E.Zine 31/03 N31

SAIU DA TOCA Sem dúvida, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) tem em sua história importantes marcos na luta contra a injustiça, os desatinos políticos do País e pela moralidade. No caso do projeto de transposição das águas do Velho Chico, a Seccional Sergipe estava a dever uma posição pública clara, não obstante já houvesse dito ser contrária ao projeto como está proposto pelo governo do compadre-salvador da Pátria. A esperada posição finalmente deve sair da gaveta na forma de ação popular contra a transposição e se dará na próxima semana, conforme garantiu ao Jornal da Cidade o presidente da entidade, Henri Clay. A ação será ajuizada no STF (Supremo Tribunal Federal) e deveria ter sido protocolada hoje. No entanto, a pedido de outras entidades da sociedade civil que desejam também subscrevê-la, só será ajuizada na próxima semana. Devem assinar a ação juntamente com a OAB-SE a Central Única dos Trabalhadores de Sergipe, o Comitê de Bacias e Organizações Não-Governamentais. Nela, estão expostas questões técnicas e jurídicas consideradas impeditivas pela OAB para a continuação da obra, cuja primeira fase está em andamento, com o serviço topográfico sendo feito pelos engenheiros do Exército. A considerar ter sua majestade, o príncipe, afirmado diante do compadre-salvador da Pátria, ainda no primeiro turno da eleição passada, ser contrário à transposição, talvez fosse o momento de provar não ter falado apenas por motivação eleitoral. Referendar a nota da OAB é um gesto aceitável neste sentido. Mas, quem acredita irá ele fazê-lo?

COM SAÚDE NÃO SE BRINCA Deu no BLOG Pensando Assim: "A ânsia de por em prática a qualquer preço o discurso de mudança está fazendo mal ao Governo do Estado. As modificações ocorridas na administração do Hospital João Alves foram um bom exemplo disso. Como disse Lula, com saúde não se brinca. E esta afirmação foi para evitar o olho grande do loteamento político da pasta.Se o Estado tem certeza que a terceirização da saúde pode ser substituída por uma forma mais eficiente e menos dispendiosa, que o faça. O que não pode é pôr em risco a vida de pessoas em nome desta meta. A Secretaria da Saúde tem mesmo é a obrigação de fazer uma transição sem sobressaltos nem interrupções ao tratamento de pacientes. Se não consegue isso, mostra incompetência e insensibilidade". Nada a acrescentar. É isso aí...

E.Zine 30/03 N30

REFORMA CHUMBREGA Um das ladainhas do novo governo tão logo assumiu era à necessidade de adequar urgentemente o estado ao projeto de mudança sonhado por sua majestade, o príncipe. Enviado (o tal projeto) à Assembléia Legislativa para análise dos deputados e já devidamente aprovado, surge para melar tudo o Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil em Sergipe. Faltando apenas ser sancionado por sua majestade para passar a ter efeito legal, o projeto talvez não vingue. Um parecer do conselheiro Maurício Gentil Monteiro, presidente da Comissão de Estudos Constitucionais da OAB/SE, diz estar ele "eivado de inconstitucionalidades". A ordem pretende contestá-lo na Justiça. No parecer, o conselheiro adverte também o Poder Legislativo para não abrir mão de suas prerrogativas, pois seria de competência dos deputados normatizar as atribuições dos cargos públicos. A fritada de sururu da inconstitucionalidade seria a autorização dada pelo Legislativo para o príncipe transformar cargos e funções ao bel prazer. O curioso do soberano projeto reformista é o fato de o novo governo manter toda a estrutura administrativa criada pela gestão anterior, incluindo aí a extinção de empresas públicas e a transformação de outras em autarquias especiais. Motivo, aliás, de severas críticas dos deputados vermelhos desde a implantação delas, três anos e meio atrás. A OAB/SE enxergou aí também outras inconstitucionalidades, especificamente na instituição do regime jurídico da CLT aos servidores da administração direta, autarquia e fundacional, na previsão legal do exercício de atividade econômica por autarquias e também na ausência de leis específicas criando as novas autarquias.Diante de tantos equívocos, podemos assim concluir, a reforma proposta por sua majestade está léguas aquém da modernidade propalada em palanque. Sendo ele causídico atuante, talvez não devesse confiar tão cegamente em quem escreve suas quimeras e fizesse ele próprio a correção jurídica dos textos. Evitaria vexames pueris, como os acima descritos e ainda contribuiria para o principado não acreditar fosse realmente sincera a brincadeira feita pelo compadre-salvador da Pátria no aniversário do partido criador do mensalão, quando apresentou sua majestade ao distinto público como "advogadozinho chumbrega"...

