E.Zine 17/08 N130

CASOS EXTRAORDINÁRIOS Uma primeira análise é quanto ao genial processo de gestão pública, ainda desconhecido no resto do planeta, mas em pleno exercício no pequenino Sergipe. Os estudiosos precisam ser apresentados à fórmula mágica encontrada por Sua Alteza Real para transformar um estado quebrado, sem fôlego financeiro, em superavitário. Vem desde janeiro. Mesmo sem um tostão furado, nem para o cafezinho, o garboso príncipe tem pagado os salários dos servidores sem atraso; honrou as parcelas mensais das dívidas contraídas nos últimos 20 anos; manteve operando os serviços essenciais, não obstante o péssimo gerenciamento; realizou algumas pequenas obras e toca outras iniciadas pelo ex-mandatário; fez rigorosamente os repasses constitucionais ao Tribunal de Justiça, Assembléia Legislativa e Tribunal de Contas; e o mais surpreendente, conseguiu economizar R$ 250 milhões, apesar da baixa arrecadação tributária. A genialidade e os extraordinários instrumentos de gestão implantados pelos vermelhos sergipanos, capazes de mudar da água para o vinho uma economia em frangalhos já nas primeiras semanas de governo, precisam chegar ao resto do mundo. Seria a contribuição máxima de Sua Alteza Real à saúde econômica do planeta e à prosperidade das nações emergentes, quiçá dos países desenvolvidos... A outra questão a analisar vem das tais dívidas que a gigantesca máquina oficial de propaganda do estado alardeia terem sido deixadas pelo ex-governo como "herança maldita". Seriam R$ 170 milhões em créditos não pagos. Motivo até para Sua Alteza Real pedir ao TCE a inelegibilidade e a perda dos direitos políticos do ex-mandatário. Um breve raciocínio! Se tal dívida realmente existe, onde estão os credores? Quais empresários se apresentaram ao novo governo para receber por serviços ou compras feitas até 2006? Por que ficaram caladinhos por sete meses e somente agora passaram a pressionar o garboso príncipe? Por que não usaram a imprensa para denunciar tamanho descaso? Pode apostar uma pinga com caju que essa é mais uma daquelas novelas mexicanas onde a moça pobre do bairro acaba com o príncipe belo e rico, que vem ser o irmão desaparecido a tantos anos da melhor amiga dela, uma rompante dançarina de cabaré!

