E.Zine 13/07 N105

RECEITA ECONÔMICA A imprensa -neste caso a referência é às empresas de comunicação- sempre viveu às expensas dos governos. Criou-se um sem fim de artifícios legais (Constituição e Leis Normativas) para privilegiar com polpudas e ilimitadas verbas publicitárias os aliados do Quarto Poder. Sergipe não fugia à regra. Agora, contudo, o governo das mudanças promove uma reviravolta no setor. Empresas começam a demitir para adequar as despesas à receita. O melhor cliente simplesmente cortou pela cepa as verbas. Cinform, Jornal da Cidade, Correio de Sergipe, TV Sergipe, TV Atalaia, Rádio Jornal, Rede Ilha tiveram as cotas reduzidas a 1/6, 1/7 e até 1/10 do valor que recebiam até dezembro do ano passado. Verdade seja dita, alguns conseguem sobreviver do mercado publicitário -no caso das TVs, com o repasse das redes. Outras, contudo, minguam a cada dia. Mesmo pressionado pelo desagradável noticiário que marcou os primeiros meses do ano, motivo até para o deputado Francisco Gualberto aventar um complô da imprensa contra o novo governo, Sua Alteza Real decidiu manter a política de extinguir as cotas mensais, pagando para usar o espaço midiático apenas quando achar conveniente. Resultado: a covardia, somada à esperança de ver tão sinistra situação mudar mais adiante, amansou as feras! Mas existe um grupo livre dessa crise. Se os empresários lastimam o parco faturamento e as demissões, alguns privilegiados profissionais de imprensa complementam os salários com cotas mensais pagas pelos cofres públicos. Distingui-los é fácil. Basta observar quem não deixa um só dia de bem-dizer os grandes feitos de Sua Alteza Real, e criticar os adversários do novo governo. Trata-se da esperta receita econômica dos vermelhos: se é possível manter lustrada a imagem do garboso príncipe usando certos radialistas e jornalistas, por que pagar mais caro? Tem lógica! E ainda sobra... UMA PIADA ATRÁS DA OUTRA Como diz o impagável José Simão, o Brasil é o país da piada pronta. Aqui, tudo parece ser dito e feito para gerar o riso. Foi nessa que o respeitável público caiu na gargalhada ao ouvir do ministro Tarso Genro (Justiça) ter sido a ação da Polícia Federal, no desmantelo do esquema de corrupção das licitações da Petrobrás, mais uma iniciativa do "governo que é absolutamente intolerante com a corrupção"... Sujou! Um membro do Ministério Público, ouvido pela Folha de São Paulo, revelou a verdade. A apuração da PF somente teve início após denúncias (!) de empresários prejudicados (sic) pelo esquema. Já fontes da PF afiançam ter sido Tarso Genro informado sobre o desenrolar das investigações apenas alguns dias antes das prisões dos acusados. A piada do ministro só serviu para isso mesmo: fazer o povo rir! Outro ministro, Jorge Hage (Controladoria-Geral da União), atacou a credibilidade do Banco Mundial (Bird) pelo relatório que aponta a piora dos níveis de corrupção no Brasil (Correio Braziliense, 12/07). Repetiu o chavão favorito de Sua Inocência o compadre-salvador da Pátria -aquele segundo o qual, na verdade, houve foi uma melhora no combate à corrupção. Talvez estejamos diante do melhor caminho para entender o caos na segurança pública do País. Se o governo desse menos trabalho à Polícia Federal, os policiais poderiam estar ocupados na defesa das fronteiras e no combate ao tráfico de drogas e armas ao invés de ficar tomando conta de quem mete a mão no dinheiro público. Que os casos de corrupção estão aparecendo mais, não há dúvida. Porém, fazer disso um mérito dos vermelhos é outra boa piada. E ninguém venha relembrar o tal mensalão, não! Por favor...

E.Zine 12/07 N104

MAGISTÉRIO HUMILHADO E O SINDICATO-AVESTRUZ Disfarçada de melancia, parcela significativa dos professores trabalhou duramente com vermelhos autênticos e aliados para eleger Sua Alteza Real. Alguns, sem escrúpulos, chegaram a usar a sala de aula como palanque -alunos contrários à pregação eram classificados diante dos colegas de antas; muitos não manifestavam a opção política com receio de represálias. Desde a abertura democrática, quando os sindicatos passaram a cobrar dos governos, os professores sergipanos têm mostrado disposição para a luta. Anos atrás, até greve de fome foi feita como forma de protesto. Hoje, depois de tantos esforços visando alçar ao poder "o governo das mudanças", eis os professores novamente a reclamar um bocado de atenção. Ontem, pressionado pelos associados, o sindicado dos servidores da Educação (Sintese) fez críticas ao novo governo: os professores não estariam recebendo a progressão horizontal (mudança de classe) e o triênio, como determina o Plano de Carreira e o Estatuto do Magistério. As gratificações, até o ano passado, eram incorporadas à remuneração de forma automática. Agora, para obter o direito, os professores devem protocolar pedido e esperar a aprovação. O Sintese, coitado, teve que a duras penas abrir o bico. Certamente, sofrendo muito por dentro, repudiou a ação de Sua Alteza Real, considerada como uma humilhação à categoria. Disse ainda, tomará as providências necessárias para garantir o direito dos educadores. Sabemos haver agora muita gente rindo dos professores e até dizendo "bem feito!". Mas deve-se considerar uma questão. Nem todos são militantes vermelhos ou mesmo melancias. Há quem nunca tenha aprovado o modo petista de desorganizar. Outros, por sua vez, definem o garboso príncipe como soberano de muito papo e pouca ação. Por conta desse grupo, e dos comprometidos verdadeiramente com a qualidade do ensino nas escolas estaduais, é que devemos rogar tenha mesmo o Sintese coragem de peitar Sua Alteza Real. Quem sabe, fazem-no pensar duas vezes antes de abrir a falante boca e fazer promessas sem lastro! Aliás, até o momento, o sindicato-leão tem se comportado como sindicato-avestruz. E no governo das mudanças, as grandes novidades trazidas pelos vermelhos só vêm para arruinar a vida. Coisas da vida...

