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EXTRASentença da ação movida contra David Leite por Rogério Carvalho!
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Leia a íntegra da decisão proferida pela juíza de direito Cláudia do Espírito Santo, da 1ª Vara Criminal, pois trata-se de verdadeira aula de Direito Constitucional e de Cidadania, demonstração explícita de como o Judiciário sergipano lida com um caso envolvendo gestor público e jornalista, em benefício da liberdade de opinião, considerada bem maior do Estado Democrático de Direito.
(São quatro folhas de texto, reproduzidas nas fotos abaixo / click na foto para ampliar).







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Quinta-feira, 15/12/2012 | 17h30 | Política
Justiça absolve David Leite em processo de Rogério Carvalho
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Gostaria de informar aos caros colegas de imprensa e demais membros da sociedade sergipana que fui absolvido no processo número 200720100120, classe Queixa Crime, de competência da 1ª Vara Criminal, imputado pelo deputado federal, doutor Rogério Carvalho. Na queixa à Justiça, ele dizia: “Narra o querelante (Rogério) que no dia 08 de agosto de 2007, foi publicado artigo jornalístico elaborado por David Leite, vinculado na rede mundial de computadores, no endereço http://abraoolho-dmilk.blogspot.com, blog mantido pelo próprio querelado, definido como fanzine eletrônico (E.Zine). Afirma o querelado (David) que o requestante é “danado” e “ligeiro”, praticando “rosário de improbidades”; insinua que a festa de aniversário do querelante fora honrada com dinheiro alheio, dentre outros termos considerados pelo querelante como impropérios e achaques à sua honra”.
Pelos crimes, doutor Rogério Carvalho, pediu pena de três anos de reclusão, baseado na Lei de Imprensa. Julgado o processo, a juíza Cláudia do Espírito Santo assim decidiu:
Quanto ao delito de injúria, entende o querelante haver o querelado cometido-o quanto afirmou ser esse “arguto moço”, “danado e ligeiro para dispensar licitações”. Sabe-se que, para configurar o delito de injúria, é preciso que a ofensa atinja a dignidade ou o decoro do seu destinatário, maculando sua honra subjetiva, o que não resta demonstrado nos presentes autos.
Com efeito, não se pode conceber que atribuir a alguém o conceito de jovem (moço), perspicaz (arguto), esperto (danado) e rápido (ligeiro) causem vexame ou atinjam o decoro ou a honra subjetiva de alguém.
Quando muito, no contexto contido na publicação, referindo-se à pessoa rápida e esperta para obter dispensar licitações, constituem crítica às dispensas e inexigibilidades de licitação praticadas pelo gestor público, não sendo razoável esperar o querelante que tais atos estejam, assim como todos aqueles praticados por agentes públicos, imunes à crítica pública.
Frise-se que, da leitura do texto atribuído pelo querelante ao querelado não se depreende crítica pessoal àquele, mas sim aos seus atos de gestão, ainda que de forma irônica e jocosa.
Conclui-se, portanto, que não houve, por parte do querelado, o “animus” de praticar injúria contra o querelante, mas sim a intenção de criticar atos de gestão daquele dos quais discorda.
A Constituição Federal garante o direito de consciência e opinião, não podendo se punir alguém por aquilo que pensa ou sente. Assim, nessa condição, impedir que as pessoas expressem o que sentem ou pensam constitui censura inadmissível na atual ordem constitucional, e traduziria o infame “crime de opinião”.
Por fim, registre-se mais uma passagem do brilhante voto do Ministro Carlos Ayres de Britto:
A plena liberdade de imprensa é um patrimônio imaterial que corresponde ao mais eloquente atestado de evolução político-cultural de todo um povo. Pelo seu reconhecido condão de vitalizar por muitos modos a Constituição, tirando-a mais vezes do papel, a Imprensa passa a manter com a democracia a mais entranhada relação de mútua dependência ou retroalimentação. Assim visualizada como verdadeira irmã siamesa da democracia, a imprensa passa a desfrutar de uma liberdade de atuação ainda maior que aliberdade de pensamento, de informação e de expressão dos indivíduos em si mesmos considerados. O § 5º do art. 220 apresenta-se como norma constitucional de concretização de um pluralismo finalmente compreendido como fundamento das sociedades autenticamente democráticas; isto é, o pluralismo como a virtude democrática da respeitosa convivência dos contrários. A imprensa livre é, ela mesma, plural, devido a que são constitucionalmente proibidas a oligopolização e a monopolização do setor (§ 5º do art. 220 da CF). A proibição do monopólio e do oligopólio como novo e autônomo fator de contenção de abusos do chamado "poder social da imprensa".”
A conduta do querelado não traduz crime de imprensa, já que esse não mais existe no mundo jurídico, nem qualquer outro fato típico equivalente existente na lei penal vigente pelos motivos já expostos.
Assim, julgo improcedente o pedido contido na queixa e ABSOLVO DAVID LEITE na forma do art. 386, III, do Código de Processo Penal. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. (Aracaju, 13 de dezembro de 2011).
Chega ao fim, portanto, um absurdo processo através do qual o deputado, doutor Rogério Carvalho, pretendia calar a minha voz. A sentença da Justiça o colocou no devido lugar: o de cidadão sujeito à crítica, não de cunho pessoal e mesquinha, mas com o fito de alertar a população para práticas condenáveis no exercício de funções públicas. Fico grato aos meus advogados, Eliane Reis Meijas e Alexandre Porto, pela eficiente assessoria, sem a qual seria impossível alcançar a justiça.


