará certo? Isso agora não vem ao caso, posto que o mais importante no momento é galgar espaço na mídia nacional, sempre muito disposta aos “heroísmos” e oportunismo, não necessariamente nesta ordem. De fato, como nada tem a perder, 2022 é uma escala tranquila para Alessandro Vieira e tantos outros lavajatistas na mesma condição.
[*] É consultor em Marketing Político e Eleitoral.
– – – – – 

Publicado originalmente em http://bit.ly/2NkS3Xw-jlp17set.







– ENTREVISTA –
MARIA LÚCIA FATORELLI: “DÉFICIT DA PREVIDÊNCIA É UMA MENTIRA”
Coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida brasileira defende em entrevista ao Correio do Povo, de Porto Alegre, reforma para melhorar a cobrança de contribuições

Segundo Fatorelli, Questionar o apregoado déficit da previdência é o grande trabalho de Maria Lúcia Fatorelli nos últimos anos. Coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida brasileira, ela carrega a experiência de ter sido membro da Comissão de Auditoria Integral da Dívida Externa Equatoriana (CAIC) Subcomissão de Dívida Externa com Bancos Privados Internacionais (2007/2008). A administradora com especialização em administração tributária é taxativa ao afirmar que o déficit da previdência é uma “mentira”. Para Fatorelli, a previdência precisa de ajustes, mas que devem ser debatidos entre especialistas. Na entrevista, ela fala sobre a reforma e a crise que justificou que o tema fosse apresentado no Congresso por dois governos seguidos.

CP: Sempre se diz que a previdência é deficitária. Em números oficiais da própria Receita Federal, se fala em um déficit de R$ 195,2 bilhões, dos quais R$ 586,3 bilhões de despesa e R$ 351,2 bilhões receita. A senhora afirma que esse déficit não existe, ou que pode ser revisto. Por que não há esse déficit?
Maria Lúcia Fatorelli – Essa história de déficit da previdência vem de longa data e é uma mentira. Essa história vem sendo utilizada por sucessivos governos desde que a Constituição foi promulgada em 88. Logo depois já começaram dizendo que não poderia ser implementado esse sistema da seguridade social. São vários artifícios utilizados para chegar no tal déficit. Um deles é o seguinte: pegam somente a arrecadação da folha paga pelos empregados e empregadores e comparam com todo o gasto da previdência.
Este foi o primeiro cálculo, lá atrás, que produziu o déficit, porque quando computam somente arrecadação para o INSS feita por empregados e empregadores, e comparam com todo o gasto da previdência, você pega só uma das fontes de financiamento. Aí eles produzem um déficit. O outro déficit, que estão apontando ultimamente, eles chegam a computar as contribuições sociais que estão previstas na Constituição. Porém, no lado da despesa, eles colocam despesas que vão além da seguridade social, como servidores públicos, por exemplo, que são tratados em outro capítulo da Constituição porque têm uma situação totalmente diferente, um contrato unilateral imposto pelo governo. Contribuem sobre o bruto, depois de aposentados os servidores públicos continuam contribuindo sobre o bruto, as pensionistas também contribuem sobre o bruto. Então, assim é que produzem o déficit.

