Quinta-feira, 05 de Novembro de 2009 – 18h55

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Ilibada Eminência Clovis Barbosa, Cadê o Impedimento?

Clovis Barbosa é uma quase unanimidade. Advogado especializado em direito público, petista histórico, ex-secretário de Governo de Marcelo Déda e homem de confiança do governador, Clovis Barbosa é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado. Chegou ao cargo graças aos auspícios do padrinho Marcelo Déda, através dos votos de 22 dos 24 deputados estaduais –Celinha Franco e Goretti Reis estavam ausentes.

Clóvis Barbosa ocupa a vaga do conselheiro Flávio Conceição, num imbróglio ainda não plenamente resolvido. A situação jurídica do cargo de conselheiro do TCE, no entanto, nada tem a ver com este escrito... Aqui, o conselheiro de fato é Clóvis Barbosa, pois no momento é ele o analista das contas dos administradores públicos sergipanos.

Veja bem. Em sessão do Tribunal de Contas realizada na terça-feira, o conselheiro Clóvis Barbosa, na condição de relator de processo, votou pela legalidade do contrato de prestação de serviços firmado entre a Secretaria Estadual da Saúde e o Hospital Pedro Garcia Moreno de Itabaiana, gerido pela Associação Aracajuana de Beneficência. O convênio foi efetivado na gestão do atual secretário de Saúde, Rogério Carvalho.

Dois são os pontos conflitantes neste episódio. Em primeiro plano vem o descaramento deslavado do Governo da Mudança para Pior, com a incansável crítica às contratações de empresas privadas para gerir hospitais públicos no ex-governo, repetida à exaustão pelo líder governista Francisco Gualberto e por ninguém menos que o próprio Rogério Carvalho. É aquela modorrenta história do fedido falando do mal lavado, que virou arroz de festa na gestão de Marcelo Déda.

O outro ponto seria hilário, se não fosse uma tragédia. Clóvis Barbosa julga sem o menor constrangimento o governo a que serviu até 05/05. Obviamente, ele não é o único conselheiro, nem o primeiro, nem será o último a votar processos de ex-colegas de governo e companheiros de partido. Porém, o que se esperava da ilibada eminência Clovis Barbosa, jurista tão decantado em prosa e verso como celebridade ética e moral, seria o apelo ao impedimento.

Mas não se engane! Clóvis Barbosa está certíssimo. A roupagem “progressista” a cobrir essa gente da esquerda, especialista em falar de alhos e apresentar bagulhos, permite os eufemismos. Assim, uma quase unanimidade como o enaltecido conselheiro Clovis Barbosa pode até se dá certos luxos. Inclusive julgar e endossar contratos do governo do padrinho Marcelo Déda, a quem certamente ele é muito grato. Uma beleza...

Democracia Banguela – Marcos Aurélio é secretário de Comunicação do prefeito Luciano Bispo de Itabaiana. Ao Jornal da Cidade (25/10), o secretário estadual de Saúde, Rogério Carvalho, disse: “As clínicas da família são presentes honestos. Não são cavalos de Tróia”. Hoje, com Messias Carvalho (FM Aperipê), Marcos Aurélio rebateu: “Entregaram o prédio, mas e as condições para atender a população? Até parece aquela história dos dois hospitais que Marcelo Déda inaugurou quando era prefeito de Aracaju e depois não eram mais hospitais porque faltavam equipamentos típicos de um hospital”. Foi tirado do ar...

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Gestão Relâmpago – Estranho. Muito estranho! Mas contando com a atual, estamos na quinta gestão do “Huse Mas Não Abuse Porque Não Aguenta”. É um mistério o fato de nenhum administrador conseguir fechar um ciclo na direção do Hospital João Alves Filho. Talvez haja uma pista na nova indicação do secretário estadual de Saúde, Rogério Carvalho. Por aqui não tem gente com competência. Afinal, ele importou de São Paulo um companheiro-médico para exercer a função. Até quando?

Terça-feira, 03 de Novembro de 2009 – 23h05

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Segurança Beleza Pura? Só na Propaganda da TV

É simples! A marginalidade entendeu a inação da polícia no combate aos homicídios da seguinte forma: fraqueza, incapacidade... A possibilidade de o Governo da Mudança para Pior intimidar os assassinos ainda em 2009 parece cada vez mais distante. Basta observar o número de mortes ocorridas no fim de semana prolongado: onze no total, sendo seis ocorrências em Aracaju.

