Quarta-feira, 05.03.2008 - Ano II - Edição Número 235

NADA COMO TER BONS AMIGOS
Depois da fantasiosa licitação para escolher as empresas de publicidade e propaganda que realmente interessavam, a ponta de um garboso iceberg desfralda-se no mar de mazelas do governo da mudança. Trata-se da concentração numa única empresa de toda a produção de vídeo da Secretaria Estadual de Comunicação. Uma verba para lá de milionária! Deve ser apenas obra do acaso, mas a produtora de RTV preferida do governo da mudança trabalha para Marcelo Déda desde a primeira campanha dele (2000) a prefeitura de Aracaju. De lá para cá, petistas e comunistas tornaram-se clientes cativos da empresa. Com a ascensão do prefeito-candidato Edvaldo Nogueira ao cargo (2006), a WG Produções perdeu por um breve período a exclusividade. A verba para a produção passou a ser dividida, mesmo que timidamente, com outras produtoras. Depois de um tempo, ainda não se sabe por que, tudo voltou ao “normal”. Antes de Marcelo Déda, a prefeitura de Aracaju e o governo estadual usavam seis diferentes produtoras, de proprietários distintos, para gravar, editar e finalizar material de RTV. Com a chegada dele ao poder, toda a produção passou a ser concentrada apenas na menina dos olhos! A relação da WG Produções com os clientes é generosamente recíproca. Nos primeiros meses de 2007, por exemplo, um núcleo da agência Quê Comunicação, que prestava consultoria informal ao governo da mudança, funcionou dentro da produtora. “Vencedora” da licitação de faz-de-conta realizada no ano passado, a agência se instalou em Sergipe à Rua Engenheiro Jorge de Oliveira Neto, 650, Coroa do Meio. Como uma mão lava a outra, o imóvel pertence à família do sócio-proprietário da WG Produções. Só com a reforma da casa, para adaptá-la ao gosto dos parceiros, gastou-se cerca de R$ 350 mil. Neste exato momento, visando exterminar de vez a concorrência e consolidar a concentração da produção de vídeo oficial sob seu total controle, a WG Produções constrói secretamente um outro prédio nas proximidades da atual sede da empresa e negocia no exterior a compra de equipamentos de última geração. A idéia é ter dois pólos de produção altamente modernos competindo entre si. Um atenderia ao governo da mudança; o outro seria usado para produzir a campanha de Foguinho à reeleição. A posteriori, no caso da vitória dele, estaria também garantido o atendimento aparte à prefeitura de Aracaju.

Alguns rápidos questionamentos:

  • Por que Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira fazem questão de concentrar a produção de RTV numa única empresa – exatamente a que os atende desde sempre, inclusive nas campanhas eleitorais – se há no mercado sete outras produtoras com recursos técnicos e humanos similares?
  • Por que, mesmo a contragosto, a secretária Eloísa Galdino se vê obrigada a exigir das agências “vencedoras” da fajuta licitação que usem somente a WG Produções para formatar toda a mídia da Secom? Se o objetivo era concentrar, por que não promoveu licitação exclusiva para contratar uma produtora?
  • Existe contrato de prestação de serviço entre a Secom e a WG Produções? Se há, qual é o valor médio mensal repassado à empresa? Quanto foi repassado em 2007?
  • Qual foi o real valor pago pelo PT a WG Produções pelos serviços de RTV da campanha de Marcelo Déda ao governo? Como e quando a conta foi paga? Onde estão os recibos?
  • A WG Produções realiza algum outro tipo de serviço para o PT ou para o governo da mudança? Se existe, qual é e quanto custa? Há contrato formalizando o atendimento?
  • Que motivos contribuíram para o secretário de Comunicação da PMA, jornalista Carlos Cauê, desistir de usar outras produtoras locais e contratar a WG Produções com exclusividade para realizar 45 filmes sobre a administração comunista da Capital?
  • Poderia Carlos Cauê adiantar onde o PCdoB pretende instalar o comitê de comunicação e a produção de mídia da campanha de reeleição do prefeito-candidato Edvaldo Nogueira? Quanto pretende investir na empreitada? Quem vai financiar?

É esperar para ver se alguém da transparente Secom do governo da mudança e da prestimosa Secom da PMA se dignará a aplacar tantas e tamanhas dúvidas!

