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Segunda-feira, 13/05/2011 || 20h45
Honestamente desonestos
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A “operação” Castelo de Cartas parece uma piada pronta – e de muito mau gosto, diga-se! As empresas sob suspeição, investigadas por supostamente realizar licitações fraudulentas em obras de prefeituras do interior, são as mesmas usadas pelo governo estadual em várias empreitadas. Aliás, serviram também à gestão do prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, e ao Poder Judiciário...
O governador Marcelo Déda está visivelmente chocado. Tomou conhecimento da “operação”, pela imprensa, somente quando já estava em andamento. As questões que o incomodam: se no interior as tais empresas agiram com desonestidade, teriam procedido com o governo estadual dentro da lei? Como continuar a investigação, se os processos lá e cá se assemelham de modo assustador?
A “operação” Castelo de Cartas deteve 17 pessoas (responsáveis por licitações e donos de construtoras) em Canindé do São Francisco, Arauá, Malhador, Itabaianinha, Rosário do Catete e Japaratuba. Obras de construção de praças, escolas, postos de saúde e saneamento teriam ganhadores pré-estabelecidos, num conluio entre servidores e empreiteiros.
Tudo leva a crer, no entanto, que a “operação” foi feita pela metade. A Secretaria de Segurança Pública, por exemplo, utilizou-se das mesminhas empresas para reformar (e ampliar) delegacias – aliás, conforme um dos empresários detidos, atendendo a pedido de um irmão, dono de construtora, do secretário João Eloy de Menezes. Por que a investigação não teve início na própria SSP?
Talvez não fosse preciso nem ir ao interior. Ao bater à porta da Secretaria da Inclusão Social, chefiada pela primeira-dama Eliane Aquino Déda, a “operação” iria encontrar, apenas neste ano, 21 cartas-convite abertas para “obras emergenciais”. Detalhe espantoso: a maioria tinha um mesmo objeto, o que denota “fracionamento de despesa”, prática considerada ilegal no serviço público.
Mas, se fosse o caso de não incomodar a digníssima consorte do senhor governador, os investigadores poderiam, quem sabe, averiguar as dezenas de licitações da Secretaria de Administração e da Companhia de Obras Públicas, sem citar a SMTT de Aracaju ou ainda a presidência do Tribunal de Justiça, que autorizou a construção de 20 novos fóruns no interior.
Todos utilizaram os serviços da turma de empreiteiros considerados “fraudadores”, que tudo leva a crer, praticava uma espécie de honestidade seletiva. Apenas onde fosse, digamos, conveniente agir assim, claro...
Sabemos nós, investigar é um “direito” da SSP. Se não o faz com a esperada profundidade e inteireza, deve ter lá os seus motivos – muitos motivos, penso eu! Mas que é estranho, é...
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PS – Aposto um bago de jaca que a tal “operação” Castelo de Cartas não vai dar em nada. Se a cambada da construção civil, que foi presa momentaneamente, abrir o bico, meio governo cai – nas algemas! Parece que tudo teve como fito promordial ajudar, assustando certa turma aliada. Mas no meio do caminho, deu errado e o governo foi pego de surpresa. Anotem...
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