Quarta-feira, 28.04.2008 - Ano II - Edição 269
. AINDA HÁ TEMPO
A pendenga de Tobias Barreto, onde Edvan Amorim resolveu mexer na cumbuca, promete ser desastrosa para o PT. Tudo indica, o empresário começa a dar o troco nos petistas e nos aliados do governo do PT pelo salto alto. O objetivo é diminuir ao máximo a influência destes grupos para 2010. O presidente do PR e do PSC pretende eleger o irmão, deputado federal Eduardo Amorim, governador - não necessariamente no próximo pleito. A engenharia política já está traçada. Edvan Amorim perdeu um importante escudeiro, responsável por auxiliá-lo no financiamento do projeto. O conselheiro-lobista do TCE Flávio Conceição operava o braço armado para “acertar a jugular” de Marcelo Déda e forçá-lo a negociar. Cortado ao meio pela Operação Navalha, Flávio Conceição agora convalesce dos imensos remendos causados pelos atropelos judiciais que lhe ferem mortalmente a saúde física e moral. Marcelo Déda percebeu de pronto o alto custo material e político de juntar-se a Edvan Amorim. Beneficiário das estripulias maquinadas pelo empresário na eleição passada, quando juntos conspiraram para derrotar João Alves Filho, o governador resolveu esquivar-se. Marcelo Déda tem a estranha mania de governar por e-mail. Secretários despacharam pessoalmente com ele apenas duas vezes nos últimos 15 meses – ressentem-se da relação apenas virtual. Trata-se de um executivo peculiar, de difícil acesso até aos mais chegados. Um servidor público com hora para chegar e sair do trabalho. Só não bate ponto! Edvan Amorim estava acostumado a entrar sem bater nas portas. Depois de acertar a eleição “por unanimidade” de Flávio Conceição ao TCE em dezembro de 2006, ele nunca mais trocou um único dedo de prosa com o governador. Marcelo Déda depende de Edvan Amorim para manter a maioria no parlamento. Edvan Amorim tem a fidelidade partidária como trunfo e ostenta o atrevimento da discordância. Se quisesse, o governador poderia incitar o motim. Armas não lhe faltam. A deputada Susana Azevedo confessou a Flávio Conceição, numa conversa gravada pela Polícia Federal, receber um “mensalinho” de Marcelo Déda. Não bastaria aumentar a cota? Voltando aos negócios! Edvan Amorim disse não saber com quem deve tratar no governo sobre alianças municipais. Faz sentido buscar alianças fora deste círculo O resultado colide com o projeto de poder do governador Marcelo Déda. Talvez ainda haja tempo... .
NADA COMO TER BONS AMIGOS
Sergipe foi sorteado para receber auditores da CGU (Controladoria-Geral da União). Em abril, eles passaram a esmiuçar contratos do governo do PT com órgãos federais. Debruçados sobre algumas compras feitas com dinheiro do SUS (Sistema Único de Saúde), deram de cara com um turbilhão de tirar o sossego do governador Marcelo Déda. No meio da devassa, sem mais nem menos, o grupo recebeu um chamado inadiável para retornar imediatamente a Brasília.
Coisas de quem tem amigos influentes...

Terça-feira, 27.04.2008 – Ano II - Edição 268
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DUVIDAR É PRECISO
Algo não bate com a realidade. A pesquisa do Ibope de avaliação do governo Marcelo Déda destoa do noticiário. A aferição aponta o seguinte resultado: 47% acham o governo do PT ótimo e bom, 32% regular e 21% ruim e péssimo. Os números são os maiores obtidos pela gestão de Marcelo Déda desde janeiro de 2006 – o Ibope fez três avaliações até agora. O interessante está nas reações antagônicas do povo diante do pesquisador do Ibope e quando conversa com jornalistas e radialistas. Senão, vejamos: 61 mortes de crianças na Hildete Falcão sem qualquer explicação até hoje; epidemia de dengue, com mais de 20 mortes; hospital João Alves Filho em situação de penúria; fugas em presídios e delegacias; mais de 90 carros roubados apenas nos últimos cinco meses; mais de 420 ônibus assaltados em 2008 na Grande Aracaju, superando todos os casos registrados no ano passado; paralisação de serviços essenciais... A pesquisa do Ibope revela uma anomalia passível de aprofundado estudo. O povo adora o governo do PT e confia plenamente em Marcelo Déda (63%). Mas não pára de reclamar da falta de governo nas emissoras de rádio e TV e nos jornais. Pesquisas podem ser conduzidas ao gosto do freguês. Buscar a informação positiva onde ela está não significa necessariamente manipulação dos resultados. Pode ser este o caso da recente aferição feita pelo Ibope (apesar de o governo ter informado que ouviu 1.008 sergipanos entre 06 e 12 de maio). Outra possível explicação para números tão alvissareiros está no bem sucedido projeto de usar a mídia para difundir propaganda enganosa. Os filmes sobre água e segurança veiculados em emissoras abertas e nas TVs a cabo são vergonhosamente mentirosos. Apresentam, por exemplo, as adutoras do Alto Sertão e Sertaneja, obras projetadas e com financiamento contratado no ex-governo, como sendo de Marcelo Déda. Armas antigas são mostradas como novas; carros comprados no ex-governo e entregues somente no ano passado por força dos contratos são “idéias” do PT. Quem está em casa vendo TV e não usa os serviços públicos – os da Saúde, especialmente – não se dá conta da real situação nos hospitais geridos ou mantidos pelo governo estadual. Tende a acreditar nos depoimentos da propaganda do governo. Da mesma forma, quem não se locomove de ônibus e não passou pelo vexame de ser assaltado duas e até três vezes no mesmo trajeto, ao ouvir tantas “boas notícias” sobre a SSP se confunde. Tende a acreditar na informação massificada dez, vinte vezes ao dia. No noticiário a ação dos bandidos é vista apenas uma, duas vezes a cada dia. Num ano eleitoral, quando perder a Prefeitura de Aracaju significa permitir aos adversários sonhar com 2010, Marcelo Déda faz do marketing a principal, senão a única ação plenamente real do governo das mudanças para pior...
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DUAS CARAS
Posando de bom moço, o governador Marcelo Déda disse na TV no exato dia da chegada do ex-governador João Alves Filho, após o indiciamento pelo MPF na Operação Navalha, que não opinaria sobre o caso. Mesmo indiciados, não havia ainda um julgamento final dos acusados. Por enquanto, até prova em contrário, na opinião dele eram inocentes – suspeitos, no máximo. Já nos comícios, em cima dos palanques, o indefectível monarca que habita o ventre de Marcelo Déda surge rompante. Noite dessas, no Coqueiral, ao lado do deputado federal Jackson Barreto, o governador entregou-se por inteiro a baixaria. Corroborando com os discursos de JB e de políticos do mesmo quilate moral, Marcelo Déda desferiu seguidos golpes contra a honra de João Alves Filho. De “suspeito”, o Negão passou a “ladrão do dinheiro público”, dentre outras interessantes definições na mesma linha, sempre abaixo da cintura. A claque de servidores do governo e da prefeitura de Aracaju – era o lançamento de um programa de casas populares para favelados do governo federal, gerido por Edvaldo Nogueira – aplaudia a cada novo ataque. Tal conduta, no entanto, não surpreende. O PT sempre foi o partido da algazarra. Depois de alçar à Presidência da República, especializou na produção e difusão de escandalosas espertezas e na perseguição abjeta dos adversários e desafetos.
Marcelo Déda sabe o que diz quando fala sobre estripulias...

