E.Zine 22/06 N90

SANTA SANTIDADE O papa Bento 16 pode receber a qualquer momento o pedido de canonização de mais um santo brasileiro. Nascido na pequena Santa Rosa de Lima (SE), o milagreiro já fez de tudo na vida. Foi carteiro, vereador, provador de panela, prefeito de Aracaju e atualmente faz pregação em Brasília como deputado federal. Dia desses, o candidato a santo foi à TV maldizer os hereges conselheiros do TCE (Tribunal de Contas do Estado), apontados por ele como cúmplices da trama que resultou na sua cassação. Lembrou o martírio sofrido ao deixar 20 atrás a prefeitura por conta de uma bobagem: a bagatela de 300 e tantos processinhos, onde era acusado de usar o dinheiro público como se a ele pertencesse! O milagreiro, entretanto, esqueceu de comentar ter sido seu hoje aliado senador Antônio Carlos Valadares o autor do pedido de intervenção, encaminhado à Assembléia Legislativa com base em extensa auditoria do TCE. Também apagou da memória ter Sua Alteza Real e o outro deputado do PT, Marcelo Ribeiro, ajudado a desempatar aquela pendenga. Até então, 11 parlamentares haviam votado pela NÃO CASSAÇÃO (PFL) e 11 pela CASSAÇÃO (PMDB e PL). Resultado: 13 cabalísticos votos selaram o fim da gestão do candidato a novo santo. Mas nada disso, inclusive pelo coração pendido ao perdão fácil, tira o mérito do requerimento ao Vaticano. Por outro lado, para efetivar uma canonização segundo o trâmite do Direito Canônico, exige-se a comprovação de pelo menos três milagres realizados pelo indicado. No caso do venerável sergipano certamente haverá um senão. Afinal, seu único milagre vale por dez. O feito extraordinário contrário às leis da natureza do novo santo brasileiro São Jackson Barreto de Lima, o probo imaculado, é possuir ficha corrida judicial de mais de cinco metros -metade dela por improbidade administrativa- e ainda assim continuar solto!Oremos ao Santo Padre pelo milagre dessa santificação... COM ALIADOS ASSIM... Não se assuste o respeitável público com os escritos do assessor parlamentar e presidente (nas horas vagas) do Sindicato dos Jornalistas de Sergipe José Cristian Góes, malhando a conduta ética do soberano príncipe. Trata-se apenas de mais uma missão cumprida por ele com zelo, atendendo ordens de vermelhos insatisfeitos com a gestão de Sua Alteza Real. No artigo "As contribuições da imprensa para revelar Sergipe" (Jornal do Dia, 21/06), José Cristian Góes duvida da pureza de intenções do garboso monarca no encontro com Susana Azevedo, onde foi acertada a troca de cargos e favores pelo apoio na Assembléia. Disse o ingrato ex-lisonjeador: "Flávio (Conceição) e Susana têm muito a conversar, mas essa ligação específica (exibida pela TV Atalaia, 18/06) mostra quanto custa um deputado estadual no atual governo: R$ 15 mil -pode ser em cargos- por mês. Nas votações mais importantes, de quanto é a fatura?". Sem se importar com o nível da ofensa moral a Sua Alteza Real, a quem serviu até bem pouco tempo como secretário de Comunicação, José Cristian Góes disse estar a corrupção ativa e passiva tão enraizada nas instituições que se acha normal a compra de deputados e o pagamento de mensalões. No caso do novo governo, seria "uma situação ‘éticamente sustentada'". Aproveitou ainda a ocasião para descer o sarrafo na classe que representa. Para José Cristian Góes, a imprensa sergipana não deu a devida importância à nota pública divulgada pelo governo do estado(19/06): "Aquilo é a confissão explícita da compra e venda de apoio (voto) na Assembléia, (...) com dinheiro público"; "Situação ‘eticamente sustentada'. Imagine o quanto ainda não pode ser revelado neste estado"; "A contribuição da imprensa não é apenas divulgar os fatos, mas revelar os fatos que estão escondidos debaixo de frágeis véus transparentes". Como se sabe, poucos conhecem tão bem o "modus operandi" vermelho quanto José Cristian Góes. E já que ele revolveu abrir a boca, daria grande contribuição à luta pela moralidade e ética na política brasileira se revelasse logo esses tais "fatos escondidos debaixo de frágeis véus transparentes". Pouparia assim o trabalho investigativo da polícia e do Ministério Público, iniciando o tal "processo de apurar e denunciar" sugerido por ele como sendo "o papel que cabe à imprensa". Tem nosso integral apoio!

