CARTAS DO ALÉM: A IMPRENSA DE SERGIPE
SE VULGARIZA A CADA DIA – O QUE DÁ PENA!
Certa feita, escrevi num artigo publicado pelo Jornal do Dia (04/03/2013), tratando sobre falatórios no rádio e supostas análises políticas inspiradas na malandragem, que “o pudor ético de certos colegas de imprensa parece se esvair com a proximidade de eleições”. O texto aludia ainda que “o ataque aos adversários ganha ares de extravasamento, com atos infames, por vezes beirando a obscenidade”. A profecia enfim se materializou, diante do desespero dos governistas, cujas ações maldosas já não bastam. Chegou o momento de apelar para a invenção de notícias.
Em períodos de campanha eleitoral, torna-se comum a publicação de palavras distorcidas, de “notícias” horrorosas e “críticas” apimentadas, vindas de todos os lados. Malfeitos pregressos, gafes e até questões envolvendo a vida pessoal dos candidatados são reverberadas um tom acima, como forma de “denunciar” e “esclarecer”. Até este ponto, a imprensa pode ser classificada como “azeda”, “parcial” e até “vendida”. Porém, com fatos fundados na verdade, qualquer meio de comunicação pode e até deve explicitar seu pensamento sobre qualquer tema, inclusive a política.
Passado tal ponto – ou seja, o limite entre a verdade, a meia-verdade, a galhofa e a mentira deslavada, eivada de maledicências –, a imprensa deixa de cumprir a norma constitucional garantida pela liberdade de expressão, para adentrar no campo do crime: a calúnia, a injúria e difamação! Se mentir sobre algum fato já seria um decreto de morte para a credibilidade de qualquer meio de comunicação, inventar notícias extrapola qualquer fronteira da decência e da ética, merecendo o “profissional” de imprensa que assim age a qualificação de moleque – em alguns casos, até de perigoso marginal.
Aos exemplos: semanas atrás, utilizando como disfarce uma suposta crônica literária, o ouvidor do Governo de Sergipe e articulista dominical do Jornal do Dia, Luiz Eduardo Costa, transcreveu uma carta “escrita” do além pelo ex-governador Augusto Franco, com severas queixas ao filho Walter Franco, por permitir ao neto que leva seu nome figurar como candidato a vice-governador de Sergipe na chapa do senador Eduardo Amorim. Tratava-se de um insulto ignóbil a honra do falecido, que em vida tinha verdadeira ojeriza ao beneficiário da missiva, o candidato Jackson Barreto.
Hoje, foi a vez de Cláudio Nunes, do portal Infonet, publicar uma mensagem supostamente psicografada, que ele “não imagina quem enviou e muito menos quem é o destinatário, mas mensagem é mensagem...” Sim, às favas os fatos jornalísticos. É tempo de eleição! Mais adiante, alguém no rádio sugeriu que a tal mensagem seria do auxiliar de Edivan Amorim que cometeu suicídio duas semanas atrás. A questão é: um publica, como se nada soubesse; outro reverbera, já sabendo de tudo! Com as cartas do além, a imprensa de Sergipe se vulgariza a cada dia – o que dá pena!
O primeiro caso deixou a família Franco perplexa e muito irritada. Contudo, a decisão da maioria foi a de “esquecer” o triste episódio, em respeito à memória do ex-governador. Sorte de Luiz Eduardo Costa e do Jornal do Dia, que escaparam de mais uma reprimenda judicial – juntos, já colecionam mais de 50. Quanto à apelação de Cláudio Nunes, ela resume o tipo de alma jornalística que habita aquele corpo. Tratar de forma jocosa a finalidade espiritual da psicografia, além desvirtuá-la em favor de um embate político- eleitoral, é demonstração cabal dos fins a justificar os meios...
Parcela do jornalismo sergipano parece ter esquecido a máxima segundo qual é preciso respeitar para ser respeitado. Minha grande dúvida é: a culpa pelas patifarias seria apenas dos comunicadores sociais ou estariam eles a agir apenas de acordo com quem lhes encomenda (e paga) os serviços sujos, aqui denominados de mandantes? Por seu turno, veículos que aceitam publicar tais vigarices não poderiam ser tachados como coautores? Da mesma forma, não seria o público (ouvinte ou leitor) cúmplice, ao garantir audiência aos veículos que se prestam a publicar tais vigarices?
