#FogoNoCircoMaracatu
DEPUTADO AUGUSTO BEZERRA DESAFIA
SENADOR ANTÔNIO CARLOS VALADARES
Os pronunciamentos de parlamentares na Assembleia Legislativa de Sergipe quase sempre são amorfos, sem muita querela ou agitação. Vez por outra o líder da oposição Venâncio Fonseca faz galhofa com os bichos-preguiça e o plenário cai na gargalhada. Hoje pela manhã ocorreu “um ponto fora da curva”. O vice-líder da oposição Augusto Bezerra foi à tribuna com cara de poucos amigos e prometeu trazer à público o que classificou como “verdadeiro escândalo”.
Para começo de história, o senador Antônio Carlos Valadares e Augusto Bezerra sempre se estranharam --mas todos sabemos, se algo está péssimo, pode piorar um pouquinho. Na semana passada, o velho coronel classificou o deputado de mentiroso: “Diga ao deputado Pinóquio que estou trabalhando, enquanto ele continua crescendo o nariz na mentira.” Seria a resposta à acusação de ter o senador tentado o voto aberto para todas as comissões do Senado (indicação do partido dele), menos para a escolha de autoridades, como os conselheiros de tribunais de contas. Augusto Bezerra não perdoou: “Era o voto Belivaldo Chagas!”, referência ao candidato do PSB derrotado por duas vezes à vaga de conselheiro do TCE/SE --venceu a deputada Suzana Azevedo.
O bate-boca seguiu noitinha adentro na quarta-feira 20, através do Twitter. Após recomendar ao senador que “tenha vergonha e assuma suas posições”, Augusto Bezerra garantiu possuir “a gravação (do voto)” e que a iria “colocar na TV Alese”. O deputado lembrou ainda do passado vexaminoso de Antônio Carlos Valadares, autor da famigerada CPMF. Para piorar o bafafá, acusou o sabujo coronel de embolsar mensalmente 52 mil reais de salário, burlando fragorosamente o teto do serviço público, hoje fixado em R$ 28.059,29. O deputado também acusou o senador de “mamar há 50 anos nas tetas do poder” --somente no governo estadual ele deteria 600 cargos, parte deles com os próprios parentes nomeados.
Augusto Bezerra achou pouco e relembrou que o presidente do PSB, (o governador pernambucano) Eduardo Campos, após o rompimento com a gestão da presidente Dilma Rousseff, deixou claro que os filiados deveriam entregar os cargos que detêm no governo federal. “Mas Antônio Carlos Valadares não entrega... São essas coisas que ele precisa esclarecer, que ele deve assumir, em vez de chamar as pessoas de mentirosas”. O deputado prometeu para segunda-feira próxima denúncias sobre o programa “Minha Casa Minha Vida”, que seriam “o maior escândalo do país”: “Há troca de casas por votos. Vou desmascarar essa fama de direito e honesto que o senhor tenta passar para a população.” Danou-se...
Por seu turno, através do Twitter, hoje Antônio Carlos Valadares preferiu não polemizar. Tratou apenas de reclamar do suposto mau tratamento que tem recebido e prometeu não desistir da luta! “Por que tanta agressividade de aliados de Eduardo Amorim contra mim e familiares? Acreditam que sou uma ameaça aos seus planos políticos. Estão perdendo tempo: não recuarei, não desistirei, continuarei lutando. Não me tirarão do caminho que escolhi. Aguardem, quem viver, verá.” Vamos aguardar, então...
Pensando melhor... alguém tem um pouco de gasolina?
Por David Leite | 20/11 22h00

CANDIDATOS AO GOVERNO EMPACADOS E
UM NOME NOVO SURGE PARA O SENADO...
Fosse a eleição para a escolha do novo governador de Sergipe e do representante do estado no Senado realizada entre os dias 28 e 31 de outubro, conforme apurou o Instituto W1 EMCAMPO nos 30 maiores redutos eleitorais, com margem de erro de 3,5% e oitocentas pessoas ouvidas, haveria segundo turno para o governo e a senadora Maria do Carmo reconduzida ao cargo. Os dados podem ser comparados nos gráficos apresentados em anexo (Clique na foto para ampliá-la).
No caso do governo, a surpresa é constatar uma leve queda na opção do preferido do eleitorado, o prefeito de Aracaju João Alves Filho, num comparativo com a pesquisa do mesmo instituto realizada em agosto. Ainda dentro da margem de erro, o Negão perdeu 3% dos votos, enquanto os demais concorrentes mantiveram-se em patamares idênticos, com 23% para o atual líder da oposição Eduardo Amorim e 20,3% para o governista Jackson Barreto.
