Sexta-feira, 04.04.08 - Ano II - Edição Número 246

A TRINCA FALHOU
Não será por agora que os sergipanos poderão ouvir de Marcelo Déda alguma explicação pela evidente falta de planejamento e competência para lidar com a já declarada epidemia de dengue – são mais de 1.650 contaminados. Por “coincidência”, novamente, o governador encontra-se em viagem. Desta feita a Miami, Flórida (EUA). É sempre assim quando o calo aperta... Da mesma forma, soa bastante contraditória a declaração do deputado-secretário de Saúde, Rogério Carvalho, de que “cada um dos três poderes – neste caso, ele se refere aos governos federal, estadual e à administração aracajuense – tem a sua ação e nenhum pode se envolver no trabalho do outro”. Na eleição de 2006, Marcelo Déda, Rogério Carvalho e alguns outros hoje governistas pregavam que o governo anterior precisava ser enxotado, pois o melhor para a população seria ter todos os governos sob controle do mesmo grupo. O deles, claro! Parece que a propalada “união de forças” falhou logo no primeiro teste! E que teste...
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OS ÁULICOS INÚTEIS*
(*) Ou Cuspindo no Prato que se Lambuzou... Não deixa de ser estranho o posicionamento de capangas do petismo infiltrados na imprensa diante do caos na saúde. Alguns simplesmente viraram a folha de tal modo que estão praticamente irreconhecíveis. O comentário nos meios midiáticos é de que tal comportamento, antes de ser um protesto contra a inação do governo, adviria da falta de (boas) relações públicas, de traquejo de membros do alto comissariado do governador Marcelo Déda com jornalistas e radialistas. Em especial, da secretária de Comunicação Eloísa Galdino. No Dia da Mentira, por exemplo, Cristian Góes, o samaritano ex-secretário de Comunicação da PMA (gestão Marcelo Déda), ex-presidente do Sindicato dos Jornalistas de Sergipe, ex-assessor da deputada-secretária professora Ana Lúcia Menezes (Combate à Pobreza) e idólatra declarado dos ditadores Hugo Chávez e Fidel castro, publicou em sua coluna (Infonet) a seguinte notinha:
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TERROR NO HOSPITAL JOÃO ALVES O que está se fazendo com servidores do Hospital João Alves é desumano. Terrorismo, ameaça, perseguição, assédio moral, tudo porque os funcionários começam, publicamente, a não suportam mais a bagunça, o autoritarismo e as precárias condições de trabalho.
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Apesar do texto truncado, talvez escrito às pressas, vê-se claramente o esforço do rapaz por deixar translúcida sua desafinação com o governo das prometidas (e até hoje não cumpridas) mudanças, que ele ajudou a eleger usando e abusando de meias verdades e até de falsas verdades. À oposição, o papel de denunciar tramóias visando tentar desmoralizar o partido adversário cabe muito bem. Para quem é petista, contudo, manter o silêncio é prerrogativa indissociável, já sacramentada pelo governador Marcelo Déda a fim de evitar o vazamento das muitas mazelas governamentais por gente da “cozinha” palaciana. Passar adiante informações altamente comprometedoras, mesmo que absolutamente verdadeiras como as alardeadas por Cristian Góes, constitui, por essa ótica, grave crime de lesa-ideologia. Trata-se de traição pura e simples ao “projeto de mudança”, que em tempos de exceção poderia ser punida até com execução sumária, preferencialmente por fuzilamento ou enforcamento, como fizeram russos e cubanos com seus irmãos nas “revoluções” que Cristian Góes defende como sendo a utopia humanista do socialismo. Ainda bem que não chegamos, pelo menos por enquanto, neste nível...