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Quarta-feira, 15/12/2011 | 19h25 | Política
Banese: o governador Marcelo Déda mente, sem pejo – mais um vez!
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Dentro do objetivo de maltratar a imagem pública do ex-governador João Alves Filho, aproveitando qualquer circunstância, ontem o governador Marcelo Déda disse ter sido o principal avanço do Banese na sua gestão a recuperação da saúde financeira do banco, antes “refém de uma visão governamental usada para viabilizar investimentos (obras, ações...) do Governo de Sergipe”. Assim, afirmou Marcelo Déda, “muitas vezes eram produzidos resultados positivos forçados, visando a fazer dividendos a serem compartilhados.”
Explico: como principal acionista do Banese, o governo sergipano tem direito legal de fazer retiradas quando, obviamente, há lucro nas operações financeiras que, observem este importante detalhe, são monitoradas detalhadamente pelo Banco Central e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia do Ministério da Fazenda responsável por fiscalizar as atividades do mercado de valores mobiliários (incluindo as bolsas de valores). Observe também a sutileza da palavra empregada – “forçados” –, para evitar dizer explicitamente que os resultados eram “falseados”. Comento isto adiante.
Voltemos ao discurso: Marcelo Déda disse ter chegado ao governo percebendo a situação extremamente grave, a por em risco a própria estabilidade do Banese – objeto, segundo o governador, de inspeções do Banco Central e seguidas advertências a respeito de práticas fora do padrão exigido pelo BC. Teria, então, o Banese corrido risco de falir? Para Marcelo Déda, esta seria “uma palavra muito forte”. Mas disse que, para recuperá-lo, o governo precisou abrir mão dos tais dividendos “por dois anos seguidos”.
Comento: esta não é a primeira tentativa de Marcelo Déda para apresentar-se como salvador do Banese. Tão logo assumiu em 2007, o governador passou a queixar-se que João Alves Filho havia antecipado em 2006 o pagamento de dividendos do Banese, deixando transparecer que houvesse nisso alguma ilegalidade, não obstante o próprio presidente do banco à época, João Andrade, afiançar sê-la “prerrogativa prevista em lei”.
Por outro lado, ao usar as hábeis palavras “resultados positivos forçados” e não resultados positivos “forjados” ou “falseados”, como queiram, Marcelo Déda busca eximir-se de qualquer possível inquirição judicial, já que não desceu aos desvãos da calúnia, seguida de injúria e difamação – cuidado que revela as reais intenções do governador: trazer de volta ao público a querela da “terra arrasada”, após a passagem do Tsunami Negão.
O curioso é que a Assembléia de Acionistas do Banese, reunida em abril de 2007 para ratificar (ou não) o balanço de 2006, entendeu que precisaria apurar melhor a “denúncia” de Marcelo Déda, antes de votar o demonstrativo – a votação veio a acontecer naquele mesmo mês, sem que se conheça qualquer ressalva! No entanto, a gestão do PT somente aprovou o balanço em 10/08/2007, após tê-lo “reajustado”. Estava criado o “fato”...
Ex-presidente do Banese na gestão de João Alves Filho, Jair Araújo esclarece: “O acionista-controlador (o governo estadual) – através do presidente do Conselho, o então secretário da Fazenda Nilson Lima – votou pela aprovação do balanço (em abril de 2007). Então, criou-se um ‘factóide’ (em agosto de 2007) para confundir a população, a fim de enfraquecer o banco e para desrespeitar os ex-gestores. Porque, quando uma notícia assim sai na imprensa, o povo acha que alguém colocou dinheiro no bolso.”
Pimba! Não é preciso ser muito esperto para concluir que a estratégia de corrigir o balanço de 2006, introduzindo nele um prejuízo de R$ 22 milhões – que não existia de fato, como se pode deduzir pelo voto de Nilson Lima concordando com o demonstrativo feito pela equipe de João Alves Filho –, tinha clara motivação política. Lembrem-se, naquele final de 2007, já se falava na possibilidade de o ex-governador, bem posicionado nas pesquisas, ser candidato a prefeito de Aracaju em 2008.
Desmontar o novo embuste – ou factóide, se preferirem – de Marcelo Déda é tarefa simples. Será que o Banco Central, a Comissão de Valores Mobiliários e a Receita Federal, sob o controle absoluto de Lula da Silva, que buscava a todo custo foder – nestes termos – seu inimigo Número 1, iriam manter o controle do Banese por longos quatro anos nas mãos de João Alves Filho, caso o banco estivesse capenga, à beira de um ataque de nervos? Faz-me rir, petralhada... Vejamos como estava o Banese ao final de 2006, de acordo com quem tem credibilidade para julgar o mercado financeiro nacional:
* O Banco do estado de Sergipe encerrou 2006 sendo o Segundo Melhor Banco Público do país, de acordo com a edição de junho de 2007 da revista “Conjuntura Econômica”, da Fundação Getúlio Vargas (FGV). No item “Rentabilidade sobre o patrimônio líquido”, o Banese aparecia na mesmo publicação (veja reprodução ao lado / click para ampliar) na terceira posição, com 52,7% – o lucro final do Banese foi multiplicado por seis na gestão de João Alves Filho.
* O Banese foi considerado pelo BNDES o melhor banco de microcrédito do país, pela administração eficiente e criteriosa do Banco do Povo, que superou todas as metas inicialmente previstas: foram R$ 40 milhões movimentados; 55 mil clientes atendidos; 3.036 novos empreendimentos implantados – aplicação média de R$ 653,00 por cliente atendido. Como resultado, 17.242 postos de trabalho foram abertos, beneficiando majoritariamente as mulheres chefes de família (68,5%), especialmente as com atuação no setor do comércio (79,59%). O sucesso do Banco do Povo de Sergipe residia especialmente nos baixos juros cobrados – de apenas 1,3%/mês, os menores do Brasil – e pela assistência técnica e empresarial (prestada pela Secretaria de Combate à Pobreza) aos empreendedores durante o processo de empréstimo e na implantação do negócio.
* A Austin Rating, primeira empresa brasileira de rating bancário, publicou em 26/02/2007, relatório de avaliação (vide reprodução ao lado / click para ampliar) no qual reafirmava o “Rating A- ao Banco do Estado de Sergipe S/A”. O Comitê de Classificação de Risco da Austin Rating, levou em conta “a continuidade no aumento dos volumes de crédito do banco, em linha com sua estratégia corporativa, e a forte diminuição de seus índices de inadimplência, melhorando o perfil da carteira de crédito. Esta tendência eleva a solidez financeira da organização, contribuindo para agregar sustentabilidade aos lucros e receitas do banco, particularmente em um cenário de queda nas taxas de juros básicas, as quais definem a rentabilidade de grande proporção do ativo do banco.”
*A revista econômica VOCÊ S.A., edição de maio de 2007, aponta o Banese na primeira posição entre os 20 bancos de pequeno e médio porte com “melhor rentabilidade operacional” no mercado brasileiro. Diz a revista: “O índice preço/lucro para os papéis do Banese tem retorno em quatro anos, contra os habituais 12 anos, que é a média do setor. O Banese ostenta um retorno sobre o patrimônio de 50%, bastante superior aos 27% da média do Mercado”.
Todos, na visão decantada por Marcelo Déda, devem ter sido ludibriados pelo Negão...
O governador disse ontem que, para “recuperar o Banese”, ele precisou abrir mão dos tais dividendos que tanto criticava “por dois anos seguidos”. Mentira deslavada... Quem contradita o governador é o próprio Relatório da Administração do Banese 2007/2008, páginas 05 e 06 (reprodução ao lado / click para ampliar), que confirma ter o Conselho de Administração distribuído R$ 6,7 milhões a título de remuneração aos acionistas, e provisionou R$ 4,6 milhões para pagamento de dividendos complementares, totalizando R$ 11,3 milhões.
Ou seja, o Banese não era um banco quebrado, ao contrário, pois fez repasses dos lucros aos seus acionistas em 2007 e 2008. É aquela história, camaradas, a mentira tem pernas curtas!


