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Quinta-feira, 21/07/2011 | 10h14
Duas bombas do bem; Antônio Carlos Valadares, cadê tu?
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Caras e caros leitores, a mobilização nacional pela Copa do Mundo exigirá bilhões de reais em obras de infraestrutura. Nada contra, afinal o esporte faz bem à saúde física e mental... Mas Copa de Mundo é circo, educação garante o pão. Por que não fazer o mesmo esforço para melhorar a qualidade da educação pública no Brasil?
Os gastos projetados para a construção e reforma dos estádios do Mundial de Futebol de 2014 já subiram em mais de 300%, segundo arquitetos ouvidos pelo portal www.copa2014.org.br. O salto dos valores, que já chegam a R$ 10 bilhões, explica-se de um lado pelo início da fase de detalhamento dos projetos e também pela inclusão de coberturas em todas as arenas, conforme recomendação da Fifa. Já imaginaram se apenas um terço desse vigor cívico-esportivo fosse canalizado para melhorar nosso ensino público? O futuro vai exigir...
Ações realizadas agora, em busca de melhorar a qualidade no ensino público, resultarão na condição de concorrer de igual para igual com os demais BRIC –(Brasil), Rússia, Índia e China. O país não pode esperar mais. É agora ou nunca!
O senador Cristóvam Buarque (@Cris_Buarque), ex-ministro da Educação, apresentou dois projetos com força para agilizar o processo de melhoria da educação pública nacional. O primeiro deles prevê a federalização do ensino básico, ou seja, ele passaria a ser de responsabilidade da União. Professores, coordenadores e o corpo administrativo teriam planos de carreira e salários iguais aos de funcionários do Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
O outro projeto, conforme classificou o educador Jorge Portugal, membro do Conselho Nacional de Políticas Públicas, é uma verdadeira “bomba do bem”. Ele prevê que daqui a sete anos, todos os detentores de cargo público, do vereador ao presidente da República, serão obrigados a matricular os filhos na rede pública de ensino. Imagine só o esforço que deputados (estaduais e federais), senadores e governadores não fariam para melhorar as escolas, sabendo que seus filhos e netos iriam estudar nelas daqui a sete anos?
Neste sentido, quem muito pode ajudar é o senador Antônio Carlos Valadares (@ValadaresPSB), relator da segunda “bomba do bem” de Cristóvam Buarque, que a mantém engavetada faz tempo –não se sabe porquê! Atenção Brasil, é chegado o momento de pressionar o caríssimo parlamentar a sair da moita e liberar o projeto do ex-reitor da Universidade de Brasília (antoniocarlosvaladares@senador.gov.br).
Aos sergipanos que votaram no digníssimo, a responsabilidade é ainda maior. É dever de cada um, se de fato ama o Brasil e se importa com seu futuro, cobrar dele uma explicação e exigir que libere, imediatamente, o projeto para votação na comissão devida e posterior apreciação pelo Plenário. Somente assim, o País terá condições de se desenvolver como nação próspera.

