E.Zine 01/06 N76

HERANÇA MALDITA É o que menos deseja o prefeito comunista da Capital. Mas a qualquer momento pode ocorrer uma nova reforma administrativa na Prefeitura de Aracaju. Secretários de setores estratégicos reclamam a boca miúda da "herança maldita" deixada por Sua Majestade. Seriam dívidas; contratos mal elaborados e, portanto, necessitando de consertos que levam tempo e engessam a máquina; verbas que simplesmente não foram usadas e acabaram tendo de ser devolvidas ao governo federal; convênios cancelados por falta de prestação de contas dentro dos prazos estabelecidos... O rosário de queixas seria amazônico! Por outro lado, apelidado pelos servidores municipais de "Foguinho", o personagem da novela das oito que reinava, mas não governava, Edvaldo Nogueira está numa sinuca de bico. O soberano príncipe, ao explicar o minguado reajuste de 2,96% para os servidores estaduais, afirmou não poder dar algo maior porque pegou o Estado em situação delicada. Qual seria, então, a desculpa de Foguinho para os 3% de reajuste para os barnabés, já que recebeu a prefeitura de Sua Majestade? Imaginem! Se abrir a boca e contar como realmente recebeu a PMA, Edvaldo acaba de vez com a pose de bom administrador de Sua Majestade, tão propalada pelo próprio e pelos asseclas aos quatro ventos. Se a mantiver fechada, terá que arcar sozinho ante a população com as responsabilidades pela ineficiência em vários serviços, especialmente na saúde, onde a "herança maldita" seria colossal -sem falar nos servidores, que já não aceitam mais desculpas esfarrapadas. É aquela velha história: se correr o bicho pega, se ficar o bicho come! A vida de Edvaldo, um homem probo, está um inferno...

E.Zine 31/05 N75

NA LISTA, SIM! É comum médias e grandes empresas presentear seus clientes e amigos em datas especiais. É assim aqui, na China e em Marte. Mas há uma lista da qual ninguém quer fazer parte. A da periguete baiana Gatuna. A lista da construtora tem 38 deputados federais e ex-deputados, 18 senadores e ex-senadores, três ministros de Estado, cinco ministros do TCU (Tribunal de Contas da União) e, pelo menos, 23 governadores, prefeitos, ex-governadores e ex-prefeitos que teriam recebido presentinhos ou mimos da suprapartidária corruptora. Na terça-feira (29/03) dois figurantes da lista se apressaram por rechaçar a inclusão dos seus nomes. Almeida Lima fechou no Plenário senatorial e aos berros disse, diante de colegas aturdidos, que não era moleque, que a periguete baiana é vagabunda, e que a gravatinha que mandaram para ele era uma porcaria. Mandou devolvê-la, inclusive. Não seria do estilo de Almeidinha receber presentinhos ou mimos. Lembranças dos colegas, no entanto, serão sempre bem vidas. Jamais de empresas. Já Sua Majestade... Sim, para encher ainda mais de dúvidas a cabeça de quem anda pensando em conspirações, o soberano príncipe também está na lista de Zuleido Veras Bronson. Além dele, estão inclusos mais seis figurões sergipanos, dentre os quais os ex-mandatários dos últimos cinco mandatos. Sua Majestade disse que o recebimento de presentes por políticos, dirigentes de empresas, homens e mulheres públicos, e pessoas que desempenham cargos ou funções de destaque é algo normal (sic)! Fez também questão de registrar que na opinião da Polícia Federal, a lista é semelhante às elaboradas por empresas em festas de final de ano, daí não haver nenhum comprometimento ou ligação aleivosa de sua parte. Em sendo assim, aqueles que sonhavam botar todos os gatos no mesmo saco devem esfriar os ânimos. Sujeito de muita sorte e homem de poderosas relações na cúpula da República, o "número 1" haverá de ter os caminhos sempre iluminados para não trombar em aperreios! Aos demais, muita reza, pois o espetáculo apenas começou...

