Sábado, 22 de Agosto de 2009 – 00h45

Diógenes Brayner, o Vendido

Ou... O Correio de Sergipe, um Jornal Assassinado

O projeto inicial de transformar o Correio de Sergipe num jornal forte, independente e com credibilidade junto à opinião pública foi barbaramente assassinado ao longo dos últimos anos. Hoje o diário é um defunto insepulto e fedido, cuja serventia é somente constranger quem tem vergonha na cara.

Causou perplexidade aos ainda capazes da indignação um anúncio disfarçado de texto jornalístico estampado quinta-feira 20/08 pelo errante diário sob a tarja “Plenário”. Dizia o mais nojento dos textos publicados na imprensa de Sergipe na última década:

“(Marcelo) Déda não é acusado de compra de voto. Não é acusado de ter usado serviços públicos ou programas e projetos sociais para captar votos. Não é acusado de usar a máquina para constranger o eleitor. Não o acusam (no processo de cassação em curso no TSE) de ter cometido qualquer outro deslize eleitoral, durante a campanha! Ou seja, não lhe atribuem, enquanto candidato, nenhum ato supostamente desabonador, durante o processo eleitoral propriamente dito, que só se iniciou, como todos sabem, em julho de 2006. (...) O governador Marcelo Déda está sendo acusando pelo fato de, em março, quando era prefeito, ter cumprido com a tarefa de qualquer chefe de executivo municipal, estadual ou federal, ou seja, de ter inaugurado obras. Tudo isso baseado na tese de que os atos de inauguração realizados em março, na capital, teriam influenciado o resultado de um pleito acontecido em outubro, nos 75 municípios do estado.”

Como se observa, o Palácio do Governo está muito preocupado com o desfecho dessa querela. A cretinice reproduzida acima é a primeira tentativa oficial de preparar o distinto público para a grande campanha de canonização do governador das mudanças para pior, caso Ele venha a ser cassado.

Comenta-se que o Correio de Sergipe foi posto à venda. Na falta de algo mais ao gosto anarquista, desfazer-se dele é um alívio! O ideal mesmo seria uma imensa fogueira revolucionária da qual nada sobrasse, especialmente o “analista político” nomeado às escâncaras no título deste escrito, cuja alcunha a partir de agora será “o Valhacouto”, com maiúsculas, pela vergonhosa maledicência dos seus escritos.

Livrar-se dos estorvos seria realmente ótimo...

Em verdade, faz tempo o Correio de Sergipe está “vendido”. O Valhacouto, por exemplo, é apenas um dos arrendatários. Paga mensalmente para manter vivos seus sabujos comentários e análises, nos quais rima e métrica têm preço tabelado e se perfazem no tal “Plenário” e no seu apêndice denominado “FaxAju”, alocado na Internet.

Sílaba a sílaba, linha a linha, o tilintar das moedas acorre a léguas...

A interatividade incestuosa de natureza econômica mantida pelo valhacouto Diógenes Brayner com o poder de plantão é antiga. Começou quando governos de outrora (Antônio Carlos Valadares, João Alves Filho, Albano Franco, Albano Franco de novo e depois João Alves Filho) o agregaram entre os jagunços disponíveis na imprensa para cometer serviços muito específicos –dispensável dizer que foi mantido “na ativa” pelo atual governo.

A mecânica é simples! Você me paga, eu lhe vendo minha “opinião”. Em seguida a publico como coisa séria num órgão de imprensa, que me vende o espaço –no caso do Correio de Sergipe– para eu me travestir de “analista político” e defender ou atacar, conforme a encomenda.

No comercial disfarçado de análise política da quinta-feira, o Valhacouto sedimenta o alicerce à “saída honrosa” de Marcelo Déda. Para Diógenes Brayner, desde já o governador é um injustiçado!

Para não agredir os fatos, a verdade é que o Valhacouto não se imiscui nessa contenda como membro do adulatório do “Número Um”. Com o nobre jornalista, negócio é “apenas” negócio.

Os vídeos disponíveis no YouTube, onde o então prefeito-candidato é flagrado usando a máquina da Prefeitura de Aracaju para a autopromoção, é que são graves. Difícil será apagá-los da história ou mesmo ignorá-los.

Difícil será extirpar da memória coletiva o mês março de 2006, período pré-eleitoral e do desligamento de Marcelo Déda dos cofres municipais, quando R$ 766.976,00 foram desviados do erário para pagar os artistas que participaram dos comícios de despedida do então prefeito-candidato (vide revista Veja: “Micareta Picareta”, 10/05/2006) –detalhe importante: tal quantia era aproximadamente 80% maior que o montante gasto (R$ 426.126,00) um ano antes, quando Aracaju comemorou 150 anos de fundada.

Difícil também será esquecer o mau uso dos recursos públicos em benefício dos interesses pessoais de Marcelo Déda, personificado nos panfletos distribuídos na Grande Aracaju, nos anúncios publicados no Jornal do Dia e nos vídeos veiculados pela TV Sergipe e TV Atalaia a convidar para os comícios disfarçados de atos públicos de inauguração de obras, sobretudo na área da Saúde. Só com a mídia eletrônica foram torrados naquele fatídico mês R$ 475.000,00.