Antes de adentrar na questão “homicídios”, cabe observar um dado. Três dessas vítimas teriam supostas ligações com o tráfico de entorpecentes. Não sou especialista em segurança pública, mas a experiência de civilizações mais avançadas aponta como inócuas as ações isoladas de combate ao tráfico de drogas nas comunidades consideradas “enclaves”.

Atuar nessas áreas com dezenas de policiais fortemente armados e apoiados por um helicóptero funciona muito bem do ponto de vista psicológico, pois alimenta no distinto público a “sensação” de que a polícia trabalha. Porém, como tais comunidades são meros entrepostos do comércio internacional de entorpecentes ilegais, ações para prender apenas atravessadores e pequenos varejistas resultam em abalos ínfimos nas finanças da atividade criminosa.

A questão é: até quando a SSP vai continuar a torrar “neurônios” e recursos no combate ao narcovarejo, prendendo marginais sem influência direta na economia do “negócio”, enquanto os grandes atacadistas –aliás, gente muito bem informada!– continuam a operar e enriquecer, por vezes salvaguardados pelo conluio de poderosos?

Para conter os “ajustes de contas” envolvendo drogas –essa sanha assassina que somente neste ano fez centenas de vítimas em Aracaju– a solução é atacar a rede de distribuição do tráfico. Sergipe é territorialmente pequeno –cerca de 20 mil km². Por que não mobilizar esse farto aparato de combate ao crime, incluindo a “inteligência” da SSP, para interceptar a droga ainda na fase de transporte? Grandes apreensões mexem no ponto mais sensível dos chefões, o bolso. Se o negócio passa a ser de alto risco, pensa-se duas vezes antes de investir.

A Escalada dos Assassínios – Policiais, membros do Judiciário, advogados e jornalistas especializados em segurança pública falaram comigo sobre o avanço dos homicídios em Sergipe, sobretudo nos últimos 30 dias. Algumas das opiniões: “morreram porque eram todos marginais”, “era um vagabundo que vivia aprontando”, “tem gente aliviada e até feliz, porque esse sujeito matou muita gente”, “esse estava envolvido com a quadrilha tal”, “esse era ladrão e assassino”, “era o chefe da boca tal e caiu numa armadilha”, “estava devendo e não quis pagar”, “tinha dinheiro a receber”, “morreu de graça, porque estava com o fulano assassinado”.

Conclusão óbvia: parcela significativa dos assassinatos cometidos no mês de outubro foram “ajustes de contas”. Sabemos que parte deles envolveu gente ligada ao varejo do tráfico. Mas e a outra parte? Por que bandidos e calhordas notórios estão sendo “apagados” numa escala industrial? Quem estaria por trás dos crimes? Para estas perguntas, ninguém se atreveu a dar palpites.

De fato, a crescente violência tem mudado os hábitos do outrora pacato Sergipe (e de modo especial, Aracaju). Se não há ação continuada e com apoio da comunidade nem trabalho constante e ostensivo, tem-se uma segurança pública banguela. Sem polícia por perto, o baixo clero da bandidagem, esse que mata por meros R$ 10, atua sem freios. Para esse tipo de malandro, o crime anda compensando...

Agitação no “São Lucas” – A manhã desta terça-feira foi movimentadíssima no Hospital São Lucas. Preparativos para receber o governador Marcelo Déda, supostamente para exames de rotina. A internação ocorreu perto do meio dia. Marcelo Déda aparentava tranquilidade e chegou inclusive a reclamar das acomodações –certamente, nada nos moldes do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. A direção providenciou então um apartamento mais amplo e melhor mobiliado. Porém, a permuta foi adiada porque exames revelaram a existência de aderência intestinal e os médicos recomendaram o imediato retorno do governador a São Paulo.

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Ação Preventiva – Conforme informei no último escrito, aquele site hospedado no Portal Infonet, alvo de constantes “apagões”, especialmente quando fazia chamadas ou republicava trechos deste Abra-O-Olho, já opera numa nova hospedaria, bem longe dos tentáculos dos não afeitos ao contraditório. Por via das dúvidas, sobretudo pelo fato de o embate eleitoral acalorar-se a cada dia, a direção do site optou pela ação preventiva, a fim de evitar maiores dissabores com o Infonet.

Domingo, 01 de Novembro de 2009 – 16h05

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>> O Portal Infonet é Realmente Bastante Perigoso!

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O Portal Infonet é Realmente Bastante Perigoso!