E.Zine 21/06 N89

HIPÓCRITAS CONTRADIÇÕES A imprensa sergipana é engraçada. Depois da veiculação de um dos diálogos entre Flávio Conceição e a deputada Susana Azevedo (TV Atalaia, 18/06), o novo governo apressou-se por distribuir nota negando ter havido favorecimento em troca de apoio político na Assembléia. Fossem outros os tempos, certamente muitos seriam os jornalistas e radialistas a ver com outros olhos as explicações do soberano monarca. Como vivemos um novo tempo, tudo foi aceito como a mais pura e cristalina verdade. Diz o item 2 da nota palaciana: "A deputada Susana Azevedo declarou interesse em apoiar o governo e manifestou o desejo de participar da administração. Nesse sentido, apresentou extensa lista com nomes e respectivos cargos de pessoas do grupo político da deputada que ocupavam espaços na administração anterior e que foram demitidos no início do nosso governo, reivindicando a sua recontratação. Em nenhum momento se falou em valores nem se contabilizou totais". Sendo assim, como Susana Azevedo chegou a um número fechado (R$ 15 mil), através do qual haveria a contrapartida pelo seu apoio ao novo governo na Assembléia? Haveria entre os demais deputados que pularam de galho para garantir maioria ao novo governo tratamento semelhante ao dispensado pelo príncipe a Susana Azevedo? De quanto seriam, somados, os valores dos cargos repassados a cada um deles pelo apoio -por mera coincidência, claro, seriam algo em torno de R$ 15 mil/mês? Pregando um novo tempo através de compromissos históricos de mudança, Sua Alteza Real contradiz sua história pessoal e política ao abusar das práticas de cooptação tão malogradas pelos vermelhos quando estavam na oposição. Mas, nada há de novo no estilo vermelho de tratar com parlamentares! Quem não lembra do malfadado mensalão, que sangrou quase R$ 2 bilhões dos cofres federais e continua sendo tratado pela Polícia Federal como um caso sem importância? Entrementes, a imprensa, cuja maioria dos profissionais tem um quebra-galho em algum órgão da administração estadual, finge-se de morta. Haja esperteza...

E.Zine 20/06 N88

SAUDADE? Do alto de sua soberana humildade, o garboso príncipe interrompeu o estafante arruma e desarruma malas para mandar recados à plebe rude (e ignara). Segundo comentou ao Jornal da Cidade (17/06), a oposição estaria sofrendo de "saudades do poder", razão pela qual "os oposicionistas reclamam de tudo, e botam gosto ruim em tudo o que o (novo) governo faz ou tenta fazer". Para o experimentado monarca, os hoje oposicionistas "passaram 15, 20 anos mandando e estão no direito de criticar". Se o sentimento da oposição for mesmo apenas o saudosismo, como diz Sua Alteza Real, melhor seria deixar de lado as cobranças pelos quase seis meses sem nada de novo (a não ser a insatisfação ainda maior do povo com os setores vitais: saúde, segurança, educação) e partir para uma nova estratégia. Talvez fosse o caso de juntar todo mundo -vermelhos, verdes, furta-cores...- num mesmo saco, pois em Sergipe quando a oposição diz haver algo errado o faz por mero capricho, por vontade de ter também (ou voltar a ter) uma boquinha; pelo desejo de melar tudo, de botar gosto ruim na sopa ralinha e insossa de quem está no governo! E como fazer oposição já foi a maior especialidade do sapiente soberano sergipano... GOLES DA PURA VERDADE Deve ter sido sob forte embriago de memória que o lisonjeador real Gilvan Manoel escreveu o artigo "O Carimbo da Ilicitude" (Jornal do Dia, 17/06). Rememorando o exato instante quando o hoje deputado federal Jackson Barreto foi destituído da prefeitura de Aracaju sob a acusação -apenas uns 300 e poucos processos!- de usar o dinheiro público como se dele fosse, Gilvan Manoel apelou para mais uma teoria da conspiração. Segundo locupleta, estaria o TCE (Tribunal de Contas do Estado), já naquela época, pendido mais ao doce veneno da política que ao julgamento pelos dados técnicos (auditorias): "A intervenção que afastou JB do comando da prefeitura se caracterizou como um verdadeiro golpe político para evitar o avanço de um líder carismático e popular". Observando as gravações onde Flávio Conceição afirma a intenção de devassar as contas do lixo (Emsurb) e da saúde (Secretaria Municipal de Saúde) durante a gestão vermelha, observa-se que, trazer à tona tal evento, teve por único fito a defesa prévia do soberano príncipe. Se Jackson Barreto, um abastado coitado, foi vítima 20 anos atrás de complô urdido por grupos políticos (incluindo o PT e seus deputados estaduais à época Marcelo Ribeiro e Sua Alteza Real) e econômicos, a elite dos funcionários públicos e o TCE, quem poderia segurar agora o ímpeto dos que não deglutem "os compromissos históricos de mudança" sintetizados na "vitória incontestável" do príncipe? Como um gole de lucidez não faz mal a ninguém, melhor seria se Gilvan Manoel questionasse o inverso: haveria na intenção -pura ou espúria- de Flávio Conceição algum fundo de verdade? Por que investigar o lixo e a saúde da PMA durante as gestões de Sua Alteza Real mereceria defesa prévia tão apaixonada ao ponto de se apelar para a cassação do político sergipano com mais de cinco metros de ficha corrida judicial, metade dela por improbidade administrativa? Se o TCE não tem competência (moral e técnica), por que não contratar então uma auditoria independente e tirar tais imbróglios a limpo? A pura verdade, respeitável público, sempre desce mais suave...