E.Zine 16/08 N129

CAI A MÁSCARA Se dúvida havia, agora estão plenamente confirmadas as intenções de Sua Alteza Real de tirar o ex-mandatário do páreo eleitoral no tapetão. Ontem, o diário extra-oficial do novo governo, o JORNAL DO DIA, publicou matéria produzida pela Secretaria Estadual de Comunicação expondo a linha de ataque. Trata-se da resposta de Sua Alteza Real às denúncias de perseguição e da tentativa de tornar inelegível o ex-mandatário, feitas pelo próprio (TV ATALAIA, 13/08) e pelo líder da oposição na Assembléia Venâncio Fonseca (JORNAL DA CIDADE, 14/08). Sob o título NO STF, GOVERNO DIZ QUE É OBRIGADO A PUNIR EX-GESTORES, a maquinação aparece cristalina: "...a atual administração, reconhecendo o efetivo descumprimento da exigência constitucional pela administração anterior, emitiu, por intermédio da Controladoria-Geral do Estado, em 12 de junho deste ano, certificado de auditoria opinando pela irregularidade da prestação de contas apresentada pelo ex-governador no exercício de 2006. O documento, lastreado em relatório técnico subscrito por comissão composta por cinco auditores, constitui ato de controle interno que precede a remessa da prestação de contas para apreciação pelo Tribunal de Contas do Estado". Extremamente preocupado em função da letargia do governo conduzido por ele (e mais ainda pelo perfil eleitoral do ex-mandatário, único capaz de derrotá-lo nas urnas), o garboso príncipe busca eliminar qualquer possibilidade de enfrentamento cara-a-cara através de incursões silenciosas nos bastidores do poder. Depois das armações do governo federal para emperrar, sufocar e ferrar o ex-governo realizadas a pedido e com o incentivo dos vermelhos sergipanos e aliados locais, e mesmo assim o ex-mandatário ainda conquistar 45% dos votos (pleito de outubro de 2006), Sua Alteza Real não pretende correr riscos. Jogará com todas as cartas possíveis! Por outro lado, tamanho gosto pela vigilância da coisa pública, mesmo não sendo xerife nem conselheiro do TCE, parece ser o mais novo fetiche do garboso príncipe -administrar que é bom, nada! Fosse ele realmente tão zeloso com o dinheiro público, como tenta parecer, não permitiria, para ficar apenas num único exemplo, o festival de irregularidades cometidas pelo seu pupilo e candidato preferencial a substituir o prefeito comunista da capital, deputado-secretário de Saúde Rogério Carvalho. Apenas nos sete últimos meses, o arguto rapaz fez compras de mais de R$ 50 milhões em medicamentos sem licitação. Alegou "urgência". Prova cabal de como o novo governo opera sem planejamento! Ou seria um método estrategicamente intencional? Não se deve esquecer também da famigerada MICARETA PICARETA (revista VEJA, 10/05/2006), nem da capina em terreno cimentado de um posto de saúde, nem do rombo de mais de R$ 10 milhões deixado na Saúde municipal. Eventos ocorridos durante a passagem de Sua Alteza Real pela prefeitura de Aracaju e que até hoje não tiveram qualquer explicação, por mais fajuta que fosse. Como a vida é sempre cheia de surpresas, tornar inelegível o ex-mandatário é a saída mais fácil para evitar, quem sabe, um futuro mexe-remexe em certas sofríveis contabilidades e nos métodos nada ortodoxos de administrar da Corte vermelha. Como diz o ditado, "Seguro morreu de velho!"... ATÉ TU, NANINHA? Depois da denúncia aqui feita (CHAPA BRANCA, 14/08) quanto à ilegalidade praticada pelo novo governo ao usar as emissoras públicas de rádio (APERIPÊ AM e FM) para divulgar propaganda de Sua Alteza Real e baixar o sarrafo nos adversários do garboso príncipe, o Sindijor/SE (Sindicato dos Jornalistas de Sergipe) emergiu das sombras e lançou nota* condenando os companheiros vermelhos. Diz o inusitado petardo: "O fato é que, de segunda à sexta-feira, das 6 às 9 horas, Messias Carvalho apresenta o programa 'Sergipe em Debate' na TV CAJU, uma emissora privada em sistema fechado (LigTV). É um programa de notícias e entrevistas, com ampla utilização de comerciais e merchandising. Ocorre que o citado programa é retransmitido, ao vivo, através das rádios públicas APERIPÊ AM e FM, numa relação que confunde os espaços público e privado". Diz ainda: "Além dos aspectos legais, ainda é preciso que se registre que a retransmissão do citado programa de TV privada nas emissoras de rádio públicas revela, entre outras questões, o desprestígio a que são submetidos os seus funcionários públicos e também os seus equipamentos. Não é este o caminho da mudança em que a sociedade apostou". E finaliza com um pedido choroso, do tipo morde-assopra, visando não desagradar Sua Alteza Real: "O Sindijor/SE APELA para que o Governo do Estado de Sergipe rompa imediatamente este "contrato" em benefício do interesse público e inicie, DE VERDADE, um processo de recuperação da Fundação Aperipê, que é um patrimônio do povo sergipano. As rádios AM e FM e a TV Aperipê precisam ser emissoras públicas, renovadas suas estruturas físicas e tecnológicas e seus funcionários verdadeiramente valorizados". Bem, como desconfiar não faz crescer a barriga, pode crer que algum interesse foi contrariado para fazer rugir tão imponente tigre de papel... PS: Será que o MPE (Ministério Público Estadual) vai permanecer omisso? (*) Integra da nota em http://cajueirosepapagaios.zip.net.