A comunicação está para a atividade política como asas para o avião. Sem ela, os políticos simplesmente não decolam. O Rádio foi a ferramenta usada pelo ditador Getúlio Vargas para mandar recados aos aliados e adversários, criticar desafetos e fazer seu “comercial”. A ditadura militar chegou a financiar a criação de uma rede de TV de alcance nacional –a Rede Globo influencia o Brasil há pelo menos 35 anos!

A Internet é a nova trincheira. Seus números são impressionantes: 27,5 milhões de brasileiros a acessam regularmente de casa, número que sobe para 36,4 milhões se considerados também os acessos no local de trabalho (mês julho/2009*); 38% das pessoas acessam a rede diariamente; 10% de quatro a seis vezes por semana; 21% de duas a três vezes por semana; 18% uma vez por semana. Somando, 87% dos internautas brasileiros entram na Internet semanalmente.

Sergipe tem alguns importantes provedores de conteúdo, com vasto material sempre atualizado. Nenhum se equipara em musculatura e diversidade ao Infonet (www.infonet.com.br). De acordo com a colunista do portal Yara Belchior, diariamente são espantosos 140 mil acessos (ou 4,2 milhões de visitas todo mês). O público, como se sabe, é miscigenado e integra as classes A, AB e C. A predominância é de adolescentes e jovens em fase estudantil e formadores de opinião: empresários, profissionais liberais, gestores, funcionários públicos...

O Infonet é bastante perigoso! Perceba o quanto ele se parece com um portal de Internet: tem material informativo variado e vasto, mantém repórteres e redatores de plantão, oferece hospedagem e processamento digital, acesso à Internet e serviço de e-mail. A semelhança se encerra aí. Por trás da fachada tradicional opera uma organização paragovernamental, que funciona como apêndice da Secretaria Estadual de Comunicação!

O Infonet age de má fé deliberadamente. Censura a opinião de internautas com críticas severas, porém respeitando limites éticos e morais, a Marcelo Déda e aos mais influentes auxiliares e aliados do governador. Como disfarce, o portal publica um ou outro comentário com crítica branda ou sem conteúdo político devastador. Na contramão, no topo das páginas, logo após o noticiário “oficial” estão as mais belas opiniões positivas ao governo, sobretudo os elogios a ações, obras e a pessoa do governador em particular.

Não há um único colunista político no Infonet cujo texto contradite o governo ou leve a xeque as poeticamente prometidas mudanças. O conteúdo se afirma apenas como propaganda governamental disfarçada de notícia (ou comentário), sem qualquer mínimo resquício de algo a “afrontar” Marcelo Déda e o Governo da Mudança Para Pior. Para enganar uns e outros, comentaristas chegam a “cobrar criticamente” e adular o governo (e o governador) no mesmo parágrafo, como a desprezar a inteligência alheia. A turma finge “investigar”, “ir atrás”, “dar conta” de tantos fatos dolorosos à administração estadual, mas tudo acaba perdido no ar.

Um importante jornalista, daqueles arredios ao poder –seja ele qual for, aliás!–, apreciador dos Beatles e sessentões do rock em geral, foi “convidado” recentemente a escrever no Infonet, opinando sobre tudo, especialmente sobre seu prato predileto, a política! O moço cobra muito do governo e estranhou a oferta do portal, ao que lhe disseram: “O interesse é esse mesmo. Esquentar”. Não se sabe a razão, mas o convite foi posto na geladeira. Entrementes, o contrato de veiculação do conteúdo produzido pela Secretaria Estadual de Comunicação foi generosamente renovado.

O ataque do Infonet ao contraditório vai ainda mais além. Um crescente provedor de conteúdo noticioso hospedado no portal faz cerca de um ano, que num gesto de ousadia passou a fazer chamadas via e-mail dos meus escritos e a republicar parte deles em suas páginas, coincidentemente vem sofrendo nos últimos dois meses múltiplos e constantes “apagões”. Fica fora do ar por incontáveis minutos, especialmente cedo de manhã quando porventura posta alguma chamada do Abra-O-Olho. As explicações são as mais absurdas possíveis. O caso será narrado por mim brevemente...

Por tamanho prejuízo causado à democracia e à liberdade de opinião, o portal Infonet deve ser acessado com extremada cautela e rígida segurança, pois é realmente deveras perigoso!

(*) Dados do o Ibope Nielsen Online em aferição de julho de 2009 (http://www.tobeguarany.com/internet_no_brasil.php).