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Quarta-feira, 02 de Junho de 2010 – 17h00
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Lambança na cozinha governista
Jornalista insinua ser o vice-prefeito maconheiro
e chama deputado de denguinho fofo
Corações incontinentemente nervosos, cutucadas ferinas, agressões morais, declarações de amor e conclusões comoventes... Não, não se trata do resumo da próxima novela mexicana das seis! Tudo leva a crer, era para ser somente mais uma dia tranquilo no Twitter. Veio a chuva e deixou o céu cinza, motivo suficiente para acirrar os ânimos no eclético saco de gatos governista.
Entre uma twittada e outra, o jornalista Diogenes Brayner, espécie de assessor informal do senador Antônio Carlos Valadares, a quem consulta até sobre o sexo dos anjos (e vice-versa), cutucou a ala governista do PT, questionando: “O quê vocês acharam da nomeação de Belivaldo Chagas para a Educação? Por que vocês acham que agora (eles) elogiam tanto a atitude de Belivaldo e não o fizeram quando ele pretendia continuar vice?”. Em seguida, concluiu que “na política não existem bobos nem burros. Mas existem os sabidos em excesso”.
Em resposta ao prestimoso jornalista acorreu o próprio presidente estadual do PT, o vice-prefeito de Aracaju Sílvio Santos. Disse ele: “Brayner, meu caro, estou lhe achando indócil. O que você achou da operação política do governador?”. O doce Diogenes Brayner partiu para a briga: “Silvio Santos, eu indócil? Será que você fumou maconha? Ficou doido? Indócil por que? O governador Marcelo Déda fez o mais correto. Não aceito provocações nem insinuações. Leio nas entrelinhas e não sou político. Vejo o que você, por conveniência, não vê”.
Pego de surpresa, e certamente ainda tonto e nauseado com o ataque matreiro, Sílvio Santos tentou amenizar: “Que é isso, meu rapaz? Mantenha a calma e o respeito. Não há razão para ser tão agressivo. Take it easy (fique frio, em Inglês). Não sou provocador nem afeito a insinuações. Digo o que penso sem meias palavras. No mais, insisto que devemos manter o nível”.
Para encerrar a querela –aliás, já não era sem tempo–, o colunista do Correio de Sergipe alfinetou: “Você não merece meu respeito. E vou encerrar o papo, porque é um debate grosseiro, que não me interessa”. Pois é, quando todos pensavam que a briga na cozinha governista através do Twiiter tinha acabado, surge o deputado Jackson Barreto –sim, ele mesmo, o ficha suja: “Chapa pronta... Oposição angustiada... E aquele jornalista pseudo-independente, que apostou tanto na divisão do grupo, quebrou a cara. Esse jornalista torce tanto contra nós que nem disfarça a sua posição”.
O Twitter pegou fogo. O primeiro a entrar na futrica foi o jornalista Douglas Magalhães: “Deputado, quem é o jornalista? O povo quer saber quem é o pseudo-jornalista”. Logo em seguida, certamente em tom de pilhéria, o jornalista Eugênio Nascimento disse: “Ele diz que é independente”. Até o sisudo editor e apresentador do Sergipe Notícias, jornalista Ricardo Marques, contribuiu com o importante debate: “Deputado, todos querem saber”.
O próprio Diogenes Brayner, esforçado com é para garantir uma boa análise política, trouxe sua versão: “Olha o Jackson Barreto entrando com gracinha. Eu adoro Jackson. Acho-o um fofo. O jornalista pseudo-independente sou eu. Não é uma fofura... Particularmente acho Jackson um dengo. E acho que ele será um ótimo vice. Nada contra. Vejo isso explodindo de amor... Gostaria tanto que o Jackson fofo lesse o que recebi agora contra ele. Mas não vou publicar...”.
Pausa para uma rápida provocação deste escriba: publica, Brayner, publica, cara! Ameaçar só para fazer charminho não vale. Publica, publica...
Voltando à análise do colunista Diogenes Brayner: “Continuo achando-o um charme, um denguinho. Falando sério –desculpe, mas preciso de outra rápida pausa: e seria possível falar sério depois de tanto amor para dar destilado?–, acho que a chapa formada pelo governador Marcelo Deda é boa, competitiva e dentro dos padrões de lisura do seu titular. Não entro em baixaria [só se for necessário] e nada tenho –porque não posso– a contestar o que ele decide. O quê não deixarei de fazer é publicar o que está acontecendo para agradar a ninguém. E falo sério: acho que Jackson merece estar na chapa. No restante é intriga besta e Jackson deveria mudar sua postura. Não fica bem para um candidato a vice usar picuinhas e bobagens”.
Respeitável público, a quase novela da lambança governista não acabou no capítulo acima. Muitas cenas, digamos, interessantes, ainda poderão ocorrer. Mas, confesso, pelo bom andamento da minha digestão, rogo que a encerremos por aqui e agora. Contudo, para olhos mais curiosos, recortei a sequência dos diálogos (veja ao lado e clique para ampliar). Merecem ser guardados para a posteridade...