CP: Esse modelo previdenciário que nós temos nasce em 1988?
Fatorelli – O que existia antigamente era o chamado seguro social, que era feito pelos próprios trabalhadores. Começou por iniciativa dos trabalhadores, depois foi institucionalizado. Era simplesmente uma contribuição para se ter direito a uma aposentadoria futura. Isso é o que existia antes de 88 e, aqueles institutos, caixas de pensão, aquilo tudo que foi criado anteriormente, chegou a acumular um patrimônio enorme, porque estava na fase só de arrecadação e poucas pessoas se aposentavam. Tanto é que Brasília foi construída com recursos desta previdência que existia anteriormente, que era só contributiva. Ela contava com a contribuição dos trabalhadores, tinha alguma participação dos empregadores também, e garantia aposentadoria, só isso.
O que aconteceu na Constituição Federal foi uma decisão importantíssima, de se criar a seguridade social. O que quer dizer que as pessoas têm que ter segurança. Elas precisam de assistência à saúde, porque se o trabalhador adoecer, tem que ser tratado para voltar a trabalhar. Então, a seguridade envolve saúde e assistência social (para amparar aquelas pessoas que estão à margem da sociedade, que não tiveram acesso a uma formação, não conseguem emprego, ou são deficientes físicos). E a previdência para garantir uma segurança àqueles que já cumpriram seu período laboral e têm direito a uma aposentadoria.
Então, olha a importância da seguridade social: ela dá segurança às pessoas. Essa é a tarefa mais importante do Estado, dar segurança a seu povo. Se você olhar o artigo 194 da Constituição, ele cria um sistema integrado: previdência, assistência e saúde. Esse sistema foi considerado tão importante que os constituintes criaram várias fontes de financiamento. Aí é que vem a diferença em relação ao sistema anterior, quando só os trabalhadores pagavam.

CP: A senhora falou que há uma modificação em 1988 com a entrada dos empregadores no bolo…
Fatorelii – Não só isso, porque antes os empregadores já contribuíam de alguma maneira. Mas a partir de 88 isso fica muito bem regulamentado. A contribuição do empregado, do empregador e das empresas sobre o lucro. Então foi criada a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, a contribuição de toda a sociedade sobre o consumo, por isso foi criada a Cofins (Contribuição para Financiamento da Seguridade Social), que incide sobre todos os bens e serviços.

CP: Com tantas fontes de recursos, por que os números oficiais apresentam uma despesa extremamente alta e uma receita que não cobre?
Fatorelli – Porque não consideram todas as fontes. Tem INSS, Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido, Cofins, Contribuição Sobre Venda de Produção Rural, contribuição que incide sobre jogos de loteria, sobre importação, PIS, Pasep. São várias fontes. Quem fala em déficit, ou não está considerando todas as contribuições, ou está incluindo na despesa outras despesas que não são da seguridade social, como o gasto com servidor público. O gasto com servidor é separado, não é parte da seguridade social de acordo com a Constituição Federal. É outra Previdência, na qual o governo, quando faz um concurso, coloca um contrato unilateral e assume a obrigação de pagar salário e aposentadoria daquela pessoa, de acordo com a rubrica orçamentária. E o servidor contribui sobre o bruto a vida toda, quando se aposentar vai continuar.
Nós fizemos um cálculo, porque queríamos chegar ao trilhão do (ministro da Economia, Paulo) Guedes, de 2004 até 2015 tivemos R$ 1 trilhão de superávit. Se voltar na Constituição é muito mais, mas a gente quis pegar um período que acumulou R$ 1 trilhão. Quando você considera todas as fontes de arrecadação, de acordo com o que está na Constituição, só as contribuições, e considera todos os gastos com previdência, assistência e saúde, até 2015, inclusive, acumulou R$ 1 trilhão de superávit.
Esse superávit das contribuições foi desviado através da DRU (Desvinculação de Receitas da União). Desvincula porque as contribuições são vinculadas, todo esse conjunto de contribuições criado no artigo 195, necessariamente só poderia ser gasto com a seguridade social. Aí o governo envia um projeto para o Congresso, aprova a DRU e morde um pedaço. Era 20% com a Emenda Constitucional 93, passou para 30%. Se não sobrasse recurso na seguridade, o que haveria para desvincular.