E.Zine 30/05 N74

PODEM FUÇAR Ontem o Senado reviveu dias de Pompéia. Um Vesúvio bravo e fumaçento acordou a Casa inteira aos berros. Era ele... Sim, o nobre Almeida Lima! Sua excelência, possesso pela fúria dos injuriados, cuspiu pedregulhos imensos para negar de forma enfática que tenha recebido mimos ou presentes da empreiteira gatuna. Tendo à mão a lista publicada na Folha de S. Paulo (29/03) dos presenteados pela construtora, soltou lavas para todos os lados, ao seu estilo: "Não sou moleque nem me relaciono com empresa de moleques. Não recebo mimos nem presentes, muito menos propina de empresa nenhuma deste país ou de meu Estado. Não sou canalha"! Não se importando se o colega ao lado porventura teria recebido os tais mimos ou presentes, pois a lista é imensa, Almeidinha ainda expeliu uma espessa fuligem negra: "Em 2003, recebi da Gautama, na véspera do Natal, uma porcaria de gravata, mas mandei devolver. Por isso a empreiteira não cometeria a ousadia de incluir meu nome nas listas de 2004 ou 2005". Também adjetivou sem dó a Polícia Federal, responsável pelas investigações, ao sugerir que podem fuçar suas declarações de renda o quanto quiser. Para fechar a tarde com uma nuvem de gás sulfúrico, nosso ilustre senador mostrou seu lado galã à moda antiga, cultivado com carinhoso esmero desde a tenra juventude: "Quando preciso de uma gravata, e gosto muito de usá-las bem assentadas, sei onde comprá-las. Recentemente, desculpem-me a falta de modéstia, comprei algumas na 5ª Avenida em Nova York, quando lá estive numa visita custeada pelo meu bolso. Portanto, não preciso de empresa vagabunda, moleca, sem vergonha nenhuma." Almeidinha é mesmo danado! Detestou a qualidade da gravata, e além de mandá-la de volta a Zuleido Veras Bronson ainda maldisse a envolvente empresa do corruptor suprapartidário. Esperto! E pensar que aqui bem próximo de nós por pouco um certo nobre não caiu na tentação de flertar com a periguete baiana! Sujeito de sorte. Realmente um homem de boas relações...

E.Zine 29/05 N73

MILAGRES DIVINOS A Polícia Federal descartou qualquer possibilidade de ligação entre o principado de Sua Majestade, o "número 1", e a empreiteira baiana Gautama. De acordo com o relatório entregue pela PF à ministra Eliana Calmon (STJ), não há indício de que o vice Belivaldo Chagas soubesse das trambicagens da empresa. Também, segundo a PF, Belivaldo não teria conseguido agendar nenhum encontro entre o monarca sergipano e qualquer representante da empreiteira. Sem fazer juízo de valor, devemos observar alguns pontos não totalmente esclarecidos. É público e notório o rito de pagamento nos órgãos estaduais quando o assunto envolve grandes numerários. Nada acima de certas quantias é pago sem a autorização expressa do soberano príncipe. Por outro lado, muitas pequenas e médias empresas sergipanas receberam cheques em fins de dezembro para descontar na vigência do novo governo. Foram todos cancelados, apesar de haver dinheiro em caixa. Assim como elas, outros prestadores de serviço estão sem receber da Companhia de Saneamento de Sergipe (Deso) desde janeiro ou a partir de quando passaram a atender a empresa. Em 14/03/2007, numa conversa interceptada pela PF às 18h23, Belivaldo é informado sobre um papagaio da Deso junto a Gautama no valor de "R$ 500 e pouco mil". Na mesma gravação, ele diz que o "número 1" queria um encontro com o interlocutor. Passados exatos 58 dias, a sortuda Gautama recebe R$ 600.234,87 referentes a um aditivo para a segunda etapa da adutora do São Francisco. Nada havia de ilegal no pagamento, autorizado inclusive pelo Tribunal de Contas da União (TCU), conforme garantiu em nota o presidente da Deso Max Montalvão. Como Montalvão ainda se mantém impávido no cargo, certamente não fez o pagamento por iniciativa própria. Até porque, convenhamos, receber dinheiro no novo governo exige paciência de Jó -os vermelhos, além de muquiranas, são péssimos pagadores, conforme atestam certos silenciosos empresários. Assim, se a PF diz que nada liga o novo governo à empreiteira baiana, podemos concluir: talvez, querendo se livrar de um cobrador chato e indesejado, Sua Majestade, numa tremenda falta de sorte, pagou a gatuna Gautama exatos sete dias antes da cortante Operação Navalha abalar Sergipe e o Brasil. Ou quem sabe, estejamos diante de um milagre; pode ser que o senhor Zuleido Veras "Bronson" tenha feito muitas preces a Siddhartha Gautama (Buda) e, atendido em seus chorosos pleitos, pôde finalmente por a mão na grana que esperava há muitos meses. A fé, respeitável público, remove montanhas. Basta crer!