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Terça-feira, 13/12/2011 | 10h25 | Política
Um exemplo para Marcelo Déda
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Economistas são geralmente cautelosos. Então, a euforia de muitos deles sobre o potencial econômico do Brasil, especialmente diante da grave crise de credibilidade dos países da Zona do Euro e dos EUA – apesar da pequena recuperação no nível de emprego norte-americano – coloca o país sob nova responsabilidade: aprofundar a guerra contra as desigualdades regionais, fator impeditivo para o pleno desenvolvimento brasileiro.
Em “Desigualdades Regionais no Brasil – Natureza, causas, origens e soluções”, o professor do Departamento de Economia da Universidade Federal de Pernambuco e ex-presidente da Associação Brasileira de Estudos Regionais Alexandre Rands Barros alerta para o fato de o Nordeste ainda não ser visto como “mercado potencial”, capaz de impulsionar a industrialização nacional, com a descentralização do parque produtivo para a região – mas, acrescenta ele, caberia aos governos estaduais criar projetos viáveis (autosustentáveis).
Numa recente entrevista ao jornal “Valor Econômico” (28/11), o governador Marcelo Déda comentou o Plano Plurianual, nome pomposo para o projeto que prevê até 2014 investimentos da ordem de R$ 1,5 bilhão – anotem este número, para compará-lo mais adiante – na ampliação do PIB sergipano. O objetivo é atrair indústrias e ampliar o número de micro e pequena empresas, a fim de aumentar a oferta de emprego com carteira assinada.
Sergipe poderia investir em campos distintos da economia, como energia sustentável (ampliando a produção de etanol, produzindo biodiesel a partir da mamona, implantando fazendas eólicas, desenvolvendo bioenergia com o lixo), tecnologia de ponta (investindo no parque tecnológico, para atrair pesos-pesados da industria de hardware e software), fruticultura irrigada (concluindo e dando suporte aos projetos de irrigação) e no turismo (atraindo grupos internacionais e a própria CVC, para construir grande hotéis).
No entanto, estranhamente, o governador Marcelo Déda parece indisposto (ou incapaz) para “pensar grande”. Neste sentido, chama a atenção a entrevista da governadora do Rio Grande do Norte Rosalba Ciarli (DEM) à revista “Dinheiro” desta semana, na qual expõe o programa de desenvolvimento em implantação naquele estado. Somente da Petrobras, Rosalba Ciarli prevê investimentos entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões por ano.
No total, até 2014, Rosalba Ciarli pretende injetar na economia do RN cerca de R$ 35 bilhões – isso mesmo, R$ 35 bilhões! –, incluindo os recursos destinados à Copa do Mundo (Estádio Arena das Dunas) e da implantação no novo terminal aéreo de São Gonçalo do Amarante, primeira concessão privada nacional. Turismo, energia sustentável (fazendas eólicas), ampliação do porto de Natal, mineração (ampliação de duas jazidas de ferro), fomento às salinas (90% do sal consumido no país vem de lá; agora quer exportar o produto)... haja fôlego!
Comparar, sobretudo quando resguardada as devidas proporções, expõe diferenças importantes sobre modelo de gestão e prioridades dos governantes.
O discurso do governador Marcelo Déda é encantador, sem dúvida. Mas quem age é Rosalba Ciarli para, como afiançou Alexandre Rands Barros, “criar projetos viáveis”. Bons exemplo existem no próprio Nordeste, prova de que é possível, sim, reduzir as desigualdades regionais, basta que cada estado faça a sua parte – e o olhe que Marcelo Déda teve (e tem) uma grandiosa vantagem ante os demais governadores da região: em suas gestões, a Presidência da República esteve/está sob o comando do PT. 


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Segunda-feira, 12/12/2011 | 9h45 | Literatura
Livros imperdíveis – fim de ano quente! 
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O bom e prestativo jornalismo investigativo – por vezes financiado e nutrido de informações, não tenha dúvida, por adversários políticos – tem sido de grande serventia ao mundo civilizado, para expor as entranhas da corrupção, do uso indevido do dinheiro público, do nepotismo, das artimanhas para derrotar inimigos e desafetos.
Faz mais ou menos um ano, li o impagável “Honoráveis Bandidos”, livro-reportagem do veterano jornalista Palmério Dória, revelador dos bastidores do surgimento, enriquecimento e tomada do poder regional pela família Sarney. Do Maranhão ao Senado, passando pelo Amapá, o livro mostra como o patriarca que virou presidente da República por acidente, transformou o Maranhão – e depois o Senado – no quintal de casa, em beneficio de parentes e amigos. Vale cada centavo pago e, ainda melhor, traz passagens cujo riso estridente é inevitável.
Agora me chegam às mãos duas pérolas preciosas: “A Privataria Tucana”, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., e “O Chefe”, escrito pelo também jornalista Ivo Patarra. O primeiro nos revela, de maneira chocante e até decepcionante, a dura realidade dos bastidores da política e do empresariado brasileiro, em conluio para roubar dinheiro público. Faz uma denúncia vigorosa da chamada “Era das Privatizações”, do governo de FHC – alguns ministros, como José Serra (Saúde) são desossados. Nomes de (outros) figurões até agora blindados pela aura da honestidade são exibidos com graves manchas, pela imprevista descoberta de grandes malfeitos.
Já o segundo livro é um relato detalhado da corrupção – recorrente, ao que parece – na era Lula da Silva. Após cinco anos de pesquisa, Ivo Patarra narra por meio de inquéritos, relatórios, sindicâncias, investigações e reportagens os memoráveis escândalos protagonizados pelos petralhas – claro, há detalhes intrigantes do escândalo do mensalão, o maior esquema de corrupção governamental de que se tem notícias no Brasil, em todos os tempos.
Os livros me chegaram às mãos hoje e tão logo os tenha lido – há uma pilha imensa de material a ser estudado, o que requer paciência e tempo disponível –, farei um relato resumido do que há de interessante e mereça ser compartilhado. Ademais, uma boa semana para todos...


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Sexta-feira, 09/12/2011 | 8h50 | Política
Onde Almeida Lima acerta – e onde erra feio!
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Como disse em escrito recente (vide mais abaixo), Almeida Lima não é um político qualquer. Poucos homens públicos têm tão poucos “amigos” de longas datas como o deputado federal. Não é por acaso: o cujo é um homem de temperamento forte, aguerrido defensor da opinião própria, e prova disso, agora mesmo preferiu – ou quem sabe foi compelido a tanto – deixar o manto sagrado da Base Aliada do Governo Federal, para abrigar-se sob o cobertor curtíssimo do PPS, um partido meia-boca.
Almeida Lima quer ser o próximo prefeito de Aracaju. Além de justo, o pleito do ex-prefeito tem respaldo numa parcela importante da comunidade. Almeida Lima não foi o administrador mais brilhante, operoso e desenvolvimentista a passar pela Prefeitura de Aracaju, mas tem o mérito de ter posto a casa em ordem, após a fatídica gestão de Wellington Paixão e o desastroso meio mandato – deixou o cargo para concorrer com Albano Franco ao Governo de Sergipe – de Jackson Barreto, de quem era vice.
O deputado acerta quando deseja retomar as rédias da prefeitura, hoje transformada em lupanar de interesses privados e políticos, cujo maior empreendimento é irrigar sobejamente os cofres de empreiteiros, concessionários de serviços públicos e Organizações Não Governamentais ligadas ao PT e PCdoB. As promessas de Marcelo Déda de desprivatizar a administração municipal, referendadas posteriormente por Edvaldo Nogueira, eram conversa para boi dormir...
Além de Almeida Lima, há outros nomes dispostos a disputar o cargo de prefeito. No caso dos candidatos governistas já declarados – deputado federal Rogério Carvalho e deputada estadual Ana Lúcia Menezes, os mais competitivos –, a campanha começou! Outros candidatos da situação a despontar com boas chances de concorrer sem fazer feio são o deputado estadual Adelson Barreto e o deputado federal Valadares Filho. Na oposição, o nome forte (e mais bem posicionado nas pesquisas, bem à frente de todos os demais) é o de João Alves Filho, ainda não declarado candidato e cuja ação tem sido mínima.
Almeida Lima erra descomunalmente ao não observar um detalhe importante no processo eleitoral, já tão antecipadamente deflagrado: a opção da maioria dos aracajuanos pelo Negão (sem lhe tirar os méritos pessoais, claro) ocorre NÃO por amor desmedido ao ex-governador, mas pelo desejo de punir o engodo, a falação palanqueira, a palavra traída, a soberba, a ganância... Trocando em miúdos: gestor responsável por grandes mudanças na geografia de Aracaju, João Alves Filho é visto como “tabua de salvação” para fugir dos trapaceiros. Caso Almeida Lima, ao invés de atacar “desafetos” políticos, centrasse em propostas a inteligência privilegiada, a cultura absorvida e o cabedal administrativo já testado, quem sabe seria bem mais notado, sobretudo pelos jovens que anseiam por um líder antenado, disposto e preparado.
Como solucionar o caos no trânsito, como acabar com a mamata do lixo e transporte público, como adequar a saúde as exigências do cidadão, como elevar o nível da qualidade no ensino, como preparar a cidade para os desafios do futuro – inclusive tecnológicos, como gerar empregos... Questões que, com o aparato disponível, Almeida Lima poderia transformar em debate público, mostrando-se não como alternativa, mas como A Alternativa!
Esta reflexão serve, obviamente, para quase todos os concorrentes, mas dirijo-me em especial ao danado do Almeida Lima por considerá-lo afeito aos grandes desafios, atributo essencial para quem pretende provar aos aracajuanos em 2012 que não está para brincadeira – nisso o Negão pinta e borda, com os pés nas costas!
Meu lamento, portanto, é ver um bom sujeito como Almeida Lima, com tanta bagagem política, autoridade conquistada e vontade de fazer, perdido (ou achado?) em miúdas querelas...