CP: Lendo os números do governo, faz pensar que uma alternativa seria aumentar a receita, mas pela sua fala não precisa sequer fazer isso. Por que não é preciso reforma?
Fatorelli – Precisa, sim, aumentar a receita porque alguns benefícios são muito baixos e o Brasil é riquíssimo. Eu só quero concluir uma questão. Lá no artigo 195 diz que a seguridade social, que é esse tripé assistência, previdência e saúde, será financiada por toda a sociedade. Os governos vão financiar conforme seus orçamentos, e – e tem a palavrinha “e” lá – contribuições. Então quando você olha só as contribuições, elas foram suficientes até 2015, inclusive, e ainda sobrou dinheiro. Em 2016, as contribuições não foram suficientes, mas ainda assim eu digo que não dá para falar em déficit, porque o artigo 195 prevê a participação dos orçamentos. Na Dinamarca, apenas 25% de todo o gasto da seguridade é bancado por contribuições, 75% é coberto pelo orçamento, os impostos. E ninguém lá fala que esses 75% é déficit, porque é obrigação do Estado contribuir também. Na nossa Constituição isso está lá no artigo 195.
Agora respondendo a sua pergunta, então não precisa de reforma? Precisa, precisa de uma reforma para melhorar a cobrança, porque tem muita sonegação de contribuições, a arrecadação das contribuições poderia ser muito maior. Precisa de reforma para melhorar os benefícios para o nosso povo ter dignidade. A pobreza aumentou no Brasil 33% nos últimos anos. Você deve estar notando o aumento das pessoas jogadas na rua. Isso é incompatível com a riqueza que existe no Brasil. E mais, tem várias desonerações injustificáveis. Ainda no governo Dilma (Roussef), quando a crise estava sendo fabricada pela política monetária do Banco Central – esse é outro ponto que afirmo: a crise foi fabricada pela política monetária do Banco Central –, a Dilma não quis enfrentar essa política dos banqueiros. O que ela fez? Desonerou. Disse para vários setores, pro agrobusiness, para as montadoras, ‘você não precisa pagar’.
E aí a arrecadação caiu, e a crise fabricada jogou dezenas de milhões de brasileiros e brasileiras no desemprego, quebrou inúmeras indústrias, inúmeros estabelecimentos. Empresa quebrada contribui? Não. Desempregado contribui? Não. Então, ao mesmo tempo, em 2015, arrecadação caiu por causa das desonerações e por causa de desemprego e quebradeira de empresas.

CP: A forma de aumentar a receita seria aumentar as contribuições empresariais?
Fatorelli – Não. Seria melhorar as condições das empresas, para que elas possam recolher sem sonegar, e aquelas inúmeras que quebraram, voltem a funcionar. Que novas empresas sejam criadas. E qual a solução para isso? Reduzir juros, porque o juro de mercado, aqui no Brasil, é o que assassina a atividade econômica, principalmente a indústria.
A indústria, para funcionar, tem que ter um galpão, tem que investir em tecnologia, maquinário, matéria prima, contratar gente, aí ela produz, distribui, vende a prazo. Até que a indústria receba, quem é que financia todo esse ciclo? Se não tiver dinheiro a juro baixo, a indústria não existe. Com raríssimas exceções há aquelas que conseguem incentivos fiscais, ou de famílias muito ricas, o que é raridade. O que nós temos que ter no Brasil é facilidade para as pessoas empreenderem. Com juro baixo, as pessoas têm coragem de empreender e, aquele que empreende, não só produz coisas que irão beneficiar a coletividade, como gera emprego, renda e impostos, contribuições.
Por que eu falo que a crise foi fabricada? O BC, a partir de meados de 2013, começou a subir a taxa Selic em praticamente todas as reuniões do Copom. Foi subindo a taxa de juros, saiu do patamar de 7% até chegar ao patamar de 14,25%, e manteve essa taxa por mais de um ano. Depois, demorou para baixar. Junto com isso, o BC começou a aceitar que os bancos depositassem toda a sua sobra de caixa no Banco Central.
Com esse juro altíssimo, que decisão os bancos tomaram? Para que emprestar para quem pedir dinheiro para investir nos seus negócios, para criar suas empresas, correndo risco? Não, depositar no BC, que daí não perde nem uma hora. O BC passou a aceitar essa sobra de caixa. Ele já vinha fazendo isso, mas aí aumentou esse volume de depósito voluntário, mascarado de operação compromissada. Porque operação compromissada é para controlar a liquidez, é outra coisa. O que o BC está fazendo é aceitar um depósito voluntário e, para justificar a remuneração, ele entrega títulos da dívida pública para os bancos. Então, desde janeiro de 2016 esse depósito chegou a R$ 1 trilhão. Chegou a ele em janeiro de 2016 e nunca mais baixou.
Em outubro de 2017 chegou a R$ 1,287 trilhão, um recorde. Remunerado a essas taxas altíssimas. Isso provocou uma escassez de moeda no mercado. As empresas queriam crédito e o banco dizia não ter dinheiro. Para emprestar, era no mínimo 200%. Quebrou a indústria, o comércio. Isso foi um dos principais fatores.

