:::Sexta-feira, 30.11.2007 - Edição Número 200:::

OS BACANAS DO PAR
O Estado é espécie de mãe-solteira. Além de responsável por abrigar os próprios “filhos” e deles zelar, tem ainda a ingrata missão de arrebanhar e nutrir os filhos dos “filhos”, amigos e amigos dos amigos. Uma rápida olhada no DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO deixa claro como o governo da mudança agregou a si uma imensa legião de ex-desempregados ou de ex-subempregados, a maioria sem qualquer qualificação técnica, transformados junto com papai, mamãe, titio(a), vovô(ó) e aderentes na nova casta do poder reinante. Neste contexto, não causa surpresa a confissão do cunhado do governador Marcelo Déda e candidato dele ao cargo vitalício de desembargador do Tribunal de Justiça, advogado Edson Ulisses (CORREIO DE SERGIPE, 28.11), que seus dois filhos foram sim contemplados com residências do Programa de Arrendamento Residencial, o PAR. Em verdade, é apenas a confirmação de como são sérios os critérios para escolha dos beneficiários dos programas sociais reaproveitados do governo tucano pelo governo do presidente Lula da Silva, que fez deles o principal instrumento de caça-votos. Por definição da Caixa Econômica Federal, responsável pelo financiamento do PAR, o programa teria sido criado para ajudar os estados e municípios a atenderem à necessidade de moradia da população de baixa renda, especificamente as famílias com rendimentos inferiores a R$1.800 que vivam em centros urbanos. Segundo as regras, os interessados procuram a secretaria municipal responsável pelo cadastramento para se candidatar. É feita, então, uma pré-seleção e as famílias escolhidas são encaminhadas à CEF para a concretização dos procedimentos legais. A prole do douto futuro desembargador (com a graça dos Céus e o desinteressado empurrão do cunhado), depois de considerada pela prefeitura de Aracaju público-alvo do PAR, foi submetida ao sorteio da CEF. Filhos de um bem sucedido advogado, que de tão bem sucedido foi, entre outras destacadas funções, presidente da OAB/SE e procurador-geral do Estado, os venturosos rapazes de classe média alta acabaram beneficiários do PAR. Meninos de sorte esses dois sobrinhos do governador da mudança!
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Mudança – Enquanto os apaniguados do governo do PT seguem chafurdando-se no mel, grandes mudanças estão em curso onde servidores públicos não alinhados são tidos como indesejáveis. Não satisfeitos em afastar profissionais concursados de funções de mando, os áulicos mudancistas agora também transferem para bem longe das repartições de origem quem não tem a estrela vermelha na testa. Uns são encaminhados para setores alheios à formação técnica. Outros ficam no estaleiro, aguardando pela definição dos “chefes”. O setor mais atingido é o da Saúde. O deputado-secretário Rogério Carvalho determinou que servidores suspeitos de ligação com o ex-governo devem permanecer bem longe de áreas consideradas “estratégicas”, para evitar “sabotagens”. No Hospital João Alves, vários profissionais cujo serviço é imprescindível foram afastados, sendo substituídos por gente contratada sem concurso...

:::Quinta-feira, 29.11.2007 - Edição Número 199:::