FINALMENTE ENTREGUE Após uma batalha de quase três meses, e graças aos Céus, finalmente o novo governo, depois de seriamente pressionado pelo MPE/Sergipe (Ministério Público Estadual), resolveu "aceitar" o termo de recebimento da maternidade para partos de alto risco construída pelo ex-governo em parceria com a OMF (Organização Mundial da Família). Como entrave, imagine só, o novo governo alegava não ter havido inspeção da vigilância sanitária nem o cumprimento de outros itens "essenciais" para o funcionamento da maternidade. Planejada dentro dos padrões de segurança, administração e recursos técnicos estabelecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde), órgão das Nações Unidas, a nova maternidade possui os mais modernos equipamentos disponíveis no mercado internacional e custou 2/3 do valor normalmente investido em hospitais de porte semelhante. Outro fato singular e também muito importante: é a única do setor público no Nordeste com tais características. Não bastasse todo o atraso promovido pelo governo do compadre-salvador da Pátria no ano passado para evitar a inauguração da maternidade antes das eleições, o novo governo resolveu, em prejuízo de centenas de parturientes e seus bebês, proceder de modo similar, mesmo depois de tudo pronto. E acredite, somente recebeu a casa de saúde porque foi firmemente pressionado pelo MPE. Pode parecer algo tresloucado e ninguém irá admiti-lo, mas em verdade a birra de sua majestade, o príncipe, para atrasar ao máximo o recebimento da maternidade Nossa Senhora de Lourdes ocorreu por lá haver uma placa de inauguração (dezembro de 2006) onde constam os nomes de autoridades do ex-governo responsáveis pela obra. Apenas e tão somente. Eis ai, respeitável público, mais um eloqüente exemplo de como os vermelhos pensam a administração pública e o bem estar do povo pobre...

AGUARDAR PARA VER Deu no BLOG de Douglas Magalhães: "Errar é humano, persistir no erro é burrice. O governo do estado mostrou o seu lado bom no dia de ontem quando convocou os duzentos e dois trabalhadores terceirizados que foram demitidos do hospital João Alves Filho e resolveu recontrata-los. Para alguns observadores, esta decisão foi tomada no calor das críticas, que foram muitas. Com o passar do tempo, todos os contratados serão mandados embora, mas em doses homeopáticas. Demissão em massa não deu certo. Está fora dos planos deste governo. Ficou o exemplo. Basta segui-lo.Essa turma que já enfrentou repressão, já tomou chuva e sol nas portas das fábricas com um megafone na mão deveria ser mais consciente. Mas não! Incorporou o lado patronal e dane-se o povo".