CP: A especulação financeira foi, na sua opinião, o principal problema…
Fatorelli – Mais grave que especulação, porque é uma operação incentivada pelo BC, invés de fomentar a geração de emprego. Se lá em janeiro de 2016 o BC falasse: “não, vou parar de remunerar isso aqui, bancos fiquem com o seu trilhão em caixa”, você acha que esses bancos iam guardar esse dinheiro na gaveta? Claro que não. Iam querer emprestar. Mas pra emprestar, teriam que baixar o juro. Isso zeraria a crise.

CP: Sempre se fala em Reforma da Previdência. Inclusive o governo Lula da Silva, no início do primeiro governo, fez uma reforma que causou um racha no PT e deu origem ao PSOL. Só que o discurso a favor da reforma só ganhou força mesmo após a crise e a partir do momento que o governo Michel Temer (MDB) assume. Aquela foi rejeitada e agora temos a do Paulo Guedes, também impopular. Que reforma é possível?
Fatorelli – Nós estamos em uma sinuca por causa dessa tal crise quando a gente percebe que ela foi fabricada por essa política monetária do Banco Central: juro alto e remuneração da sobra de caixa dos bancos, teve também o lance do swap cambial. Entre setembro de 2014 e setembro de 2015, o prejuízo do BC com essas operações de swap, que garantem a variação do dólar para os bancos, foi de R$ 207 bilhões, um orçamento da educação e da saúde juntos, um absurdo. E não foi só isso.
Em 2015, vimos que o Tesouro Nacional emitiu quase meio trilhão de reais de títulos a mais do que o necessário para rolar a dívida. O que acontece depois que emite e vende o título? Você tem que pagar juros. Quando a gente coloca só esses quatro fatores: juro exorbitante, remuneração da sobra de caixa dos bancos, prejuízo de swap e prejuízo com esse excesso de emissão de títulos, você vê que nenhuma economia do mundo resistiria a isso. Em 2015 a dívida interna cresceu quase R$ 800 bilhões, o investimento foi menos de R$ 10 bilhões. E, no mesmo ano de 2015, o lucro dos bancos bateu recorde, foi R$ 96 bilhões, e eles ainda fizeram uma reserva de R$ 187 bilhões. Na prática, o lucro deles foi cerca de R$ 300 bilhões.
Banco não produz riqueza, está na cara o mecanismo produzindo a crise, transferindo recurso para os bancos. Aí, diante da crise criada, quais as medidas? A primeira foi a PEC do Teto de Gastos, que estabeleceu o teto para todos os serviços públicos, para todos os poderes. Mas a dívida, o gasto financeiro com a dívida, ficou fora do teto. Outra medida para justificar a crise: o aumento da DRU para 30%. Outra medida: privatizações. “Ah tem crise, não tem como investir nas estatais”, estão rifando nosso patrimônio, estão entregando pré-sal, Eletrobras, Casa da Moeda, Embraer, aeroportos, portos, estão entregando tudo com a justificativa da crise.
Todas essas medidas e a Reforma da Previdência só favorecem ao setor financeiro. O que está por trás dessa reforma? Destruir todo aquele modelo de seguridade social, que começamos falando, e toda aquela proteção social. Tudo aquilo desaparece. O Guedes quer colocar uma capitalização, e capitalização nem pode ser chamada de previdência. Capitalização é aplicação de risco, não garante nada. O trabalhador vai ficar por ele mesmo, vai ter que fazer um depósito, não está nem prevista contribuição patronal. O trabalhador vai ter uma continha individual, vinculada a um fundo, que vai fazer aplicações de risco. Não tem nem lógica semântica colocar nossa segurança em aplicação de risco.