Quinta-feira, 03.04.08 - Ano II - Edição Número 245

NEM OS COLEGUINHAS ESCAPARAM DA DENGUE
A discussão na mídia sobre o papel do governo das prometidas mudanças na prevenção e combate à dengue está deixando o governador Marcelo Déda de cabelos em pé. À beira de uma eleição tão importante, fica evidente a falta de antecipação, de preparo, de competência para lidar com tão delicada situação.
A mídia até tentou minimizar os primeiros efeitos dantescos da inércia petista. Mas não pôde deixar de publicar as mortes em decorrência da doença. Seria uma traição miúda e descarada ao povo.
A boa relação com o governo terá de esperar...
Por sinal, a população também está nervosa. E com razão!
Os hospitais públicos estão superlotados. Os privados, com a capacidade praticamente esgotada. Filas imensas dos com e dos sem plano de saúde fora o SUS aguardam por atendimento. Remédios estão em falta.
Nos dicionários, isso tem definição clara: epidemia.
Ontem, o senador Almeida Lima publicou comentário de um dos leitores do blog dele. Foi o melhor resumo do caos vivido neste instante:
DESGOVERNOS
02.04.08
Prefeito Edvaldo Nogueira, governador Marcelo Déda, é esse o legado que vocês vão deixar para Sergipe?
  • Dengue em Sergipe Cresce 617%
  • Governo e PMA se Somam no Combate à Dengue
  • Prefeitura Aperta Fiscalização aos Terrenos Baldios
  • MP Faz Nova Audiência Pública Sobre Dengue em Aracaju
  • Dengue: Secretário Rogério Carvalho Vai Falar Nesta Terça
  • Dengue: MPE Quer Formular Programa Emergencial de Contenção
  • Confirmada Epidemia de Dengue em 7 Cidades Sergipanas
  • Dengue Hemorrágica: Menina de 3 Anos é a 5ª Vítima Fatal da Doença; Sergipe Enfrenta Surto

Cadê a prevenção governantes? Ederaldo Ferreira Bomfim Filho Aracajuano, totalmente descontente.

O comentário expõe manchetes colhidas na mídia. Nenhuma palavra foi inventada. E ainda tem gente do governo dizendo por aí que a culpa é de quem saiu há um ano, três meses e dois dias... A definição disso? Cara de pa!

Quarta-feira, 02.04.2008 - Ano II - Edição Número 244

QUEM É POBRE ESTÁ PERDIDO*
(*) A palavra pensada não foi bem essa, mas o sentido é o mesmo. E a rima também.
O papel da imprensa livre é defender a cidadania. Neste tocante, o colega Giovani Allieve presta um relevante serviço não apenas à comunidade, mas ao próprio governo estadual, quando reaviva as promessas de mudança - até agora não cumpridas - feitas por Marcelo Déda para alcançar o poder.
Em sua coluna (ontem, no Correio de Sergipe), o jornalista diz que o governador tem bons motivos para fazer uma nova visita às dependências do Hospital João Alves Filho. "Na vez anterior, ele ficou ‘encantado' com a apregoada ‘nova era da unidade de saúde, sem macas nos corredores, sem filas de pacientes, higiene completa e funcionamento perfeito e pleno'".
Caríssimo Allieve, em verdade, bastaria Marcelo Déda apenas ouvir os programas matinais do rádio ou assistir aos noticiários das TVs para ficar inteirado - e talvez até perplexo - da real situação do agora rebatizado Hospital de Urgência de Sergipe (Huse). A visita só faria cair-lhe o queixo, se não lhe deslocasse a mandíbula.
Quando o líder do governo na Assembléia, Francisco Gualberto, ousou dizer que as denúncias sobre o Huse feitas pelo Sindicato dos Enfermeiros eram "falsas, coisa de quem quer brincar com a saúde pública", cometeu um desatino moral.
Como não é possível classifica-lo de desinformado, a descabida defesa à apodrecida Saúde estadual sob o comando do deputado-secretário Rogério Carvalho, um gesto de notória má-fé, faz dele cúmplice das mazelas que têm provocado óbitos em massa.
O "tribunal da história" vai cobrar de Francisco Gualberto tamanha desfaçatez. Pois, se a verdade é nua e crua, nobre deputado, nada há no mundo capaz de mantê-la sufocada, de calar-lhe a voz. Nem o poder midiático da poderosa máquina governamental.
A presidente do Sindicato dos Enfermeiros, Flávia Brasileiro, respondeu ao voluntarioso Francisco Gualberto dizendo ter ela muita responsabilidade em tudo que fala. Também confirmou o que havia denunciado: "Superlotação; desrespeito ao conhecimento científico de controle de infecção hospitalar; mulheres idosas, jovens e adolescentes expondo seus corpos sem privacidade ao lado de homens - enfermeiras já teriam até flagrado pacientes praticando o onanismo, enquanto observavam mulheres tomando banho; portadores de hipertensão e cardíacos, que requerem ambientes sem estresse, visualizando pacientes vítimas de tiros, facadas, acidentes de trânsito...".
Estes, nobre deputado, são alguns dos muitos males que consomem diariamente a paciência e a vida dos usuários do Hospital João Alves Filho. Só não enxerga quem não quer! Ou quem não pode?
Mas, para sorte de Francisco Gualberto, nem o próprio ou qualquer dos seus parentes próximos vai precisar sentir na pele o que o povo pobre padece no Huse (mas não Abuse!) graças à incompetência do governo que ele defende com unhas e dentes. Sorte também de Marcelo Déda, Rogério Carvalho e de toda a pomposa nomenclatura governamental.
Afinal, não sendo idiotas e com os altos salários (além de outras interessantes vantagens) que recebem do Estado, eles vão querer distância dos hospitais públicos de Sergipe, hoje transformados em verdadeiros chiqueiros. Quanto ao resto dos mortais...
  • PS: Não cola tentar culpar a dengue pelo caos de agora e de sempre. A epidemia apenas agravou o que já era imprestável.

