PESQUISA PADRÃO E A FORÇOSA PERGUNTA:
POR QUE JACKSON BARRETO NÃO DECOLA?
Um dos mais acreditados centros de pesquisas eleitorais de Sergipe, o Instituto Padrão realizou aferição entre os dias 20 e 22 de outubro, em 34 municípios, com margem de erro de 3,5%. Os resultados (veja ilustração à página; clique na imagem para ampliar) revelam, ao meu ver, um dado com efeito relevante sobre o moral dos governistas e, acima de tudo, entre os petistas, destronados do poder pelo governador de Sergipe em exercício Jackson Barreto: a candidatura do vice-governador não decola, mesmo diante dos gastos milionários em propaganda e do uso abusivo da máquina a fim de cooptar, para ficar numa palavra amena, lideranças políticas.
Qual seria, então, a razão primeva para essa falta de reciprocidade do eleitor? Não se deve esquecer que, mesmo sendo um político “das antigas” --e talvez exatamente por este motivo--, Jackson Barreto desperta no público certo sentimento de repulsa. Falastrão contumaz, loroteiro de primeira hora e detrator dos adversários, gente com quem invariavelmente já esteve em algum pleito, o candidato do governo tem ainda contra si um passado desastroso, com severas acusações de “improbidade administrativa”, ainda do período da cassação do mandato de prefeito de Aracaju (1988), processo conduzido pelo então governador (e hoje senador) Antônio Carlos Valadares, com o auxílio luxuoso do voto do então deputado estadual (e hoje governador licenciado) Marcelo Déda.
O eleitor sabe que pode confiar em Jackson Barreto para funções onde não esteja envolvida a ordenação de despesas, tanto é que elegeu Jackson Barreto deputado federal e logo em seguida vice-governador. Outra coisa é entregar a um político um dia considerado “o segundo maior ficha suja do Brasil” (de acordo com o programa “CQC”, da Rede Bandeirantes) as chaves dos cofres públicos. O povo não é bobo, apesar de muita gente achar-se detentor da condução da sabedoria popular, tratada nem sempre com o devido respeito. Talvez residam nestas dolorosas constatações a incapacidade de Jackson Barreto decolar nas pesquisas eleitorais, motivo para deixar seus assessores em polvorosas e com os nervos à flor da pele.
Para piorar o cenário, a população já foi informada que, caso Marcelo Déda não renuncie ao cargo, para concorrer à sua sucessão, Jackson Barreto terá de desincompatibilizar-se do cargo que hoje ocupa, se quiser concorrer --assim diz a legislação em vigor! Sem as benesses da máquina, o vice-governador perde muito da força política e financeira. Em contraposição, o prefeito João Alves Filho, sempre despontando na primeira colocação nas pesquisas, não parece disposto a abdicar do certo pelo duvidoso. O Negão já percebeu que a missão a ele confiada pelo eleitor, de resolver os problemas de Aracaju, exige dele que permaneça onde está, mantendo assim a aliança com Eduardo Amorim, que segue sendo a novidade no cenário, e incômodo para os adversários.
Por David Leite | 30/10 às 08h05 | (C)2013

DESTEMIDA E MUITO OPORTUNA A
ENTREVISTA DE EDUARDO AMORIM
Políticos são todos iguais ou alguns seriam mais iguais que os outros? François-Marie Arouet, mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire --antes de tudo, um polemista!--, se debatia em lutas titânicas contra as opiniões falsas, condenando toda atitude fundada na crença e na superstição ou ainda nos pensamentos puramente abstratos. Mas não devemos esquecer de suas convicções sobre o poder da verdade, da sabedoria e da felicidade. Fundado na premissa de que “o homem deve construir sua própria felicidade e ajudar seu próximo a ser feliz: a mais bela virtude é a benevolência; a grande lei da espécie é o trabalho”, é que leio a entrevista de Eduardo Amorim ao Cinform, edição desta semana (clique na imagem para ampliar).
Ao mesmo semanário, na edição anterior, Jackson Barreto, governador de Sergipe em exercício e candidato à sucessão do governador licenciado Marcelo Déda, acusou o grupo ao qual o senador comanda de agir como “predador”, e que “a sociedade brasileira e sergipana não aceita mais esse tipo de ação predatória”. Parece piada Jackson Barreto dizer-se preocupado com os cofres públicos --sim, a assertiva contra o adversário tem este tom generoso! Aliás, sobre predação do Erário, o danado do falastrão é autoridade notória, com carradas de processos por “improbidade administrativa” descansando nos escaninhos do Supremo Tribunal Federal. O Brasil é uma mãe com políticos “predadores”.
Meu herói filosófico francês discorria sobre a natureza da alma humana sem aquelas travas do “bem” e do “mal” bíblicos. Qual é o destino do homem, afinal? O homem bom existe? Ao dirigir-se em resposta a Jackson Barreto, Eduardo Amorim fez ao Cinform uma afirmação bastante voltaireana: O passado de cada um dirá quem é “O” predador --“(Mais) Uma atitude para querer enganar o povo”, comenta o senador sobre as palavras de JB, que julga serem “inapropriadas” para um governador e candidato. Como discordar de Eduardo Amorim ao afirmar uma verdade incontestável sobre quem é JB? “Quando se diz que ele (Jackson Barreto) está zen, é porque é do interesse dele estar. Mas as atitudes e as práticas dele são as mesmas do passado, que foi devastador...”
A entrevista merece ser lida porque revela as intenções de um político que se diz diferente. Políticos são todos iguais ou alguns seriam mais iguais que os outros? Leiam e reflitam.
Por David Leite | 28/10 às 12h15

PS: Havendo dificuldade para ler mesmo quando o texto for ampliado, sugiro baixar o arquivo e lê-lo no seu processador de imagens.