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Terça-feira, 24 de Janeiro de 2012 | 11h40 | Políticas Públicas
A tal da educação, minha gente
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No escrito anterior, fiei acerca da impossibilidade de reduzir as desigualdades regionais no Brasil sem investimento maciço na qualidade da educação. No domingo último, a Folha de S.Paulo publicou um caderno especial justamente tratando sobre o tema, enfocando ter sido a escolaridade o fator “fundamental para a queda da desigualdade (de renda) e o crescimento da classe média”, hoje predominante no país.
Trazendo de volta as palavras do professor Alexandre Barros (vide texto abaixo), “pessoas que vivem numa comunidade com mais capital humano – educação, arte... – tendem a ser mais produtivas e, portanto, tenham renda superior às que não vivem em tais ambientes”. Ou seja, indivíduos instruídos geram mais riqueza para o país e também ganham mais, se equiparados aos não educados.
Num comparativo com décadas passadas, a boa notícia é que hoje mais brasileiros buscam diplomas de nível superior, com influência positiva na retração das desigualdades e na ampliação e consolidação da classe média, cada vez maior e economicamente mais forte: 90 milhões de brasileiros, número maior do que a população da Alemanha – os excluídos, contudo, compõem ainda 28% da população, mas eram 33% dez anos atrás.
A Folha de S.Paulo alude ao chamado “milagre econômico” dos anos 1970, quando o pífio avanço da escolaridade fez com que os poucos brasileiros mais instruídos se beneficiassem muito mais do bom momento econômico do que aqueles sem estudo. O Brasil atingiu recentemente a posição de sexta economia do mundo. Perder esta nova oportunidade configuraria uma burrice astronômica. A opção única, portanto, é ampliar a qualidade da educação, sobretudo a pública.
É bom lembrar, parcela importante dos formuladores das políticas educacionais em uso no Brasil – após a redemocratização! – baseiam-nas em conceitos marxistas ultrapassados, pelos quais “filósofos” como Paulo Freire exortam as virtudes de certa “pedagogia do oprimido”, seja lá o que isso signifique. Sem discutir o mérito dessas intervenções, buscar o pragmatismo, com aplicação estratégica da educação conforme as necessidades econômicas nacionais, tem sido o diferencial da China Comunista, onde a ideologia fica do lado de fora da sala de aula. Por que não copiar?
Na contramão, a péssima notícia é que mais da metade (58%) dos entrevistados para a composição dos dados usados pela Folha de S.Paulo admitem que “não costumam ler livro” – característica, aliás, considerada importante para distinguir as classes sociais. Mesmo entre os ricos, o índice dos que não têm o hábito da leitura de livros é alto (31%) – média de 4,5 exemplares por ano. No geral, os brasileiros leem em média 2,2 livros ao ano, um dos índices mais baixos do planeta...
Por tudo isso, a educação de qualidade (e focada no desenvolvimento) mostra-se urgentemente prioritária. Alguns governos estaduais, como o de Pernambuco, já estão engajados nesse propósito. Por enquanto, apenas Minas Gerais, São Paulo e o Distrito Federal têm programas similares, com metas estabelecidas, grade curricular diferenciada e escolas operando em regime de tempo integral. Ainda falta, contudo, um “modelo nacional”, como o usado pela Coreia do Sul com resultados fabulosos, prova de que é possível avançar aos maiores patamares apenas usando a cabeça!

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