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Terça-feira, 01 de Junho de 2010 – 22h15
> Comício no palácio, aulas de marketing eleitoral e celulares pagos com dinheiro público... Neste governo, tudo é possível!
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Neste governo, tudo é possível!
A Procuradoria Regional Eleitoral de Sergipe –leia-se Ministério Público Federal– estaria a investigar se houve crime no comício organizado pelo PT sábado 15/05, no Palácio de Veraneio. A oposição não tem qualquer dúvida, sobretudo após a divulgação do discurso de Marcelo Deda no programa de Gilmar Carvalho. Agora, talvez seja o caso de o MPF incluir na investigação outras ações de cunho eleitoral realizadas pelo governador com dinheiro público.
Um bom começo seria observar as contas telefônicas dos diversos órgãos da administração estadual (especialmente a Secretaria de Comunicação) até o mês passado e depois compara-las com as emitidas a partir do próximo mês. Dezenas de celulares BlackBerry com capacidade para acessar a Internet foram entregues a cargos comissionados. A missão deles é interagir nas redes sociais –além de divulgar o governo, a equipe também trabalha a imagem do governador e da candidata do PT à Presidência da República. Detalhe importante: não há limite para o uso.
A entrega dos aparelhos coincidiu com o ingresso de Marcelo Deda no Twitter, atualmente a mais crescente rede social brasileira. Desde então, 2.040 pessoas passaram (até o momento) a seguir o governador. São em sua maioria jovens –há ainda assessores, jornalistas ligados ao governo, simpatizantes do PT e os apenas curiosos. Aliás, eis aí a questão: de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, cerca de 55% das pessoas aptas a votar nestas eleições têm entre 16 e 45 anos de idade –exatamente o público consumidor das redes sociais.

Trocando em miúdos... A Comunicação do governo encontrou a fórmula mágica de interagir com o eleitor de forma direta, através da Internet, tendo como ferramenta para ações de marketing eleitoral telefones celulares de última geração comprados com dinheiro público, cujas contas, ilimitadas, serão pagas pelas respectivas secretarias e órgãos da administração direta e indireta.

Aulas de Marketing Eleitoral – Com despesas pagas pelo erário estadual, foi realizado na semana passada o seminário “Mídias Digitais e Transformação Social”. De acordo com a Secretaria de Comunicação, participaram do evento “cerca de 300 pessoas, entre estudantes, professores, gestores públicos e interessados no tema”. Foram quatro dias de “participação popular, integração, compartilhamento e protagonismo social”, sob a batuta do jornalista Marcelo Branco.
O seminário serviu de biombo para o governo apresentar aos cabos eleitorais (e a gente ligada à Comunicação) o modelo sistematizado de divulgação e interação nas redes sociais, criado e proposto pela cúpula da campanha de Dilma Rousseff –e, claro, acatado pela campanha à reeleição de Marcelo Deda. O investimento com locação de hotel, traslado, alimentação e o coquetel de despedida do evento rendeu ainda ao governo um cadastro extra com potenciais cabos eleitorais, que serão essenciais para viabilizar o projeto de Marcelo Branco.
Para quem não o conhece, Marcelo Branco é coordenador de mídias sociais da campanha à Presidência da República da candidata do PT. Criador do site www.dilmanaweb.com.br com vídeos para mostrar o “lado humano” da ex-ministra, ele coleciona gafes e trapalhadas –já foi, inclusive, advertido pelo comando nacional de campanha*–, sendo a maior das suas lambanças o anúncio através do Twitter de que o filme de aniversário dos 45 anos da Rede Globo camuflava uma mensagem subliminar em favor de José Serra – 45 é o número do PSDB.
Restam, então, algumas incômodas perguntas: Até quando Marcelo Deda continuará a subverter a lei, abusando da máquina pública em benefício próprio? Se não foi punido quando usou recursos da Saúde de Aracaju (“Micareta Picareta”, revista Veja de 10/05/2006) para fazer comícios em sua campanha ao governo, o será agora? Que outras ações eleitoreiras estariam sendo implementadas com recursos do governo de forma secreta? Cabe ao MPF apresentar as devidas respostas.