CP: Como funciona a previdência em outros países, especialmente os que adotam o Estado de Bem-Estar Social?
Fatorelli – Tem um estudo importantíssimo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que analisa 30 países. Nesses, 18 já se arrependeram da capitalização e voltaram ao sistema de solidariedade. Doze países ainda estão, mas vários deles estão entrando em colapso porque este modelo de capitalização é de risco. Ele funciona bem enquanto está recebendo as contribuições, quando chega a hora de pagar, ele quebra. É como essas pirâmides financeiras. Enquanto está vendendo o plano, os primeiros vão ganhando. Depois, vai quebrar.
O sistema financeiro está pressionando o Brasil para entrar na capitalização porque se o Brasil implanta isso aqui, durante anos eles ficarão só arrecadando, e salvando o sistema de outros países que estão em colapso. Além disso, temos que ter consciência que estamos vivendo um momento do capitalismo financeirizado. Não podemos esquecer o que provocou a crise de 2008, a papelada podre, os derivativos, derivativos sobre derivativos, em cascata. Grande parte destes derivativos transformaram-se em dívida pública, foram transferidos para os orçamentos públicos. Outra parte foi varrida para os tais de bad banks, os bancos maus, receptáculos de papel podre.
Tem uma entrevista com a Angela Merkel, primeira-ministra da Alemanha, em que ela é perguntada “o que resolve transferir a papelada para o bad bank? É como varrer sujeira para debaixo do tapete, não vai resolver”. Ela respondeu que “no máximo dentro de 20 anos nós vamos arrumar uma solução para isso”. Será que o sistema de capitalização brasileiro vai ser o receptáculo dessa papelada podre? Quem pode responder isso?

CP: Uma polêmica da reforma é a idade mínima. Sabemos que boa parte das regiões do Brasil tem expectativa de vida maior, o que serve de justificativa para um aumento na idade. Temos propostas como a de regionalizar a idade mínima, ou dividi-la de acordo com a função exercida, para que um advogado não se aposente com a mesma idade que um pedreiro, por exemplo. Qual o caminho para conseguir uma justiça na idade?
Fatorelli – Realmente, essa questão da idade não pode ser uma coisa uniforme para todo mundo. Olha o que o Guedes quer fazer: colocar a idade mínima de 65 anos para homens, mas a PEC já está cheia de gatilho, ninguém vai conseguir se aposentar com 65. É uma coisa inatingível porque vai aumentando a expectativa de vida, mas ela não é a mesma para todo mundo.
Vou dar só um exemplo. Imagina sua casa no quinto andar pegando fogo, o bombeiro civil de 65 anos tendo que subir a escada, tendo que segurar aquela mangueira de água. É possível isso? Claro que não. Esse bombeiro civil não vai poder estar trabalhando aos 65 anos, e ele não vai conseguir se aposentar, porque ele consegue trabalhar no máximo até 50. Depois, não tem estrutura física para essa atividade.
Como ele vai fazer para se aposentar? Quem vai empregar esse senhor depois dos 50 anos, sendo que ele só fez isso a vida inteira? Nós vamos criar um contingente de idosos desempregados, que não vão conseguir emprego e não vão conseguir se aposentar. Nós temos especialistas que estudam a fundo essa situação. A gente não pode brincar com a vida das pessoas, principalmente quando essas pessoas estão na sua condição mais vulnerável. Por isso é que foi criada a seguridade social, que não é só aposentadoria. Seguridade social ampara na doença, na invalidez, na velhice, no desemprego, na reclusão, na maternidade, etc. Ampara em todas as situações de vulnerabilidade.