E.Zine 29/03 N39

A EVOLUÇÃO DE SERGIPE Em tempos de total inércia vermelha, a notícia divulgada ontem quanto a Sergipe apresentar o maior PIB (Produto Interno Bruto) per capita das regiões Norte e Nordeste, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2004, é um alívio. O PIB representa a soma de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do estado num certo período.O desempenho sergipano - o PIB per capita do estado é de R$ 6.782, no Nordeste R$ 4.927 e no Norte R$ 6.500 - é reflexo ainda de ações de incremento da economia promovidas a partir de 2003 pelo ex-governo. De acordo com análises feitas pelo Etene (Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste) para o BNB (Banco do Nordeste), Sergipe teria potencial de crescimento acima da média do Nordeste. Ou seja, é mais emprego em vista!Os setores em expansão são o sucroalcooleiro (cana-de-açúcar e álcool), face à implantação de novas usinas e a ampliação e modernização das existentes; o de mineração, com realizações da Petrobras, Vale do Rio Doce e das fábricas de cimento; petróleo e gás; turismo, com a expansão das atividades - foram mais de um milhão de visitantes em 2006 - e a implantação de muitos hotéis; setor de clínicas e hospitais, e outros também relacionados à prestação de serviços.O desempenho bastante positivo também atingiu Aracaju, cuja renda vem evoluindo nos últimos anos. Hoje é de R$ 8.034, a segunda maior entre as capitais nordestinas, ficando atrás apenas de Recife (PE).Os caminhos estão aplainados. Resta agora aos vermelhos começar a trabalhar e tentar manter minimamente a riqueza construída ao longo do último quadriênio...

DESMANDOS Quem assistiu ao Jornal do Estado da TV Atalaia da noite de terça-feira passada deve ter ficado de cabelos em pé. Foi feito um raio-x do estado em vários setores. No Hospital João Alves, por exemplo, cerca de duzentos servidores terceirizados foram demitidos de uma hora para hora, paralisando o setor de tratamento do câncer. Profissionais com mais de dez anos de casa foram mandados para casa por sua majestade, o príncipe.Um médico do setor de oncologia deu um depoimento emocionante. Até a noite de segunda-feira, quado deu plantão, ele tinha uma equipe acompanhando seus pacientes. Na terça, quando chegou ao trabalho, encontrou equipe pacientes atônitos com a degola patrocidada pelo príncipe.O Jornal do Estado mostrou ainda o funcionamento precário do Instituto de Medicina Legal, foco de constantes reclamações da população.Numa outra reportagem, mostrou-se a insegurança no sertão. Policiais com coturnos furados e as vezes trabalhando sem alimentação, coletes a prova de bala com validade vencida e numa cidade com cerca de trinta mil habitantes a munição não passava de doze cartuchos. Viaturas policiais são tão raras lá no sertão quanto a água da chuva. As encontradas pela reportagem tinham os pneus carecas, sem combustível e só pegavam no tombo.Enfim, ou os vermelhos começam a trabalhar ou em pouco tempo o estado acaba entrando na triste lista dos mais mal administrados do País... PS: Espera-se que a substituição da empresa dispensada no setor de oncologia do HJA não seja a esperada "oportunidade" para beneficiar apadrinhados, especialmente parentes de um secretário, como se comenta por aí!

