A MÁQUINA DE PATIFARIAS BOATEIRAS
DO GOVERNO VOLTA A OPERAR SEM PEJO
Antes que algum canalha se interponha com vigarices, afianço: preferia Marcelo Déda gozando de plena saúde, para vê-lo derrotado nas urnas. Diante da doença que o acomete e da severidade do tratamento, talvez o governador não tenha condições de participar ativa e diretamente da campanha eleitoral de 2014. Isto posto, vamos ao que interessa: uma das mais ardilosas contramedidas para neutralizar um adversário publicamente é usar a emoção do povo contra ele.
O exemplo trazido aqui exporá o modus operandi da poderosa máquina de propaganda governista e a tentativa de desviar o olhar da patuleia de uma ação política positiva organizada hoje pelas agremiações da oposição. O PSC e outros 12 partidos lotaram de militantes a Assembleia Legislativa para realizar a II Plenária Pluripartidária de Sergipe. Parlamentares e personalidades de vários estados vieram a Aracaju a fim de prestigiar o senador Eduardo Amorim, lançado pré-candidato à sucessão governamental pelo grupamento.
Entrementes, logo cedinho, a rede boateira do governo fez circular por meio de alguns comunicadores sociais uma suposta piora na saúde do governador, cuja luta contra um câncer no estômago mobiliza uma grande corrente popular de oração. A “informação” dada era de que Marcelo Déda teria sido levado ao coma induzido, para lhe evitar maiores sofrimentos. A tal fofoca se espalhou pelo estado inteiro como fogo em mato seco. No Hospital Sírio Libanês em São Paulo, onde o governador se medica, o telefone não parou de tocar.
Detalhe sórdido: às 08:56 desta manhã, o FaxAju Online publicou a seguinte manchete: “Eles (a família Amorim) deixaram o governador doente e estressado”, afirma Jackson Barreto. Segundo o portal, “ao fazer um balanço das obras inauguradas no estado durante entrevista a uma emissora de rádio, Jackson Barreto responsabilizou os irmãos Amorim pelo atraso na aprovação do pedido de empréstimo através do Proinvest... e afirmou que, por conta disso, 'o governador licenciado ficou doente e estressado (com esse atraso). Fizeram Marcelo Déda sofrer e se humilhar', afirmou (o governador em exercício)”.
Coincidência? Não prezado público, apenas patifaria! O mesmo Jackson Barreto que em 1988 utilizou a morte da própria mãe para fazer propaganda eleitoral suja, detratando o então governador Antônio Carlos Valadares, condutor de sua cassação do comando da Prefeitura de Aracaju por “improbidade administrativa” – “Ele matou Dona Neuzice Barreto de desgosto”, dizia JB na TV –, agora abusa da combalida saúde de Marcelo Déda para tentar comover e emocionar a população, acusando o mais forte dos seus prováveis adversários em 2014 como causador do mal.
Pior ainda é observar um dado instigante: a boataria envolvendo a saúde do governador é corriqueiramente ativada pela rede de canalhices liderada por Jackson Barreto sempre em consonância com atividades proativas realizadas pelo senador Eduardo Amorim em finais de semana. Outra coincidência? Mais uma vez, a resposta é NÃO! De fato, para a tristeza de muitos petistas e pessoas apaixonadas politicamente por Marcelo Déda, as atitudes de Jackson Barreto induzem a concluir que ele intenta preparar o coração do povo, caso um final triste ocorra, para a campanha sentimental urdida pela marquetagem oficial.
Para a sorte dos sergipanos de boa fé, Deus parece colaborar para manter Marcelo Déda vivo, apesar das muitas mandingas que se espalham velozmente Sergipe afora. No fim de tarde, o chefe da Casa Civil, secretário Sílvio Santos, através do Twitter, desfez o boato. Informou que o governador estava em seu apartamento na capital paulista. Já o descolado jornalista Diógenes Brayner confirmou via FaxAju Online que ele inclusive havia solicitado uma torta de banana para comer. Marcelo Déda teria até lamentado o ocorrido, que convenhamos, decorre da pura irresponsabilidade do governo ao nada informar sobre sua saúde.
Enfim, que a população esteja alerta para o jogo sujo praticado pela comunicação governamental tão antecipadamente, dado que a campanha propriamente dita terá início somente em julho de 2014. Até lá, Sergipe conhecerá os métodos imundos usados por Jackson Barreto e corriola para fomentar no público o desejo de vingança, mote para a eleição que promete ser uma das mais bastardas da história.