Terça-feira, 04.03.2008 - Ano II - Edição Número 234

CRITICAR É PRECISO
Quanto às queixas de alguns leitores, relativas ao comentário de ontem sobre o viaduto Déda. A obra está pronta e serve à cidade. Isso basta! Porém, vale lembrar, quando o PT era oposição, as realizações dos governistas de então eram duramente criticadas. Algumas, como a ponte João Alves, foram transformadas em monstros inúteis. É justo, portanto, que os governistas de agora sintam o gostinho do próprio veneno. Da crítica sumária pela crítica. E só! Se para trafegar pelo viaduto Déda, motoristas de carreta precisam ser habilitados nos laboratórios da Nasa, a chacota serve apenas para irritar os autores e construtores da obra. E só! E ainda: para chegar ao destino usando uma das alças do viaduto bem cedo de manhã, é preciso um enorme exercício de paciência. Basta tentar pegar a Hermes Fontes, vindo do sentido Avenida Augusto Franco. O conta-gotas provocado pelo acesso estreito faz muita gente desistir de usar o viaduto e seguir em frente. Como se vê, problemas existem. Quanto às críticas, trata-se do nobre e salutar exercício da democracia; da alternância de poder: quem hoje é governo, amanhã pode voltar ao limbo da oposição; e do livre direito de opinar sobre absolutamente tudo! Tudo... É a vida!
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OS PSICOTRÓPICOS DO PT
A depender do comportamento do Ministério Público e da Justiça, a operação conjunta da Polícia Federal e Agência Nacional de Vigilância Sanitária no Hospital João Alves, visando combater o tráfico e consumo indevido de psicotrópicos, pode enodar a já deslustrada imagem pública do governo da mudança. Existe a suspeita do envolvimento de servidores do hospital no caso que culminou com a prisão de um médico de fora de Sergipe, acusado de usar pacientes fictícios para obter ilegalmente remédios controlados. Até este ponto, em tese, não haveria comprometimento da direção do João Alves. Porém, na formatação da defesa prévia, a Secretaria de Saúde deixou vazar que não tinha controle sobre o estoque de medicamentos por conta de anotações desencontradas no livro do almoxarifado do agora rebatizado Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), motivo que teria facilitado o acesso fácil da quadrilha aos psicotrópicos. Esta seria a única grande responsabilidade do hospital. É aqui que o bicho pega... Em novembro de 2006, após atender todas as exigências da Agetis (antiga Prodase), entrou em operação o sistema informatizado de gestão hospitalar, assistencial e financeira do João Alves. Criado pela MV Sistemas, o software permite o controle de toda a cadeia gerencial, inclusive do estoque da farmácia. O programa da MV Sistema atende mais de 400 hospitais públicos e privados do Brasil inteiro, dentre os quais se incluem nosocômios com nível de acreditação 3 – ou seja, top no setor. A pergunta é: como, depois de quase um ano e meio da implantação de uma das mais atuais e eficientes ferramentas de gestão informatizada em uso no planeta Terra, o Hospital João Alves ainda utilizava o velho e rabugento livro de anotações para manter em dia o controle do estoque dos fármacos? A resposta é simples! Quando assumiu a Secretaria de Saúde, sob a alegação de garantir que ninguém ligado ao ex-governo ou mesmo suspeito de ter alguma ligação pudesse “sabotar” as mudanças propostas pelo PT, o deputado-secretário Rogério Carvalho substituiu centenas de servidores por cabos eleitorais dele. Gente que seis meses antes segurava bandeiras de propaganda da sua candidatura à Assembléia nas esquinas das cidades sergipanas. Resultado: incapazes de manipular minimamente um software tão complexo, os novos “servidores” seguiram realizando o controle de estoque pelo moderno método – do século retrasado, claro! – da caneta e do papel. Caso o sistema fosse alimentado corretamente com as entradas e saídas, a farmácia do João Alves teria total controle sobre o quantitativo de remédios nela existentes. Pois o sistema é a prova de falhas. E no tocante aos psicotrópicos, o próprio software gera um relatório específico e aparte dos demais medicamentos, para as eventuais fiscalizações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Diante dos fatos, a direção da Secretaria de Saúde e do João Alves tem sim senhor(a) culpa no cartório, pois calou ante o aparelhamento irresponsável do hospital, para uso exclusivamente político de Rogério Carvalho. A incompetência dos apaniguados do deputado-secretário facilitou a ação dos bandidos, assim como contribuiu para as mortes de mais de 60 crianças na maternidade Hildete Falcão e de dois adultos na UTI do próprio João Alves por conta da imundície em meados do ano passado. O governador Marcelo Déda também tem sua parcela de comprometimento por aceitar passivamente a contratação de pessoal com pouca ou nenhuma qualificação técnica e por não cobrar dos assessores o treinamento adequado e rigoroso para quem vai assumir funções vitais à máquina. Só podia dar no que deu! O melhor exemplo da politicagem desmedida e sem critério do médico Rogério Carvalho está na chefia do departamento de higienização do Hospital João Alves, aquela de quem deve ser cobrada a limpeza da casa de saúde. Responde pelo setor um nutricionista sem qualquer experiência anterior numa área tão sensível e que tem na ficha funcional a perda de duas férias por conta do excessivo número de faltas ao trabalho. Da mesma forma, para dirigir a farmácia do Huse, mesmo havendo 14 farmacêuticos no quadro do hospital, Rogério Carvalho optou por importar inteligência. Contratou um profissional de outro estado cujo único predicado “superior” aos farmacêuticos de Sergipe é ter brilhando na testa a estrela vermelha do PT e privar da amizade dele. Mas quem pode, pode! Quem não pode...