E.Zine 28/03 N38

PAVIO CURTO O estoque de chás de ervas calmantes do Palácio do Governo deve estar vazio. Somente a falta delas justificaria a cena ocorrida na noite de segunda-feira durante o lançamento do livro de memórias do desembargador Pascoal Nabuco, envolvendo sua majestade (o príncipe) e o jornalista Jozailto Lima (Cinform). De forma respeitosa, JL questionou sua majestade quanto ao uso de um veículo Astra placas HZQ9175 pago mensalmente pelo Estado, motivo de uma nota publicada no Cinform desta semana. Sem rodeios, já de cara fechada e dedo em riste, o príncipe disse não admitir invasão à sua vida privada e não ser do seu feitio dar satisfação a absolutamente ninguém! Assistindo a contenda numa roda havia um seletíssimo grupo. Houve quem o apoiasse, talvez até precisando. Adiante, Jozailto Lima argumentou ser a vida dos governantes (de maneira geral) do interesse público, e no caso em pauta a sociedade precisava saber a quem o carro servia. Com soberana ingenuidade, sua majestade esperneou, e agourou o Cinform e o abusado JL por mais essa prova do desamor para com ele. Garantiu ser o carro, lotado na SSP (Secretaria de Segurança Pública), usado para dar segurança a familiares, um direito garantido a pessoas do seu status. O “diálogo” prosseguiu num nível bem abaixo do esperado de uma autoridade, no entanto, até este ponto, dele podemos argüir alguns itens visando refletir sobre o ocorrido. Talvez sua majestade ignore ser a vida privada do mandatário um ente público, por centenas de razões. Mas de forma especial por ser ele o responsável pelos bens do Estado. Talvez ignore sua majestade não estar incluso entre as mordomias às quais tem direito um carro de uso (mesmo apenas para dar segurança) dos seus pais, não obstante serem pessoas idosas, queridas de todos. Talvez ignore sua majestade fazer parte da liturgia orgânica do seu cargo a fleuma, a elegância e, acima de tudo, o fluído convívio democrático (e salutar) com as opiniões divergentes e até obtusas. Fosse sua majestade menos monárquica e nababesca, talvez não precisasse ouvir questionamentos como o feito por Jozailto Lima. Talvez até, quem sabe, anteciparia uma resposta dentro dos padrões normais de relacionamento entre administradores públicos e imprensa. Mas se não o é, em respeito às suas legítimas credenciais e a ética social, ao menos tente parecer minimamente educado e evite o trato com rispidez daqueles que por opção não integram seu imenso séquito de lisonjeadores, serviçais, capachos...

SINDICATO, IMPRENSA E SOCIEDADE Que não se engane o respeitável público. Em busca de se fazer presente num mínimo debate de cunho social, o assessor parlamentar e presidente (nas horas vagas) do Sindicato dos Jornalistas de Sergipe José Cristian Goes publicou artigo na Infonet onde questiona se a sociedade merece a imprensa que tem. JCG criticava com razão uma foto medonha publicada sem eira nem beira pelo Cinform desta semana (capa), onde uma mulher semi-nua mostra os peitos feridos e a barriga roxa das porradas que diz ter tomado de um fulano lá de Frei Paulo, aparentado do prefeito da cidade. O crime era evidente, mas a foto... Foi louvável a preocupação de JCG. Daí porque, poderia ele também questionar se a sociedade merece uma imprensa tão bajuladora, dada a sobejar ricos e poderosos, incluindo-se ele próprio como membro remido desse adulatório. Ao assessor-presidente seria bom iniciar uma campanha visando, além das fotos indecentes, também banir dos impressos, da TV e do rádio os conteúdos cujo mérito tem sido apenas inflar o ego de sua majestade (o príncipe) e tentar fazer a população crer que vivemos (sob o manto vermelho) no melhor dos mundos. Eles, os conteúdos, também atentam contra a “moral” e os “bons costumes”! Como isso é impossível, José Cristian Goes poderia pelo menos chamar a atenção dos colegas, pedindo aos mais afoitos lisonjeadores um mínimo de vergonha na cara. Afinal o povo pode até parecer, mas não é bobo. E quem perde com o homérico balançar de escrotos são os raríssimos profissionais sérios, cuja imagem acaba se fundindo com a de gente sem qualquer pudor, porquanto atuam todos, “prestáveis” e “imprestáveis”, nos mesmos veículos. Como se sabe, a sociedade (organizada) só tem o que a si permite!

