:: Quarta-feira, 14.11.2007 :: Edição N190 ::

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HAJA CREOLINA
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Quando o assunto é o próprio bolso ou o bolso dos “chegados”, os petistas são capazes de tudo. Os tais Conselhos das empresas (autarquias) do governo estadual, por exemplo. Por conta da cantilena dita no passado, a deputada Ana Lúcia Menezes talvez tenha agora de lavar a boca e escovar a língua com creolina. Em 2006, ela se dizia preocupada com os professores, “os mais prejudicados com a mensagem governamental” prevendo o reajuste da categoria, “enquanto servidores comissionados e conselheiros têm os proventos valorizados”. Defendia também que os indicados a Conselhos fossem eleitos democraticamente. “Na Educação, por exemplo, os pais têm de participar”. Ana Lúcia Menezes, com verve inflamada, acusava o ex-mandatário de beneficiar apadrinhados e desprezar a massa trabalhadora, através dos Conselhos. “A política é só para os amigos do governo, inclusive aqueles que não são funcionários, como é o caso dos integrantes dos Conselhos, que são convidados para ganhar R$ 2 mil, participando de uma ou duas reuniões por mês, enquanto o servidor trabalha todo dia e ganha 300 reais”. De lá para cá, muita coisa mudou. O governador é outro. O partido a comandar o estado é o PT. O ganho dos conselheiros sofreu reajuste, passando de R$ 2 mil para R$ 2,9 mil/mês. Transmutou também a falastrona professora-deputada Ana Lúcia Menezes, hoje secretária de Inclusão Social. Além do salário líquido de R$ 12 mil, ela acumula mensalmente, desde janeiro, e sem qualquer chiadeira, quase R$ 3 mil como “conselheira” da Dehidro, onde nem comparece. A moralização na indicação de conselheiros (eleição) e a valorização (salarial) dos servidores são agora páginas viradas para a nobre petista. A justificativa é simples: se existem os Conselhos, os probos filiados do PT e aliados têm todo o direito de também usá-los para engordar os salários, como faziam os apaniguados das gestões anteriores. Se críticas havia, já foram devidamente “superadas”. A professora-deputada-secretária Ana Lúcia Menezes, contudo, não é a única ex-devota do fim do fisiologismo, do clientelismo, da esperteza a mudar radicalmente de opinião. É apenas mais uma dos inúmeros petistas a chafurdar-se no mel das benesses da mãe-estado. Por todos os lados, onde quer que se olhe, haverá alguém do PT pronto a abdicar da falação dita até recentemente para aproveitar cada gota do manjar governamental! Na lista dos apaniguados do governador Marcelo Déda figuram com quatro conselhos –jetom de R$ 12 mil/mês + 12 mil de salário- os secretários Osvaldo Nascimento (Infra-Estrutura) e Clóvis Barbosa (Governo). Com três Conselhos –jetom de R$ 9 mil/mês + 12 mil de salário- os secretários Nilson Lima (Fazenda), Lúcia Falcón (Planejamento) e Jorge Santana (Ciência e Tecnologia). Os demais recebem, além do salário de R$ 12 mil, jetom de R$ 6 mil por integrarem dois Conselhos, exceção apenas da Ana Lúcia Menezes e de Bosco Mendonça (Transportes), cada um com um único conselho. Mamata - Recentemente, foi aprovado projeto do governo do PT criando o Conselho Estadual de Acompanhamento e Controle Social, do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação em Sergipe. O projeto recebeu duas emendas do deputado Francisco Gualberto. Ambas acrescentam ao Conselho um representante da Universidade Federal de Sergipe e outro do Sindicato dos Servidores da Educação (Sintese). Agora são 13 membros, a maioria a ser indicado pelo governador Marcelo Déda. Ou seja, é mais uma boquinha para petistas e aliados.
Haja creolina...
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::: CALEIDOSCÓPIO :::
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DESFAZENDO O MAL FEITO (Do sítio http://cajueirosepapagaios.zip.net/) Por GRACE MELO O jornalista José Cristian Góes, em sua coluna de 27.01.2004 no portal INFONET, criticou de forma ferrenha os deputados estaduais que votaram a favor da taxação dos aposentados e pensionistas. Colocou a culpa em João que tinha maioria na casa. “João tem 16 deputados em suas mãos contra apenas oito contrários aos seus desejos e caprichos. É uma lavada”, afirmou. No meio da história, Cristian lista os deputados que votaram contra a taxação: Belivaldo Chagas, Ana Lúcia, Maria Mendonça, Ulices Andrade, Fabiano Oliveira, Francisco Gualberto, Pastor Mardoqueu, Gilmar Carvalho e Garibalde Mendonça. Como perguntar não ofende, por que não desfazer o “mal-feito”, já que os ex-oposicionistas são hoje os donos da situação? . MAGDA DAS ZAMÉRICAS (Do sítio http://www.pep-home.blogspot.com/) Por ADRIANA VANDONI Não tenho um pingo de simpatia por Paulo Maluf e não concordo com seu relatório favorável a entrada da Venezuela no Mercosul, mas gostei dele chamando Hugo Chávez de "psicopata" e "cafajeste". Além disso, Maluf acusou Chávez de violar a liberdade de imprensa, de provocar uma "corrida armamentista" no continente e de ser o "verdadeiro governante" da Bolívia. Resumindo: Cala a boca, Hugo!

