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Quinta-feira, 06/11/2011 | 09h47
Rápidas palavras acerca de Steve Jobs
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Minhas experiências com LSD foram uma das duas ou três coisas mais importantes que fiz em minha vida”. A frase, bem ao gosto do polêmico empreendedor – sem dúvida, o mais brilhante deste século –, resume a personalidade do “homem-zeitgeist” por trás dos óculos de aros redondos. Foi ele quem melhor capturou e sintetizou o espírito do nosso tempo.
A inquietação na alma de Steve Jobs proporcionou à humanidade avanços tecnológicos dignos dos melhores filmes de ficção científica de minha adolescência. Hoje, com meu IPad em mãos, “deslizo” meus dedos pelo mundo, de qualquer lugar onde eu esteja. Que fantástico!
Algumas personas são realmente especiais. Vejamos Steve Jobs, avesso às pesquisas de mercado: “Quem disse que faz parte do trabalho do consumidor descobrir o que de fato deseja ter?”. Henry Ford, em outubro de 1908, lançou nos Estados Unidos – aliás, sempre eles, os inovadores norte-americanos –, o Modelo T, um veículo confiável, robusto, seguro, simples de dirigir e, melhor de tudo, barato. Sobre pesquisas de mercado para lançar o carro? Disse Henry Ford: “Se perguntasse aos clientes o que eles queriam, ouviria como resposta: 'um cavalo mais rápido'.” Assim são os “homens-zeitgeist”, leitores da “ambição” alheia, antes mesmo de ela existir!
Todos já sabiam que seria quase impossível a Steve Jobs, por sábio que fosse, vencer a luta contra o nefasto câncer. Sucumbiu aos 56 anos, tendo logrado aos jovens do mundo todo a mais importante das ideologias: um projeto na cabeça, capacidade de empreender e coragem para ousar são os ingredientes essenciais do sucesso profissional. Perdemos uma alma poderosa...


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Domingo, 02/10/2011 | 19h05 | Por David Leite
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Série | Meia década jogada no lixo
Parque Tecnológico de Sergipe
Orador cuja verve já foi adornada de predicados por ninguém menos que o ex-presidente do TSE, ministro-poeta Carlos Brito (STF) – seria, naquela atualidade, “nosso” Demóstenes (político e o maior dos oradores gregos - 384/322 a.C.) –, o governador Marcelo Déda finalizará o primeiro ano do segundo mandato (2010/2014) num péssimo contexto: palavras, no caso dele, são apenas isso: palavras...
O duro crítico doutros governantes elevou Sergipe ao deboche nacional, com aparições rotineiras em programas de TV de grande repercussão. Não lhe será perdoado o desmonte de setores estratégicos, como a saúde (sucateamento do Samu) e a educação (com a inconcebível posição humilhante obtida no IDEB, sistema de avaliação de qualidade do MEC).
Douto na jactância, Marcelo Déda eivou-se em infindáveis e apopléticos discursos – vocábulos jogados ao vento, contata-se hoje, após meia década perdida, atirada ao lixo...
Vejamos o ocaso do Parque Tecnológico de Sergipe. Deveria ser referência no Nordeste, inclusive à frente do Porto Digital do Recife/PE, que produz tecnologia da informação e comunicação, com foco no desenvolvimento de software. Mas, apagou-se!
Fundado em julho de 2000, o Porto Digital é hoje um gigante. Tem 173 empresas dividindo cem hectares num complexo de prédios históricos restaurados do Recife Antigo, dentre as quais multinacionais como Motorola, Borland, Oracle, Sun, Nokia, Ogilvy, IBM e Microsoft. Fechou 2010 com 6,5 mil empregos diretos e responde por 3,9% do PIB de Pernambuco – tem ainda biblioteca pública, duas incubadoras de empresas e 8 km de fibra óptica.
O Parque Tecnológico de Sergipe nasceu em 2004, por iniciativa de João Alves Filho, após comprovar a eficácia de empreendimentos semelhantes na Europa, Estados Unidos e Canadá. Inicialmente implantado no Centro Administrativo Augusto Franco em Aracaju, o parque sergipano encontra-se basicamente como há cinco anos. Hoje, possui 20 e poucas empresas, tem três incubadoras e seis instituições de pesquisa. Gera algo como 200 empregos diretos.
Alvo da demência administrativa do governador Marcelo Déda, o parque sergipano empacou por falta de espaço físico e de visão empreendedora. Desafortunadamente, João Alves Filho foi impedido de contrair financiamento de R$ 35 milhões para construir dois dos inúmeros prédio previstos para compor, no antigo Aeroclube de Aracaju, o que poderia ser hoje um dos maiores polos de tecnologia do Brasil.
O projeto, conforme pode ser visto na foto da maquete ao lado, visava abrigar mais de 50 empresas e quatro incubadoras, num ambiente ecologicamente aprazível, similar ao encontrado nos parques tecnológicos do Primeiro Mundo. Marcelo Déda preferiu, no entanto, descontinuar tudo o que já sido elaborado – até a área já negociada com o aeroclube foi devolvida – e “recomeçar” do zero, fato que atrasou Sergipe sobremodo na guerra tecnológica.
Apenas com os dois prédios inicialmente previstos para serem implantados até meados de 2008 na nova área, poderiam ser gerados 1.600 empregos diretos. Ademais, atrair multinacionais de ponta, como ocorreu com o Porto Digital do Recife, causaria incomensurável efeito sinergético no mercado tecnológico local, com reflexos positivos (em Sergipe) nas universidades e empresas – fossem micro, pequenas, médias ou grandes – e no florescente parque industrial nordestino.
Assunto tão instigante carecia que bons exemplos espalhados pelo mundo aqui pudessem ser apresentados. Mas basta ao leitor interessado em aprofundar-se pesquisar sobre impactos diretos dos parques tecnológicos na economia de inúmeras cidades de países avançados e emergentes (Índia, China, Israel...) para concluir o quanto estamos engatinhando, quando a situação poderia ser outra – muito, muito melhor! –, não fosse a visão caolha do atual gestor.