TV CENSURA A emissora da Assembléia Legislativa de Sergipe (TV Alese, disponível apenas para assinantes do sistema de cabo) vive um momento de mudanças muito interessantes. Por ordem do Barão de Canindé Ulisses Andrade, presidente da Casa, os programas com conteúdo crítico, incluindo jornalísticos, foram (os que ainda estão no ar) amaciados para evitar qualquer dissabor à sua majestade (o príncipe). Um soberano sem afeição a opiniões alheias às da sua cartilha. Nos tempos do coronel Antônio Passos, sob o comando do profícuo Raimundo Luiz, a TV Alese era plural e buscava expor os múltiplos segmentos sociais e políticos representados na “Casa do Povo”. O coronel, imaginem, deixava fluir sem barreiras as opiniões divergentes a ele próprio e ao mandatário de plantão, havendo por vezes situações hilárias, pois certos repórteres ficavam até constrangidos com as opiniões tamanhamente sinceras da gente sergipana contra tudo que não lhe fosse grato ou sincero. Frise-se, não obstante o ambiente “crítico” e plural, havia o rito de respeito à Casa e aos seus membros. Hoje, a TV Alese passou de pálida a cinzenta. Contudo, para deixá-la ainda mais ao gosto de sua majestade, o Barão de Canindé poderia “inovar” só mais um pouco e introduzir programas com receitas culinárias (especialmente bolos e tortas), dicas para cuidar da pele no verão (nossa única estação) e até cultos com orações fervorosas pedindo aos Céus sabedoria e proteção ao príncipe. São os primeiros efeitos do coquetel de democracia aplicado pelos vermelhos...

GOLPE NOS FISCAIS DA RECEITA FEDERAL O Ex-Blog do prefeito César Maia (PFL/RJ) mostrou ontem mais uma das armações ilimitadas do compadre-salvador da Pátria e do partido criador do mensalão, o PT. Contou ele, durante a tramitação da medida provisória da Super-Receita, os fiscais da Receita Federal estavam frontalmente contra. De repente – e não mais que de repente! – mudaram de posição e deixaram a MP fluir (tranqüila) para ser aprovada. A razão: foi incluído um dispositivo na MP garantindo paridade na aposentadoria em relação à gratificação. Subiria de 50% para 95%. Com isso, acabou a resistência e a MP foi aprovada. Vieram, então, os vetos. O da emenda 03 todos sabem e conhecem. Mas esqueceram de dizer é quanto à emenda da paridade dos fiscais que também foi vetada por Lula. Ou seja, o acordo foi no bom estilo do PT: faz-se o acerto e depois se trai! Os politicamente ingênuos fiscais ficaram a ver notas fiscais voando....

E.Zine 27/03 N37

GERALDO ALCKMIN FALA À FOLHA O ex-governador de S. Paulo e candidato do PSDB à Presidência da República Geraldo Alckmin falou ontem à Folha de S. Paulo na primeira longa entrevista depois da derrota para o compadre Salvador da Pátria. Pinçamos alguns pontos para refletir quanto ao governo federal, o País e a oposição de modo geral. Sobre o governo de Lula e o PAC-DERME (Plano de Aceleração do Crescimento): Vejo com preocupação o segundo mandato do presidente Lula porque ele não pode ser entendido como uma continuação do primeiro. O presidente tem legitimidade para fazer as mudanças. O PAC é um elenco de obras, algumas necessárias. É melhor do que nada, mas não é suficiente. Os entraves ao crescimento só serão eliminados com as reformas fiscal, tributária, trabalhista e política, a mãe de todas elas. A organização da base política pró-governo no Congresso: A quantidade de deputados que já mudaram de partido é inacreditável. Se as reformas não forem feitas neste ano, não vão mais sair do papel. Lula quer uma grande base para quê? Só para prorrogar a DRU (Desvinculação das Receitas Orçamentárias da União) e a CPMF? Papel da Oposição: Ela não é como foi a do PT, raivosa, do "quanto pior, melhor". Ela é mais madura. Mas, quando eu vi o Lula propor trégua de dois anos, dizendo que ia convidar líderes do PSDB para conversar, achei que ele não entendeu a lógica da democracia: quem ganha, governa, quem perde, fiscaliza, propõe alternativas, cobra. Ele quer o quê? Um partido único por dois anos? É, de novo, o perfil autoritário do governo. Sobre a campanha eleitoral: Em relação às privatizações, eu reagi contra a mentira de que eu ia privatizar a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal... Talvez, a nossa comunicação [na campanha] tenha falhado. Mas a mentira me revoltou. Procurando reagir, tivemos um resultado que não foi bom.