A campanha de Jackson Barreto tem utilizado como peça de campanha um trecho de um discurso de Marcelo Deda, no qual o falecido governador elogia o candidato governista. Na ausência de fatos concretos que deponham contra os concorrentes do candidato que apoiam, jornalistas ligados ao governo usam “mensagens do além” para criticar adversários. Muita gente comenta que, semanas antes de desencarnar, Marcelo Déda teria gravado uma mensagem na qual pede votos para Jackson Barreto. Diante dos abusos atuais, não duvido que, se de fato existir, essa mensagem não seja usada em breve. A coragem dessa turma para mexer com os espíritos já está mais do que provada. Fiquemos de olhos bem abertos!
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Por David Leite ©2014 | 12/08 às 13h45 | Reprodução permitida, se citada a fonte | Com informações da imprensa e fontes de pesquisa | Clique na imagem para ampliar.

UMA CARTA DE DESAMOR DO SENADOR VALADARES
AO EX-AMIGO JACKSON BARRETO – QUE BELEZURA!
A política de Sergipe tem personagens danados, sempre muito ligeiros no arrocha e afrouxa. Um exemplo em destaque é o do nobre senador Antônio Carlos Valadares. Em 1994, seis anos após catapultar Jackson Barreto da Prefeitura de Aracaju sob acusação de corrupção, com uma canetada apoiada pelo então deputado estadual Marcelo Déda, o coronel de Simão Dias juntou-se novamente ao ex-prefeito, que concorria ao Governo de Sergipe contra Albano Franco, à época aliado do governador João Alves Filho. Quem leu (ou viveu os fatos) conhece bem a história: Jackson Barreto venceu no primeiro turno, mas foi derrotado fragorosamente no segundo.
E sabem quem colaborou para a derrota do cabra capaz de tudo? Ele próprio, o senador Antônio Carlos Valadares, a quem o prosaico deputado federal José Almeida Lima, ex-quase tudo (prefeito, deputado estadual, senador.. – agora, talvez até político) definiu como “figura não afeita a agressões, nem tem aparência assustadora. Ele não altera a voz, que é sempre monocórdica, não obstante residir aí o grave perigo, pois com essa monotonia, frieza e perfídia, ele calcula e tempera a gosto suas traições e maldades políticas. É que Antônio Carlos Valadares não se sente bem se não trair. É questão de sobrevivência da própria alma! É a sina, embora ele tenha recebido, ao longo dos anos, os estímulos positivos por conta desse seu comportamento!”
Na carta de desamor que ilustra esta postagem, tem-se um modelo refinado do pérfido “modus operandi” de sobrevivência política, talhado pelo honrado senador. Nela, sem pejo ou mesuras, Antônio Carlos Valadares admite que se juntou naquela ocasião ao desafeto por necessidade política, mas que dele se desgarrava, semanas depois, também por necessidade política, tudo isso durante o “interregnum” de um único pleito eleitoral. Haja versatilidade... Contudo, mesmo se tratando de alguém cuja palavra vale o mesmo que pirita, não se deve desconsiderar o teor da missiva, recheada de queixas (todas verdadeiras) típicas do fim de uma paixão arrebatadora (neste caso, política)...
Sobretudo à juventude, a carta de desamor de Antônio Carlos Valadares a Jackson Barreto servirá como um condão, a traçar claramente o perfil dos dois políticos, que ora mais uma vez estão amasiados (politicamente, falando), novamente por “necessidade política”. Aos demais eleitores (de todas as idades e matizes ideológicos), a epístola serve de indelével referência sobre a capacidade humana de abstrair-se de lembranças incômodas, quando os interesses pela manutenção do poder gritam alto, às turras. Santa Danação!
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Por David Leite ©2014 | 10/08 às 11h00 | Reprodução permitida, se citada a fonte | Com informações da imprensa e fontes de pesquisa | Clique na imagem para ampliar.
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