E.Zine 25/05 N71

ESQUEÇAM O QUE ELE DISSE Ontem, durante entrevista à imprensa, Sua Majestade apelou: "Hoje não sou sindicalista. Hoje sou governador de Sergipe". Assim, fria e cruamente, o soberano simãodiense mais uma vez descartou qualquer possibilidade de rever o percentual de 2,96% de reajuste para os funcionários públicos. Desta vez o petardo era dirigido à SSP. Especificamente sobre os sindicalistas da Polícia Militar, que querem um dedo de prosa com o príncipe para relembrá-lo as muitas promessas feitas à categoria durante a campanha, de novo Sua Majestade foi ríspido: não irá receber as associações da Polícia Militar. Garantiu, no entanto, que irá buscar ao longo dos quatro anos de seu mandato uma maneira de resolver os problemas salariais da classe. Mas que não irá prometer -agora nem precisa!- algo que não poderá cumprir. Sobre a greve dos policiais civis, o soberano príncipe reafirmou o que vem dizendo por onde passa: "Quem esta radicalizando não é o governo, mas o sindicato. O governo tem mostrado disposição para conversar. Já imaginou se eu tiver que todo dia conversar cada vez que houver uma reclamação salarial?". Resumo da ópera: caríssimos servidores estaduais, policiais militares e civis, respeitável público, esqueçam tudo o que o príncipe disse ou prometeu durante sua vida política e especialmente na campanha eleitoral na qual foi eleito. Isso não interessa mais. Porém, vejam o lado bom: devemos louvar aos Céus por termos um soberano sincero... Pelo menos quando lhe convém! ENTRE TAPAS E GÁS DE PIMENTA O protesto dos estudantes da Universidade Tiradentes para estacionar seus veículos nas vias adjacentes e não no estacionamento pago da universidade, e também para receber as carteiras do passe escolar emitidas pela SMTT (Prefeitura de Aracaju), fez sua primeira vítima. Se os vermelhos já trabalhavam caladinhos para matar o sonho do prefeito comunista da Capital de reeleger-se, depois da declaração da deputada Tânia Soares, criticando a ação desastrada e desastrosa da polícia militar visando acabar com a manifestação, o sangue subiu-lhes à cabeça. Tânia não se conteve, e chorosa saiu em defesa de sua base eleitoral sem se importar se faz ou não parte da base governista na Assembléia Legislativa. Baixou o sarrafo: "Tem que apurar. Polícia batendo em estudante é coisa da ditadura. Isso não pode ficar assim". Os vermelhos estão com ela na garganta, pois em sua crítica a deputada comunista responsabilizou a PM e seus comandantes pelos tapas, pontapés e gás de pimenta disparados contra os estudantes. Agora, não há mais dúvida. Edvaldo Nogueira que se cuide. Se já era difícil a relação entre ele e os aliados vermelhos, a situação tende a se complicar se a deputada não for contida, como querem alguns nobres ligados à Sua Majestade. Mas como todos sabem, calar Tânia Soares, especialmente em se tratando do seu eleitorado cativo, não é tarefa fácil...

E.Zine 24/05 N70

DO CONTRA Sua Majestade conseguiu um feito notável nestes quase seis meses tateando a máquina administrativa estadual em busca de um norte. De uma só bordoada, perdeu o apoio dos professores da rede pública e dos policiais civis. Ambas as categorias fizeram campanha aberta (e ruidosa) para eleger o príncipe e agora se ressentem pelo tratamento recebido. Esperavam um bom repasto. Foi-lhes servida apenas uma sopinha rala e salobra. Como é sempre bom reavivar a memória, não custa lembra: vários professores, usando a sala de aula como palanque, acusaram o ex-governo de não ter "compromisso" com a educação -um sofisma para não dar tudo que eles pediam- e os alunos contrários à opinião eram tratados como antas. Muitos foram constrangidos ao ponto de preferir omitir a opção política ante os colegas. Na terça (22/05) à tarde, os professores realizaram assembléia onde houve muitos protestos depois de um recado do príncipe, que mais uma vez viajou para evitar confrontar-se com seus ex-aliados: "Não tenho tempo nem dinheiro para discutir política salarial", informava Sua Majestade. Ao final do encontro, os educadores decidiram paralisar as atividades por três dias, a partir de ontem. Também ontem, aproveitando a folga, protestaram na Assembléia Legislativa, pressionando os deputados a votar contra o reajuste salarial de 2,96% proposto por Sua Majestade. Já os civis encarnam o grupo mais disposto a ver pelas costas o ex-mandatário, a quem acusam de privilegiar os delegados e "esquecer de quem vai às ruas atrás da bandidagem". A categoria trabalhou duro para eleger Sua Majestade -na campanha fez horrores. Quando do anúncio do reajuste, os policiais imploraram um encontro com o príncipe para discutir a extensa pauta de reivindicações. Parte dela prometida pelo soberano até em palanque. Mas, como todos sabem, o homem vive ocupado fazendo e desfazendo mala. Não sobrou tempo para dar resposta aos devotados combatentes da Polícia Civil. Para a indignação geral, Sua Majestade acabou entrando no rol das personas-non-gratas aos policiais civis. Uma pena, pois a categoria se descabelou, fez das tripas coração, para ajudar a elegê-lo. Mas, assim é a vida! E que venham os chorões...

