A
foto a ilustrar este escrito foi publicada na página pessoal de
alguém nominado Hildebrando Maia no Facebook, trazida em apoio a um
texto divulgado em 29/01 pela assessoria de imprensa da deputada Ana
Lúcia Menezes, sob o título “Mobilização difunde leis de
combate à violência contra a mulher”. Somente na quinta-feira passada, ao
fuçar pela rede social em questão, é que vi ambos, texto e foto.
Como encontrei questões muito intrigantes, resolvi comentar.
A
primeira delas é quanto à cor da blusa da deputada representante do
Sindicado dos Trabalhadores em Educação de Sergipe (Sintese). A
ausência da cor vermelha, típica dos petistas de carteirinha, caso
de Ana Lúcia Menezes, fala muito – grita, aliás! A interpretação
da linguagem corporal possibilita resultados surpreendentes. Por meio
dela, é possível revelar até mesmo quando alguém está mentindo
ou tentando omitir alguma informação...
No
dia em que a foto foi tomada, um domingo, a professora-deputada
perambulava por semáforos de Aracaju junto com “militantes sociais
e companheiros do mandato...”, numa “campanha de combate à
violência contra a mulher”, segundo o texto da assessoria. Não
apenas Ana Lúcia Menezes, mas quase todos os integrantes da equipe
estavam sem o vermelho tradicional. Por quê?
Tudo
indica, numa associação com a neurolinguística, possa a linguagem
corporal suscitar como razão primeva o desejo – talvez até
inconsciente – de evitar que aquela ação fosse confundida pela
população como “partidária”, “do PT”, ou mesmo a tentativa
consciente de evitar agregar àquela causa meritória o desgaste
político do governo Marcelo Déda, cujo vermelho é a cor-símbolo. Por outro lado, ao deparar-me com a foto e os comentários
elogiosos a Ana Lúcia Menezes, não pude evitar o sarcasmo de
provocar os brios da turma de contendores e disse: “Bem que a
professora Ana Lúcia Vieira – nome usado por Ana Lúcia Menezes
no Facebook, não me pergunte porquê – poderia ter o mesmo
desprendimento na luta para melhorar a qualidade do ensino público
nas escolas estaduais administradas pelo seu partido, o PT. Seria
pedir demais? Bom dia...”
A
resposta da professora-deputada não tardou a vir: “Caro David
Leite, essa é a luta que também venho travando, se acompanhar meus
pronunciamentos na Assembleia Legislativa verá que tenho apresentado
dados socio educacionais dos municípios apontando as fragilidades, e
também as possíveis soluções. Tenho feito pesquisas, e mostro aos
colegas parlamentares os programas educacionais que estão finaciando
as escolas, o mau uso dos recursos. Vou as escolas ouvir as
reivindicações dos trabalhadores/as e através disso faço
indicações de reformas.”
Não
vou comentar a sintática mal-ajambrada, pois sempre prefiro discutir
ideias... Então, fui ao sítio de Ana Lúcia Menezes na internet e
lá, de fato, constam pesquisas sobre o tipo de ensino ministrado
por prefeituras não administradas pelo PT e muita, muita loa sobre
“piso da categoria”, “luta da categoria”, “manifestação
da categoria” – e nada, nem uma vírgula que seja sobre um plano,
um projeto da deputada para melhorar a educação pública em
Sergipe.
Os
petistas sempre se ocuparam mais do ataque aos poderosos de plantão
– quando eram oposição, obviamente – do que com discussões
sérias. Encaminhei em meados de novembro passado dois estudos que
poderiam ajudar a professora-deputada a basificar a luta pela
implantação de um programa de Qualidade Total nas escolas públicas
(veja títulos abaixo). Se leu o material, nunca disse e,
convenhamos, em mais de 20 anos de movimento sindical dos educadores,
Ana Lúcia Menezes e sua turma foram competentes até demais em
ajudar a atrasar a educação. Fosse com greves, paralisações
pontuais ou simples sabotagens – usar a sala de aula como palanque
para promover o PT e seus candidatos foi o mínimo!
É
com esse espírito que se deparam agora aqueles que veem os
sindicalistas da educação filiados ao PT metidos com toda sorte de
manifestações “engajadas” – o tal do “politicamente
correto” –, menos a que mais interessa ao País e a Sergipe, em
particular: fazer da educação pública a justa porta de entrada
para a ascensão social e profissional por méritos próprios, apenas
estudando!
Seria
pedir demais?
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Além
destes dois trabalhos, recomendo ainda que a professora Ana Lúcia
Menezes e sua turma se detenham, se não for muito incômodo, na
leitura de dois outros documentos que li neste final de semana e
retomam o tema da qualidade do ensino e a importância do ensino em
tempo integral, cujo propósito não é defendido pelo Sintese pois,
ao que sugerem as manifestações do sindicato, acarretaria em mais
“trabalho” para os sofridos professores da rede estadual...