Por tudo isso, o texto asqueroso do Valhacouto, de tão imoral e apoplexo, passa à história como o anúncio mais vagabundo jamais visto na propaganda de Sergipe. Uma clara tentativa de vender Marcelo Déda como santo e purificado!

Ninguém merece...

Quarta-feira, 19 de Agosto de 2009 – 20h45

Edvaldo Nogueira, o Destemperado

Edvaldo Nogueira, quem diria, trocou a cachaça por vinhos caros, o botequim por refinados restaurantes e assumiu um visual sofisticado, bem semelhante ao do chefe maior. Outra mudança do prefeito comunista é no trato com os demais da espécie.

Quando estava vice-prefeito, Edvaldo Nogueira era um sujeito afável, de manejo elegante e voz mansa. Ao receber a caneta do padrinho, parece ter sido contagiado pela soberba. Agora, arrota arrogância!

O cara de fino trato deu lugar a um troglodita bem vestido e perfumado. Na quinta-feira 22/07, o ex-senador Roberto Freire, presidente nacional do PPS, foi duplamente agredido pelo prefeito comunista.

Primeiramente, quando faixas em homenagem a ele e a Nilson Lima foram arrancadas de um evento na Assembléia por ordem do prefeito. Depois, dedo em riste, o prefeito disse a Roberto Freire num restaurante que mandaria arrancar as faixas tantas vezes fosse necessário.

Semana passada, o destempero de Edvaldo voltou à tona. Na reunião entre os deputados federais de Sergipe e os prefeitos sergipanos que participavam da Marcha dos Municípios em Brasília, o prefeito comunista tentou rebater acusações da oposição quanto aos contratos do município de Aracaju com a Sociedade Eunice Weaner.

A reunião era presidida pelo deputado José Carlos Machado. O parlamentar democrata lembrou a Edvaldo Nogueira que aquele não era o momento adequado para desabafos, pois o encontro objetivava tratar das reivindicações dos municípios no Congresso.

Depois do pito, Edvaldo Nogueira ficou caladinho. Mas ao final do encontro, aos berros e gesticulando como se estivesse num palanque, ele destratou o deputado José Carlos Machado. Disse que não iria mais ficar calado, pois já não era candidato e passou a fazer ameaças.

Parlamentares e prefeitos, sem entender nada, foram saindo de mansinho. Edvaldo Nogueira só não ficou falando para as paredes por conta dos seus assessores que permaneceram no recinto.

Triste. Muito triste!

Segunda-feira, 17 de Agosto de 2009 – 16h45

Estudantes Foram Prejudicados Pelo Megacomício de Déda

Por detrás das cortinas ainda rende comentários o megacomício disfarçado de evento governamental, realizado pelo governo estadual na sexta-feira (07/08), às barbas do Ministério Público Estadual e do Tribunal de Justiça (Praça Fausto Cardoso, Centro de Aracaju) –veja o teor das denúncias nas publicações anteriores, logo abaixo.

A imprensa de Sergipe, especialmente a camarilha adulatória travestida de “analistas políticos”, simplesmente ignorou o flagrante uso da máquina pública estadual em favorecimento explícito à reeleição do governador Marcelo Déda. Fosse outro o incauto administrador...

Da mesma forma, a claudicante oposição e mesmo os zelosos curadores do patrimônio público, assentados nos confortáveis gabinetes do Ministério Público (Estadual e Federal) e até o Ministério Público Eleitoral, acharam o assunto sem importância. Uma bobagem!

Porém, no longínquo povoado Olhos D’água (e noutros povoados) no município de Lagarto, centenas de estudantes pobres sofreram um duro golpe por conta da ação politiqueira do governador das mudanças para pior e aliados.

O caso veio à tona no dia seguinte ao megacomício, quando o secretário de Educação de Lagarto, Marcelo Maratá, no programa “Falando a Verdade” do jornalista Cabo Zé (FM Eldorado), tentava justificar o sumiço na sexta-feira dos ônibus que transportam estudantes dos povoados para colégios e faculdades em Aracaju.

Disse Marcelo Maratá: “Alguns ônibus, em torno de dois ou três, ficaram sem aprovar no processo de pré-aprovação (da vistoria do Detran). Automaticamente, foram enviados a Aracaju para fazer a vistoria ontem. Por esse motivo, se atrasaram para o horário da faculdade. Isso aconteceu apenas ontem”.

Minutos depois, uma indignada estudante entrou no ar e fez uma grave acusação ao prefeito de Lagarto, Valmir Monteiro. Os trechos da gravação do programa comprovariam o uso de ônibus escolares para trazer trabalhadores rurais ao megacomício.

O diálogo:

Josy (a estudante) – “Isso que Marcelo Maratá acabou de falar é mentira.”

Cabo Zé – “Marcelo Maratá está aqui e você chamou ele de mentiroso...”

Josy – “Os transporte que faz (sic) a linha da noite tava era em Aracaju, em um evento. Tanto ele como...”