E.Zine 23/05 N69

RECORDAR É VIVER O Brasil inteiro está orgulhoso da eficiência da briosa Polícia Federal. A Operação Navalha deteve vários personagens políticos e empresariais. E como tantas outras realizadas recentemente, inclusive com a reclusão de altas patentes do Judiciário, demonstra o quando a profissionalização tem feito bem a organização. Mas quem dera, fosse a PF um pouco mais zelosa. Entre 1997 e 2005 funcionou no país um esquema chamado mensalão. Envolveu empresários e integrantes do alto escalão da gestão do compadre-salvador da Pátria e do PT. O desfalque apurado pela CPI que investigou o caso foi avaliado em R$ 2 bilhões. A PF investigou, investigou e nada. Ninguém foi preso! Surgiu então, a máfia das sanguessugas. O esquema funcionava através de funcionários do Ministério da Saúde -até ministro petista foi envolvido- com a interferência direta de parlamentares e de empresários do setor de ambulâncias, vendidas a prefeituras com preços superfaturados. Valor da gatunagem: R$ 110 milhões. A PF investigou, investigou e só o chefe do esquema, Luis Antônio Vedoin está atrás das grades! Em Sergipe, recursos do SUS, na ordem de R$ 2 milhões, foram usados para pagar os shows de inauguração de obras, coincidindo com a despedida de Sua Majestade da Prefeitura de Aracaju para concorrer ao governo estadual. Apesar da denúncia da "Micatera Picareta" pela revista Veja, a PF nada investigou. Ninguém foi sequer intimado a prestar esclarecimentos. Uma auditoria do TCU está em curso, mas se arrasta a passos de cágado. Agora vem a Operação Navalha, com os desdobramentos já amplamente conhecidos. Quarenta e seis pessoas foram presas, acusadas de desviar R$ 170 milhões de verbas públicas por meio de fraudes em licitação. Ao contrário dos casos expostos acima, o rito sumário funcionou como manda o figurino policial e as investigações, agora sob a tutela do STJ, prometem ser rigorosas. Parabéns a Polícia Federal. Pena não ter sido tão eficiente, nem mesmo minimamente zelosa há bem pouco tempo. Mas afinal, prospectar todas as espertezas realizadas a torto e direito neste país, principalmente no governo federal, deve ser tarefa gigantesca. Certamente, falta gente para tanto serviço...

E.Zine 22/05 N68

O GRANDE "SEGREDO" Enquanto a Polícia Federal fazia os últimos ajustes para a Operação Navalha, em Brasília se desenrolava um agradável bate-papo entre o compadre-salvador da Pátria e o presidente do PMDB, deputado Michel Temer. No encontro foi acertada a nomeação de oito apadrinhados do partido para o segundo escalão do governo federal, dentre as quais a presidência de Furnas. O presidente do PTB, Roberto Jefferson, comentou em seu BLOG (sexta, 18/05) o que estava em jogo no convescote dos amigos: "Dinheiro"! Com a experiência de quem sabe o que diz em matéria de jogadas sujas, o homem-bomba comenta: "A briga é por dinheiro, o mesmo motivo que deflagrou o inferno que vivi em 2005. Na época, brigava-se por uma diretoria de Furnas, a de Engenharia, comandada por Dimas Toledo. O caixa dois rendia R$ 3 milhões por mês, divididos ao meio entre o PT e o PMDB (se uma diretoria rende R$ 3 milhões, imagina a presidência da empresa?)". O caixa ao qual o deputado cassado se refere é o mesmo que mantinha o mensalão, para quem já esqueceu desta farra promovida pelos vermelhos sob o comando do "chefe da quadrilha", José Dirceu. Aliás, a quanto anda esse processo? Roberto Jefferson continua: "Os partidos indicam políticos para cargos em estatais para fazer caixa de campanha. O PMDB sabe a importância de Furnas, por isso está brigando por ela. Se uma empresinha como essa Gautama faz um estrago desse tamanho, imagina uma gigante como Furnas". Bem, de resto é bom lembrar, respeitável público, que Furnas integra a poderosa pasta das Minas e Energia, de onde surge garboso o ministro Silas Rondeau, um apadrinhado de José Sarney que a Polícia Federal acusa de ter recebido a bagatela de R$ 100 mil para dar uma força nos negócios de Zuleido Veras! Como diz Roberto Jefferson: "A briga é por dinheiro". Assim, devidamente explicadinho, tudo fica mais claro...

