CARLOS BATALHA E OS OUTROS GOVERNISTAS NOVOS
“Farinha pouca, meu pirão primeiro.” O velho adágio sintetiza os bastidores da eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal de Aracaju. Para fazer presidente Josenito Vitale – vulgo, Nitinho –, o padrinho do prefeito Edvaldo Nogueira, o indefectível desgovernador Jackson Barreto, só precisou de alguns poucos “argumentos” para cooptar uma turba sedenta.
Engana-se, contudo, quem enxerga aqui mais uma derrota da oposição! Que contrapartida haveria aos mimos garantidos pelo festivo Jackson Barreto, o poderoso Senhor dos Diários Oficiais de Sergipe e de Aracaju? Candidato a reeleição, Vinícius Porto argumentava com os oposicionistas – e até com governistas menos famintos – sobre a importância estratégica de se manter o contraditório. Quando a vitória lhe parecia certa, o jeitoso desgovernador entrou em cena.
Do outro lado, Edvaldo Nogueira tentava negociar. Foram muitas as conversas com todos, nas quais encontrou majoritariamente o descrédito. Sentido o cheiro da derrota, apressou-se no pedido de socorro ao padrinho. Pragmático, Jackson Barreto afastou o prefeito e Carlos Cauê das tratativas e passou a ligar pessoalmente para os vereadores, em especial os eleitos no grupamento do ex-prefeito João Alves Filho – ou seja, justamente quem deveria dar suporte a Vinícius Porto.
Em resumo, o desmantelamento do grupo político do Negão – e, em certo sentido, da oposição a Edvaldo Nogueira – contou com o auxílio venal dos próprios aliados do ex-prefeito.
Exemplo gritante vem do neófito Thiaguinho Batalha, filho do secretário de Comunicação de João Alves Filho, Carlos Batalha, agora um convicto governista! Votou em Nitinho, e assim ajudou a empregar papai e o irmão – Carlos Batalha será diretor de Imprensa da Câmara de Vereadores; o irmão, chefe de departamento na Secretaria Estadual do Esporte. Na imprensa, Thiaguinho Batalha argumentou que ele e o papai são pessoas diferentes. Sem dúvida, muito “diferentes”…
Vinícius Porto também levou rasteira dos colegas de bancada Juvêncio Oliveira e Manoel Marcos, ambos cooptados. Juvêncio Oliveira, inclusive, dizia-se “o candidato de Jackson Barreto” a presidente, para constrangimento até das pedras do Morro do Avião. Aceitou ser vice-presidente na chapa de Nitinho, sem falar dos cargos comissionados. Já Manoel Marcos, hoje um tucano, manchou a biografia ao render-se às benesses do Poder. Tido como homem de palavra, o “médico dos pobres” falhou.
Convenhamos, o prefeito Edvaldo Nogueira tem sorte! As contradições políticas parecem não lhe afetar. Na campanha, por exemplo, acusou Valadares Filho de esconder o apoio do Negão, que este não tinha. Hoje, para garantir uma Câmara Municipal dócil, aceita que o padrinho lhe ponha no colo exatamente a bancada de João Alves Filho – um caradurismo sem vergonha!
Quanto aos novos governistas – Carlos Batalha (e o filho), Juvêncio Oliveira e Manoel Marcos –, eles até podem receber as migalhas oferecidas por Jackson Barreto. Porém, jamais serão convidados para o grande banquete dos verdadeiros espertos. Afinal, quem se vende uma vez, jamais recupera o respeito! Eis a questão.