Sexta-feira, 27/06/2008 – Ano II – Edição 282
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As Promessas ao Embaixador Gringo
Muita gente ainda está surpresa com a presença no final de semana do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Clifford Sobbel. A última visita de um chefe da diplomacia norte-americana a Sergipe ocorreu em 1963, quando a costa sergipana foi cogitada para receber uma base militar gringa. Clifford Sobbel é um experimentado homem de negócios. Amigo pessoal do presidente George W. Bush, ele foi inicialmente indicado embaixador na Noruega. Em 2006 assumiu a representação no Brasil. Antes de incorporar-se ao Departamento de Estado, Clifford Sobbel presidia a Net2Phone, maior provedor de Internet dos EUA – a empresa também opera com telefonia móvel e soluções tecnológicas. Em 2001 a Net2Phone associou-se a Cisco Systems, companhia californiana multinacional especializada na fabricação de softwares de gerenciamento de redes e roteadores de grande porte. Há 45 anos, a visita do embaixador Lincoln Gordon a Sergipe ocorreu por motivos estratégico-militares. A guerra fria e a tendência política do Brasil ao esquerdismo eram as maiores preocupações dos EUA. Clifford Sobbel esteve em Sergipe para fazer negócios. Conversou com o governador Marcelo Déda sobre a instalação de uma fábrica da Net2Phone/Cisco Systems na Barra dos Coqueiros, nas áreas próximas ao porto. O embaixador saiu de Sergipe com a impressão de que vai fazer dinheiro, especialmente depois de ouvir os argumentos de Marcelo Déda para fechar o negócio. Entre as promessas, renúncia fiscal, infra-estrutura e apoio logístico. Agora é esperar para saber se vai vingar... PS – Apesar de produzir alta tecnologia, a fábrica em questão opera com mão de obra altamente especializada – ou seja, remunera com altos salários, mas dada à automação, terá poucos empregos. Algo em torno de 300 postos de trabalho.

Quinta-feira, 26/06/2008 – Ano II – Edição 281
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O Poder da Máquina Federal
A pendenga promete ser dura. O poder incomensurável da Presidência da República mais uma vez será usado em Sergipe em benefício dos interesses de Lula da Silva, correligionários e aliados antigos e novos. Segundo Lauro Jardim (Revista Veja, 25/06), o presidente dará “atenção especial” à apenas dois pleitos: São Paulo e Aracaju. São Paulo tem o maior colégio eleitoral do Brasil. São 7,9 milhões de eleitores. Vitrine política, cultural e econômica da América Latina, a cidade é setor estratégico para todos os partidos. O eleitorado de Aracaju soma 325.954 pessoas. Em 2004, Marcelo Déda foi reeleito com 186.507 votos, ou 71,38% dos votos válidos. Qual seria a motivação de Lula da Silva na disputa de um “bairro” paulistano? A resposta foi dada pelo próprio Lauro Jardim: “Ali, (ele) quer porque quer derrotar o ex-governador João Alves Filho” – no caso, através dos candidatos democratas Mendonça Prado e Pedrinho Valadares. Ao rasgar seda para receber o apoio do PSBD à reeleição de Edvaldo Nogueira, Marcelo Déda lembrou de quando Albano Franco era governador: “Ele teria condições de bloquear os recursos para a prefeitura, mas pelo contrário. Quando estava com algum ministro me ligava perguntando se havia pendências”. Faltou a Marcelo Déda o mesmo desprendimento! Para edificar a candidatura ao governo, o hoje governador abusou de práticas mesquinhas, próprias dos regimes autoritários. A influência junto ao compadre-presidente permitiu-lhe vetar financiamentos, atrasar repasses e sufocar economicamente o adversário. Faltou a Marcelo Déda coragem para competir em pé de igualdade com aquele a quem mais teme – ontem e agora... A decisão do presidente Lula da Silva de intervir pessoalmente na eleição de Aracaju é prova eloqüente de que João Alves Filho não mentia quando falava em perseguição e uso da máquina federal contra ele. Mais uma vez, Aracaju vai assistir ao abuso do poder desmedido em auxílio luxuoso ao desejo do governador Marcelo Déda de continuar ditando as ordens também na prefeitura da Capital. O acordão estilo sarapatel, a reunir gente estranha numa festa esquisita – do PSDB de Albano Franco ao PPS de João Fontes, passando pelo meio PMDB de Jackson Barreto –, busca exterminar da vida pública quem é empecilho. A menos que...