Terça-feira, 01.04.2008 - Ano II - Edição Número 243

QUEM FALA A VERDADE?
A coluna Periscópio do Jornal da Cidade de domingo trouxe sob o título “Falso Lucro” três notinhas onde expunha um resumo do Balanço Anual do Banco do Estado de Sergipe, publicado no sábado: “...agora, oficialmente, (fica demonstrada) a irregularidade dos números finais da gestão encerrada em 2006”. Segundo o jornal, o lucro do Banese, “informado com grande pompa e publicidade em 2006, era de R$ 55,7 milhões... o número real, quando devidamente apurado, não poderia ser maior do que R$ 24,1 milhões... diferença de R$ 31,6 milhões correspondeu a créditos tributários registrados e compensados indevidamente”. Como se sabe, as contas de instituições financeiras que operam no Brasil são auditadas pelo Banco Central. Para evitar gestões temerárias e falências fraudulentas, o BC tem sido rigoroso e exigente. No entanto, se os números são verdadeiros, os auditores do Banco Central falharam. O Banese conseguiu lhes passar a perna não apenas durante a gestão de João Alves Filho – aliás, tratada a pão-de-ló pelo governo Lula da Silva, como se sabe – mas também no próprio governo do PT, pois somente neste final de semana os “pés de barro” do banco sergipano foram finalmente revelados. Injuriado com as “denúncias caluniosas”, o ex-presidente do Banese, Jair Araújo, disse a Fábio Henrique (FM Liberdade) que o lucro fictício citado pela direção do banco é o mesmo que foi aprovado pelo conselho administrativo da atual gestão. “Os membros do conselho não são inocentes, são maldosos”.
O ex-presidente explicou que o Banese ganhou uma ação no STF e que tem direito a R$ 31,5 milhões em créditos tributários. "Se assim não fosse, o banco seria obrigado a recolher o dinheiro a Receita, coisa que não fez até agora”. Jair Araújo não poupou críticas ao seu substituto: “É um irresponsável, não tem estrutura mental para administrar um banco como o Banese, é um neo-petista que até ontem criticava ao extremo os membros do PT, é um mentecapto”. Afora o desabafo e os desaforos, a informação mais preciosa trazida por Jair Araújo na entrevista ao radialista-vereador foi que o Banese não vale nem um terço do que valia em 2006. A denúncia é grave! Que peste teria feito a diretoria petista do Banese para ele perder tanto do seu valor de mercado em apenas um ano e poucos meses de gestão? Por outro lado, um dos fundadores do Banco do Estado de Sergipe e talvez seu mais ardoroso defensor, o ex-presidente da instituição José Figueiredo (gestão Albano Franco), teria deixado o Conselho do Banese, segundo a colunista Yara Belchior (Infonet), “de maneira forte, discordando de muitos pontos e posições da atual diretoria” – o balanço não traz a assinatura dele. Noves-fora tanto disse-me-disse, se o Banese era um tigre de papel até dezembro de 2006, o Banco Central certamente foi incompetente para averiguar e prevenir tão delicada situação, e na conseqüente punição dos (ir)responsáveis. Da mesma forma, se hoje o banco está menor, os fatores que contribuíram para sua derrocada precisam vir a público célere e transparentemente, pois se trata de instituição pública de capital aberto. Ou seja, além do governo sergipano, há outros milhares de acionistas com ações que viraram pó do dia para a noite. Que tal um debate na Assembléia entre Jair Araújo e João Andrade para esclarecer as muitas dúvidas? Seria fascinante ouvir as considerações de ambos...
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A PRAÇA-JOANETE
O colega, leitor e compadre-amigo fraterno Antônio Carlos de Oliveira, o Xocolate da Ilha FM, é uma dessas personas raras, que nos exortam a meditar (e rir muito) com suas tiradas geniais. Por conta do comentário sobre a Praça Antônio Teixeira (Edição 241), o boa-vida – por telefone – se disse surpreso com a minha “modéstia”. Comentou Xocolate: “Você sugere que (o prefeito) Edvaldo Nogueira deu uma praça de presente a Norcon. E (o ex-prefeito) João Augusto Gama, que deu um bairro inteiro (Jardins) à empreiteira, que você acha?”.
Convenhamos, Negão, nessa você caprichou...