Por David Leite | 27/09 às 23h25

INCOMODADO COM A PENETRAÇÃO DOS MEUS ESCRITOS,
JACKSON BARRETO RESOLVE ME PROCESSAR NA JUSTIÇA
Dizia um moralista francês do século 15 que “A falsa modéstia é o último requinte da vaidade.” Pois sem a tal da falsa modéstia, afianço: notícia melhor não haveria como a recebida no fim da tarde de quarta-feira passada, ao assinar um “Mandato de Intimação” entregue por um oficial de Justiça. O governador de Sergipe em exercício Jackson Barreto, incomodado com a penetração pública dos meus escritos, resolveu arguir-me ante um juiz, baseado em “alegações irresponsáveis, levianas, caluniosas e difamatórias”, conforme a ação judicial.
Não é a primeira vez que um político me processa por opiniões publicadas. Doutor (ele gosta de ser chamado assim) Rogério Carvalho tentou e se deu mal. O deputado federal tomou um pito da Justiça, além de receber uma aula sobre o princípio democrático da liberdade de expressão. Jackson Barreto teria direito de buscar reparação, se supostamente tivesse eu inflamado, machucado ou deixado dolorido seu... ego de “homem do povo”. Na Justiça provarei como o passado linguarudo que lhe abunda a biografia e os fatos notórios sobre o seu modo de agir e fazer política foram cruciais para a formatação da minha opinião.
Que meu público leitor envolve mulheres e homens qualificados da sociedade, eu já sabia. Debato com pessoas da mais alta extirpe econômica, social e política. Recebo referências positivas (e negativas, obviamente) quando escritos alcançam grande repercussão. Não sou de afagar e comumente me utilizo do humor – nem sempre politicamente correto, admito! – para expressar o meu pensar. No entanto, jamais teclei meia linha em desavença com a verdade. Comento sobre atos e fatos do interesse público. Baseio-me em notícias de bastidores e nas publicadas pela imprensa. Ter o mandatário de Sergipe entre meus leitores aborrecidos, só me envaidece. Mas se JB não quer ser motivação de minha prosa – ou da de qualquer outro escriba –, sugiro que se retire da vida pública e busque a aposentadoria.
Antes de tudo, o papel da imprensa livre é informar e comentar notícias cuja repercussão afeta a sociedade. Muitos deram a própria vida para garantir às novas gerações essa prerrogativa constitucional. Jackson Barreto é um político que abusa do sentido da liberdade de expressão ao atacar adversários e desafetos. Diz o que lhe vem à língua sem mínimo pejo. Se o petardo é com ele, aí o danado estrebucha. JB lutou contra a ditadura militar, não deveria temer a dura verdade dita! Uma de suas queixas à Justiça: “Percebe-se igualmente (…) expressões... injuriosas, insinuantes e desonrosas, senão vejamos (e cita meu escrito): 'mesmo para um grande apreciador de terreiros de macumba...'” Bata-me um abacate, por favor!
Quem o conhece, não ignora que Jackson Barreto utiliza faz décadas os préstimos de uma famosa mãe de santo do bairro Santos Dumont (em Aracaju) para obter benesses “espirituais”, sabe-se lá de que ordem – e isso a mim não interessa! Vamos ao que interessa: o político católico, carola comedor de hóstia e andante contumaz em procissões meritórias da Igreja se arrepia todo, caso seja divulgada ao público sua obsessão por “trabalhos” afrorreligiosos – e ai de quem se atreva a fazê-lo! Tudo indica, o governador não quer que o eleitor mediano, católico ou evangélico, saiba que ele também reza e paga oferendas às entidades de terreiros...
O candidato governista à sucessão governamental também quer me impedir de dizer que ele “vai usar descaradamente o Erário para fazer politicagem”. Ora bolas... Tenha a santa paciência! Basta observar as últimas indicações de comissionados no Diário Oficial para constatar a existência de “servidores” ligados a políticos de cujo apoio Jackson Barreto tem se gabado. A lista é imensa e envolve gente que mora até noutros estados. Por isto, questionei antes e o refaço: imagine o que poderia acontecer aos cofres públicos sergipanos, se as chaves estão penduradas na arreata de JB? Foram necessárias apenas algumas poucas edições do Diário Oficial para que minha inquirição tivesse a devida resposta.
Dizia Otto Lara Resende: “A ação política é cruel, baseia-se numa competição animal. É preciso derrotar, esmagar, matar, aniquilar o inimigo.” Jackson Barreto leva a máxima do finado jornalista mineiro ao pé da letra – as palavras têm sentido figurado, data venia. Xinga e detrata com a serenidade de quem chupa um picolé de caju. Para ele, não há adversário honesto ou qualificado para um debate elevado, que aliás, jamais saberia fazê-lo. Jackson Barreto, incomodado com a repercussão pública de minha prosa, quer agora calar-me. Ato contínuo, exige minha prisão pelo crime de opinião. Sinceramente, só rindo...
Aguardemos a voz da Justiça!
Por David Leite | 24/09 às 14h38