E.Zine 05/04 N35

COMEÇOU CEDO Até algumas semanas atrás, quando estava sob fogo "amigo" cerrado, o prefeito comunista de Aracaju vivia o pior dos mundos. Edvaldo Nogueira, pessoa de fino trato e sempre muito cordial, mostrava-se irado, arredio e chateado com a forma como certos aliados vermelhos estavam a usar os lisonjeadores de sua majestade, o príncipe, infiltrados nos meios de comunicação, para desferir-lhe golpes à imagem, um atrás do outro, sem dó ou piedade. Através de interlocutores ou pessoalmente, fez diversas reclamações à sua majestade quanto ao mau comportamento da turba. Tudo mudou de uma semana para cá, durante as comemorações dos 152 anos da Capital. Desde então, o alcaide é visto em páginas de jornal, em matérias dos jornalísticos do rádio e da TV e em programas das emissoras alternativas, sem falar dos outdoors e de outras mídias de menor alcance, como um grande administrador, homem capaz de conduzir os destinos da cidade e preparado para enfrentar o embate eleitoral, visando à reeleição. Verdadeira overdose midiática, comandada pelo ilustre Carlos Cauê. Até do príncipe Nogueira recebeu sinal verde para seguir com seu andor, pois ninguém - NINGUÉM! - ousaria contrariar o desejo de sua majestade. A confiança dos vermelhos é tamanha que os planos incluem deixar a oposição de escanteio por, pelo menos, mais 20 anos, juntando Estado e Prefeitura de Aracaju - entre outras conquista no interior - no mesmo saco de gatos. Resta saber, como diria o esperto Garrincha, se tudo foi devidamente combinado com o time adversário...

E.Zine 04/03 N34

UM INFERNO DE BOAS INTENÇÕES A miscigenação como símbolo do brasileirismo corre sério risco. A pretexto de reforçar a identidade cultural de minorias, os vermelhos estão tentando dividir o país em raças e sub-raças. O mundo civilizado se estarreceu na semana passada quando a ministra (sic) da Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, numa entrevista a BBC/Brasil, disse sem meias palavras "ser natural negros discriminarem brancos", pois "não seria racismo um negro não querer conviver com um branco ou mesmo não gostar de um branco". Bem, se isso não é racismo, que peste é? O Brasil tem uma história de convivência mútua muito bela, justamente pela forte miscigenação – modelo para um mundo cada vez mais instável pelas diferenças de etnia, credo e cor. Analisando a questão pelo ponto de vista sociológico, vemos as mazelas sociais brasileiras se sobrepondo às questões raciais. Sofrem mais os mais pobres, os menos letrados, os marginalizados socialmente. Definir nesse contexto quem é de tal raça é algo extremamente complicado. A maior prova disso é a polêmica em torno das famigeradas cotas raciais nas universidades e escolas. Inegavelmente, ao contrário de outras nações, o Brasil não teve um tratamento condigno quando libertou seus escravos. Afora alguns benevolentes gestos de senhores feudais, a maioria esmagadora dos negros alforriados, e depois os livres com o fim da escravidão, receberam a liberdade de mãos vazias, sem um metro quadrado de chão para tirar o sustento. Ao contrário dos índios, com suas reservas demarcadas por Lei, os negros passaram a viver um novo tipo de escravidão: a do subemprego nas grandes cidades. Tais distorções nunca foram minimamente corrigidas e apenas ações pontuais de alguns governos garantiram certo reparo. Mas daí propor medidas através de decretos visando equilibrar a balança social brasileira, sem um investimento sério em educação, o mais relevante mecanismo de promoção da igualdade, testado e aprovado no mundo todo, é brincar com fogo. É tentar instigar a discórdia entre irmãos. A sensatez, conforme sugerem as palavras da ministra Matilde Ribeiro, alguém totalmente despreparado para esta ou qualquer outra função pública, não faz parte do governo do compadre-salvador da Pátria! E assim, lamentavelmente, sob o manto vermelho, caminhamos um pouco mais para trás...