– – – – –




OPINIÃO – A SUCESSÃO EM ARACAJU EM 2020 E A NOSSA FRÁGIL OPOSIÇÃO
David Leite*
A estreia dos contendores em busca da cadeira de Edvaldo Nogueira tem componentes de fantasia e “medo”! Oposição de verdade não há para contrapor o atual prefeito de Aracaju – ao menos por ora, ainda reflexo do pleito passado. Dos nomes postos até o momento, o único profissional da política é o deputado estadual e jornalista Gilmar Carvalho, e isso não significa muita coisa, conforme se depreende dos resultados de 2018.
Nesta terça-feira, 13, Rodrigo Valadares sentiu o gosto amargo de uma campanha política e entrou em modo sofrência. O deputado estadual tem sido duro nas críticas ao alcaide aracajuano e à gestão. Edvaldo Nogueira respondeu, comparando-o ao pai, que seria, segundo ele, o oposto do filho em ternos de fineza no trato: “Não era uma pessoa capaz desses gestos de agressões, de fake news”.
Em campanha eleitoral não se deve esperar de um adversário afagos, e neste caso vale a máxima de que chumbo trocado não dói. A postura crítica de Rodrigo Valadares por vezes vai além da civilidade e atinge a pessoa do prefeito. Certamente ressabiado, Edvaldo Nogueira passou do ponto ao, por “coincidência”, atacar o contendor justamente no dia em que o pai dele morreu.
Pelas redes sociais da internet, o deputado derramou-se em lágrimas. Disse fazer oposição ao prefeito desde janeiro sem obter qualquer resposta e, “sem que nem pra que ele escolhe exatamente hoje (…) um dia muito difícil para mim, para tecer uma crítica violenta contra mim, utilizando a memória de meu pai”. E veja que Edvaldo Nogueira só elogiou o falecido deputado…
Ora bolas, a sofrência de Rodrigo Valadares na tentativa mimada de fazer-se de vítima da fúria de Edvaldo Nogueira não cabe no figurino de super-herói com o qual se traveste! O choro é livre, mas alguém precisa dizer ao deputado – e ele não é tolinho ao ponto de ignorar – que, para pontuar bem nas pesquisas, contendores têm de chamar a atenção para si e ele obteve no gesto impensado do prefeito a chance de “ser alguém” a quem o poderoso adversário resolveu contestar.
Esse é o retrato da oposição hoje: um mundo de fantasia – e de “medo”, também!
Tem-se, por exemplo, o “quinteto fantástico”, formado pelo senador-delegado ao centro e um eterno candidato a prefeito de Aracaju na extrema esquerda, ladeado por uma delegada escanteada a Brasília; na outra ponta, um empresário que sonha com a vida na política dia e noite e uma vereadora cujo agudo da voz é capaz de quebrar até garrafa de Coca-Cola.
Na configuração acima, Rodrigo Valadares ficou de fora. A turma dele seria outra. O deputado surge em um retrato ao lado dos colegas do G4, o “quarteto fantástico”, composto por três outros deputados estaduais. O grupo diz que “mete medo nos poderosos desse Estado”, algo que por ora só faz rir!
Como em política não há vácuo, tudo isso ajuda Gilmar Carvalho a sonhar com a possibilidade de ser ele o grande e único adversário capaz de derrotar Edvaldo Nogueira. Outro provável postulante que anda concedendo entrevistas de rádio, sem contudo declarar-se formalmente, é o ex-presidente da OAB/SE, Henri Clay Andrade, cujo cabedal político soma 53 mil votos em Aracaju dos quase 110 mil obtidos em 2018 como candidato ao Senado.
Em seu favor, Gilmar Carvalho conta com um poderoso aparato de comunicação, as emissoras Atalaia de rádio e TV. No entanto, até para evitar problemas com a Justiça Eleitoral, ele já foi chamado a escolher entre a carreira política ou a de apresentador jornalístico. No momento, empurra a decisão com a barriga, enquanto faz assistencialismo para pobre “se ver na TV”.
Contra si pesa o fato de não ainda possuir um partido para chamar de seu!
Por tudo isso, reafirmo: tirar a Prefeitura de Aracaju de Edvaldo Nogueira será dureza, e se ele incorporar o estilo Jair Bolsonaro de não medir o que diz, vai ser páreo inda mais pesado.
[*] É consultor em Comunicação Social.