E.Zine 19/06 N87

SE CORRER, O BICHO PEGA... A aparente calmaria entre PT e PC do B é apenas fumaça. Em quatro paredes, o bate-boca está num nível impróprio a corações moles. As rusgas ocorrem por fatores distintos, no entanto acabam convergindo em torno da sucessão 2008. A herança maldita deixada pelo soberano príncipe é o principal motivo das queixas do prefeito comunista. Aos assessores mais chegados, Edvaldo Nogueira diz sem meias palavras ter recebido uma prefeitura desorganizada (não há nem nunca houve um planejamento estratégico visando o futuro da cidade), quebrada (por conta de prazos vencidos e de projetos não devidamente encaminhados, milhões de reais deixaram de ser alocados no orçamento deste ano) e endividada (só na Secretaria de Saúde seriam mais de R$ 10 milhões, sem falar nos quase R$ 14 milhões devidos a Deso). Na semana passada, sufocada pelas pressões de funcionários exauridos e da população através da mídia, a secretária de Saúde Lêda Lúcia Couto pediu demissão. Não deu para segurar a estrutura criada pelo ex-secretário Rogério Carvalho. Os recursos não pagam tantas despesas e Lêda não mais aceitou ser tachada de incompetente, enquanto Rogério e seus cabos eleitorais (comissionados) faturam politicamente. Restou a Edvaldo mais uma vez manter a boca fechada, pois ainda acredita que o soberano príncipe não lhe faltará no apoio à reeleição. No novo governo, o "número 1" mantém as rédeas curtas. Não quer ouvir falar de problemas com Foguinho, mas não há como evitar as piadas dos assessores contra o comunista. Há quem acha não ter Edvaldo nascido para a função; uns o imaginam letárgico e subserviente ao extremo; outros queriam vê-lo parar para pensar (sic); e há aqueles para quem o prefeito é uma mala sem alça! Porém, são as pesquisas que preocupam o garboso príncipe. Estancada na rabeira, a candidatura de Foguinho não empolga -nem os de casa (porque preferem um candidato do PT) nem o público (acostumado a figuras de maior relevo histórico, administrativo e pessoal). É aí que o bicho pega. Quem dentro do PT se acha mais capaz para competir com o candidato da oposição busca atiçar a fleuma de Edvaldo Nogueira em busca de um rompimento rápido e indolor. Mas esperto como é, o soberano príncipe haverá de manter os ânimos sob controle. Já pensa até em liberar recursos para cobrir o rombo deixado na prefeitura. Afinal, não lhe cairia bem ouvir publicamente o prefeito comunista comentando sobre a real situação em que herdou o abacaxi.

E.Zine 18/05 N66

SÃO JOÃO NO ARMÁRIO A Vila do Forró agora adormece. No ano passado, a esta altura dos festejos juninos, era palco dos mais espetaculares públicos -60, 70 e até 80 mil pessoas passaram pelas noites de brisa, música e etílicos. Espaço privilegiado, especialmente pela estratégica localização próxima aos hotéis na Orla de Atalaia, atraiu gente de dentro e de fora do estado. A visão mesquinha e apequenada dos vermelhos agiu rápido para apagar da memória popular a marca do evento, rebatizado de Arraial do Povo. Diminuíram o espaço, apresentaram atrações sem peso popular e por fim apelaram para o mais hilário simulacro, porquanto extremamente ridículo: nem São João pôde ser aclamado. Com medo de fazer lembrar minimamente o ex-mandatário, até o santo puseram no armário! Agora a festança invade o cenário dos mercados centrais. É o momento para diante da multidão aclamar-se as qualidades do prefeito comunista da Capital. Hora de o povo saber que a cidade, por incrível que pareça, tem (sim, senhor) um administrador. E como de festa -Pré-caju, Forró-caju, micareta...- os vermelhos entendem, lá vêm eles torrando o dinheiro público (dos cofres quebrados!) nos festejos juninos mais caros dos últimos 10 anos. Tudo para dourar a imagem do candidato à reeleição Edvaldo Nogueira. E viva São João!