Segunda-feira, 03.03.2008 - Ano II - Edição Número 233

LULA, CABO ELEITORAL DE JOÃO

Na viagem de quinta-feira ao Nordeste, segundo Cláudio Humberto (Correio de Sergipe, 01.03), o presidente Lula da Silva celebrou no Air Force 51 as quatro vitórias consecutivas do Corinthians. A notícia talvez explique a contagiante “empolgação” do Grande Molusco na inauguração do viaduto Déda. Como se sabe, nas alturas cada dose equivale a três em terra firme.
Naquela noite inesquecível, quando chovia horrores em Aracaju, Lula da Silva fez dos sergipanos, mais uma vez, testemunhas passivas de como age em estado alterado de consciência. A mais alta autoridade do País permitiu-se soltar a língua.
Depois de saber do desempenho de João Alves Filho nas pesquisas de opinião para a prefeitura aracajuana, o Grande Molusco não se conteve: “Ele (JAF) trava os dentes e morde a língua quando Marcelo Déda faz algo certo, torcendo para dar errado e você (Déda) quebrar e cara para dizer que só ele sabe governar”.
Pobre prefeito-candidato Edvaldo Nogueira. Na noite mais feliz da sua vida, quando após ano e meio de labuta inaugurava uma obra 80% conduzida por ele, foi relegado a capacho dos petistas. Era Marcelo Déda quem levava os louros pelo viaduto Déda...
O presidente, mesmo incontido pela “marvada”, teve um bom motivo para atacar o ex-governador. Perder a prefeitura de Aracaju neste instante político sepultaria os planos dele de transformar Sergipe em feudo do PT.
Contudo, dar “palanque” à cobra-criada, falando um tom acima do permitido pelo bom senso, é um tiro no próprio pé. Cada mera citação do Negão pelos governistas, seja apenas para criticá-lo, converte-se em espaço gratuito para ele na mídia!
Quem diria: Lula da Silva, cabo eleitoral de João Alves Filho...
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CARRETA EMPACA NO VIADUTO DÉDA

O viaduto Déda, assim batizado em homenagem ao avô do governador Marcelo Déda, seria na opinião da oposição mais uma das inúmeras manifestações de querência à similitude demonstrada pelo governo da mudança para equivaler-se em realizações ao ex-governo.
Uma ponta de verdade existe. As duras críticas à ponte Aracaju/Barra por causa do nome do pai do ex-governador, levando o povo a recordar eternamente do nome do próprio, tiveram sua “compensação”: a maior obra concebida pela administração Marcelo Déda na prefeitura é exatamente o viaduto Déda.
Agora, apesar de plenamente concluído, o Viaduto Déda não pára de gerar atrito entre oposição e governo. O pessoal “do contra” dizia horrores da obra. Que ônibus, caminhão e carreta ficariam entalados ao tentar passar. Os governistas desdenhavam da chacota.
Mas não é que o imponderável aconteceu!
Tão logo foi aberto ao tráfego, nas primeiras horas da sexta-feira, o viaduto Déda teve sua primeira prova de fogo. Desacostumados com os novos sentidos viários, os motoristas criaram grande confusão. Resultado: uma carreta não completou a volta num dos retornos e acabou destruindo parte da guia e da grama recém-plantada no canteiro.
As fotos da carreta atolada no gramado, para regozijo dos opositores de Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira, foram publicadas nas edições de sábado do Jornal da Cidade e Correio de Sergipe e podem ser vistas aqui.
É torcer para ter sido apenas um mero incidente!

(Clique na foto para ampliar / Fotos de Fernando Silva/CS)