CLÁUDIO NUNES É MUITO
ESPERTO, NÃO DUVIDEM
Por
David Leite | Sexta-feira, 15/03/2013 | 10h15
Quisesse
um dia ser eu um cara esperto, mirar-me-ia em Cláudio Nunes, aquele
comentarista político do Portal Infonet. O danado jornalista dorme e
acorda pensando numa maneira de transmutar o realismo fantástico
governista à real realidade: o factual... Certamente, não é uma
tarefa fácil – nem para qualquer um!
Ensinam
os mestres que o Realismo Fantástico – proeminente escola
literária do século XX – tem sido considerado por muitos
estudiosos como a resposta da América Latina à Literatura
Fantástica da Europa. Alguns professores também o tratam por outros
nomes como Realismo Mágico ou Realismo Maravilhoso.
O
Realismo Fantástico expõe personagens com intuição e previsões
como sentidos humanos natos, pelos quais elementos mágicos surgem em
meio a história e não têm necessariamente explicação plausível.
A noção de tempo também é distorcida: o presente pode se repetir
por muitas vezes. A fantasia e o real se fundem ao cotidiano com
elementos inusitados que no contexto fazem parte da história. No meu
pensar, Gabriel García Marquéz (ganhador de um Nobel de Literatura)
e Jorge Luís Borges são os maiores escritores do gênero.
Antes
que me atirem pedras, afianço: longe de mim querer comparar a
estética sintática de Cláudio Nunes à estatura dos criadores de
“Um general em seu labirinto” e “Ficciones”. Ou mesmo querer
agregar valor literário aos escritos do analista político. Não!
Trata-se apenas da justaposição explícita do uso da técnica de
distorcer a realidade factual com o fito de envernizar o entalhe
carcomido.
No
poslúdio de “Do legado rico da honestidade”, sua análise de
hoje, o diarista da Infonet diz – volto comentando acerca mais
abaixo:
“O maior legado do governador Marcelo Déda não serão as dezenas
de obras de pequeno e médio porte construídas em todos os
municípios. Não serão as rodovias construídas e recuperadas. Não
serão as duas pontes – Joel Silveira e Gilberto Amado.
O maior legado do governo Déda não precisaria ser ressaltado se o
Brasil fosse um país sério, porque é uma obrigação. O maior
legado do governo Déda até a oposição reconhece: o zelo com o
dinheiro público.
O legado deixado pelo governador Marcelo Déda é de que os recursos
públicos podem ser aplicados com transparência, compromisso e
respeito.
E como bem escreveu William Shakespeare: "Não há legado mais
rico que a honestidade.”
Comento:
observem o estandarte mágico da moralidade incontestável, do
ilibado acima de qualquer suspeita, do praticante que faz e
acontece... Ainda bem que Cláudio Nunes não acredita no que a
propaganda do governo do PT afiança serem “grandes obras”. Ele
as caracteriza com os adjetivos realísticos: “de pequeno e médio
porte”. Seria vexaminoso, mesmo para alguém como ele...
O
realismo fantástico que mescla um mundo abstrato ao cotidiano das
pessoas comuns surge na pena de Cláudio Nunes na designação do que
define como o “maior legado do governo Déda”, que até a
oposição reconheceria: “o zelo com o dinheiro público.”
Marcelo Déda pode não roubar e até pode não deixar que roubem, no
entanto mantém distância galática do zelo com o Erário público.
Gastar
mal é tanto ruim quanto roubar, pois tira do pobre a saúde pública
que lhe mantém vivo, já que não pode usufruir das benesses dum
Sírio Libanês. Não pagar a quem deve é trágico para a sobrevida
dos pequenos e médios negócios, em prejuízo de operários e
trabalhadores assalariados. O descumprimento da lei do piso nacional dos professores
compromete o maior dos bens futuros: uma geração letrada e
preparada para os desafios do emprego moderno! Entupir a máquina
governamental de apaniguados do poder carcome o serviço público e limita
investimentos.
O
mundo real cobra as promessas de mudar para melhor feitas por Marcelo
Déda na campanha de 2006 e referendadas na campanha de 2010. Gente
de carne e osso, com sonhos a realizar. Sonhos simples, como ter
segurança para ir e vir e a oportunidade de ver os filhos num
trabalho digno! Gente que enxerga o óbvio perjúrio praticado por Cláudio Nunes quando faz a citação do barroco William
Shakespeare – “Não há legado mais rico que a honestidade”. Um abstrato contexto (re)criado pela pena do jornalista.
Melhor
seria recorrer a um clássico moderno, de um universo realmente
fantástico – “Alice no País das Maravilhas!”, escrito por
Lewis Carroll em 1865. Diz Alice: “Aqui parecem todos malucos”.
Reponde o Gato Cheshire: “É verdade, eu também sou maluco…
Completamente maluco.” Alice: “Eu não.” Gato Cheshire: “Claro
que és. Se não fosses maluca, não estavas aqui...” Muito sensato!