Segunda-feira, 26.05.08 - Ano II - Edição Número 267
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UNS SIM, OUTROS NÃO
Parlamentares da ala governista reclamam da oposição por estranhar a ausência do “número dois” entre os 11 sergipanos denunciados pelo MPF ao Supremo Tribunal Federal na Operação Navalha. Não há lógica na indignação. O caso “Gautama”, de fato, não começa com o pagamento de R$ 600 mil feito por Marcelo Déda em abril de 2006, atendendo ao apelo de Belivaldo Chagas, consoante acerto com o conselheiro-lobista do TCE Flávio Conceição. O quiproquó é mais antigo.
  • Parêntese importante – Por tratar-se de órgão extra-oficial do governo das mudanças para pior, o Jornal do Dia merece todo o crédito. A edição deste domingo fala em milhões e não em R$ 600 mil apenas, como valores pagos por Marcelo Déda à Construtora Gautama. Diante dos “novos” números, quem fala a verdade: o governo do PT, ao declarar quanto de fato repassou ou o JD. Seria mais outra das recorrentes barrigadas?

A primeira etapa da adutora do São Francisco foi inaugurada em 1980, no governo de Augusto Franco. Aracaju passou a ser a primeira capital do Nordeste abastecida pelo São Francisco. Em 1992, João Alves Filho iniciou o projeto para a duplicação do sistema, considerado obsoleto para atender à demanda futura. Coube a Albano Franco contratar a empreiteira, em 1997. Ao assumir o terceiro mandato (2003), João Alves Filho encontrou a obra em andamento com a Construtora Gautama. A adutora do São Francisco é uma obra gigantesca. Começou com Albano Franco, teve seqüência na gestão de João Alves Filho e segue no governo do PT. Custou até agora mais de R$ 220 milhões. Financiada pela Caixa Econômica Federal, a obra teve e tem todas as fases de construção fiscalizadas. Pela própria CEF e também pelo Tribunal de Contas da União. Três governos se passaram. Muitos personagens se envolveram com a empreiteira. Uns aparecem na denúncia ao STF. Outros não. O interessante é imaginar o desvio de R$ 178 milhões em três gestões – ou 80% do valor da obra – e a pecha de ladrão recair apenas sobre uns poucos (adversários). Evidências colhidas pela Polícia Federal suscitam surpresa ante a ausência de Belivaldo Chagas entre os indiciados, partindo do princípio de que a “suspeita” deveria valer para todos. Também, não se deve duvidar da possibilidade bastante plausível de perseguição política. Num país onde até ministros da mais alta corte de Justiça têm os telefones “monitorados” pelos arapongas do governo do PT, tudo é possível. A oposição, portanto, tem todo o direito de estranhar...

  • A TRANSPARÊNCIA DA MUSA DA PROBIDADE
  • Os oposicionistas na Assembléia tentaram a todo custo convencer a bancada do governo a endossar o requerimento à Secretaria de Comunicação solicitando o valor do "investimento" nas publicações onde a secretária Eloísa Galdino aparece com destaque.
  • Não houve acordo. O líder governista fez muxoxo do pedido de informação. Para Francisco Gualberto, transparência tinha serventia apenas quando o PT estava na oposição. Hoje, "mando eu!".
  • Quinze dias se foram e nada da Secom se manifestar, apresentando espontaneamente os contratos firmados.
  • Madame Galdino poderia agora mostrar que nada tem a esconder e revelar quanto finalmente pagou para posar para jornais, revistas e programas de TV, porquanto auto-proclamada musa da transparência e da probidade nas dezenas de entrevista que deu.
  • A conta, dizem certos desafetos, é de dar água na boca...