E.Zine 15/08 N128

ELE SE ACHA O radialista, estudante de Direito e deputado-tampão Gilmar Carvalho ainda insiste na estampa do "Quem é o gostosão daqui?", apesar dos revezes nas duas últimas eleições. Impedido de falar mal dos vermelhos no programa de rádio que finge comandar na Ilha FM, sob pena de perder a boquinha na Assembléia, luta para manter o emprego -a audiência não anda lá essas coisas!- e o cada vez mais minguado eleitorado. Doze anos atrás, quando chegou a Aracaju puxando a cachorrinha, o cão-cão foi alojado com malas, moringas e cuias na Jornal 540AM. Ganhou o melhor horário, tinha participação no comercial e recebia o mais alto salário da casa. O estilo barroco de agitar ao microfone logo chamou a atenção da plebe rude e até de personalidades de suposto relevo intelectual. Apadrinhado e estimulado pelos donos da emissora, dedicou-se exclusivamente a conquistar um mandato. Verborrágico, prolixo, desmesurado e vociferante, Gilmar Carvalho agia como se não houvesse nada nem ninguém à sua frente. Chegou a ser preso depois de desacatar um juiz. Fez da detenção um ato pela "liberdade de expressão" -a dele, claro! Detalhe: liberdade para mirar e atirar alhures... Daí fez um périplo por vários prefixos. Adiante, o cão-cão retomou o posto de número um da 540AM. No início do ex-governo fazia críticas lenientes ao ex-mandatário e até as usava para mostrar como contribuía com aquele projeto de governo. Além dos dividendos de deputado, recebia gorda verba publicitária (R$ 30 mil/mês) despachada pelo então secretário de Comunicação Carlos Batalha, o único de quem ele falava bem. Meses se seguiram e Gilmar Carvalho passou a ficar arredio. Trombou de frente nos antigos padrinhos. Com o beneplácito de Albano Franco, a quem chamava de frouxo, mudou-se para a FM Sergipe. Os ataques ao ex-governo tornaram-se odientos, pessoais à figura do ex-mandatário e aos familiares deste. Um Chevette 1973 queimado a mando dele numa manifestação de taxistas lhe selou o destino. Para evitar a cassação e a perda dos direitos políticos, Gilmar Carvalho solicitou o urinol e foi desobstruir-se noutra moita, renunciando o mandato. Resmungou meses no rádio. Outubro de 2006 chegou, as urnas foram abertas e o povo esqueceu de votar no cão-cão! Acabrunhado, restou-lhe somente aplicar um abraço de afogado no garboso príncipe. Agora, amordaçado pelo mandato tampão (e expondo a volumosa ingratidão por quem lhe acolheu e nutriu anos a fio), tenta agradar Sua Alteza Real se engajando no projeto do novo governo de detonar e sepultar politicamente o ex-mandatário. Ontem, no programa da Ilha FM, Gilmar deixou claro: "Ninguém me peça para votar (as contas do ex-governo) atendendo a critérios meramente técnicos do Tribunal de Contas ou seguindo orientação política (aqui faz referência ao chefe dele, o suprapartidário Edvan Amorim). Já pensaram se na época das votações eu disser que o deputado que votar pela aprovação das contas do ex-governador é porque já está no bloco liderado por João Alves?". É de dar medo! Gilmar Carvalho, como se vê, não muda mesmo. Ele se acha... FRASE DO DIA "Não maltrate alguém quando estiver subindo. Poderá encontrá-lo quando estiver descendo". (Gilmar Carvalho, citando frase do jornalista Carlos Batalha dita em programas de rádio do século passado).