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Quarta-feira, 07/12/2011 | 17h00 | Política
Santas questões incômodas
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O diligente Ministério Público Federal (MPF) ajuizou hoje três ações de improbidade administrativa contra o ex-secretário de Educação de Sergipe (governo de João Alves Filho), Lindbergh Gondim de Lucena e outros 15 ex-servidores da Secretaria de Estado da Educação (SEED), além de ONGs e seus representantes. Relatórios da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas da União (TCU) a comprovar a existência de “direcionamento nas licitações para contratação dos convênios” serviram de base para o MPF deflagrar os processos.
Os relatórios apontariam desde ausência de alguns documentos exigidos em licitações a superfaturamentos que vão de cerca de R$ 9.600 a mais de R$ 210 mil. Teriam sido feitos ainda diversos pagamentos antecipados às ONGs vencedoras das licitações fraudadas – em vários cheques emitidos, não havia sequer a comprovação da destinação do pagamento.
Em outro caso relatado pela CGU ao MPF, teria ficado constatado que a SEED poderia ter reduzido as despesas com um “workshop” para professores, que teve menos inscritos do que o estimado, contudo, a secretaria optou por fazer o pagamento do valor total. Desta forma, um seminário que custaria R$ 346 por aluno inscrito, acabou custando R$ 1.244,39 por aluno, já que dos 615 previstos, apenas 250 efetivamente se matricularam e apenas 171 concluíram o curso.
Total da suposta “farra” na SEED no governo de João Alves Filho? Uma ninharia! Merece punição? Obviamente que sim – e a Justiça, se entender que há algo de ilegal, certamente punirá...
Agora, tratando sobre outra ONG: mais de R$ 30 milhões foram repassados pela Prefeitura de Aracaju, nas gestões de Marcelo Déda e Edvaldo Nogueira, à Sociedade Eunice Weaver. Em 2009, após muita chorumela de alguns vereadores da oposição, os pagamentos à ONG foram suspensos e ela sofreu intervenção. De lá para cá, alguém ouviu falar em alguma ação de improbidade administrativa contra quem fez sumir pelo ralo da corrupção mais de R$ 30 milhões?
Porventura o assunto “não interessaria” nem à Controladoria-Geral da União (CGU) ou ao Tribunal de Contas da União (TCU), visto que parte significativa dos repasses à Sociedade Eunice Weaver era de recursos federais? Onde está o dinheiro desviado pela Sociedade Eunice Weaver? Por que pegar “peixes” pequenos e esquecer os “tubarões”? A quem interessa não punir as maracutaias realizadas na Prefeitura de Aracaju, desde 2003? Por que somente colocar o governo de João Alves Filho na berlinda, justamente quando o Negão desponta como favorito nas pesquisas, e esquecer a turma do poder?
Santas questões incômodas...

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Quarta-feira, 07/12/2011 | 16h00 | Sociedade
Porque sim, devemos regulamentar a maconha!
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A ignorância é a arma dos governantes: “Estou explicando para te confundir, estou te confundindo para te esclarecer! Ontem comecei a ler a revista TRIP número 200 no meu IPad, que traz FHC na capa: uma edição dedicada totalmente à maconha, seus usos e “frutos” – a inclusão da edição da revista Trip de 15 anos atrás com Tim Maia falando sobre a droga é impagável.
O ex-presidente do Brasil dá uma aula de como lidar, filosófica e sociologicamente, com a questão da maconha e as implicações por ainda não haver sua regulação no Brasil – atenção, não é le-ga-li-za-ção, mas regulamentação; ou seja, criar leis federais para reger a produção, comercialização e consumo, como se faz com os cigarros e o álcool.
Nesse sentido, o vídeo indicado no link (http://www.youtube.com/watch?v=snnJ0-VAETw&feature=share) contribui muito com o debate sério e isento que o assunto requer! Não devemos esquecer, estamos no Século XXI e o ser humano deve ser livre para fazer suas escolhas, inclusive no campos das drogas. Proibir o uso da maconha, está provado, não deu certo.
Talvez, como se fez com o álcool, o ideal seja mesmo criar um mercado controlado. Por fim, seria ótimo para a economia do país se a maconha fosse, finalmente, taxada.
Parabéns aos criadores do vídeo. Espero que curtam...
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PS - Para quem tem IPad, o APP da revista TRIP (gratuito) dá acesso às últimas seis edições da revista, de graça. Baixe e curta. São edições primorosas.


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Terça-feira, 06/12/2012 | 09h05 | Política
Por que o Negão incomoda tanto o deputado Almeida Lima?
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O deputado Almeida Lima diz ter assumido o compromisso consigo, com a sociedade e com a História, de que “nada ficará escondido”, no tocante à política recente de Sergipe. Políticos devem debater, denunciar, contestar, reverberar, contraditar, sugerir... Almeida Lima pede-me para aguardar, pois “temos muito tempo pela frente”.
O próprio Almeida Lima encarregou-se de antecipar o embate de 2012, quando passou a escrever e opinar na imprensa (direito dele, aliás), sobre líderes políticos com os quais já repastou num passado próximo, mas que hoje teriam, “em tese”, interesses partidários conflitantes. A política é assim...
Almeida Lima afirma que estou eu aperreado. Diz ainda que não perderei “absolutamente nada” por esperar. Motivo para tanto esparro? Ironizei-o no Twitter por certa afirmação, numa entrevista ao site Universo Político. A pérola merece ser reproduzida: “João Alves Filho faz crítica aos atuais gestores (governador Marcelo Déda e prefeito Edvaldo Nogueira), alegando, inclusive, que ambos estão destruindo nossa capital. Embora seja a afirmativa verdadeira, João Alves Filho não tem autoridade para (fazer) tal afirmativa, pois como prefeito e governador, DESTRUIU MAIS ARACAJU que os atuais gestores.”
Almeida Lima não é um político qualquer. Como senador, foi o único sergipano a presidir a poderosa Comissão de Orçamento do Congresso Nacional. Por combater a “gloriosa” Ditadura Militar, o hoje deputado federal teve de esconder-se, para não ser preso e possivelmente torturado. Não consta que responda a processos por improbidade administrativa, apesar de ter sido (um bom) prefeito de Aracaju (1994/1996).
Desconheceria o prezado Almeida Lima que Aracaju tem duas fases: antes e depois de João Alves Filho? Certamente não, sobretudo pois, em 2002, estava ele candidato a senador numa chapa com... João Alves Filho e, justiça seja feita, trabalhou com afinco junto às lideranças comunitárias da capital para, naquele segundo turno, angariar votos decisivos para eleger o Negão governador.
À época, talvez, João Alves Filho ainda não tivesse tido o devido tempo para destruir Aracaju mais que os atuais gestores – ou, quem sabe, os belos olhos castanhos de Almeida Lima ainda não estivessem plenamente embotados pelo mel da... “mosca azul”.
Pimba! “Mosca Azul”. Eis a questão... João Alves Filho é hoje o nome preferido da população de Aracaju, não obstante ainda não se dizer candidato, para substituir o atual prefeito Edvaldo Nogueira, fato que apoquenta sobremaneira o ego de Almeida Lima: perder uma nova eleição (a terceira) para prefeito de Aracaju seria um desastre!
Ainda bem que o destemido deputado tem como ídolo basilar o filósofo grego Aristóteles, que dizia: “A esperança é o sonho do homem acordado.”
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O Negão (ainda) é a bola da vez – Parece que vive-se hoje o efeito “bateu, inchou”, que já fez de Jackson Barreto, atual desafeto de Almeida Lima, uma lenda política em Aracaju: quanto mais apanha dos adversários, quanto maiores sejam as críticas, ilações e perseguições, mais a população de Aracaju cristaliza a intenção de voto em João Alves Filho, conforme se pode deduzir a partir dos números da pesquisa do Instituto Opinião, realizada entre 02 e 03/12, e que foram divulgados hoje por Gilmar Carvalho, na Ilha FM.
Pesquisa do Instituto Opinião / Estimulada
João Alves Filho – 39,8%
Adelson Barreto – 14,70%
Valadares Filho – 10,3%
Rogério Carvalho – 8,90%
Almeida Lima – 7,05%
Ana Lúcia Menezes – 5,0%
Laércio Oliveira – 2,4%
João Fontes – 0,6%
Valmor Barbosa – 0,2%
Professora Avilete – 0,1%
Não sabem – 4,3%
Não votariam em nenhum dos nomes – 5,7%


