...
Terça-feira,
20/09/2011 | 16h55
Oprimida (e vilipendiada) está a educação pública de Sergipe
...
Se
fosse possível resumir o antagonismo quanto ao papel real do
professor na formação educacional de pessoas, a melhor
frase produzida é a do “mestre” Paulo Freire. Disse ele,
em interlóquio célebre, usado (e abusado) como
referência pelos ideólogos educacionais da esquerda,
acerca do princípio básico de alfabetizar, embrião
de qualquer objetivo minimamente educador: “A leitura do mundo
precede a leitura da palavra.”
Em
resumo: o professor, antes de ensinar o ABC, deve preparar o aluno
para “enxergar o mundo com outros olhos” – dentro da visão
socialista defendida por Paulo Freire e outros “filósofos”,
claro.
Agora,
imagine o perigo da influência desse tipo de educador, exercida
a partir de idéias e valores morais comprovadamente
desertificantes, mentalmente falando? Ao contaminar o processo de
aprendizagem com “idéias alternativas”, típicas da
abordagem ideológica do marxismo, recheada de maniqueísmos,
teremos limitada a visão plural do mundo! Eis a questão...
O
Brasil tem sido vítima, especialmente nas últimas duas
décadas, da mais perversa inversão do papel do educador
e da educação – sobretudo a educação
pública, sob o governo petista – na formação
do indivíduo, em harmonia com os objetivos comuns da
sociedade.
A
nação brasileira, que deveria focar o crescimento do
país a partir do desempenho pessoal de cada cidadão,
assiste passiva a educação ser usada, de modo
providencial, para a implantação de uma estudada
complacência, promovida pela pregação
ideologizante em sala de aula, que faz adormecer a consciência
coletiva, inviabilizando o aprendizado. O resultado tem sido
devastador...
A
formação do aluno, obviamente, não depende
apenas da memorização de letras, sons e números.
A compreensão do que está escrito e da matemática
básica, no entanto, são fundamentais. Preocupados com a
“formação da consciência”, educadores de
esquerda – a maioria em sala de aula atualmente – simplesmente
“esqueceram” de ensinar o básico do básico.
Voltemos
ao “mestre” Paulo Freire... Guru dessa turma do atraso, ele
construiu um modelo segundo o qual “a educação deve
conscientizar os oprimidos acerca da realidade social, capacitando-os
a refletir sobre sua vida, suas responsabilidades e o papel que
desempenham diante das injustiças sociais”. Já saber
ler, interpretar o que está sendo lido, somar, multiplicar,
dividir e diminuir, visando preparar o indivíduo para
concorrer no mercado de trabalho, não importa...
Pouquíssimas
iniciativas foram tomadas a fim de incentivar um melhor desempenho
acadêmico dos alunos brasileiros. O País jamais criou um
plano de metas e resultados baseado no mérito: quem ensina
melhor, recebe mais... Nas últimas décadas, o principal
enfoque da gestão da educação pública
nacional sempre foi aumentar as matrículas, do maternal ao
doutorado, e manter a isonomia salarial dos professores, não
obstante o resultado de cada um na função de transferir
conhecimento.
Você
já se questionou por que há tanta grita quanto à
necessidade de capacitação dos professores? Mas será
que a culpa pelo fracasso brasileiro no campo da educação
seria somente do professor? Em 10/06/2011, por exemplo, o site do
Cinform trouxe matéria acerca da educação em
Sergipe, na gestão do governador Marcelo Déda. Usando
dados do Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (Ideb), o semanário concluiu que “as escolas
públicas sergipanas reprovam em matéria de melhoria do
ensino” – nota 3,8 para as séries iniciais do ensino
fundamental, quando a meta estipulada pelo Ministério da
Educação era de 5,4.
Trocando
em miúdos, “o resultado faz com que o estado tenha a
terceira pior rede escolar do país”. Dado ainda mais
lamentável: ao final de 2006, a educação pública
sergipana era a primeira do Nordeste em qualidade do ensino
(fundamental e médio), segundo constatou o MEC, através
do SAEB. Técnicas educacionais ultra-avançadas, como
“Alfa&Beto”, “Acelera Sergipe” e “Se Liga Sergipe”,
praticamente eliminaram a deficiência no aprendizado.
Ocorre,
no entanto, que muitos educadores e pedagogos, sobretudo os ligados
ao Partido dos Trabalhadores e ao Sindicato dos Professores
(Sintese), são de fato ativistas sociais em busca de uma causa
política. O objetivo dessa turma não é melhorar
a educação, mas “mudar o mundo”, preferencialmente
para torná-lo socialista – e claro, garimpar “salários
dignos” para os professores, mas sem qualquer preocupação
com a contrapartida: cumprir com a obrigação de ensinar
bem.
Agora
veja, o mesmo contingente de educadores que fez da educação
de Sergipe destaque no SAEB 2005, está agora em sala de aula –
ninguém importou professores da Bahia, Rio de Janeiro, São
Paulo. Enfim, falta governança equilibrada e competente, fiel
aos bons princípios da administração pública
responsável e atenta às novidades praticadas nos países
que acenderam da pobreza ao estrelato mundial, como a Coreia, graças
ao investimento em... educação de qualidade.
Pedagogia
do Oprimido – Enquanto a educação de Sergipe caminha
para transformar os jovens pobres de hoje em futuros adultos pobres,
já que não terão a mínima chance de
concorrer por uma vaga na UFS com os alunos formados por escolas
particulares, a deputada-professora Ana Lúcia Vieira, espécie
de “eminência parda” do professorado esquerdista entranhado
no PT, reúne sua intrépida trupe na Alese para discutir
“a proposta transformadora do grande mestre educador Paulo Freire,
em homenagem aos seus 90 anos – comemorados com exposição
e Seminário”.
O resultado trágico de Sergipe no
Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) – as únicas
escolas públicas que obtiveram bom desempenho foram as
federais –, que em tese deveria ser motivo de preocupação
da deputada-professora Ana Lúcia Vieira e sua intrépida
trupe, ficou em segundo plano. Questionada por mim se faria debate
sobre o pífio desempenho de Sergipe no ENEM, sob os auspícios
do Governo da Mudança para Pior, a deputada prometeu fazê-lo.
Mas disse que “aprofundar e conhecer a obra do mestre Paulo Freire
precede o debate do ENEM”.
Não,
não é piada! A “Pedagogia do Oprimido” é que
fará de Sergipe um poço de virtudes no quesito educação
pública de qualidade, podendo servir até de exemplo
para os marcianos...
É
por visões caolhas como a da deputada-professora Ana Lúcia
Vieira e sua intrépida trupe – e por tantas políticas
altamente estúpidas – que continuamos a andar para trás.
Enquanto não houver uma revisão urgente do modelo em
uso pelo governo Marcelo Déda (governo Dilma Rousseff) no
âmbito da educação pública, Sergipe (o
Brasil) continuará na rabeira nacional. Ou seja, podemos ser
os mais oprimidos entre o piores...