Domingo, 12 de Julho de 2009 – 00h25

O Voto de Silêncio de Edvaldo Nogueira

De fato, apesar das embriagadas tentativas de imitar um discurso ao estilo Marcelo Déda, com pendores poéticos e encantamentos prestidigitadores, Edvaldo Nogueira no máximo tocou zabumba e arriscou um rebolado.

Se o silêncio do prefeito tem sido a alma do negócio entre os cofres municipais de Aracaju e a Sociedade Eunice Weaver, não se deve esconjurá-lo por mais uma semana ter passado sem nenhuma palavra sobre o assunto... Ele nunca foi de falar muito!

A operação abafa para manter Edvaldo Nogueira bem longe da querela envolveu o vice-prefeito Silvio Santos, os secretários Jeferson Passos (Finanças), Tereza Cristina (Educação), Rosária Rabelo (Assistência Social), Antônio Samarone (Transporte e Trânsito) e Bosco Rolemberg (Chefia de Gabinete), e até a deputada comunista Tânia Soares.

Duas possibilidades: o prefeito achou o assunto insosso demais e preferiu assistir a tudo pelo noticiário passivo das emissoras de TV, para não se irritar com os abusados oposicionistas ou... Sete pessoas! Sim, sete pessoas, entre as quais o vice-prefeito, cumpriram a tarefa de tentar dar rumo lógico ao imbróglio. Seria uma ferida tão grande assim para mobilizar metade do secretariado de Edvaldo Nogueira, mas não o suficiente para fazê-lo desembuchar, pelo menos por agora?

Chega a impressionar a quantidade de recibos e os calhamaços e mais calhamaços de papéis distribuídos pelos representantes da prefeitura. Quem tiver paciência para somar a papelada comprova o repasse integral de R$ 24 milhões. Isso já está claro. Resta saber quem recebeu todo esse dinheiro, quais as ações empreendidas e as obras construídas.

Nos bastidores, a chapa ficou quentíssima após o vereador Juvêncio Oliveira sugerir a convocação dos parlamentares sem ônus aos cofres públicos durante o recesso, para discutir os repasses à Sociedade Eunice Weaver e a outras entidades “filantrópicas”.

Seria a oportunidade ideal para o próprio Edvaldo Nogueira quebrar o gelo e explicar a contratação de pessoal através da Organização Não-Governamental para supostamente atuar na administração municipal. Coisas simples: nome completo, cargo ou função, descrição da atividade exercida, local de trabalho, data de admissão, valor da remuneração, número total de contratados, valor mensal repassado às “ações sociais” e obras...

Outra pergunta ao lacônico prefeito: a Apae fechou por causa de uma dívida de R$ 150 mil. Será que desses tais R$ 28 milhões não sobrou uma laminha?