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Sexta-feira, 02/12/2012 | 12h25 | Por David Leite
Publicidade de Marcelo Déda no “Valor”: um tiro no próprio pé?
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Os governos – sei disso, pois integrei a cúpula da Comunicação na gestão de João Alves Filho, entre 2003 e 2006 – tendem a crer que, buscando como referência um instrumento midiático de peso, podem agregar valor político, com potencial de ampliar a imagem pública positiva; ou, numa única palavra: votos!
No caso em voga, refiro-me ao caderno especial sobre a economia de Sergipe, publicado na segunda-feira, 28/11, pelo jornal Valor Econômico , ligado à Folha de S. Paulo e a O Globo. Quem o lê sem o devido cuidado, terá uma visão de “realidade fantástica”, distante do mundo real.
Um bom comparativo é o do PIB sergipano, índice que mede toda a riqueza produzida no Estado durante um período. Vejamos: ele finalizou 2006 elevado a 3,99%. Em 2007, saltou para 6,10%, vindo a cair para 5,09% em 2008 – dados futuros não foram divulgados!
Questionamentos: poderia o PIB sergipano ter dado um salto exponencial em 2007, o tumultuado primeiro ano da gestão Marcelo Déda, se já não estivesse estimulado por ações realizadas nos anos anteriores? Por que teria caído justamente no ano seguinte, já sob a gestão petista?
Outros dados, também bastante interessantes, corroboram a mesma visão: a gestão Marcelo Déda pega carona no trabalho realizado por João Alves Filho, também no quesito desenvolvimento econômico e social. Senão, vejamos...
Entre 2002 e 2008, a renda sergipana aumentou de forma acelerada, chegando a um PIB per capita de R$ 9.781, enquanto o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), de acordo com levantamento do Banco Central, considerando o período até 2007, atingiu 0,77, o mais alto do Nordeste à época e hoje muito próximo do índice do Brasil, que chegou a 0,816. Trocando em miúdos: sem um bom começo, como progredir?
Claro que é inegável, mesmo para os membros do Partido da Imprensa Governista (PIG), o papel fundamental da gestão de João Alves Filho como base de todos os projetos tocados por Marcelo Déda – das pontes, ao plano de expansão industrial (apesar da ausência da Refinaria Atlântico, da ampliação do Porto de Sergipe e da implantação da Zona de Processamento de Exportações - ZPE), passando pelo claudicante Parque Tecnológico de Sergipe, ainda hoje praticamente no mesmo nível deixado em fins de 2006.
Os petistas tentam, através de material publicitário publicado (pago a pese de ouro) num jornal de credibilidade e repercussão nacional, apresentar a gestão de Marcelo Déda como magistralmente operosa. Mas os próprios dados apresentados na publicação sugerem um governo passivo, leniente e sem criatividade!
Lamentavelmente, em alguns setores como saúde, segurança pública e educação, nem mesmo manter o básico em funcionamento, pelo menos num nível do aceitável/suportável, os petistas conseguiram. Mas esta é outra (longa e modorrenta) história...


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Quinta-feira, 01/12/2011 | 12h49 | Por David Leite
Pior para Marcelo Déda
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Leia antes:
De como tenta-se, mais uma vez, responsabilizar profissionais de saúde que sofrem por falta de condições de trabalho pelo caos no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), ex-Hospital João Alves (post anterior).

A denúncia feita ontem por Gilmar Carvalho contra quatro médicos do Huse (ex-Hospital JAF) é gravíssima, mas serve para comprovar a fragilidade da gestão do PT.
Segundo o CãoCão, esses médicos faltariam ao trabalho recorrentemente (mas continuariam a receber integralmente os salários – eis a gravidade da demanda), prejudicando a escala do Huse. Contudo, no mesmo horário, atenderiam em seus consultórios...
A questão que Gilmar Carvalho supostamente esqueceu: se alguém falta ao trabalho sem justa causa comprovada, o patrão deve cortar o ponto (e demitir, quando for o caso); por que Marcelo Déda não faz isso com quem fura o expediente de trabalho no Huse – ou somente médicos teriam direito, sem ônus pessoal, ao “ponto facultativo”?
A “denúncia” de Gilmar Carvalho contra os médicos, portanto, contribui para agravar ainda mais a combalida imagem pública de Marcelo Déda, que se já era visto como um governante leniente, sem projeto (a não ser o pessoal/político/partidário) e indisposto ao trabalho, agora agrega a si, graças aos fatos narrados pelo deputado-radialista, a pecha de “chefe sem pulso”!
Será que Gilmar Carvalho pensou nisso ao vociferar queixumes no rádio contra a “máfia do jaleco”?


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Quarta-feira, 30/11/2011 | 13h19 | Por David Leite
De como tenta-se, mais uma vez, responsabilizar profissionais de saúde que sofrem por falta de condições de trabalho pelo caos no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), ex-Hospital João Alves
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Às portas da eleição, em março de 2010, o governador Marcelo Déda lia chocado pesquisas que indicavam o grave descontentamento da população com os serviços de saúde pública oferecidos pelo governo estadual, sobretudo os prestados pelo Huse.
Em busca de minimizar o problema, que poderia prejudicar sua reeleição, ele autorizou a contração de 45 médicos intensivistas para atender áreas críticas do hospital – UTQ (Unidade de Tratamento de Queimados), UIPC (Unidade Intermediária de Pacientes Críticos) e SRPC (Setor de Recuperação de Pacientes Cirúrgicos) –, além de cobrir eventuais furos na escala de médicos da UTI e Semi-intensiva.
Formado por médicos de diferentes especialidades – clínica médica, cirurgia geral, dermatologia, infectologia –, ao grupo foi dada a tarefa de atender “de maneira humanizada, competente e efetiva” pacientes críticos. Todos deveriam receber seus honorários sob a forma de Recibo de Pagamento a Autônomo (RPA).
Ocorre que o Ministério Público do Trabalho não aceitou o “arranjo” e o governo foi obrigado, a partir de setembro de 2010, a contratar os médicos por meio da Cooperativa de Serviços Médicos do Estado de Sergipe (COOPMED), cuja responsabilidade era formar um quadro de profissionais qualificados e pagar seus honorários.
O inferno astral dos médicos teve início, então, por várias vias, sendo a principal delas os frequentes atrasos nos repasses da Fundação Hospitalar de Saúde (FHS) a COOPMED, e, por conseguinte, desta aos médicos. Com salário em atraso, quem trabalha satisfeito? Ademais, sem as mínimas condições de prestar atendimento digno por conta da falta de remédios, material hospitalar e equipamentos essenciais...
A situação de descrédito no compromisso firmado pela gestão de Marcelo Déda gerou insegurança entre os médicos, que agravou-se a cada dia. Mesmo após inúmeras reuniões com o presidente da FHS e com representantes da Secretaria de Estado da Saúde, a querela ainda perdura...
Veja como está o atraso no pagamento dos médicos: 
 Dia 17/07/11 – FHS pagou o mês de maio/2011
 Dia 10/08/11 – FHS depositou 50% da fatura do mês de Junho/2011
 Dia 16/09/11 – FHS depositou restante do mês de Junho/2011
 Dia 10/10/11 – FHS pagou parcialmente a fatura de Julho/2011
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Aos médicos restou ouvir o chavão “devo, não nego; pago quando puder”. Será que, diante do tamanho descaso com profissionais cuja obrigação é salvar vidas, deve-se responsabilizar os médicos do Huse pelo caos que se instalou naquele matadouro? Afinal, apesar das advertências feitas por promotores públicos, a gestão Marcelo Déda descumpriu (todos) os acordos firmados através do Ministério Público Estadual – mas isso os membros do Partido da Imprensa Governista (PIG) não dizem...