ÁGUAS TURVAS EXCLUSIVAS No início de 2006, o ex-governo inaugurava a duplicação da adutora do S. Francisco com a promessa de acabar de vez, pelo menos até as próximas duas décadas, com o desabastecimento de água em Aracaju e cidades vizinhas no período de estiagem. No ano passado não houve interrupção no fornecimento, salvo em meados de junho, quando do rompimento de uma tubulação na antiga adutora do S. Francisco, ocasionando a paralisação do sistema. Nos demais meses, com ou sem chuva , a água fluiu às torneiras intermitentemente e limpa. Tão logo assumiu, sua majestade, o príncipe, simplesmente aparelhou a Deso (Companhia de Saneamento de Sergipe), substituindo técnicos capacitados, mesmo os sem vínculo político-partidário, por indicações suas e de aliados. Resultado: a nova turma, que não é pequena, sem experiência no traquejo de mananciais ou minimamente preparada para situações de emergência, não tem sabido lidar com a complexa administração da empresa distribuidora. Hoje, quando acontece de chegar às torneiras, a água fornecida pela Deso tem cor de chá de limão com hortelã. O sabor, no entanto, não chega a ser o da iguaria tão apreciada pela fidalguia inglesa e francesa. Mas vejam o lado bom: água potável (?) com cor e sabor só no principado de Sergipe. E só! Sertão – Já para desespero do povo pobre do alto sertão sergipano, a Deso cortou a água de Poço Redondo até onde só tinha chafariz, como nos povoados Serra do Boi, Cruz dos Homens e Travessado. O ex-prefeito do município, frei Enoque Santiago, desabafou: “Numa região em estado de emergência, onde a Defesa Civil vem pagando caminhões pipa para a distribuir água, a Deso vem e corta o pouco que tem, chegando inclusive a arrancar os canos das ruas e casas. É um absurdo”. Outra queixa do frei é pelo fato da Deso só agora “descobrir”, depois dos vermelhos, débitos de até 88 meses, com totais entre R$ 8 mil, R$ 17 mil e até R$ 20 mil. Ou seja, mesmo vendendo suas terras, muitos não conseguirão o dinheiro necessário para pagar as contas pendentes. Parte considerável delas remontando ao segundo mandato do governador Albano Franco e aos quatro anos do ex-governo. Vermelho de carteirinha, frei Enoque não resistiu: “Um Governo que não fez nada até agora e o que fez foi para penalizar os pobres, fica difícil”. E pensar que a Deso nem chega perto dos abastados. Tem gente, por exemplo, que há súculos deve a empresa, como a Prefeitura de Aracaju (R$ 14 milhões) por exemplo, e sua majestade nem está aí, nem pretende chegar! É o Governo do PT, caro frei...

PETISCO PARA UMA RÁPIDA REFLEXÃO Conforme dito na última semana pela imprensa, o secretário-chefe da Representação de Sergipe em Brasília, Pedro Lopes, conversou com uns representantes da construtora baiana OAS. Para quem ainda ignora, a OAS é uma das empreiteiras contratadas para fazer a obra da transposição. Também foi ela uma das doadoras da campanha eleitoral (2006) de sua majestade, o príncipe, com duas singelas contribuições: uma de R$ 100 mil e outra de R$ 50 mil. Fato interessante é ter sido o secretário Pedro Lopes um dos arrecadadores da campanha vermelha. Qual será agora o interesse da OAS em Sergipe? Ou, reformulando a questão, qual será agora o interesse de Pedro Lopes – leia-se, sua majestade – na OAS? Mas não se precipite. Nem tudo que reluz, diz o velho chavão, é ouro!