Segunda-feira, 23/06/2008 – Ano II – Edição 280
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A Crise no Banese Repercute

Leitores insatisfeitos com meus escritos criticam o passado, como se estripulias de agora pudessem justificar supostas ilicitudes de outrora:

  • Excelente a notícia que dá conta da decisão do Ministério Público e do TC de investigar o Banese, mais especificamente a área de TI. Quem sabe assim desvenda a mágica que proporcionou ao eficiente gerente de TI da gestão anterior tão exuberante riqueza. Será que foi algum mimo pela aquisição de "novas plataformas operacionais com sistemas mais eficientes e seguros"? Juliana Santos .
  • Enquanto jornalista o senhor é uma excelente pessoa, daquelas que se curvam servilmente perante aqueles de quem depende. Ou seja, um excelente capacho. Não fosse assim, não estaria se submetendo a assinar matéria difamatória como esta sobre o Banese, sem ao menos verificar o caráter do gerente de TI da gestão Jair Araújo. Os baneseanos se perguntam diariamente de onde veio a fortuna do senhor Robson Cerqueira? Como um bancário do Banese, cuja esposa também é bancária do Banese, acumula tanta fortuna? Seriam heranças de pais milionários? Resposta: não, os pais de ambos são paupérrimos. Fique atento, senhor jornalista. Neste caso o senhor pode estar dando um tiro no pé. Francisco Pereira
Interessante a reação dos petistas quando se sentem ofendidos. Parece algo patologicamente congênito. Tentam espertamente inverter os papeis. Algo mais ou menos assim: “Se fizeram antes, podemos fazer também. Critique o passado e deixe a gente em paz. Agora é a nossa vez”. Os magoados leitores aparentam possuir informações privilegiadas sobre estripulias do ex-governo no Banese. Prestariam um grande serviço à sociedade se formalizassem denúncia no MPE contra Jair Araújo e Robson Cerqueira. Estranho é que somente agora, depois da avalanche de denúncias contra a gestão de Marcelo Déda no Banese, eles tenham resolvido abrir o bico e delatar o passado de favorecimentos, enriquecimento ilícito...
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Os Berros da Vitória
Minha informação exclusiva (vide edição anterior) sobre a reação do governador Marcelo Déda imediatamente após a confirmação da chapa dos democratas a prefeito e vice despertou o leitor Célio Otacílio:
  • “Você disse que ele despreza Mendonça Prado e Pedrinho Valadares por ter dito ‘Eu vou ganhar a eleição de Aracaju no primeiro turno’. Penso eu que ele despreza mesmo é Edvaldo Nogueira e comprova o que todo mundo já sabe: sem Déda, Edvaldo não existe. Também há a possibilidade de Déda está tão convicto que é governador e prefeito de Aracaju ao mesmo tempo, que até acha que o candidato é ele próprio. De qualquer maneira, a informação demonstra claramente o momento de ‘espelho, espelho meu’ vivido pelo governador mais humilde da história de Sergipe”. Célio Otacílio
Qualquer das alternativas é péssima para a militância governista, já plenamente contaminada pela visão equivocada da vitória antecipada. Em contraste, a sobriedade de Edvaldo Nogueira quando recebeu a notícia evidencia o quanto ele respeita não apenas a conjuntura – ainda desfavorável aos governistas – mas o próprio eleitorado. O eleitor de Aracaju tem a estranha mania de remar contra a maré do poder vigente. Já elegeu prefeito gente sem um único voto ou mesmo cabedal eleitoral definido (Wellington Paixão e João Augusto Gama), embalado por fatores cujo histórico se assemelha com o momento atual. Políticos de prestígio costumam transferir votos com incrível facilidade. Porém, a agravante para os governistas é o fato de em 23 anos nunca ter sido eleito um prefeito indicado pelo governador. Mesmo o poderoso Marcelo Déda precisa ir como menos sede ao pote!
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Duda Mendonça em Aracaju
Os tentáculos de Duda Mendonça já estão devidamente fincados na campanha de Edvaldo Nogueira. A produtora de vídeo Malagueta, contratada a peso de ouro para realizar o material de campanha (rádio e TV) já está organizando a montagem da estrutura. A empresa pertence aos familiares de Duda Mendonça e realizou trabalhos para o governo das mudanças para pior, e também para a prefeitura de Aracaju, na gestão de Marcelo Déda.