Reunião hoje no Ministério Público Estadual
No programa desta manhã, o deputado-radialista Gilmar Carvalho, como sempre falando num tom acima do normal para casos delicados, atacou a “máfia do jaleco” – seriam 4 ou 5 médicos os responsáveis por atravancar o atendimento no Huse.
Por “coincidência”, quase no mesmo momento, era realizada uma reunião – a enésima, diga-se – entre os médicos cooperados, representantes do governo Marcelo Déda e o Ministério Público Estadual. Em pauta, os recorrentes atrasos no pagamento dos honorários.
Houve desabafo dos médicos, que mais uma vez reiteraram a insegurança provocada pela falta de um cronograma de pagamento. A boa notícia é que a promotora de Justiça dos Direitos à Saúde, dra. Alessandra Pedral de Santana, assegurou que, persistindo os atrasos, a qualquer tempo os médicos devem a ela recorrer para cobrar do governo a quitação de parcelas.
Na ocasião, o represente do governo estadual garantiu que o pagamento dos atrasados será feito ainda em 2011 e apresentou duas datas: 10/12 e 30/12. Os médicos estranharam, pois a primeira é um sábado e a segunda véspera do feriado de Ano Novo! Ou seja, seria mais um engodo da turma do PT? É aguardar para ver...


#FAKEs para todos os gostos...
Atenção, amigos twitteiros, a Gang do Bisturi (chefiada por Doutor #Mala_Branca) usa de perfis #FAKEs para denegrir pessoas, sobretudo o ex-governador João Alves Filho, que tanto medo tem causado àqueles que por anos, entre micaretas picaretas, compras sem licitação e armações inimagináveis com o dinheiro público, estão com o baú cheio de bufunfas... milhões delas!
A Gang do Bisturi (chefiada por Doutor #Mala_Branca) também usa perfis falsos para confundir pessoas, fazendo com que imaginem que lidam com pessoas reais – um embuste que demonstra o caráter e a moral que rege esses vigaristas!
Todo o cuidado é pouco...


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Domingo, 13/11/2011 | 12h37 | Política
O mistério da incestuosidade entre ONGs e políticos canalhas finalmente revelado
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Que havia algo estranho na relação entre políticos e Organizações Não-Governamentais estava claro. Faltava entender a mecânica por trás da incestuosidade – ou noutras palavras: como o dinheiro público era desviado, em benefício de esquemas eleitorais e caciques partidários.
A queda do ex-ministro do Esporte Orlando Silva foi didática para desnudar o “modus operandi” que partidos de todos os matizes – no caso em voga, o vetusto PCdoB – utilizam para financiar campanhas, aquilo que espertamente Lula da Silva definiu como “recursos não contabilizados”.
Afora a queda do falastrão Nelson Jobim do Ministério da Defesa, todos os demais cinco ministros que tombaram no cadafalso da gestão Dilma Rousseff, o foram pela mesma razão: usar ONGs para desviar dinheiro público a fim de financiar candidatos a cargos eletivos em todos os níveis.
No caso de Sergipe, uma ONG em especial ficou famosa, a Eunice Weaver, beneficiária de mais de R$ 30 milhões repassados pela Prefeitura de Aracaju ao longo de mais de seis anos, desde o primeiro mandato de Marcelo Déda, até sua substituição pelo então vice-prefeito Edvaldo Nogueira.
Marcelo Déda, portanto, não descobriu a pólvora! Apenas, como fizeram seus colegas do PT e de partidos agregados, usou de todas as “facilidades” proporcionadas pela ausência de rigor na fiscalização das contas de Organizações Não-Governamentais que firmam parcerias com os governos. Hoje, um punhado de notas fiscais (no país da nota fria) vale para justificar a bufunfa dadas às ONGs...
Explico: quando o presidente FHC quis implantar em 1997 um novo modelo, segundo o qual só receberiam dinheiro público entidades que apresentassem metas a ser atingidas, critérios objetivos de avaliação de desempenho e indicadores fidedignos de qualidade e produtividade do trabalho contratado, quem se opôs? Pimba! O PT... O partido de Marcelo Déda entrou com representação no Superior Tribunal de Justiça para derrubar a inovação de FHC.
Não é preciso dizer o que ocorreu a partir de 2003, quando o “cumpade” Lula da Silva assumiu o poder. Também creio, seja dispensável lembrar do famoso “Mensalão”, que os petistas tentam agora transformar num “conto de fadas” da imprensa golpista.
Mais uma vez, Marcelo Déda se vê envolvido com ONGs que atuam em Sergipe, captando verbas do Ministério do Trabalho para supostamente realizar cursos de “capacitação profissional” de jovens pobres. A conta se perdeu num emaranhado de informações contraditórias, sobretudo porque o governo busca mais confundir que informar. Oposicionistas já falam num novo tombo, esse de mais de R$ 20 milhões.
Mas entendamos a aflição da turma governista, afinal a eleição se aproxima...



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Terça-feira, 18/10/2011
Briga de vermelhos
Doutor (ele gosta de ser chamado assim) Rogério Carvalho, segundo Antônio Samarone
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Para os não-iniciados nos assuntos da psicanálise, podem soar como simples chacota as palavras do médico sanitarista e comissário-chefe da SMTT/Aju, Antônio Samarone*, ao caracterizar o colega médico e ex-secretário de Saúde, deputado Rogério Carvalho: “Ele sofre de atrofia de superego.” No entanto, há mais nesses céus que aviões de carreira...
Inicialmente, as definições – depois comento:
O superego é inconsciente; faz a censura dos impulsos que a sociedade e a cultura estabelecem como non-gratos, impedindo ao indivíduo satisfazer plenamente instintos e desejos íntimos (e talvez incontidos). Noutras palavras: é o sistema gestor da repressão, particularmente a sexual. Indiretamente, o superego manisfesta-se no consciente sob a forma da moral, como um conjunto de interdições e deveres; e por meio da educação, pela produção da imagem do “Eu” ideal, ou seja, da pessoa moral, boa e virtuosa.
Já a atrofia designa a parada ou redução no desenvolvimento de uma parte do corpo. Músculos atrofiados, por exemplo, podem diminuir de tamanho e perder a capacidade de mover braços ou pernas. A atrofia muscular progressiva, causada pela doença de uma parte da medula espinhal, faz com que certos músculos definhem.
Comento, então: ao juntar dois elementos aparentemente incompetíveis para definir a personalidade de Rogério Carvalho, o ardiloso Antônio Samarone abusou da semântica a fim de dizer o que todos já sabem, mas poucos professam: o deputado é um cabra muito capaz; capaz de tudo, justamente por conta da ausência de pudores ou limites morais – daí o superego atrofiado!
Convenhamos, trata-se da mais perfeita definição de Rogério Carvalho jamais feita...
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(*) Entrevista dada ao jornalista Gilmar Carvalho no “Jornal da Ilha” desta terça-feira.