PROPAGANDA DESCARADA Caso ainda vivêssemos sob a égide do ex-governo, muito provavelmente Aracaju ontem teria amanhecido totalmente devastada por um tufão midiático de grandes proporções a atingir toda a cidade se a festa do PFL tivesse sido transmitida ao vivo pela TV Aperipê, com direito a entrevistas de autoridades, otoridades e de parte das hordas adulatória e predatória que costumam freqüentar eventos 0800. Mas, graças aos céus, foi ao ar apenas a festa de aniversário do PC do B (Partido Comunista do Brasil), aliado do novo governo. Aliás, agremiação que indicou e da qual é membro atuante a fidalga diretora da emissora, a primeira-consorte da Capital professora Indira Amaral. Coincidência puríssima, claro! Não fossem esses os tempos da mudança, teríamos ouvido tantas lamúrias, fungados e corações partidos contra o uso indevido da máquina, do dinheiro do povo, da TV pública para propaganda e outras chorosas reclamações. No entanto, sua majestade (o príncipe) não deve ser importunada tão cedo (às primeiras horas da manhã, neste caso específico) com assunto tão comezinho. Aliás, comenta-se até que Ele nem sabia! É provável, muito provável...

REAÇÃO DA MASSA A Redação do ABRA-O-OLHO recebeu ontem uma “corrente” pedindo uma greve branca contra os operadores de telefonia móvel do Brasil em função do aumento abusivo do número de “seqüestros” feitos por telefone a partir de presídios. Diz o texto da mensagem: “Quarta-feira o Brasil deve parar! DESLIGUE O CELULAR! A Veja mostrou como os bandidos estão atormentando as famílias brasileiras de seus "escritórios", de dentro das cadeias, com os custos pagos por todos os cidadãos brasileiros. Verdadeiras fortunas são gastas na telefonia celular por estes bandidos. Não será por isso que ninguém consegue resolver o problema e bloquear os telefones dos bandidos? Por que você não consegue falar adequadamente do shopping, mas os bandidos falam tranqüilos das suas celas? É claro que, se tiverem vontade, eles bloqueiam a transmissão na região dos presídios. Vamos fazer alguma coisa. Vamos mexer no bolso deles. Deixem os telefones desligados 24 horas todas as quartas-feiras até ouvirem a notícia de que todas as comunicações por celular dos presídios foram interrompidas. Se for pouco, vamos aumentar para mais um dia da semana. Tem que custar caro para as companhias telefônicas esta negligência. Vamos agir. Chega de assistir. Você não ficará fora do mundo. Use o telefone fixo”. Bem, a idéia tem um custo, mas não é de todo estapafúrdia...

INCÔMODA TRANSPOSIÇÃO O colunista-subsecretário de Governo Luiz Eduardo Costa sempre foi bom de serviço e por isso não deveria perder cartuchos atirando no que não viu, pois, vistas cansadas, já não enxerga como antigamente. Nos escatológicos escritos dominicais do Jornal do Dia, portando um garboso e reluzente CCE calibre 15 (nove mil e poucos contos/mês, fora a mesada líquida e certa pelo engajamento herteziano do seu QG em freqüência modulada de Canindé), o colunista-subsecretário voltou a destilar seu ódio (requentado) contra o ex-governo. Desta vez palpitou quanto à transposição do Velho Chico, especificamente sobre a travessia de cerca de 30 cavaleiros na foz do rio em meados de setembro de 2006, com imagens transmitidas através da TV Record para o Brasil inteiro. Na saraivada de anteontem, LEC (conhecido também pela alcunha de Expedito Maruinense quando o serviço assim exige) se esforçou para não demonstrar como ficou incomodado com o sucesso obtido pelo ex-mandatário num artigo escrito para a Folha de S. Paulo, de grande repercussão no país inteiro. Caso as alegações (e intenções) de Expedito – opa, desculpe! LEC) – fossem verdadeiramente baseadas na legítima defesa dos interesses de Sergipe e não no (oportuníssimo) cumprimento da missão de enxotar para bem longe do desejo popular quem ainda pode servir de referência, esperto como é, o colunista-subsecretário recomendaria ao seu mandante manter a calma e seguiria ele próprio o conselho da vovozinha de que não se atira em “cachorro morto”. Respeitável público, mas veja como vergonhosamente se comportou o decano do adulatório real. O tempo é de mudanças...