E.Zine 11/07 N103

DESPREZO, INCAPACIDADE A saúde municipal de Aracaju está na UTI. Vítima da herança maldita deixada por Sua Alteza Real, um rombo de mais de R$ 10 milhões, o prefeito Edvaldo Nogueira Foguinho está engessado. Postos de saúde e unidades hospitalares funcionam precariamente. Em recente inspeção técnica ao Hospital Fernando Franco (Zona Sul), o presidente do sindicato dos Médicos de Sergipe José Menezes constatou não ter a unidade condições de ser chamada de hospital. Faltariam, por exemplo, aparelho de raio-x, eletrocardiógrafo e enfermarias. Ainda segundo o clínico, no Posto de Saúde Paulo Marcos (Zona Oeste) a situação é a mesma desde quando foi inaugurado. Para piorar o clima, os fiscais da CGU (Controladoria-Geral da União) encontraram no Fernando Franco equipamentos abandonados cinco meses depois de comprados por R$ 189,5 mil. A lista, com dez itens, inclui um ventilador pulmonar para o tratamento de pacientes com problemas respiratórios. Um representante da PMA alegou pendência no controle patrimonial para justificar tamanho descaso. Também chamou a atenção dos auditores da CGU a obra de ampliação do Hospital Santa Isabel. Quatro anos e quatro meses após a ordem de serviço autorizando seu início, a obra, orçada em R$ 985 mil, está completamente abandonada, com risco inclusive de perda total dos recursos já investidos. A prefeitura preferiu não se manifestar sobre o assunto. Herança maldita, pronto-socorro que assim não pode ser chamado, falta de zelo com caríssimo material hospitalar, falta de medicamentos, falta de especialistas, obras abandonadas... O cabedal de incúrias é bastante vasto. Até quando o prefeito comunista da Capital vai continuar calado, assumindo sozinho o ônus pela incompetência dos aliados vermelhos? Enquanto isso, Sua Alteza Real prepara o caldo onde uma nova candidatura a prefeito é fermentada... FARRA DOS CARTÕES Enquanto a esmagadora maioria dos brasileiros sobrevive com poucos mais de R$ 1,0 por dia, servidores públicos federais privilegiados torraram nos últimos seis meses R$ 36,2 milhões através de cartões corporativos, superando em R$ 3,2 milhões todos os gastos efetuados durante 2006 (Correio Braziliense, 09/07). Para quem ignora, o cartão corporativo permite aos funcionários do governo federal a realização de saques ou pagamentos de rotina sem a necessidade de autorização prévia. Dados da Controladoria-Geral da União mostram a evolução dessas despesinhas desde 2004. Naquele ano, os vermelhos queimaram, fora os salários e diárias, R$ 14,1 milhões. Em 2005 foram R$ 21,7 milhões. No ano passado as despesas subiram para R$ 33 milhões. E agora, na metade do ano, já superam as de 2006. A questão é: onde e como esse dinheiro foi gasto? Sob o argumento do risco que a publicidade dos dados poderia representar para a segurança do presidente da República e também do País, tais informações são mantidas em segredo. Só pode ser piada!