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(*) Dilma Rousseff muda o mapa do Brasil
Um vídeo no qual Dilma diz que o filme Vidas Secas retrata “a saída das pessoas do Nordeste PARA o Brasil” pegou fogo na rede. Por conta do estrondoso sucesso, o PT resolveu censurar o PT, para proteger-se das estripulias de Marcelo Branco – ele acabou levando um puxão de orelhas da direção nacional do partido. Para quem não viu o vídeo, vale a pena dar uma olhadela, só para rir. Afinal, alguém precisa dizer a candidata do PT que o Nordeste também é Brasil. Você se habilita?
Coisa de canalha (Por Roberto Jefferson)
Segundo O Globo, há uma crise aberta no comando de campanha de Dilma. Sua causa seria a montagem de um dossiê, bem do gosto dos aloprados petistas, que teria como alvo a filha de Serra. Dossiê contra filho é coisa de canalha. Esses neoaloprados parecem não ter aprendido com os erros de 2006. Pior que isso, confirmam que a alopração está no DNA deles e reproduzem tristemente a fábula do escorpião, na qual dá uma estocada no sapo mesmo com a possibilidade de morrer afogado. Ferroada é com eles mesmos.
(Publicado originalmente em http://www.blogdojefferson.com/index.aspx)

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Segunda-feira, 31 de Maio de 2010 – 08h45

> Marcelo Déda ainda chora o leite derramado
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Marcelo Déda ainda chora
o leite derramado
A soberba da infalibilidade típica dos deuses não tem permitido ao governador Marcelo Déda, pois entranhada até às madeixas cinzas, enxergar o óbvio: não adianta vociferar desaforos para quem gravou o comício do Palácio de Veraneio (leia mais no comentário anterior) nem lastimar a divulgação de gravações do abusado evento de campanha pelo jornalista Gilmar Carvalho. Se o leite derramou, derramado está e só resta a alternativa de limpar a sujeira.
Por incrível que pareça, após quase duas semanas do fatídico encontro eleitoral, Marcelo Déda ainda não dorme confortavelmente. Sente-se amargurado... Aperta-lhe o peito relembrar a presença de um réprobo entre seus aliados –o traidor nefasto, cuja malfeitoria expôs ao distinto público o desprezo do governador pelo mais comezinho dos ditames estabelecidos pela legislação eleitoral: “Não usarás a máquina pública para obter vantagem sobre seus adversários”.
O que era para ser um “simples almoço de agradecimento” acabou transformado pela turma do barulho oposicionista num homérico uso indevido do poder governamental. Marcelo Déda engoliu direitinho a isca. Ao invés de manter-se distante, deu-se feito pato em desabrida autodefesa, sobretudo através de seu novo brinquedinho, o Twitter –ao reboque do chefe acorreram também seus áulicos; todos em busca de defender o indefensável.
O tempo transcorrido desde então –repito, quase uma semana– deveria servir para a profunda reflexão dos governistas acerca do risco político-moral de contrariar o rito legal em vigor. No entanto, estranhamente, esse pessoal da esquerda quando não usa a força das armas para “convencer” quem não se convence doutro modo –como fizeram/fazem os irmão ditadores de Cuba e o filhote de ditador Hugo Chávez–, abusa das “verdades absolutas”. Foi assim que o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, resolveu meter-se nessa história.
Disse ele ao jornalista Joedson Telles (http://www.universopolitico.com/) quinta-feira: “...a reunião do palácio, não tinha nada demais. O governador pode receber e fazer reuniões. O que lá foi tratado são temas de interesse do Estado. Não foi tratado campanha eleitoral, campanha política. Não foi tratado candidaturas. Política faz parte do trabalho administrativo. Eleição é outra coisa”.
Além de ser quase médico, Edvaldo Nogueira também é um quase alquimista. O prefeito comunista de butique tenta transformar um almoço-comício, descaradamente eleitoreiro –conforme ouvido por meio Sergipe no programa de Gilmar carvalho–, num “trabalho administrativo” de “interesse do Estado”. Talvez o prefeito esteja emitindo juízo baseado no que lhe afiançou o chefe maior. Somente isso justificaria ter ele perdido a chance de continuar de boca fechada.
Pelo sim, pelo não, o melhor para o governador Marcelo Déda (e sua turma de assessores com BlackBerry) seria encerrar este tenebroso assunto. Nada de mais delongas, tão prejudiciais à já carcomida imagem do Governo da Mudança para Pior. Nada de piadinhas envenenadas contra a oposição em blogs e twittadas... Enfim, chega de choramingar o leite derramado!