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Segunda-feira, 29/08/2011 | 10h55
Gringos? Cuidado com eles...
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Para quem adora teorias da conspiração, recomendo o instigante “Confissões de um Assassino Econômico”, de John Perkins (Cultrix). Em pauta, naturalmente, o colosso imperial americano e as técnicas usadas pela explorar a humanidade. Nas palavras do autor, seria “a história secreta de como os EUA se transformaram de uma república respeitada num império que utiliza a globalização para defraudar os países pobres em trilhões de dólares”.
O livro traz a autobiografia de John Perkins, nascido no interior norte-americano, que após passar capenga pela universidade, é incorporado à multinacional MAIN, empresa de consultoria (projetos) no setor elétrico. Ele é levado a conhecer países diversos como Indonésia, Irã, Arábia Saudita, Equador, Panamá e Venezuela. Lá, sempre pela via da corrupção –de políticos e dos dados que manipula para dar crédito aos relatórios que escreve–, “vende” planos de expansão e modernização de países pobres, desenvolvidos por empreiteiras dos EUA e financiados por bancos internacionais controlados pelos norte-americanos (FMI, BIRD, Banco Mundial), empréstimos esses que, de tão extorsivos, jamais poderão ser pagos.
Resultado: os países passam a ficar na dependência do governo americano e de sua política de governabilidade internacional, espécie de antecipação ou preparação para um futuro “governo mundial” ou “governança mundial”. Nos exemplos apresentados, muitas são as informações já bastante batidas –a intervenção da CIA, por exemplo, na morte de Omar Torrijos, no financiamento de terroristas como Osama Bin Laden e Muammar Kadhafi, no golpe contra Salvador Allende–, mas John Perkins resolve “mudar de lado”... e desembucha os detalhes sórdidos de como tudo teria sido feito, longe dos olhos do público e da amansada imprensa.
O mérito desse livro é nos levar ao âmago das corporações e da política norte-americanas, de maneira a entender como funcionam os mecanismos de exploração e, quando convém, das intervenções (por meios fora-da-lei) contra quem se insurge, ao não aceitar as “regras” da política internacional dos EUA. Muito do que John Perkins diz –o livro é de 2004– ajuda a entender o atual momento de várias nações, assoberbadas por guerras e conflitos, sempre tendo à frente o onipresente e poderoso Estado Norte-Americano.
Enfim, por que devemos ficar indiferentes à exploração de nossas riquezas e das dos vizinhos mais pobres? Como podemos lutar contra o poder do império global, que ameaça a coexistência pacífica e explora de modo irreparável os recursos naturais do planeta, já bastante erodidos? O que fazer diante de políticas públicas cujo maior mérito é enriquecer seus formuladores? O livro do assassino econômico arrependido tenta –e em parte consegue– dar tais respostas... Boa leitura!
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Nada como o suporte de uma charge para resumir a ópera, e esta é perfeita em todos os sentidos (publicada originalmente na Folha de São Paulo,  de  27/08/2011):