– – – – –


DE OLHO EM 2022, ROGÉRIO CARVALHO TENTA RIFAR ELIANE AQUINO

Por David Leite*
Passou batido para muita gente a falsa polêmica criada por Rogério Carvalho em torno de uma possível candidatura do PT à sucessão de Edvaldo Nogueira. Esse esticar de cordas dele – e de outros setores do partido – pode parecer um despautério em um cenário de quase conforto para o grupo da situação, todavia, ele tem um propósito estratégico definido: tirar Eliano Aquino da disputa ao governo estadual em 2022, apesar de aparentemente não haver de parte dela tal desejo.
A conta é simples: o senador sabe que o prefeito de Aracaju enfrentará muitas dificuldades para se reeleger caso o grupo esteja dividido, como ocorreu burramente com a oposição em 2018. Sabe também do potencial eleitoral da vice-governadora, mesmo não sendo ela afeita ao confronto direto, algo solucionável com uma campanha bem engendrada. E mais, sabe que, com Eliane Aquino fora do páreo, caso seja eleita prefeita ou saia desgastada por uma derrota, o caminho ficará desimpedido!
Ora bolas, e Eliane Aquino aceitaria ser candidata? Eis a questão! A relação com Belivaldo Chagas não é ruim e o PT detém centenas de cargos comissionados, parte expressiva deles com a chancela da vice-governadora. Se decidir por emplacar sua candidatura contra Edvaldo Nogueira, o preferido do governador, ela terá de partir para a empreitada por conta própria. Com um detalhe sórdido: se fizer aliança com o PSB da família Valadares, passará à condição de inimiga pessoal.
Num cenário assim, se Eliane Aquino for derrotada por Edvaldo Nogueira, Belivaldo Chagas certamente permanecerá no governo e colocará mundos e fundos a serviço da candidatura do prefeito, que sonha com a cadeira dia e noite , a fim de derrotar Rogério Carvalho ou quem vier do PT.
Já uma vitória de Eliane Aquino faria Belivaldo Chagas até pensar em sair do cargo para candidatar-se ao Senado, deixando no lugar o presidente da Assembleia Legislativa, Luciano Bispo, e indicando Laércio Oliveira candidato a governador, com Fábio Mitideri – ou mesmo André Moura, não se enganem! – para a senatoria. O vice-versa também estará valendo. Seria uma chapa de arranjo fácil, com chance de emplacar uma vitória. E talvez até funcione, diante de uma oposição por ora sem lastro, eira ou beira.
Por seu turno, a ex-primeira-dama não se mostra disposta a ficar a reboque das excentricidades do senador, com quem mantém relação apenas protocolar. Talvez Eliane Aquino não queira deixar o conforto atual e partir para uma aventura com uma mão na frente e a outra atrás, quando sabe que 2022 é logo ali. Ouvidos próximos já a escutaram dizer que seu coração pende para uma vaga no Senado, com Belivaldo Chagas ficando no governo e sonhando com o TCE. Mas talvez Rogério Carvalho, ligeiro como é, enxergue na assertiva apenas uma típica cortina de fumaça.
Há outros cenários possíveis, no entanto, os apresentados iniciam um bom começo de discussão.
(*) Consultor em Comunicação Social.