E.Zine 21/05 N67

ENFIM, AO PESCOÇO É possível ouvir a quilômetros de distância as frouxas gargalhadas matraqueadas no âmago do Adulatório Real. Nos antros mais abaixo, com suas bandeiras vermelhas desfraldadas, os lisonjeadores de Sua Majestade amolam a navalha da guilhotina para completar a destruição anunciada até em livro do maior dos desafetos do compadre-salvador da Pátria. Agora mesmo, discutem a madeira para o ataúde, a cor do esquife, o tecido da mortalha: -"Desta vez, tombará para sempre!", comentam. Na Basiléia, vinho, champanhe, uísque e canapés para a grande comemoração no Salão Nobre do Planalto Central. O poder maior, aquele que se julga supremo e invencível, aquele acostumado a cooptar por todos os meios possíveis, está à beira de um ataque de euforia etílica e gastronômica. O desejo geral na Corte é que o cortejo siga logo ao sepulcro, pois o insepulto ainda resiste na memória paroquial. Reações insurgentes, argumentam alguns dos nobres, não devem ser subestimadas! No principado, onde o maior requinte é o gosto pela cachaça branquinha, amplamente sorvida nas aglomerações recreativas em pés-inchados da vida, a galhofa alimenta os diálogos na bêbeda liturgia velatória. Os mais argutos questionam se seria o momento de aludir ao ponto final. Mas a plebe ignara, com a estrela medalhando o peito, esbalda-se gole após gole à espera do golpe fatal. Restaria doravante aos vencidos apenas contrição pela alma política daquele cujo espírito hoje se transmutará à História. Diante da prostração, são eles os que alimentam o riso venal dos autodenominados gloriosos, porquanto também envolvidos pelas imagens e versões impelidas pelo poder supremo às massas. Assim também estaria o grande público, imerso no rio da ignorância... Respeitável público, talvez ainda não fosse este o instante adequado para celebrar a cabeça no cesto do maior dos desafetos do compadre-salvador da Pátria, e único ante-ego de Sua Majestade. A percepção geral parece ser a de muita coisa ainda não devidamente explicada -de todos os lados, diga-se! Falta compreender as verdadeiras intenções para episódios de antes e de agora, que visam sepultar o malquerente. E não convém desprezar o poder das percepções em política. PS: Aos covardes anônimos e aos de pouca fé, um suspiro. Uns riem de si, outros riem de si e dos outros. Mas há aqueles que apenas tem senso de humor para as mazelas alheias. A estes, o ditado da vovozinha continua bem vívido. Ao seu tempo, a gargalhada que fecha a cortina sempre prevalece!

E.Zine 18/05 N66

COMPLICANDO O COMPLICADO O volume de carros em circulação na Grande Aracaju supera proporcionalmente o de grandes metrópoles brasileiras. Nas horas de pico, o trânsito fica insuportável, especialmente nos dias de intensa chuva. Algumas obras estruturais tocadas pela Prefeitura da Capital prometem desafogar as congestionadas vias do Centro e adjacências -destaque para o viaduto do DIA de S. Nunca. Enquanto isso não acontece, a SMTT (Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito) apela para o experimentalismo. Não faz muito tempo, resolveu atualizar a sinalização horizontal de várias vias expressas e de importantes artérias no Centro. Passaram-se algumas semanas e lá chegaram os pintores de asfalto da SMTT cobrindo tudo de tinta preta para dias depois pintar tudo de novo. Ao que parece, alguém descobriu que estava tudo errado e tratou de remendar para evitar vexame. Agora, após mês e tanto em operação, os engenheiros de tráfego da prefeitura resolveram tornar sem efeito o semáforo em frente ao novo supermercado BomPreço da avenida Pedro Valadares. A ponte feita sobre o canal garantindo acesso a quem saía pela lateral do supermercado também foi interrompido com barricadas de concreto. Diante de tantas idas e vindas, e para ficar apenas nesses dois pequenos exemplos, só se pode concluir que alguém está brincando de fazer controle de trânsito na SMTT. Ou pior ainda! Na ânsia de mostrar como o prefeito comunista trabalha para danar, pintam, despintam e repintam asfalto; constroem pequenos pontilhões e depois os inutilizam; implantam semáforos para em seguida torna-los sem efeito... Enfim, uma zorra total! Aracaju já tem problemas demais. Não precisa de outros tantos, muito menos os planejados pelas sapiências da SMTT. Pode ser que lá tenha muita gente disposta a perder tempo. Mas de modo geral, os contribuintes estão sempre muito ocupados. E quando encontram situações que buscam apenas complicar o já complicado trânsito da cidade, tendem a concluir o óbvio ululante: falta massa cinzenta na prefeitura!