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Terça-feira, 18/10/2011
Briga de vermelhos
Doutor (ele gosta de ser chamado assim) Rogério Carvalho, segundo Antônio Samarone
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Para os não-iniciados nos assuntos da psicanálise, podem soar como simples chacota as palavras do médico sanitarista e comissário-chefe da SMTT/Aju, Antônio Samarone*, ao caracterizar o colega médico e ex-secretário de Saúde, deputado Rogério Carvalho: “Ele sofre de atrofia de superego.” No entanto, há mais nesses céus que aviões de carreira...
Inicialmente, as definições – depois comento:
O superego é inconsciente; faz a censura dos impulsos que a sociedade e a cultura estabelecem como non-gratos, impedindo ao indivíduo satisfazer plenamente instintos e desejos íntimos (e talvez incontidos). Noutras palavras: é o sistema gestor da repressão, particularmente a sexual. Indiretamente, o superego manisfesta-se no consciente sob a forma da moral, como um conjunto de interdições e deveres; e por meio da educação, pela produção da imagem do “Eu” ideal, ou seja, da pessoa moral, boa e virtuosa.
Já a atrofia designa a parada ou redução no desenvolvimento de uma parte do corpo. Músculos atrofiados, por exemplo, podem diminuir de tamanho e perder a capacidade de mover braços ou pernas. A atrofia muscular progressiva, causada pela doença de uma parte da medula espinhal, faz com que certos músculos definhem.
Comento, então: ao juntar dois elementos aparentemente incompetíveis para definir a personalidade de Rogério Carvalho, o ardiloso Antônio Samarone abusou da semântica a fim de dizer o que todos já sabem, mas poucos professam: o deputado é um cabra muito capaz; capaz de tudo, justamente por conta da ausência de pudores ou limites morais – daí o superego atrofiado!
Convenhamos, trata-se da mais perfeita definição de Rogério Carvalho jamais feita...
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(*) Entrevista dada ao jornalista Gilmar Carvalho no “Jornal da Ilha” desta terça-feira.