UM INCÔMODO CADÁVER
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Em meados de 2004, o presidente Lula da Silva desengavetou a transposição das águas do S. Francisco. Quase um ano depois, em outubro de 2005, o bispo dom Luiz Flávio Cappio fez jejum contra o projeto em Cabrobó, sertão de Pernambuco. Pressionado pela opinião pública, o Grande Molusco designou o então ministro Jaques Wagner como mediador. Dom Cappio suspendeu a greve de fome depois da assinatura de um acordo que propunha a formação de uma comissão de negociação e debate entre o governo do PT e as organizações sociais, movimentos populares, povos indígenas e comunidades ribeirinhas. Em novembro daquele mesmo ano, o Ministério Público Federal, o MP da Bahia e o Fórum Permanente em Defesa do São Francisco na Bahia entraram com nova ação no Supremo Tribunal Federal na qual pediam a suspensão do processo de licenciamento ambiental em trâmite no Ibama. No dia 15 de dezembro ocorreu a primeira audiência do presidente Lula da Silva com a comissão de negociação, integrada também pelo bispo dom Cappio. De lá para cá, como havia muito papo e nenhuma ação, a comissão cobrou do Grande Molusco o prometido debate público sobre a obra (fevereiro de 2006). No final do ano passado (10.11), o Tribunal de Contas da União publicou o relatório de Auditoria Operacional do Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional e fez recomendações ao Ministério da Integração, dentre as quais a revisão dos custos. Sem considerar o apelo da sociedade civil e o relatório do TCU, o então ministro do STF Sepúlveda Pertence derrubou as 11 liminares que impediam o início do projeto. Era a deixa que o governo do PT precisava para anunciar o lançamento do PAC, que destinava R$ 6,6 bilhões à transposição entre 2007 e 2010. Em março, o Ibama concedeu a licença ambiental e autorizou o início das obras. Enquanto isso, vários recursos chegavam ao STF contra a decisão do ministro Sepúlveda Pertence. Através da imprensa, dom Cappio apelou ao presidente Lula da Silva que retomasse o diálogo. Em reposta, o presidente mandou o Exército reforçar as equipes que trabalham na área da tomada de água dos eixos norte e leste. Como todas as ações –incluindo as jurídicas- contra a transposição de nada valeram, assim como não vale um vintém furado a palavra do Grande Molusco, anteontem dom Luiz Flávio Cappio retomou a greve de fome. Ele diz que só irá cessar o ato se o Exército for retirado da região e o projeto arquivado definitivamente. Pelo histórico aqui apresentado é possível concluir que de bravo lutador contra a morte do Velho Chico, dom Cappio talvez se transforme no cadáver mais incômodo do governo do presidente Lula da Silva...
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:::Quarta-feira, 28.11.2007 - Edição Número 198:::

MAIS DO MESMO
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Peço licença ao respeitável público para retomar o assunto dos marajás do governo Marcelo Déda. O tema é realmente chato, desgastante, porquanto recorrente, e sabe-se, nada neste mundo fará a bancada governista aceitar o corte dos altos jetons pagos aos apaniguados secretários-conselheiros do governador da mudança, conforme proposta do líder da oposição na Assembléia, Venâncio Fonseca. Mas não dá para engolir a desculpa desavergonhadamente indecorosa do governador Marcelo Déda (JORNAL DO DIA, 27.11) de que os oposicionistas de hoje não reclamavam dos jetons quando estavam no governo. Da mesma forma, nada eles teriam feito para mudar a lei que regulamenta o pagamento de gratificações aos conselheiros de autarquias estaduais à época. Ou Sua Alteza acha que somos todos uns otários... Ou finalmente temos dele a confissão de que aquele belo discurso de mudança era pura balela. Poesia engambeladora, usada apenas para eleger-se e depois dar um pé no traseiro do eleitorado. Marcelo Déda se acha sabichão. Quem inventou a regalia de complementar salário de secretário com cinco, seis conselhos, criando os novos marajás de Sergipe, foi justamente ele, o governador da mudança! E neste caso, a reclamação é sim senhor de ordem moral, pois nunca houve na história deste estado tamanha mamata. Ou não é inescrupuloso e aviltante o pagamento de mais de R$ 30 mil/mês a auxiliares de Sua Excelência pelos cofres de um dos Estados mais pobres do universo? No seu festival de asneiras, Marcelo Déda sugere a quem agora reclama primeiro procurar um espelho e fazer autocrítica, e só depois exigir decência e moralidade. A receita cabe-lhe sob medida! Até mesmo na questão de quem sempre freqüenta escândalos, o príncipe do PT se dá mal. Ele tem razão ao lembrar que quem tem teto de vidro não joga pedra no telhado alheio. Afinal, devem ser amargas as lembranças da capina de postos de saúde com terreno cimentado, a famosa micareta picareta dos cachês superfaturados, o pagamento em dobro das obras da avenida São Paulo, as mortes de crianças e adultos por causa da imundície na Maternidade Hildete Falcão e Hospital João Alves Filho, a farra dos mais de R$ 250 milhões sem licitação na Saúde... Marcelo Déda faria melhor para si, para o governo e para o povo se continuasse submerso nas querelas comezinhas do PT e na tentativa de tocar minimamente a máquina governamental. Sempre que põe a cara de fora, tentando se justificar, ele acaba deixando um rastro malcheiroso, típico de quem diz uma coisa agora e depois faz o diametralmente oposto. Ou pior, típico de quem hoje critica e amanhã faz exatamente igualzinho! E viva a mudança...

