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Quarta-feira,
15/12/2011 | 19h25 | Política
Banese: o
governador Marcelo Déda mente, sem pejo – mais um vez!
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Dentro do
objetivo de maltratar a imagem pública do ex-governador João
Alves Filho, aproveitando qualquer circunstância, ontem o
governador Marcelo Déda disse ter sido o principal avanço
do Banese na sua gestão a recuperação da saúde
financeira do banco, antes “refém de uma visão
governamental usada para viabilizar investimentos (obras, ações...)
do Governo de Sergipe”. Assim, afirmou Marcelo Déda, “muitas
vezes eram produzidos resultados positivos forçados, visando a
fazer dividendos a serem compartilhados.”
Explico:
como principal acionista do Banese, o governo sergipano tem direito
legal de fazer retiradas quando, obviamente, há lucro nas
operações financeiras que, observem este importante
detalhe, são monitoradas detalhadamente pelo Banco Central e
pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia
do Ministério da Fazenda responsável por fiscalizar as
atividades do mercado de valores mobiliários (incluindo as
bolsas de valores). Observe também a sutileza da palavra
empregada – “forçados” –, para evitar dizer
explicitamente que os resultados eram “falseados”. Comento isto
adiante.
Voltemos
ao discurso: Marcelo Déda disse ter chegado ao governo
percebendo a situação extremamente grave, a por em
risco a própria estabilidade do Banese – objeto, segundo o
governador, de inspeções do Banco Central e seguidas
advertências a respeito de práticas fora do padrão
exigido pelo BC. Teria, então, o Banese corrido risco de
falir? Para Marcelo Déda, esta seria “uma palavra muito
forte”. Mas disse que, para recuperá-lo, o governo precisou
abrir mão dos tais dividendos “por dois anos seguidos”.
Comento:
esta não é a primeira tentativa de Marcelo Déda
para apresentar-se como salvador do Banese. Tão logo assumiu
em 2007, o governador passou a queixar-se que João Alves Filho
havia antecipado em 2006 o pagamento de dividendos do Banese,
deixando transparecer que houvesse nisso alguma ilegalidade, não
obstante o próprio presidente do banco à época,
João Andrade, afiançar sê-la “prerrogativa
prevista em lei”.
Por outro
lado, ao usar as hábeis palavras “resultados positivos
forçados” e não resultados positivos “forjados”
ou “falseados”, como queiram, Marcelo Déda busca eximir-se
de qualquer possível inquirição judicial, já
que não desceu aos desvãos da calúnia, seguida
de injúria e difamação – cuidado que revela as
reais intenções do governador: trazer de volta ao
público a querela da “terra arrasada”, após a
passagem do Tsunami Negão.
O curioso
é que a Assembléia de Acionistas do Banese, reunida em
abril de 2007 para ratificar (ou não) o balanço de
2006, entendeu que precisaria apurar melhor a “denúncia”
de Marcelo Déda, antes de votar o demonstrativo – a votação
veio a acontecer naquele mesmo mês, sem que se conheça
qualquer ressalva! No entanto, a gestão do PT somente aprovou
o balanço em 10/08/2007, após tê-lo “reajustado”.
Estava criado o “fato”...
Ex-presidente
do Banese na gestão de João Alves Filho, Jair Araújo
esclarece: “O acionista-controlador (o governo estadual) –
através do presidente do Conselho, o então secretário
da Fazenda Nilson Lima – votou pela aprovação do
balanço (em abril de 2007). Então, criou-se um
‘factóide’ (em agosto de 2007) para confundir a população,
a fim de enfraquecer o banco e para desrespeitar os ex-gestores.
Porque, quando uma notícia assim sai na imprensa, o povo acha
que alguém colocou dinheiro no bolso.”
Pimba! Não
é preciso ser muito esperto para concluir que a estratégia
de corrigir o balanço de 2006, introduzindo nele um prejuízo
de R$ 22 milhões – que não existia de fato, como se
pode deduzir pelo voto de Nilson Lima concordando com o demonstrativo
feito pela equipe de João Alves Filho –, tinha clara
motivação política. Lembrem-se, naquele final de
2007, já se falava na possibilidade de o ex-governador, bem
posicionado nas pesquisas, ser candidato a prefeito de Aracaju em
2008.