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Quinta-feira, 06/11/2011 | 09h47
Rápidas palavras acerca de Steve Jobs
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Minhas experiências com LSD foram uma das duas ou três coisas mais importantes que fiz em minha vida”. A frase, bem ao gosto do polêmico empreendedor – sem dúvida, o mais brilhante deste século –, resume a personalidade do “homem-zeitgeist” por trás dos óculos de aros redondos. Foi ele quem melhor capturou e sintetizou o espírito do nosso tempo.
A inquietação na alma de Steve Jobs proporcionou à humanidade avanços tecnológicos dignos dos melhores filmes de ficção científica de minha adolescência. Hoje, com meu IPad em mãos, “deslizo” meus dedos pelo mundo, de qualquer lugar onde eu esteja. Que fantástico!
Algumas personas são realmente especiais. Vejamos Steve Jobs, avesso às pesquisas de mercado: “Quem disse que faz parte do trabalho do consumidor descobrir o que de fato deseja ter?”. Henry Ford, em outubro de 1908, lançou nos Estados Unidos – aliás, sempre eles, os inovadores norte-americanos –, o Modelo T, um veículo confiável, robusto, seguro, simples de dirigir e, melhor de tudo, barato. Sobre pesquisas de mercado para lançar o carro? Disse Henry Ford: “Se perguntasse aos clientes o que eles queriam, ouviria como resposta: 'um cavalo mais rápido'.” Assim são os “homens-zeitgeist”, leitores da “ambição” alheia, antes mesmo de ela existir!
Todos já sabiam que seria quase impossível a Steve Jobs, por sábio que fosse, vencer a luta contra o nefasto câncer. Sucumbiu aos 56 anos, tendo logrado aos jovens do mundo todo a mais importante das ideologias: um projeto na cabeça, capacidade de empreender e coragem para ousar são os ingredientes essenciais do sucesso profissional. Perdemos uma alma poderosa...


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Domingo, 02/10/2011 | 19h05 | Por David Leite
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Série | Meia década jogada no lixo
Parque Tecnológico de Sergipe
Orador cuja verve já foi adornada de predicados por ninguém menos que o ex-presidente do TSE, ministro-poeta Carlos Brito (STF) – seria, naquela atualidade, “nosso” Demóstenes (político e o maior dos oradores gregos - 384/322 a.C.) –, o governador Marcelo Déda finalizará o primeiro ano do segundo mandato (2010/2014) num péssimo contexto: palavras, no caso dele, são apenas isso: palavras...
O duro crítico doutros governantes elevou Sergipe ao deboche nacional, com aparições rotineiras em programas de TV de grande repercussão. Não lhe será perdoado o desmonte de setores estratégicos, como a saúde (sucateamento do Samu) e a educação (com a inconcebível posição humilhante obtida no IDEB, sistema de avaliação de qualidade do MEC).
Douto na jactância, Marcelo Déda eivou-se em infindáveis e apopléticos discursos – vocábulos jogados ao vento, contata-se hoje, após meia década perdida, atirada ao lixo...
Vejamos o ocaso do Parque Tecnológico de Sergipe. Deveria ser referência no Nordeste, inclusive à frente do Porto Digital do Recife/PE, que produz tecnologia da informação e comunicação, com foco no desenvolvimento de software. Mas, apagou-se!
Fundado em julho de 2000, o Porto Digital é hoje um gigante. Tem 173 empresas dividindo cem hectares num complexo de prédios históricos restaurados do Recife Antigo, dentre as quais multinacionais como Motorola, Borland, Oracle, Sun, Nokia, Ogilvy, IBM e Microsoft. Fechou 2010 com 6,5 mil empregos diretos e responde por 3,9% do PIB de Pernambuco – tem ainda biblioteca pública, duas incubadoras de empresas e 8 km de fibra óptica.
O Parque Tecnológico de Sergipe nasceu em 2004, por iniciativa de João Alves Filho, após comprovar a eficácia de empreendimentos semelhantes na Europa, Estados Unidos e Canadá. Inicialmente implantado no Centro Administrativo Augusto Franco em Aracaju, o parque sergipano encontra-se basicamente como há cinco anos. Hoje, possui 20 e poucas empresas, tem três incubadoras e seis instituições de pesquisa. Gera algo como 200 empregos diretos.
Alvo da demência administrativa do governador Marcelo Déda, o parque sergipano empacou por falta de espaço físico e de visão empreendedora. Desafortunadamente, João Alves Filho foi impedido de contrair financiamento de R$ 35 milhões para construir dois dos inúmeros prédio previstos para compor, no antigo Aeroclube de Aracaju, o que poderia ser hoje um dos maiores polos de tecnologia do Brasil.
O projeto, conforme pode ser visto na foto da maquete ao lado, visava abrigar mais de 50 empresas e quatro incubadoras, num ambiente ecologicamente aprazível, similar ao encontrado nos parques tecnológicos do Primeiro Mundo. Marcelo Déda preferiu, no entanto, descontinuar tudo o que já sido elaborado – até a área já negociada com o aeroclube foi devolvida – e “recomeçar” do zero, fato que atrasou Sergipe sobremodo na guerra tecnológica.
Apenas com os dois prédios inicialmente previstos para serem implantados até meados de 2008 na nova área, poderiam ser gerados 1.600 empregos diretos. Ademais, atrair multinacionais de ponta, como ocorreu com o Porto Digital do Recife, causaria incomensurável efeito sinergético no mercado tecnológico local, com reflexos positivos (em Sergipe) nas universidades e empresas – fossem micro, pequenas, médias ou grandes – e no florescente parque industrial nordestino.
Assunto tão instigante carecia que bons exemplos espalhados pelo mundo aqui pudessem ser apresentados. Mas basta ao leitor interessado em aprofundar-se pesquisar sobre impactos diretos dos parques tecnológicos na economia de inúmeras cidades de países avançados e emergentes (Índia, China, Israel...) para concluir o quanto estamos engatinhando, quando a situação poderia ser outra – muito, muito melhor! –, não fosse a visão caolha do atual gestor.


