Segunda-feira, 30/06/2008 – Ano II – Edição 283
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Quanto Maior O Homem, Mais Singular A Queda
O incomensurável poder da Presidência da República começa a ser usado para destruir os planos dos partidos adversários do PT e aliados em todo o Brasil. Na quarta-feira o governo anunciou aumento de 8% - bem acima da inflação de 2007, 5,6% - para o Bolsa-Família, carro-chefe da pragmática relação de amor entre o “pai dos pobres” e o eleitorado, especialmente o sem instrução. Três meses atrás, o então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) Marcos Aurélio de Melo disse que a legislação proibia distribuir benefícios em ano eleitoral. Nem a oposição se deu conta do enunciado. Aliás, a oposição no Congresso achou por bem aplaudir o aumento do Bolsa-Família, pois “o povo pobre não pode pagar a conta da política”, conforme disse o candidato a prefeito de Salvador (BA) pelo DEM, ACM Neto. Em ano eleitoral, quem vai de encontro ao eleitor, afinal? Ontem, o jornal O Globo publicou dados do Sistema Interno de Administração Financeira do governo federal. Entre 01/06 e 26/06 houve a liberação recorde de R$ 679,7 milhões em emendas ao Orçamento (para obras e projetos sociais) dos parlamentares aliados do presidente Lula da Silva. Ainda aguardam liberação outros R$ 3 bilhões. O presidente prometeu liberar tudo antes da eleição – no caso, até a oposição sai ganhando. Aumento de benefício e liberação de verbas do Orçamento são argumentos eletrizantes para envolver (e tentar convencer) o eleitorado da vantagem de eleger quem está afinado com o poder fincado em Brasília. Ou seja, o discurso está pronto...
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O presidente Lula da Silva já disse que apenas dois pleitos lhe interessam pessoal e politicamente. São Paulo – por razões óbvias – e Aracaju, para derrotar “a qualquer custo” João Alves Filho, o único que o incomoda. A junção de forças em torno da candidatura de Edvaldo Nogueira configura o maior acordão da história sergipana. Nunca um candidato a prefeito – governista ou não – teve tanto poder e tantos diferentes partidos em seu favor. Mendonça Prado e Almeida Lima, candidatos com reais chances de combater e vencer Edvaldo Nogueira, vão enfrentar as máquinas (federal, estadual e municipal) e a arregimentação dos 15 partidos aliados (PCdoB, PT, PSDB, PSB, PSC, PR, PRB, PDT, PSL, PSDC, PTN, PPS, PTdoB, PV e PMN). Neste contexto, a polarização ainda permanece a mesma. A real disputa é do poderoso acordão de Lula da Silva e Marcelo Déda contra o grupo de João Alves Filho, agora resumido ao Democratas e o PP de Venâncio Fonseca. Almeida Lima, caso faça uma campanha propositiva, poderá se beneficiar do confronto. Tem conteúdo, capacidade administrativa, discurso ferino e... empáfia, o pior dos defeitos numa campanha eleitoral. A oposição tem o discurso mais eloqüente. A conjuntura conspira a favor. Terá competência para por à prova o comando do presidente cujo poder parece não ter limites?