Desmontar
o novo embuste – ou factóide, se preferirem – de Marcelo
Déda é tarefa simples. Será que o Banco Central,
a Comissão de Valores Mobiliários e a Receita Federal,
sob o controle absoluto de Lula da Silva, que buscava a todo custo
foder – nestes termos – seu inimigo Número 1, iriam manter
o controle do Banese por longos quatro anos nas mãos de João
Alves Filho, caso o banco estivesse capenga, à beira de um
ataque de nervos? Faz-me rir, petralhada... Vejamos como estava o
Banese ao final de 2006, de acordo com quem tem credibilidade para
julgar o mercado financeiro nacional:
* O Banco
do estado de Sergipe encerrou 2006 sendo o Segundo Melhor Banco
Público do país, de acordo com a edição
de junho de 2007 da revista “Conjuntura Econômica”, da
Fundação Getúlio Vargas (FGV). No item
“Rentabilidade sobre o patrimônio líquido”, o Banese
aparecia na mesmo publicação (veja reprodução
ao lado / click para ampliar) na terceira posição, com 52,7% – o lucro
final do Banese foi multiplicado por seis na gestão de João
Alves Filho.
* O Banese
foi considerado pelo BNDES o melhor banco de microcrédito do
país, pela administração eficiente e criteriosa
do Banco do Povo, que superou todas as metas inicialmente previstas:
foram R$ 40 milhões movimentados; 55 mil clientes atendidos;
3.036 novos empreendimentos implantados – aplicação
média de R$ 653,00 por cliente atendido. Como resultado,
17.242 postos de trabalho foram abertos, beneficiando
majoritariamente as mulheres chefes de família (68,5%),
especialmente as com atuação no setor do comércio
(79,59%). O sucesso do Banco do Povo de Sergipe residia
especialmente nos baixos juros cobrados – de apenas 1,3%/mês,
os menores do Brasil – e pela assistência técnica e
empresarial (prestada pela Secretaria de Combate à Pobreza)
aos empreendedores durante o processo de empréstimo e na
implantação do negócio.
* A Austin Rating, primeira empresa brasileira de rating
bancário, publicou em 26/02/2007, relatório de
avaliação (vide reprodução ao lado / click para ampliar) no
qual reafirmava o “Rating A- ao Banco do Estado de Sergipe S/A”.
O Comitê de Classificação de Risco da Austin
Rating, levou em conta “a continuidade no aumento dos volumes de
crédito do banco, em linha com sua estratégia
corporativa, e a forte diminuição de seus índices
de inadimplência, melhorando o perfil da carteira de crédito.
Esta tendência eleva a solidez financeira da organização,
contribuindo para agregar sustentabilidade aos lucros e receitas do
banco, particularmente em um cenário de queda nas taxas de
juros básicas, as quais definem a rentabilidade de grande
proporção do ativo do banco.”
*A revista
econômica VOCÊ S.A., edição de maio de
2007, aponta o Banese na primeira posição entre os 20
bancos de pequeno e médio porte com “melhor rentabilidade
operacional” no mercado brasileiro. Diz a revista: “O índice
preço/lucro para os papéis do Banese tem retorno em
quatro anos, contra os habituais 12 anos, que é a média
do setor. O Banese ostenta um retorno sobre o patrimônio de
50%, bastante superior aos 27% da média do Mercado”.
Todos, na
visão decantada por Marcelo Déda, devem ter sido
ludibriados pelo Negão...
O
governador disse ontem que, para “recuperar o Banese”, ele
precisou abrir mão dos tais dividendos que tanto criticava
“por dois anos seguidos”. Mentira deslavada... Quem contradita o
governador é o próprio Relatório da
Administração do Banese 2007/2008, páginas 05 e
06 (reprodução ao lado / click para ampliar), que confirma ter o
Conselho de Administração distribuído R$ 6,7
milhões a título de remuneração aos
acionistas, e provisionou R$ 4,6 milhões para pagamento de
dividendos complementares, totalizando R$ 11,3 milhões.
Ou seja, o
Banese não era um banco quebrado, ao contrário, pois
fez repasses dos lucros aos seus acionistas em 2007 e 2008. É
aquela história, camaradas, a mentira tem pernas curtas!