NO QUE ERRAM LUIZ EDUARDO OLIVA E LUIZ EDUARDO COSTA SOBRE ATAQUES A JOSÉ EDUARDO DUTRA?
As edições domingueiras do Jornal da Cidade e do Jornal do Dia trouxeram escritos assinados por Luiz Eduardo Oliva e Luiz Eduardo Costa repudiando o ato de hostilidade contra o ex-senador e ex-presidente do PT José Eduardo Dutra, em frente à casa onde era velado o corpo do dirigente sindical, morto domingo passado vítima de câncer.
Os jornalistas são craques em erudição. “A morte de Zé Eduardo e a nau da insensatez” e “A baba de ódio que se derramou sobre o morto” os títulos dos respectivos artigos.
Luiz Eduardo Oliva apela aos clássicos da cultura elitista ocidental – a tragédia grega de Sófocles “Antígona” e a “Ilíada” de Homero – para condenar “os destemperados e tomados pelo ódio (que) não tiveram a menor cerimônia, o menor sentimento, e violando o sagrado direito de velar os mortos, foram à porta do velatório protestar e afrontar familiares e amigos de quem não podia se defender, e ainda jogaram panfletos em que se dizia Petista bom é petista morto”.
Luiz Eduardo Costa, jornalista de soberba eloquência, capaz de cometer textos laudatórios sobre – como exemplo frugal, por favor – a monarquia dirigida pelo ministro Jean-Baptiste Colbert sob o reinado de Luiz XIV de França, sem precisar recorrer ao Senhor Google, tratou do vitupério contra o petista sob a ótica da bravura do filósofo basco Miguel de Unamuno, reitor da Universidade de Salamanca durante a Guerra Civil Espanhola.
Na mesma linha de raciocínio usada pelo colega esquerdista, diz Luiz Eduardo Costa: “Quando num velório um morto é insultado, como aconteceu ao ser velado o corpo de José Eduardo Dutra, fica-se a duvidar do que acontece neste Brasil, onde Sérgio Buarque de Holanda exaltou o povo que era cordial”.
Ambos os escribas estão corretos ao analisar a reação ao corpo inerte do ex-senador: ódio desmedido, violência sem tamanho, ofensa vil à dignidade e a honra; uma afronta, um insulto lamentável e reprovável. Porém, no que erram Luiz Eduardo Oliva e Luiz Eduardo Costa sobre o ignóbil ataque ao velório de José Eduardo Dutra?
Nas motivações (dos manifestantes) não ditas, e menos ainda explicadas por eles – ou ao menos aludidas, por muito necessárias, para se entender o atual momento político brasileiro, fruto de uma contenda torpe engendrada pelo “Lulopetismo”: o “nós, bons versus eles, maus”, a condenar metade do país ao infortúnio de uma qualificação pejorativa, fruto da visão distorcida da política, e dos métodos plebiscitários urdidos e praticados pelo “genial” palanqueiro Luiz Inácio Lula da Silva.
É preciso se dizer sem medo, mesmo que nada disso mude – ou tente justificar, muito pelo contrário – aquele ato covarde: o vitupério ao velório de José Eduardo Dutra era uma ataque não àquele corpo morto, não ao ser humano tragado pela tragédia de uma doença infernal, mas ao chefe do PT que ele fora até bem pouco tempo, ao representante dessa facção política enrolada até a medula na Operação Lava-jato. Era um protesto inadvertido, esquisito, fora de ordem ou propósito civilizado ou civilizatório, porém um protesto... do tipo que só o PT o seria capaz de realizar. E que, no entanto, agora sente na própria pele.
Lamentavelmente, graças à maquinação mesquinha e rasteira praticada pelo “Lulopetismo”, a política no Brasil está radicalizada ao limite. E, convenhamos, José Eduardo Dutra não merecia “homenagem” tão virulenta no momento de sua despedida.