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Terça-feira, 19/07/2011 | 08h43
“Razões para a guerra” (Why we fight)
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“Todas as guerras nas quais se envolveram os Estados Unidos no século XX foram precedidas de fatos que a história descobriu, posteriormente, serem mentiras...”
Trecho de um dos diálogos do filme
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Faz uma semana, vi mais um dos documentários considerados “underground”. Do tipo que põe o expectador, naturalmente, frente a novas formas de enxergar o momento histórico vivido hoje pela humanidade, podendo instruir a uma nova mentalidade crítica ou a novas atitudes sócio-ambientais, entre outras perspectivas oferecidas.
Razões para a guerra” (Why we fight), sem o tom histriônico, não tenta modificar a fisiologia humana, não busca reinventar a história da humanidade nem tenta propor radicalizações comportamentais. O documentário apenas informa fatos já bastante conhecidos –com mais clareza, é verdade! Virtude que lhe rendeu premiações.
De certa maneira, “Razões para guerra” revisa um tema já visto no excelente “The corporation”, mas o disseca com maior amplitude. O assunto não é novo: como a ação corporativa introduz um aspecto radical no movimento militarista da segunda metade do século XX e perverte a forma de agir dos Estados Unidos, pelo estabelecimento de conexões corrompidas de peças chaves do governo americano com empresas do complexo industrial-militar, cujos fabulosos lucros são mantidos por via do ambiente de guerra, que nunca foi abrandado desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Num rápido resumo: é desolador observar o mundo moderno, com tantas conquistas tecnológicas, jamais abrir mão da postura belicosa. Talvez seja uma visão simplista, mas todas as virtudes da tecnologia são “sobras” do desenvolvimento armamentista, não apenas as armas (em si), mas a parafernália usada para aprimorar as estratégias de guerra: os novos meios de comunicação e de informática, os progressos em engenharia, etc. Vozes tradicionais poderão argumentar serem tais “vantagens” superiores às mazelas bélicas. Não seria esta uma visão tolerante, típica de quem não quer se sentir responsável pelo sofrimento de outrem?
A verdade é que a maioria da população mundial não tem acesso às virtudes dos avanços tecnológicos atuais. Por outro lado, milhões de mortes são provocadas direta ou indiretamente pelo contínuo estado de guerra –com apenas metade dos US$ 90 bilhões gastos anualmente pelos EUA na Guerra do Iraque seria possível levar saúde básica e água potável a toda população mundial, poupando incontáveis vidas nos países pobres.
Razões para a guerra” norteia-se num fato meio esquecido da história: a advertência feita pelo presidente Dwight Eisenhower ao povo americano, quando ele se retirava do governo, sobre a necessidade de controlar a crescente importância econômica da indústria armamentista. O filme analisa como o 11 de setembro, catástrofe de intenso sofrimento em pessoas comuns, gerou incalculáveis lucros para uma parcela importante do poder daquele país.
O documentário, feito, por incrível que pareça, por americanos, mostra ainda como a propaganda do valor e importância da guerra (produzida pelo governo dos EUA, com apoio da mídia tradicional) tem sido eficiente para montar mentalidades, intuir falsas motivações e justificar gastos exorbitantes. Se queremos defender e promulgar a paz, sem dúvida, precisamos conhecer, e bem, as razões que levam nações a fazer a guerra...

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Segunda-feira, 18/07/2011 | 08h05

  Um trago de prosa com Cleomar Brandi  
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O tempo ruge... Era ontem à noite, num Gosto Gostoso lotado de estudantes, de jovens e “velhos” jornalistas. Uma garrafa de conhaque... Entocado na cadeira de rodas, o cantil plástico onde fazia xixi. Nos lábios, o sorriso afável, a conversa doce, o respeito às ideias com as quais até discordava. No coração, o desejo sincero de, com paciência, explicar que “nem sempre a vida é assim...”
Foi-se Cleomar Brandi –segundo o adágio, “desta para melhor!”. Melhor seria se aqui ainda estivesse, como quem fosse eterno, rindo de si e de nós! A alma singular deste baiano-sergipanizado, muito mais sergipano que muitos da terrinha... Seus textos de grande vivente da vida, do “sábio que nada sabia”, ainda vão iluminar quem dele souber beber da humildade afetiva.
Foi-se Cleomar Brandi, que disse estarem os cronistas morrendo. Lastimou: “Essa é uma notícia fúnebre que eu quero dar. Anunciar, inclusive, para todo mundo ficar sabendo. Os cronistas estão morrendo porque as pessoas não estão lendo. Você tem articulistas, gente que opina, mas a sensibilidade de perceber o movimento da vida, no dia-a-dia, e transformar aquilo de maneira séria, brincalhona, jocosa, mordaz ou amarga, raramente se vê.”
Um pedaço grande da parca crônica de Sergipe, sem dúvida a melhor parte do que ainda restava, despede-se deste mundo... Até mais adiante, Cleomar Brandi –pois, faço minhas as palavras do imortal poeta Amaral Cavalcante: “Meu véio, guarde uma cadeira pra mim ao pé do balcão!”