E.Zine 03/04 N33

GOVERNO APAGADO Da crise do apagão aéreo sobrou a triste conclusão: o governo do compadre-salvador da Pátria chegou ao fundo do poço. Ao ceder à pressão dos sargentos controladores de vôo, depois de quase seis meses de crise sem qualquer solução prática, o governo federal preferiu usar o paternalista-sindical num caso onde caberia ação enérgica. Talvez o compadre-salvador da Pátria ignore também isto, mas a disciplina militar quando é quebrada fragiliza toda a cadeia de comando. Ao apoiar as reivindicações ao invés de punir os amotinados insurgentes, os vermelhos abriram um precedente bastante sério. E entram para a história como aqueles que se renderam aos controladores de vôo. Por que não se contratou em caráter emergencial uma equipe reserva daqui ou da China a fim de normalizar o setor e evitar ficar refém dos sargentos? Por que esperar seis meses para resolver uma situação de extremada gravidade e ao fim "optar" pela "solução" mais fácil? A resposta é simples: só tem jeca-tatu no Palácio do Planalto. A começar pelo compadre-salvador da Pátria, pois ao manter Waldir Pires, um sujeito sem iniciativa, no Ministério da Defesa, deu a senha para fortalecer o movimento paredista e a conseqüente insubordinação. O setor aéreo nacional, cuja capacidade de organização e de garantir a mínima segurança está arrebentada, vai levar dias para se recuperar de mais esse baque.Ganharam os controladores! Perdeu quem não pôde viajar. Perdeu o Brasil, que aos olhos do mundo civilizado deve ser um lugar para lá esquisito...

GOVERNO SEM PRESSA Finalmente ontem, num aparte a um discurso do líder da oposição na Assembléia deputado Venâncio Fonseca, o líder do novo governo naquela Casa admitiu: "Enquanto o senhor tem pressa, o nosso governo planeja". Era a resposta a uma solicitação de Venâncio para que o deputado vermelho Francisco Gualberto pedisse ao secretário estadual de Saúde Rogério Carvalho o imediato início do treinamento, dentro das normas da OMS (Organização Mundial da Família), das equipes designadas a operar a nova maternidade para partos de alto risco, construída e inaugurada ainda na vigência do ex-governo. Confirmando nota divulgada dias atrás neste espaço, Venâncio atribuiu a rejeição dos vermelhos à nova maternidade a esdrúxula tentativa de evitar que a população credite o benefício de uma unidade de saúde de alta eficiência ao ex-governo. O deputado oposicionista aproveitou a deixa e pediu à sua majestade, o príncipe, para ficar atento a essas questões porque a população, sem dúvida, vai querer saber quem responderá pelas vidas de parturientes e bebês perdidas com o atraso. A contenda quanto à entrega da maternidade somente teve fim depois da intervenção do MPE (Ministério Público Estadual). Foram quase três meses de idas e vindas da presidente da OMF, Deise Kursztra, parceira do ex-governo no projeto, tentando entregar a obra. Depois do apelo dela ao MPE, o novo governo foi literalmente obrigado a receber a maternidade, dotada da melhor infra-estrutura física e tecnológica do Nordeste e totalmente pronta para começar a atender às gestantes, tão logo o pessoal seja treinado. No entanto, como esse é um governo de mentes brilhantes que "planejam suas ações sem pressa", não devemos esperar para tão cedo o início do atendimento. Ou seja, mais gente pobre vai morrer por falta de sensibilidade dos poderosos. Lamentavelmente, respeitável público, os vermelhos são excepcionalmente bons de bico, mas devagar quase parando na hora de executar! É a vida...

