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Sexta-feira, 10/06/2011 | 07h05
Crise no governo Marcelo Déda
Encurralado pelos fatos, Iran Barbosa diz que renuncia
Ou Meu pirão primeiro...
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Sem dinheiro, após ter torrado as economias do Estado em busca de reeleger-se e ao grupo que supostamente comanda, o governador Marcelo Déda vive agora o grande tormento de uma crise política no governo, provocada pelo racha entre os professores, classe que sempre o apoiou, e com um segmento do PT que lhe dá sustentação política na Assembleia Legislativa.
Ontem, em pronunciamento exaltado, Iran Barbosa, ocupante da Secretaria Estadual dos Direitos Humanos e da Cidadania, disse: “Não continuarei a integrar um governo que descumpre o piso salarial do magistério.” Prometeu renunciar ao cargo, pois “não poderia ocupar a pasta dos Direitos Humanos, se os professores não são tratados dentro dos direitos constitucionais”.
Numa primeira olhadela, a atitude do professor Iran Barbosa pode denotar extremada solidariedade e pendor à causa dos colegas ante a insensibilidade do governador. Mas como dizia Otto von Bismark, as pessoas nunca mentem tanto quanto depois de uma caçada, durante uma guerra ou antes de uma eleição. Encurralado pelos fatos, não lhe restou alternativa senão a renúncia.
Licenciado em História, bacharel em Direito, Iran Barbosa já dirigiu o Sintese, a CNTE e a CUT/SE; foi vereador e deputado federal. A trajetória política, portanto, sempre esteve atrelada aos interesses sindicais, sobretudo do magistério público estadual. No Congresso Nacional, teve atuação louvável e reconhecida. Contudo, não obteve coeficiente para reeleger-se.
A quebra-de-braço entre os professores e Marcelo Déda não começou ontem. Arrasta-se, em verdade, desde praticamente o começo da primeira gestão. Greves, paralisações de protesto, manifestações públicas de desamor e até enterro público foram as armas usadas pelos sindicalistas para pressionar o governo. O governador simplesmente os ignorou, a todos...
Há de se ter, no entanto, o brio da decência de reconhecer um ponto crucial: mesmo diante de todas as querelas entre uns e outros, Iran Barbosa aceitou de bom grado o gordo salário de secretário estadual – com as benesses, quase R$ 20 mil – oferecido pelo governador. Até tentou, diga-se, conciliar o holerite e a “luta” sindical, diante das vibrantes assembleias dos professores.
Mas não deu para segurar! O coração explodiu... Tivesse optado por permanecer no emprego arrumado por Marcelo Déda, Iran Barbosa corria sério risco de implodir a ainda incipiente carreira política. Não se deve esquecer que ano que vem haverá eleição. “Meu pirão primeiro!”

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Segunda-feira, 06/06/2011 | 08h15
Pode até faltar cadeia...
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Uma nova elite que o governo nem quer ouvir falar – sua existência é até um constrangimento em certas áreas do poder público. Refiro-me a Turma Classe AAA. Essa turma desta nova Classe AAA é formada por gente que, lícita ou ilicitamente (a parte maior, creio) tem ficado cada vez mais próspera... Um colosso econômico!
Neles se incluem os controladores de ONGs, com amigos dentro dos governos – basta ver o caso da Eunice Weaver em Aracaju: R$ 29 milhões doados com afeto! A Eunice Weaver, graças aos amigos entranhados na Prefeitura de Aracaju, não precisou realizar tarefas nem prestar contas do que fez com tanto dinheiro.
Nesta semana, porém, o Tribunal do Contas do Estado resolveu por tudo em pratos limpos. O TCE, inclusive, detectou várias "irregularidades" nos contratos com a ONG.
Usa-se deste eufemismo – irregularidades – para não ofender os brios do poderoso de plantão: na verdade, a Eunice Weaver é uma lavanderia, mas teve as contas aprovadas na Câmara de Aracaju. Do pleno do TCE, por graça divina, após pareceres dos investigadores do Ministério Público Estadual, espera-se um resultado diferente daquele ofertado pelos vereadores: devolver a grana!
A oposição, não sem razão, acha que esta dinheirama toda tenha financiado campanhas eleitorais. Tudo começa na gestão de Marcelo Déda e segue com Edvaldo Nogueira. Um luxo! A esperança é que nesta semana o TCE possa, de fato, esclarecer o que a Eunive Weaver fez do que lhe foi dado sem pejo; onde investiu quase R$ 30 milhões. Se for fundo, faltará cadeia...