:: Terça-feira, 13.11.2007 :: Edição N189 ::

O AMARELO-NEGÃO
De modo geral, gente não-remunerada que ajudou na caça aos votos para eleger Marcelo Déda agora questiona as reais intenções daquela cantiga monótona, suave e melodiosa de mudança. Afinal, o modernoso governador revelou-se em certa medida mero plagiador do ex-mandatário. Não fosse a estonteante beleza, a sedução pomposamente poética e a tez amarelada, passaria pelo próprio, tamanha a obsessão por copiar-lhe defeitos e virtudes. Na oposição, Marcelo Déda esconjurava as maiores obras do ex-governo, pois seriam “desnecessárias”. As críticas se concentraram especialmente na ponte Aracaju-Barra dos Coqueiros, cujos embargos tiveram como autor intelectual ele próprio. Primeira grande obra anunciada por Sua Alteza, após oito meses e meio de administração? Uma ponte (!), cujo projeto sem tirar nem por uma única vírgula é do ex-governador João Alves Filho. Através de “porta-vozes” infiltrados na imprensa, de parlamentares a ele ligados e por vezes de viva-voz, o então oposicionista Marcelo Déda considerava “indecente”, para dizer o mínimo, a “complementação” salarial de apaniguados do governo paga através de Conselhos das empresas (autarquias) do Estado*. Agora, como se desmemoriado da falação, o intrépido petista “encontrou” neles a fórmula mágica para cevar de bom repasto o bolso de petistas, aliados e até de afins arraigados à máquina estadual. A lista é imensa. Segundo o JORNAL DA CIDADE (11.11), seriam 72 conselheiros, alguns com até cinco Conselhos. Os mais gulosos protegidos do governador Marcelo Déda a se lambuzar desse mel são o vice-governador Belivaldo Chagas, o presidente do PT e secretário do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Márcio Macedo Babão, e o secretário-chefe da Casa Civil, Oliveira Júnior. Além do salário líquido de 12 mil reais, receberiam a mais 15 mil/mês. Ou seja, fecham o holerite mensal com 27 mil reais na conta bancária... Aduladores com acesso à cozinha do Palácio do Governo falam de uma outra lista muito maior ainda, mais rechonchuda e que incluiria “ex-mulher de político, parente, inimigo político e até empregada doméstica”. Seria a dos comissionados (CC), também inflados com gordos salários. Um língua-solta, do tipo lambe-botas, diz em mesas de bar com voz gutural e estridente ser este o “governo das comadres”, numa alusão à enxurrada de nomeações de “familiares” de secretários e membros de outros poderes, e também do garboso governador. Seja como for, a cada novo dia Marcelo Déda expõe claramente uma faceta torpe da sua personalidade: ao criticar o ex-mandatário, fazia-o por pura inveja. Quando denunciava supostas improbidades ou deslizes, era apenas para iludir o respeitável público. Na verdade, queria fazer tudo igualzinho! De tão similar, pode-se dizer que estamos diante de uma mutante aberração... No pequenino Sergipe, eis que surge o primeiro ser Amarelo-Negão!
  • (*) Aos incautos: as estatais por lei devem ter a administração fiscalizada por conselheiros remunerados mensalmente, independente se prestem ou não algum tipo de aconselhamento.
A MAMATA DOS CONSELHOS Deagro, Dehop, Dehidro, Agetis, ITPS, Hemolacen, Degrase, Detran, DER, Ipesaúde, Ipesprevidência, Pronese e Codise são as jóias da coroa. Têm entre nove e doze conselheiros, recebendo cada um 2,9 mil reais mensais -Banese e Sergás pagam menos: 2 mil reais/mês. Há também Conselhos na Deso, Jucese, Adema, Fundação Renascer, Fundap e Fapitec, pagando valores que variam de 458 reais a 2 mil reais/mês. Têm um número menor de conselheiros. Entre cinco e oito. Existe ainda o Conselho Estadual de Previdência Social, composto por um secretário, um procurador do Estado, um representante da Secretaria de Administração, um da Secretaria da Fazenda, um da Secretaria de Governo, o presidente do Ipesprevidência, um representante do Legislativo, um do Judiciário, um do Tribunal de Contas do Estado, um do Ministério Público Estadual, um dos servidores civis ativos, um dos militares da ativa e por fim um representante dos inativos e pensionistas. Em todos, a maioria dos cargos é de indicação exclusiva do governador.
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::: CALEIDOSCÓPIO :::
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MUITO PAPO, NENHUMA AÇÃO
Geralmente arredia à mídia, a senadora Maria do Carmo quando resolve falar diz sempre o que pensa. É dos poucos entes políticos a não se importar se as opiniões vão ou não agradar. Ou mesmo se destoam do cabedal ideológico ou estratégico do agrupamento que integra. Não sem razão, por vezes criou situações de extrema contradição com o pensamento do líder maior dos Demos sergipanos e marido dela, ex-governador João Alves Filho. Na entrevista domingueira do JORNAL DA CIDADE (11.11), a senadora disse ser contrária à manutenção da CPMF, pois não seria boa para ninguém. “Nem para os pobres com contra bancária”. Culpou o governo do presidente Lula da Silva pelo “apagão” aéreo. “Não fiscaliza as companhias áreas nem os aeroportos. (...) Quem é obrigado a viajar no Brasil tem medo”. Disse não acreditar na candidatura do Negão a prefeito de Aracaju e que tudo vai depender do quadro político (pesquisas) no próximo ano. Também descartou a possibilidade de ser ela própria a candidata. Quanto ao PSDB, não afastou a chance de aliança em 2008 e 2010 e encerrou a entrevista avaliando o governo do PT: “A única coisa que funciona é a comunicação. Trabalho não há nenhum. Tudo não passa de conversa (...) e isso deixa todo mundo desanimado. O povo esperava muito trabalho, muita ação, mas ninguém vê nada disso”.