E.Zine 14/08 N127

CHAPA BRANCA O MPE (Ministério Público Estadual) parece não ter se dado conta da grave ilegalidade em curso no novo governo através das emissoras públicas de rádio (Aperipê AM e FM). Trata-se do programa matinal "Sergipe em Debate" conduzido por Messias Carvalho de segunda a sexta, das 06h00 às 09h00. O MPE nem sempre foi assim tão leniente! Quando o ex-governo passou a usar as emissoras Aperipê para contrapor os ataques sórdidos de radialistas do calibre do deputado-tampão Gilmar Carvalho, o MPE mandou retirar do ar o programa apresentado por Paulo do Valle. Da mesma forma, o programa de Carlos Batalha "Batalha na TV" foi banido da TV Aperipê. A alegação do MPE para censurar os programas embasava-se no suposto "uso político do sistema público de comunicação, cuja atividade fim deveria ser a educação e a cultura". De lá para cá, o entendimento do MPE parece ter mudado. A conclusão advém de uma simples constatação: há pelo menos três meses o "Sergipe em Debate" segue incólume. Ademais, o programa é transmitido para todo o estado por meio de uma rede de emissoras privadas. Outra das queixas do MPE ao ex-governo. Os custos com esta brincadeirinha podem chegar perto dos R$ 100 mil reais/mês. Incluiriam o cachê do apresentador, das equipes de produção e reportagem; a compra do horário na Luandê FM, Princesa FM, Eldorado FM, Xingó FM e Voz do Centro-Sul FM; e a publicidade do programa nos jornais impressos. Ratos de rádio também fariam parte da "folha de pagamento". O "Sergipe em Debate" serve para louvar as virtudes de Sua Alteza Real e atacar adversários e desafetos do Partido dos Trabalhadores. Também é palco de longos debates e entrevistas com secretários e gerentes do novo governo. Vez por outra, quando convém, parlamentares e líderes comunitários ligados ao garboso príncipe são levados a discutir... Sim, isso mesmo, política! Quem sabe, munido destas informações, possa o brioso MPE promover uma revisão na atual filosofia de trabalho e verificar ter havido nesta nova fase das emissoras Aperipê apenas uma mudança básica de atores. O espetáculo, sem qualquer mínima dúvida, tem as mesmíssimas características daquele censurado antes. A diferença de agora é somente no estilo, digamos assim! É aguardar para ver em que vai dar... COVARDIA O clima esquentou ontem na Assembléia. O líder da oposição Venâncio Fonseca denunciou a perseguição em curso contra o ex-mandatário, com vistas a liquidá-lo politicamente. "Quiseram incutir no povo a idéia de que foi um governador descuidado com os recursos públicos, um irresponsável. Agora, estão tentando tornar o Negão inelegível em 2008, para em 2010 encontrarem a estrada livre e pavimentada". Segundo Venâncio, a prestação de contas do último ano da gestão anterior recai sobre a gestão seguinte, e o secretário Nilson Lima (Fazenda) teria recomendado ao TCE/SE (Tribunal de Contas do Estado) a rejeição das contas do ex-governo relativas à 2006. "Não querem disputar eleição com ele. Querem ganhar no tapetão". A gritaria de Venâncio contagiou a geralmente letárgica bancada oposicionista. Antônio Passos disse-se surpreso pois a CGU (Controladoria-Geral da República) só consegue "sortear" prefeituras do DEM ou ligadas ao ex-mandatário para realizar auditorias. "O povo precisa ficar atento às cascas de banana que estão sendo espalhadas". Arnaldo Bispo lembrou dos 100 primeiros dias do ex-governo. "Muitos projetos já haviam sido lançados e muitas obras estavam em andamento. Agora só se houve ‘estamos estudando', ‘estamos planejando', ‘estamos ouvindo o povo' sem resultados aparentes". Exaltado, o vice-líder dos oposicionistas Augusto Bezerra foi o mais incisivo. Classificou Sua Alteza Real de maquiavélico e nazista. Talvez os termos tenham sido duros. Mas a depor contra o garboso príncipe vêm as incursões de bastidores, quase sempre pautadas na máxima "os fins justificam os meios"! Seria receio?

E.Zine 13/08 N126

LIGAÇÕES PERIGOSAS Um dado passou despercebido no caso da prisão da perigosa quadrilha de Carlinhos Arapiraca (Jornal da Cidade, 10/08). O braço direito dele, Carlos Alexandre Santos Silva, além de pistoleiro por profissão, a partir de 2001 também servia como assessor do deputado e candidato a beatificação São Jackson Barreto. A ligação de ambos era estreita, a ponto de ser confiada a Carlos Alexandre tarefas melindrosas, como proteger malas e pacotes durante a campanha eleitoral passada. (Neste caso, a Polícia Federal manteve-se, digamos assim, indiferente!). Preso duas semanas atrás, Carlos Alexandre desdenhou dos policiais e delegados dizendo esperar pelo retorno do santo -estava de férias em Portugal- para livrá-lo das amarras. Como ele havia deixado de trabalhar para JB havia três meses, o esperto deputado preferiu lavar as mãos. Imagine agora o respeitável público, fosse Carlos Alexandre um faz-tudo do ex-mandatário? Certamente, detalhe tamanhamente instigante -sem qualquer juízo de valor ou comprometimento, frise-se- não ficaria sem o devido registro. A manchete ideal de sexta-feira (10/08): "Assessor do Negão integra perigosa quadrilha". Entrementes, para os iluminados da Corte, a imprensa local tem o jeitinho peculiar de abrigar sob vistosos tapetes o que não interessa. E assim segue a carruagem...