E.Zine 10/07 N102

"SE ATRAPALHOU-SE?" Na sexta-feira, após conhecer o conteúdo da entrevista coletiva do ex-mandatário falando sobre a aprovação pela ANP da refinaria, Sua Alteza Real disse ter estranhado que "as pessoas apresentadas por João Alves Filho na campanha eleitoral não coincidam com as recebidas por ele agora" (portal INFONET, 07/07). Já ontem, antes de mais uma de suas viagens, o soberano príncipe disse estar "conversando com os investidores, e que eles fizeram queixas muito graves sobre o comportamento do governo passado, de utilizar o projeto de forma eleitoreira" (Sem Censura, FM LIBERDADE). Se Sua Alteza Real está conversando com emissários diferentes dos apresentados pelo ex-mandatário no ano passado, como poderiam essas tais criaturas comentar fatos desabonadores ao ex-governo, tratando inclusive do uso eleitoral da refinaria, se não são as mesmas de nove meses atrás? A nova turma deve ter assimilado o golpe por osmose... NÃO DÁ PARA ENGOLIR A versão oficial da secretaria estadual de Saúde para abandonar a maternidade Nossa Senhora de Lourdes, e deixar a míngua centenas de mulheres pobres com gravidez de alto risco, é uma suposta falta de prestação de contas de metade dos recursos destinados à obra. O secretário Rogério Carvalho chama isso de caos. Se existe a irregularidade, apure-se. Para isso existe a Procuradoria do Estado, o Ministério Público, a Polícia... O fato não impede a maternidade de ter concluídos os reparos necessários a funcionar. Não se justifica deixar esse patrimônio deteriorar quando já poderia estar servindo à população. A piorar a situação, aduladores reais infiltrados na imprensa buscam desqualificar a presidente da OMF (Organização Mundial da Família) Deisi Noeli Kusztra. Acusa-se esta senhora, cujo cabedal de ações de promoção da igualdade social faz-la reconhecida por governos, instituições e autoridades do mundo inteiro, de práticas ilícitas. Se o ex-mandatário tratou com pessoa cuja ficha criminal rivaliza com as de certos aliados do novo governo, tal conchavo merece punição severa. Porém, observando as evidências, se tudo não passar de mais uma jogada suja para encobrir o escândalo de manter fechada, por capricho, a mais moderna maternidade pública do Nordeste, alguém terá de responder (e pagar caro) pelas muitas vidas perdidas nesses seis meses. É do conhecimento do respeitável público, pode até demorar, mas a verdade sempre se revela. É saber esperar... (Com informações do blog PENSANDO ASSIM)

E.Zine 09/07 N101

DESVIRTUDES REAIS Fazia mais de mês, Sua Alteza Real fora alertado pelos companheiros de Brasília quanto à iminente autorização da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) para a instalação em Sergipe da Refinaria Atlântico Sul. Finalmente, em 22 de junho, foi publicada no DOU (Diário Oficial da União) a autorização. O soberano príncipe decidiu manter a informação em sigilo absoluto, enquanto negociava com representantes dos investidores internacionais responsáveis pelo financiamento da indústria. Essa história, porém, não começa agora. Tem como pano de fundo a refinaria da Petrobrás designada por Sua Inocência o compadre-salvador da Pátria para ser instalada em Pernambuco, cuja obra, depois de 15 meses de lançada, se resume à pedra fundamental, inaugurada com pompa e circunstância dias antes da campanha eleitoral. Sergipe entrou na competição pela refinaria da estatal brasileira. Mas como era um jogo de cartas marcadas, acabou de fora. O estado dispunha de um projeto, da área devidamente licenciada (ambiental) pelo Ibama e dos investidores -à época, até o presidente da empresa era sergipano (José Eduardo Dutra). Inconformado com o resultado, ex-mandatário saiu em busca de alternativas. Queria uma indústria de ponta no estado, independente da Petrobrás. Convenceu investidores, consultou especialistas nacionais e a própria ANP. Diante da obtenção do aval de todos os interessados, resolveu anunciar nos estertores da campanha eleitoral que faria uma refinaria em Sergipe. Resultado: sua candidatura à reeleição perdeu dezenas de milhares de votos quando a oposição o acusou de mentiroso e farsante. Agora, a verdade vem à tona. Após cumprir todas as exigências da ANP, os investidores estrangeiros foram autorizados a dar início à construção e operação da Refinaria Atlântico Sul na Barra dos Coqueiros. Alguns detalhes importantes: a refinaria independe do fornecimento do óleo bruto pela Petrobrás, pois a matéria-prima vem do Caribe e da África; os primeiros mercados-alvo serão a Europa e os Estados Unidos; vai produzir diesel, gás-óleo, nafta e GLP; será auto-suficiente em todos os insumos, exceto água; o pequeno excesso de eletricidade e de asfalto resultante do processo de refino será vendido como combustível para as indústrias de cimento do estado; na fase de construção serão gerados dois mil empregos diretos; em franca operação, serão 600 empregos diretos e mais de dois mil indiretos. Que fique o alerta! Usando do mesmo critério mesquinho para tentar apagar do imaginário popular um grande feito do ex-mandatário, como ocorre despudoradamente com a maternidade Nossa Senhora de Lourdes, Sua Alteza Real se prepara para engavetar a refinaria, apesar de o estado não precisar gastar um único tostão pela implantação. O silêncio dele após ter sido informado da decisão da ANP antes mesmo da publicação no DOU, mostra claramente suas intenções. Lamentavelmente, para desespero geral, a cada dia se constata que o espírito público (acima da politicagem, de partidos e questões menores) não faz parte das virtudes do soberano príncipe. Quem sabe, contaminado por aliados de reputação duvidosa, o homem tenha sido instado a ter outras preocupações, outras prioridades...