ERRAMOS A nota As Duas Faces do Banese publicada ontem saiu como uma incorreção. A palavra “frangalhos” foi digitada incorretamente, pelo que nos desculpamos.

E.Zine 26/03 N36

AS DUAS FACES DO BANESE Há dois Bancos do Estado de Sergipe (Banese). Um deixado pelo ex-governo com índices acima da média quando comparado com outras instituições financeiras públicas e privadas, premiado em vários concursos e destaque por conta de ações de alto relevo social, como o Banco do Povo. Na outra face está o Banese "achado" pelos vermelhos. Um banco à beira de um ataque de nervos, com as pernas em franga-los e incapaz de agüentar uma outra administração do ex-governo. O estorvo necessitaria até de uma reengenharia para voltar a operar dentro dos mínimos padrões de eficiência. Alguns destaques do Banese entre o final de 2002 e dezembro de 2006 para seu julgamento: segundo Melhor Banco Público do país (Revista Conjuntura Econômica da FGV [Fundação Getúlio Vargas] 2005); as ações tiveram a maior valorização na bolsa dentre todos os bancos brasileiros ( 1.357% as OM e 1.122% as AM); o lucro foi multiplicado por seis em apenas quatro anos (R$ 52,7 milhões até setembro de 2006); considerado pelo BNDES o melhor banco de micro-crédito do país pela administração eficiente e criteriosa do Banco do Povo; relatório da consultoria Austin Rating (com validade até 30/11/2007 e publicado em 05/01/2007) destaca a "elevada solidez do banco sergipano tanto no âmbito financeiro como corporativo/institucional, com efeitos positivos no crescimento e sustentabilidade do banco". Diz ainda: "...a preservação da elevada liquidez do banco (a qual se materializa em aplicações de elevada liquidez e baixo risco de crédito, representa a maior parte do ativo do banco)..." e aponta a "melhora no desempenho fiscal do seu controlador, o Estado de Sergipe". Mas, mesmo diante de evidências contrárias tão eloqüentes, os vermelhos insistem na pré-falência do Banese e começaram sua reengenharia para "viabilizá-lo" e, quem sabe até, possivelmente, privatizar. Cortaram o café, o lanche, diminuíram de R$ 100 para R$ 60 a cota de celular de cada gerente e chefe de departamento, cortaram gratificações já incorporadas, dispensaram o serviço de algumas empresas terceirizadas, diminuíram o número de lâmpadas acesas por estabelecimento e, soberana maldade, desmontaram a estrutura do mais bem sucedido projeto de micro-crédito jamais feito no país, o Banco do Povo, cuja eficiência chamou a atenção do Banco Central (do PT), que o apresentou como "case" de sucesso em painéis pela Europa adentro. Boa parte dos banesianos votaram em sua majestade (o príncipe) e agora recebem a paga por tamanha solicitude. Diziam antes que sua majestade "tinha sério compromisso com a instituição, sobejamente difundido aos pés de ouvidos". Agora, coitados, reclamam porque eram felizes e não sabiam! E vejam que a reengenharia está apenas começando. O caldo promete entornar ainda mais. E viva as mudanças...