:::Terça-feira, 27.11.2007 - Edição Número 197:::

A OPORTUNIDADE BATE À PORTA DE DÉDA
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Essa história dos marajás do governo do PT ainda vai dar muita dor de cabeça ao governador da mudança. Alguns secretários de Marcelo Déda têm rendimentos mensais dobrados com os jetons pagos por participar dos conselhos de secretarias, autarquias, fundações e empresas públicas, que se reúnem geralmente apenas uma vez por mês. Outros, somando o salário (R$ 12 mil) às vantagens, mais os jetons, recebem até R$ 35 mil/mês.
Há casos estranhos, como o do secretário-chefe da representação de Sergipe em Brasília, Pedro Marcos Lopes. Como se trata do "homem de confiança" de Marcelo Déda na arrecadação de proventos financeiros nas campanhas eleitorais, o próprio governador da mudança tratou de defendê-lo. Marcelo Déda mandou dizer que não vê qualquer irregularidade se o companheiro vem de Brasília três ou quatro vezes por mês para participar de reuniões no conselho do Banese, recebendo R$ 2 mil por cada uma. No entender do príncipe petista, a oposição deveria se preocupar com outra coisa! Seria, por exemplo, como Pedro Marcos Lopes consegue dar expediente na Capital Federal e em Aracaju?
Há também casos risíveis. Veja o secretário-chefe da Casa Civil, Oliveira Júnior. Ganha de cinco conselhos e custa aos cofres sergipanos quase R$ 50 mil/mês. Ele defende seus rendimentos de marajá alegando ser uma determinação legal e que o governador nomeia quem quer como conselheiro. Disse também que os conselhos têm a função de melhorar a qualidade da administração, que são éticos, eficientes e democráticos, além de usados pela maioria das instituições em todo o mundo, inclusive empresas privadas. Esqueceu somente de dizer que o PT não pensava assim até dezembro do ano passado e que é do governo da mudança a inovação de premiar secretários com até seis conselhos.
A mamata dos marajás do governador Marcelo Déda finalmente fez acordar o Tribunal de Contas do Estado, que decidiu apurar a legalidade, a moralidade e a constitucionalidade da lei que regulamenta o pagamento dos jetons. A investigação foi proposta pelo procurador do Ministério Público Estadual junto ao TCE, José Sérgio Monte Alegre. Já o coordenador do Sindicato dos Servidores (Sintrase), Waldir Rodrigues, irá solicitar a redução em 50% do valor das gratificações na próxima reunião da Mesa de Negociação com o staff do governo. Promete ingressar na Justiça e no MPE caso não obtenha a diminuição pela via do diálogo.
Quem também quer acabar com a farra dos marajás do PT é o deputado Venâncio Fonseca, que pretende apresentar proposta de emenda constitucional para impedir secretários de receber jetons. Para ele, se o governo da mudança veio para corrigir todos os erros do passado, a proposta de enxugamento só vai ajudar. Como sempre, o enfadonho discurso do líder do governo, Francisco Gualberto, é de que Marcelo Déda não é o criador da lambança e que os conselhos são importantes para o funcionamento da máquina pública porque discutem as decisões das empresas, acompanham seu funcionamento e blá, blá, blá... Ou seja, agora pode tudo, porque quem está no governo é o sacrossanto Partido dos Trabalhadores.
Para fechar este assunto chato: fosse mesmo Marcelo Déda o prometido governador da mudança, começava por extinguir a remuneração de quem já recebe do estado. Evitaria ser lembrado pela História como o criador dos marajás...
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NADA DE NOVO
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O esperado duelo entre o deputado Mendonça Prado e o secretário Nilson Lima, realizado no covil do radialista e deputado-tampão condenado pelo STJ por calúnia, injúria e difamação, Gilmar Carvalho (ILHA FM, 26.11), foi elegante. Afora a ironia do democrata, que se disse preocupado com o nervosismo inicial do secretário petista, a quem aconselhou tomar suco de maracujá, porque se tivesse um infarto durante o programa seria péssimo, já que o SAMU não está funcionando bem, nada ocorreu para desabonar a conduta racional dos envolvidos.
Mendonçinha cutucou Nilson Lima a torto e direito. Contudo, ao final do embate, o ouvinte ficou sem o devido esclarecimento quanto à licitação onde a PostData, classificada em 12º lugar num pregão da Sefaz, acabou "vencedora". O secretário petista foi várias vezes desmentido pelo deputado democrata, que usou para respaldar-se o DIÁRIO OFICIAL DO ESTADO. Pegou mal também a confissão de Nilson Lima de preferir guardar os quase R$ 800 milhões economizados desde janeiro pelo governo do PT no Banco do Brasil, ao invés de usar o Banese, o que demonstra seu grandioso interesse pelo banco sergipano.
Dizer quem venceu o debate é fácil: o Cão-Cão Gilmar Carvalho, que reuniu duas figuras de peso político considerável no exato momento em que a eleição de 2008 entra no debate político de forma definitiva. Perdeu o ouvinte, que esperava do secretário petista mais verdade, mais coerência e menos empáfia. Pelo menos a semana começou diferente...