E.Zine 28/05 N72

TEMPOS ESTRANHOS Outro olhar dever ser dado à nota Entre tapas e gás de pimenta (sexta, 25/05), comentando o protesto dos estudantes da Universidade Tiradentes. As declarações da deputada comunista Tânia Soares sobre a ação desastrosa da Polícia Militar visando acabar com a manifestação têm outras motivações, além da defesa de sua base eleitoral cativa. Ao reclamar chorosa que "Tem que apurar; polícia batendo em estudante é coisa da ditadura; isso não pode ficar assim", a deputada comunista defendia sangues azuis. Entre os líderes do movimento que receberam tapas, pontapés e gás de pimenta, juntamente com outros estudantes, estavam o filho dela, a filha do soberano príncipe e o namorado desta. Seguindo a estirpe política herdada dos pais, os jovens nobres estavam engajados na luta dos colegas contra o apetite voraz da Tiradentes e usaram o sangue azul para tentar dar força a manifestação, na certeza que mal algum lhes seria causado. Ledo engano! O inferno começou quando o comandante da Guarda Municipal responsável pelo tráfego nas vias de acesso à Unit ligou para o superintendente da SMTT, ex-vereador Antônio Samarone. Ouviu deste, após informar da situação fora de controle, que convidasse para resolver a situação a Polícia Militar. Chegou, então, a PM Choque com seu aparato de guerra urbana. Quando os militares tentaram tirar os manifestantes das congestionadas pistas receberam as carteiradas dos nobres de sangue azul, com o velho bordão "sabe com você está falando?". Diante do empecilho, o cordato oficial responsável pelo pelotão ligou pessoalmente para Samarone. A resposta foi cruel: "Leve os meninos nos braços!". Entendida a mensagem, ocorreu o desfecho já amplamente divulgado e motivo para a medonha crítica da deputada comunista, agora finalmente cristalizada. Como se vê, os tempos estão realmente estranhos. Nem mesmo os nobres de sangue azul estão livres da arbitrariedade policial... PETISCO PARA UMA RÁPIDA REFLEXÃO Grampos da Polícia Federal dão conta de fatos interessantes. Um deles é o codinome de Sua Majestade, segundo o vice Belivaldo Chagas: o "número 1". Outro é a declaração do deputado federal Albano Franco de que o novo governo estaria parado por falta de "operadores". Também surge interessante a confirmação pelo próprio Luciano Barreto de que a Celi, até meados de março, não teria recebido um único centavo pela obra do viaduto do DIA de São Nunca -fato depois negado pelo empresário. Mas nada supera a intrigante questão: por que o soberano monarca, o "número 1", teria ficado fulo da vida depois que foi divulgado o pagamento autorizado por ele mesmo de um papagaio da Deso junto a Gautama, feito pela empresa dias antes da Operação Navalha? Teria a ver com notas publicadas na imprensa negando qualquer relação entre a empreiteira e os vermelhos, mesmo diante dos diálogos de Belivaldo gravados pela PF? E lembrem que o homem, com seu estilo novela das oito, chegou a dizer que a Gautama devia trabalhar no inferno...