BARETA NA BERLINDA O policial civil e radialista Otoniel Rodrigues Amado, vulgo Bareta, é a nova "vítima" do Ministério Público Federal de Sergipe. Depois de entrar com ação contra o colunista da revista Veja Diogo Mainardi por ter "ofendido" os sergipanos ao escrever que José Eduardo Dutra não possui passado empresarial, fez carreira como sindicalista da CUT e foi senador do PT pelo estado de Sergipe, e ele não sabia o que era pior, o MPF agora ataca no principado. Para os doutos procuradores, o programa de Bareta é inadequado ao horário (TV Atalaia/12h00), pois exibe cadáveres, gente mutilada ou com graves lesões corporais, faz propaganda de bebidas alcoólicas, teria forte apelo sensacionalista e, maior das mazelas, expõe publicamente a imagem dos presos. Muitas crianças e adolescentes formam a audiência nesta faixa. O programa seria desaconselhável para eles. Curiosidade a parte, no rosário do MPF contra o Tolerância Zero não consta ser o programa de Bareta um dos mais ferozes críticos do novo governo, especialmente da ineficiência da (SSP) Secretaria de Segurança Pública no combate à criminalidade. Mas isso nada tem a ver com este assunto! Bareta de fato faz um programa rococó, cheio de entrevistas escrotas e com imagens de encher uma bacia de vômito. Tudo na hora do almoço. Talvez fosse o caso de promover uma adequação ao conteúdo, tornando-o mais palatável ao consumo social ou mudar o horário. A direção da TV Atalaia se compromete a atender às demandas do MPF para manter o policial-radialista no ar. A questão é saber se o MPF vai se contentar apenas com um Bareta soft, metendo o sarrafo nos vermelhos. Porque sem o resto, só sobra isso...

E.Zine 02/04 N32

SUTIS DIFERENÇAS A crise da Deso tem diagnóstico claro: incompetência. Ao contrário do apregoado pelos lisonjeadores reais infiltrados na Imprensa, o problema não vem do ex-governo. Até dezembro do ano passado não havia “solução de continuidade” na empresa e ela somente surgiu depois da chegada dos vermelhos ao poder. O que os lisonjeadores escondem do respeitável público são as “mudanças” feitas na empresa para garantir emprego a certa galera. Substituíram profissionais (sem vínculo partidário ou político) com anos de experiência por gente sem o mínimo traquejo. Como a nova turma está totalmente perdida, quem sofre é a população. Todo mundo viu na TV o drama de centenas de moradores do bairro Santa Maria (antiga Terra Dura), sem água por dias seguidos. Sem falar do tal rodízio de água barrenta. A Deso somente é deficitária, como diagnosticou em entrevista ao Jornal da Cidade (1/04) o presidente da empresa, Max Montalvão, porque não cobra dos devedores. Só a Prefeitura de Aracaju, por exemplo, tem um prego (bem lá no alto) de R$ 14 milhões. Outros órgãos públicos, incluindo escolas estaduais e repartições federais, também estão em débito. Por que não se cobra desse povo? Enquanto os vermelhos não pararem de por a culpa pela própria inapetência no ex-governo, vão continuar sem enxergar onde o calo aperta. Como se vê, não é nada fácil administrar. E estamos apenas no começo...

AO TRABALHO, GENTE Na edição de ontem, o Jornal do Dia trouxe entrevista com o deputado federal José Carlos Machado (DEM). Dentre outros temas tratados, Machado falou sobre os quase 100 dias do governo de sua majestade, o príncipe. Disse-se preocupado porque a quem o povo delegou o direito de governar não está sabendo governar. Da mesma forma, a quem o povo delegou o direito de fazer oposição, lamentavelmente também não está sabendo fazer oposição. Para Machado, todo início é difícil, porém aconselha sua majestade a chamar a “multidão de secretários” nomeados por ele e transformar esse povo numa equipe. Segundo sua avaliação, o novo governo está sozinho em campo. Não há adversários e ninguém ainda conseguiu marcar um gol. O jogo estaria zero a zero. Machado é homem com trânsito em todas as esferas de poder. É respeitado pela inteligência, franqueza e pelas avaliações sempre muito lúcidas que faz. É também um político com boa atuação no Congresso. Suas observações quanto ao cenário atual são confirmam o quanto sua majestade anda garboso, sem ninguém a lhe cobrar efetivamente as ações prometidas em palanque. De fato, falta governo e oposição...