:: Segunda-feira, 12.11.2007 :: Edição N188 ::

MUITO ESTRANHO
Alguma coisa desandou pelos lados do esfomeado JORNAL DO DÉDA (antigo JORNAL DO DIA). A publicação tem sido nas últimas semanas muito ingrata com o patrono, governador Marcelo Déda. O diário tem tiragens ínfimas, longe dos demais -cerca de 1/3. Também perde de feio no somatório semanal para a tiragem do CINFORM. Porém, recebeu do governo estadual e da prefeitura de Aracaju, até setembro, quase 665 mil reais, contra 93 mil reais do CORREIO DE SERGIPE (tiragem diária de quatro mil exemplares) e 280 mil reais do CINFORM (tiragem semanal de 25 mil exemplares).
A derrocada no "desalinhamento" político tem sido recorrente. Os mais aguerridos colunistas do JORNAL DO DIA e até lisongeadores de Sua Alteza passaram a criticar enfaticamente a politicagem em voga no estado, sem falar dos editoriais contra o governo do PT e o próprio noticiário, recheado de farto material contrário à administração Marcelo Déda.
Ou o JORNAL DO DÉDA parou de receber a portentosa grana, tão necessária para manter-se de pé e cobrir os custos das dezenas de processos perdidos na Justiça por leviandade, calúnia e difamação -o diário teria de vender até as cuecas para honrar as penas, não fosse a providencial ajuda do governo do PT, a quem escolheu apoiar integral e notoriamente, desde o anúncio da candidatura de Marcelo Deda. Ou o JD foi acometido de um surto de lucidez.
Ainda é cedo para chegar a algum veredicto. Mas que está muito estranho, está...
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::: CALEIDOSCÓPIO :::
. O líder dos Demos na Câmara, Onyx Lorenzoni, expõe na ISTOÉ desta semana a estratégia dos petista manter a boquinha no governo federal. Para o deputado gaúcho, a aprovação de um terceiro mandato para Lula da Silva, se sair, não será sem uma grande batalha. Vale a pena ler o artigo. É curto e objetivo: OS "QUERO-QUEROS" DE LULA Por Onyx Lorenzoni Acaba de surgir o movimento quero-quero na Câmara dos Deputados. É comandado por um grupo de deputados companheiros que trabalham para abrir caminho para o terceiro mandato de Lula. O sucesso desta empreitada está diretamente ligado à aprovação da prorrogação da CPMF, imposto que deverá arrecadar R$ 120 bilhões até 2010. O dinheiro do sistema público de saúde turbinará a saúde política do PT e seus aliados. O raciocínio deles é simples: ganhando a batalha CPMF contra a oposição, a classe média e boa parte do empresariado, por que não tentar emplacar mais quatro anos para o presidente? Por que não impor este casuísmo, esta excrescência? Afinal, já há o exemplo de Hugo Chávez e Néstor Kirchner, que passará a faixa para Cristina, sua mulher, e continuará morando na Casa Rosada. Terceiro mandato significa quebrar o princípio da alternância no poder, um dos pilares da democracia. E, se vingar o terceiro, por que não tentar o quarto ou quinto? É lamentável que um bando de petistas aloprados, inebriados pelo poder, se transforme nos cupins da liberdade e da democracia. A própria personalidade do presidente estimula a manobra dos quero-queros. O maior herói de Lula é ele mesmo, que, do alto de sua vaidade sem limites, se julga um predestinado. Tão predestinado e tão candidato de si mesmo que jamais se preocupou em construir uma candidatura capaz de sucedê-lo dentro da normalidade. Os aloprados do PT imaginam aprovar o terceiro mandato na Câmara sem resistência. Estão iludidos. Vão acabar como os pássaros da lenda gaúcha sobre a fuga da Sagrada Família para o Egito. Perseguidos pelos soldados de Herodes, José, Maria e o Menino Jesus se escondiam e pediam silêncio aos bichos. Todos obedeciam, menos o quero-quero. Queria porque queria cantar. E dizia: "Quero! Quero! Quero!" E tanto disse que foi castigado por Nossa Senhora: ficou querendo até hoje. (©ISTOÉ, 13.11)