Em se tratando da campanha do Negão, ainda há muitas dúvidas. João Alves Filho tem-se declarado disposto a permanecer no cargo, o que pode favorecer uma aliança com Eduardo Amorim, união cujo mérito seria definir a eleição ainda no primeiro turno. Mas há liderados do Negão trabalhando para fazê-lo unir-se a Jackson Barreto, fator que complicaria muito a campanha da oposição, pois criaria uma superforça política, com poder incomensurável.
Não há dúvida que João Alves Filho jamais arriscaria o conforto da prefeitura por uma campanha onde não houvesse um eleitorado bastante bem disposto a apostar nele para um quarto mandato de governador. Ou seja, venham as pesquisas a indicar porcentual inferior a 50% das intenções de voto, mesmo diante da possibilidade de crescimento sendo apontada pelos marqueteiros, o Negão não deixaria a prefeitura para disputar uma nova eleição.
Por sua vez, apesar de ser o senador Eduardo Amorim um político “novo” e cercado de boas expectativas, ele tem enfrentado dificuldades para convencer o eleitor de que tem uma penca de propostas para tirar Sergipe do atual desgoverno. O jornalista Gilmar Carvalho conjecturou sobre um dos motivos para, após o anúncio sobre a pré-candidatura do PSC, não ter havido crescimento nas intenções de voto do senador. “É um homem preparado, é o único realmente novo, mas precisa se apresentar como o novo, como ele é... Existe um grave erro no setor de comunicação de Eduardo Amorim”.
Para Gilmar Carvalho, e eu concordo com o colega, a comunicação do senador estaria mais “preocupada em responder às acusações de governistas, que muitas vezes baixam o nível... Adversário você não responde, trata-o com indiferença. A comunicação está toda errada.” O que Gilmar Carvalho aponta como falha é a conduta reativa em detrimento da pró-ativa, que trataria das propostas e pensamentos do senador e não da pauta dos adversários.
Neste tocante, apesar de ser uma metralhadora giratória no ataque verbal ao concorrente, o governador Jackson Barreto aproveita cada ocasião para divulgar as obras que inaugura e promete realizar em comícios disfarçados de atos públicos. Usa ainda prestadores de serviço na imprensa, travestidos de comunicadores sociais independentes, para detratar o adversário e divulgar informações do interesse do candidato governista. Tem um passado de máculas administrativas sérias, mas o ignora pontuando sempre os fatos positivos.
Por que, então, apesar de divulgar de forma tsunâmica até inauguração de bica d'água, Jackson Barreto não deslancha no coração do eleitorado? Mesmo não estando exposto no gráfico da pesquisa (anexo), o índice de rejeição do governador em exercício é altíssimo e o eleitor resigna-se quanto a possibilidade de entregar a Jackson Barreto um mandato executivo --pesquisa encomendada pela Secom estadual aponta que o governista danado teria boa chance na disputa pelo Senado, até num confronto com a senadora Maria do Carmo.
Por falar em disputa pelo Senado, não há novidade sobre a reeleição da esposa do prefeito João Alves Filho. No entanto, familiares dizem que Maria do Carmo talvez preferisse voltar ao convívio mais estreito com o Negão, atuando na periferia de Aracaju, onde construiu a imagem de “mãe dos pobres”. A saúde da senadora, apesar de estável, seria outro fator de preocupação da família. Neste quesito, caso também esteja fora da disputa o governador licenciado Marcelo Déda, por motivo de saúde, a única vaga ao Senado poderia sobrar para um nome novo, atuante na política nacional e bem disposto para cativar o eleitorado.
Líder do PSC na Câmara dos Deputados e presidente do Diretório Estadual do partido em Sergipe, o jovem parlamentar André Moura aparece como segunda opção do eleitor, estando bem à frente de nomes tradicionais como o do ex-prefeito de Estância Ivan Leite e da estrela do PT o doutor (ele gosta de ser chamado assim) Rogério Carvalho, provável futuro presidente da agremiação em Sergipe. Filho de políticos e bem enturmado entre os próceres do Congresso, André Moura trabalha pela reeleição, mas como ele próprio costuma dizer, “em política as oportunidades surgem as vezes de modo inesperado, e não se deve jogar fora uma boa oportunidade, por mais difícil que possa parecer”.
Eis então o quadro eleitoral há quase um ano do pleito! Mudanças poderão ocorrer, mas ao que tudo indica, não deve surgir nada de novo nesse cenário já bastante contextualizado.
Por David Leite | 18/11 às 18h10