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Segunda-feira, 26/09/2011 | 12h10
A pior parte...
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Se você pensa que a matéria do programa “Fantástico” da Rede Globo sobre o sucateamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), exibida em ontem em nível nacional (linque abaixo), seria a pior parte da conflituosa relação do Governo de Sergipe com a gestão da saúde pública estadual, não imagina o imbróglio resultante do processo judicial encaminhado à Justiça sergipana pelo ex-governador João Alves Filho, o qual resultou em duas decisões inéditas do Tribunal de Justiça de Sergipe, há quase dois anos:
1 – Ordenou o colegiado de desembargadores ao governador Marcelo Déda a imediatada reconstrução do Hospital Infantil José Machado de Souza, para que passasse a funcionar como casa de saúde destinada exclusivamente ao atendimento de crianças; a unidade, cujo prédio foi deixado pronto em fins de 2006, havendo somente a necessidade de compra de equipamentos e mobiliário, para os quais foi deixado no caixa da Secretária Estadual de Saúde os valores correspondentes, seria o mais moderno hospital pediátrico do Nordeste.
2 – No mesmo despacho, os desembargadores recomendaram ao Ministério Público Estadual que entrasse com ação de improbidade administrativa contra o então secretário de Saúde, Rogério Carvalho, por conta de ter desfigurado o prédio e utilizado as instalações do Hospital Infantil José Machado de Souza para fins outros, que não aquele estabelecido em projeto.
Se era para “reconstruir” significa que estava pronto, então! Se era para processar o responsável pela bagunça, é porque havia algo a ser reparado. No entanto, pasmem, passados quase dois anos da ordem judicial, nada disso foi feito.
Para completar, quando o assunto chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF), para evitar constrangimento e mais mídia nacional negativa, o governador Marcelo Déda garantiu àquela corte que tomaria as providências... Mais uma lorota, como se pode constatar.
Caso o Hospital Infantil José Machado de Souza já estivesse em operação, muitos dos problemas de superlotação do HUSE (ex-Hospital João Alves Filho) já estariam solucionados. Falta, portanto, competência e uma pitada de decoro...
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Terça-feira, 20/09/2011 | 16h55
Oprimida (e vilipendiada) está a educação pública de Sergipe
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Se fosse possível resumir o antagonismo quanto ao papel real do professor na formação educacional de pessoas, a melhor frase produzida é a do “mestre” Paulo Freire. Disse ele, em interlóquio célebre, usado (e abusado) como referência pelos ideólogos educacionais da esquerda, acerca do princípio básico de alfabetizar, embrião de qualquer objetivo minimamente educador: “A leitura do mundo precede a leitura da palavra.”
Em resumo: o professor, antes de ensinar o ABC, deve preparar o aluno para “enxergar o mundo com outros olhos” – dentro da visão socialista defendida por Paulo Freire e outros “filósofos”, claro.
Agora, imagine o perigo da influência desse tipo de educador, exercida a partir de idéias e valores morais comprovadamente desertificantes, mentalmente falando? Ao contaminar o processo de aprendizagem com “idéias alternativas”, típicas da abordagem ideológica do marxismo, recheada de maniqueísmos, teremos limitada a visão plural do mundo! Eis a questão...
O Brasil tem sido vítima, especialmente nas últimas duas décadas, da mais perversa inversão do papel do educador e da educação – sobretudo a educação pública, sob o governo petista – na formação do indivíduo, em harmonia com os objetivos comuns da sociedade.
A nação brasileira, que deveria focar o crescimento do país a partir do desempenho pessoal de cada cidadão, assiste passiva a educação ser usada, de modo providencial, para a implantação de uma estudada complacência, promovida pela pregação ideologizante em sala de aula, que faz adormecer a consciência coletiva, inviabilizando o aprendizado. O resultado tem sido devastador...
A formação do aluno, obviamente, não depende apenas da memorização de letras, sons e números. A compreensão do que está escrito e da matemática básica, no entanto, são fundamentais. Preocupados com a “formação da consciência”, educadores de esquerda – a maioria em sala de aula atualmente – simplesmente “esqueceram” de ensinar o básico do básico.
Voltemos ao “mestre” Paulo Freire... Guru dessa turma do atraso, ele construiu um modelo segundo o qual “a educação deve conscientizar os oprimidos acerca da realidade social, capacitando-os a refletir sobre sua vida, suas responsabilidades e o papel que desempenham diante das injustiças sociais”. Já saber ler, interpretar o que está sendo lido, somar, multiplicar, dividir e diminuir, visando preparar o indivíduo para concorrer no mercado de trabalho, não importa...
Pouquíssimas iniciativas foram tomadas a fim de incentivar um melhor desempenho acadêmico dos alunos brasileiros. O País jamais criou um plano de metas e resultados baseado no mérito: quem ensina melhor, recebe mais... Nas últimas décadas, o principal enfoque da gestão da educação pública nacional sempre foi aumentar as matrículas, do maternal ao doutorado, e manter a isonomia salarial dos professores, não obstante o resultado de cada um na função de transferir conhecimento.
Você já se questionou por que há tanta grita quanto à necessidade de capacitação dos professores? Mas será que a culpa pelo fracasso brasileiro no campo da educação seria somente do professor? Em 10/06/2011, por exemplo, o site do Cinform trouxe matéria acerca da educação em Sergipe, na gestão do governador Marcelo Déda. Usando dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), o semanário concluiu que “as escolas públicas sergipanas reprovam em matéria de melhoria do ensino” – nota 3,8 para as séries iniciais do ensino fundamental, quando a meta estipulada pelo Ministério da Educação era de 5,4.
Trocando em miúdos, “o resultado faz com que o estado tenha a terceira pior rede escolar do país”. Dado ainda mais lamentável: ao final de 2006, a educação pública sergipana era a primeira do Nordeste em qualidade do ensino (fundamental e médio), segundo constatou o MEC, através do SAEB. Técnicas educacionais ultra-avançadas, como “Alfa&Beto”, “Acelera Sergipe” e “Se Liga Sergipe”, praticamente eliminaram a deficiência no aprendizado.
Ocorre, no entanto, que muitos educadores e pedagogos, sobretudo os ligados ao Partido dos Trabalhadores e ao Sindicato dos Professores (Sintese), são de fato ativistas sociais em busca de uma causa política. O objetivo dessa turma não é melhorar a educação, mas “mudar o mundo”, preferencialmente para torná-lo socialista – e claro, garimpar “salários dignos” para os professores, mas sem qualquer preocupação com a contrapartida: cumprir com a obrigação de ensinar bem.
Agora veja, o mesmo contingente de educadores que fez da educação de Sergipe destaque no SAEB 2005, está agora em sala de aula – ninguém importou professores da Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo. Enfim, falta governança equilibrada e competente, fiel aos bons princípios da administração pública responsável e atenta às novidades praticadas nos países que acenderam da pobreza ao estrelato mundial, como a Coreia, graças ao investimento em... educação de qualidade.

Pedagogia do Oprimido – Enquanto a educação de Sergipe caminha para transformar os jovens pobres de hoje em futuros adultos pobres, já que não terão a mínima chance de concorrer por uma vaga na UFS com os alunos formados por escolas particulares, a deputada-professora Ana Lúcia Vieira, espécie de “eminência parda” do professorado esquerdista entranhado no PT, reúne sua intrépida trupe na Alese para discutir “a proposta transformadora do grande mestre educador Paulo Freire, em homenagem aos seus 90 anos – comemorados com exposição e Seminário”.
O resultado trágico de Sergipe no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) – as únicas escolas públicas que obtiveram bom desempenho foram as federais –, que em tese deveria ser motivo de preocupação da deputada-professora Ana Lúcia Vieira e sua intrépida trupe, ficou em segundo plano. Questionada por mim se faria debate sobre o pífio desempenho de Sergipe no ENEM, sob os auspícios do Governo da Mudança para Pior, a deputada prometeu fazê-lo. Mas disse que “aprofundar e conhecer a obra do mestre Paulo Freire precede o debate do ENEM”.
Não, não é piada! A “Pedagogia do Oprimido” é que fará de Sergipe um poço de virtudes no quesito educação pública de qualidade, podendo servir até de exemplo para os marcianos...
É por visões caolhas como a da deputada-professora Ana Lúcia Vieira e sua intrépida trupe – e por tantas políticas altamente estúpidas – que continuamos a andar para trás. Enquanto não houver uma revisão urgente do modelo em uso pelo governo Marcelo Déda (governo Dilma Rousseff) no âmbito da educação pública, Sergipe (o Brasil) continuará na rabeira nacional. Ou seja, podemos ser os mais oprimidos entre o piores...