Cabo Zé – “Evento? Não é possível Josy!”

Josy – “Eu tenho certeza. É possível sim, porque a gente ficou esperando aqui até sete horas da noite e o carro não apareceu.”

Cabo – “Repare bem, isso é uma denúncia muito séria, porque isso é um dinheiro que vem do governo federal e não pode pegar um ônibus e deixar de levar os estudantes pra ir pra uma festa. Aí não dá. Não conta comigo.”

Josy – “E outra: o dono do ‘carro’ é Domingos. Aí quer dizer, a gente ficou aqui esperando o transporte para ir pro colégio. Depois que a gente ligou pro motorista, ele falou que tava lá em Aracaju, mas não estava fazendo vistoria. Ele tava nesse evento que teve em Aracaju, e eu posso provar.”

Cabo Zé – “Acabou?”

Josy – “Você quer a placa do carro pra ver que eu não tô mentindo?”

Cabo Zé – “Pode dar.”

Josy – “JNZ 3151. Exatamente, tava nesse evento ontem em Aracaju e não veio fazer...”

Cabo Zé – “Ô Josy, você sabe o nome do motorista?”

Josy – “O nome do motorista é Humberto. Mas o motorista não tem nada a ver com isso.”

O alarmante diálogo fala por si. Trata-se de cabal demonstração de como a alegada audiência do megacomício –de acordo com o próprio governador, dez mil pessoas, a maioria trabalhadores rurais– supostamente teria sido composta.

Primeiro questionamento: outros estudantes pobres de outros povoados do interior perderam aula na noite do megacomício porque aliados do governador Marcelo Déda resolveram usar o transporte escolar para engordar a plateia do “ato histórico” realizado para impressionar o eleitorado de Aracaju?

A levar em conta o numeral divulgado pelo governo estadual (dez mil presentes, a maioria do interior), pode-se supor na faixa de 80% (ou 8 mil pessoas) a dita maioria. Um ônibus transporta em média 44 passageiros sentados. Para trazer toda essa gente a Aracaju, seriam necessários cerca de 180 veículos.

Segundo questionamento: se o transporte não foi feito por ônibus escolares, como no caso da plateia vinda de Lagarto, que veículos foram usados e quem os pagou?

Talvez agora o megacomício realizado em Aracaju para turbinar a campanha de reeleição do governador Marcelo Déda receba a atenção devida!

A quem interessar possa, a cópia da gravação do programa de Cabo Zé está comigo...

Domingo, 16 de Agosto de 2009 - 03h10

Ao Mestre Célio Nunes

Sergipe perdeu um filho ético e honrado. Conheci Célio Nunes quando eu era estudante secundarista sentado numa roda de grandes comunistas, dentre os quais Gervásio Santos (Careca), Agonalto Pacheco e Jackson de Figueiredo.

As conversas me magnetizavam, pois transcendiam a política partidária e soavam como aulas imperdíveis de filosofia, sociologia... vida!

À época, a ditadura militar definhava. Mas aquele grupo tinha histórias reais, de arrepiar os cabelos, sobre confrontos inimagináveis com o regime militar –cadeia com direito a “tratamento especial” fora apenas uma parte dos sofrimentos vividos.

Reencontrei Célio Nunes diretor-geral do Jornal da Manhã no início da década de noventa. Lá estava ele entusiasmado, cheio de projetos em busca de reformular o sabujo diário. Ele queria um jornal sem manhas, pronto a zelar pela verdade, pela notícia.

Nasciam com ele, ao lado de Ronaldo Moreira, os primeiros passos para o que viria depois a tornar-se o Correio de Sergipe -convenhamos, apesar dos esforços deles e de outros tantos e não por suas responsabilidades, pariu-se um jornal sem eira nem beira...

Célio Nunes era um tipo raro: elegante no trato, respeitoso no aconselhamento aos subordinados, paciente ao transmitir seu vasto conhecimento aos neófitos. Um escriba de grande estirpe: texto impecável, conciso, sempre iluminadamente narrativo, com o toque do cronista e do humanista que nele residiam.

Célio Nunes representava uma espécie quase em extinção. Passou por um punhado de redações na Bahia e em Sergipe sem qualquer mácula a lhe chafurdar a biografia. Era um cara probo, cujo decoro profissional deveria servir de exemplo a muitos.

O Mestre tinha parâmetros rígidos sobre o caráter do seu ofício. Sua ideologia era o bem-informar. Jamais alugou a pena para proteger governos falidos ou serviu como “jagunço” contra os desafetos do poder de plantão.

Mestre Célio Nunes, sua saída de cena deixa uma lacuna irreparável na crônica e no jornalismo de Sergipe. Seu manejo pacato e seu sorriso de canto de boca jamais serão esquecidos. Seus contos curtos, cheios de viço, personalidade e humor sagaz vão fazer muita falta no cotidiano dos navegantes do Portal Infonet.

Continue sua jornada celestial como sempre você foi: um homem ilibado, honesto, trabalhador, amigo, solidário... Um jornalista que nos honrou e honra muito. Muito!