::: Segunda-feira, 26.11.2007 - Edição Número 196 :::

PEDRA NO CAMINHO
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A entrevista de João Alves Filho ao CINFORM desta semana deve colaborar para aumentar ainda mais as já cinzentas madeixas do governador Marcelo Déda. O sonho do petista de manter-se chefiando a administração estadual e a prefeitura de Aracaju tem no ex-governador aquela pedra no caminho. O sentimento das ruas é que nunca esteve tão fácil a oposição comandar a Capital. Os fatores seriam muitos. O mais forte, na opinião do ex-mandatário, seria o fato de Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira terem um legado ruim. Não obstante ser o governador sergipano um príncipe do PT nacional e gozar da íntima intimidade do presidente Lula da Silva, de quem é compadre. Os mais antigos conhecem bem a trajetória política de João Alves Filho. O cara não desiste nunca. Parece se alimentar dos desafios. Quanto maiores, melhores! A falta de elementos marcantes à passagem do PT pela prefeitura de Aracaju ilustra como Marcelo Déda poderia ter aproveitado melhor o compadrio em benefício da cidade. O ex-governador adianta, assim, o tom do discurso da oposição para festejar a vitória em 2008. O osso não será fácil de roer. Lula da Silva ainda é o todo-poderoso gestor do “Bolsa-Família”. O próprio Marcelo Déda economizou até agora cerca de R$ 800 milhões. Obras e ações públicas e de bastidores estão em andamento. Apelos emocional e financeiro não faltarão à vastidão dos ingredientes que se somam para seduzir o eleitorado mais servil. Como antídoto, João Alves Filho aponta não ser o aracajuano dado a manter o poder nas mãos de um único grupo. Certamente, a experiência de quem não emplacou candidato quando esteve no poder conta muito agora. João Alves Filho é a pedra no caminho de Marcelo Déda porque não está disposto a vestir o pijama, e por ser um adversário difícil de mastigar e engolir. Tivesse outra personalidade, diante das perseguições e do imensurável poder dos governistas, aposentar-se seria uma saída honrosa. Mas o Negão tem planos para o futuro. E pelo visto, não são poucos!
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. NO PONTO
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O aperreio do radialista e deputado-tampão Gilmar Carvalho promete ser homérico. O metido a esperto terá de desembolsar R$ 180 mil reais para cobrir a indenização por calúnia, injúria e difamação contra o ex-governador João Alves Filho. As ofensas foram proferidas quando o Cão-Cão estava locutor na FM SERGIPE, onde comandava um programa estilo “quem é o gostosão daqui? Sou eu, sou eu!”. O Superior Tribunal de Justiça (STJ) condenou o falastrão em última instância, não cabendo mais qualquer recurso. Agora, é ver a cor do dinheiro saindo... Por conta desta condenação de Gilmar Carvalho, muitos jornalistas integrantes da banda podre da nossa imprensa estão com os respectivos no ponto. Falaram o que não deviam. Acusaram sem provas. Mancharam imagens públicas. Mentiram. As indenizações prometem alegrar algumas casas de caridade e assistência social de Sergipe!