:::: Segunda-feira, 15.10.2007 :::: Edição N169 ::::

SÓ O TEMPO DIRÁ
A semana encerrou com uma grande dúvida: por que, apesar de haver nos cofres públicos quase 580 milhões de reais, o governador Marcelo Déda não promove as mudanças prometidas durante a campanha eleitoral? Na quarta-feira, o secretário (Fazenda) Nilson Lima confessou na Assembléia manter sob sua guarda a montanha de dinheiro. Também admitiu não cumprir limites mínimos estabelecidos pela Constituição Federal para investimentos específicos do Orçamento: aplica 9,3% na Saúde, quando o correto seria 12%; e 24,5% na Educação, ao invés dos 25% previstos.
Faltam remédios nos hospitais e postos de saúde mantidos pelo governo. As estradas estão miseráveis. A segurança um caos. Não obstante, Sua Alteza Real parece insensível a tantas demandas. Prefere manter o dinheiro guardado a usá-lo em benefício do povo. Por que agiria assim o “governador da mudança”?
A explicação parece estar na “cartilha” petista de como administrar pensando no futuro. Quando assumiu, o presidente Lula usou-a a risca. Reclamou da herança maldita. Aproveitou o que funcionava no governo de FHC e maquiou ao seu estilo para parecer algo novo. Engordou a máquina contratando petistas que repassam um dízimo ao partido. Partiu para práticas pouco ortodoxas de negociar com o Congresso e guardou recursos para gasta-los na hora adequada.
Fiel escudeiro do Grande Molusco, o governador Marcelo Déda segue o mesmo périplo. Culpou o ex-governo para disfarçar o susto e a incapacidade com os afazeres da máquina do Estado. Apropriou-se de idéias implantadas por João Alves Filho como se criadas por ele. Cooptou apoio na Assembléia, fornecendo cargos e outras estimulantes benesses aos deputados. Emprega milhares de companheiros que contribuem mensalmente para o PT. Agora, retém quase 600 milhões como se fizesse um pé de meia.
A estratégia está clara! Sua Alteza Real aposta que o povo pode sofrer neste primeiro instante, dando sua cota de sacrifício ao projeto político de poder que engendra. Quando começar a enxurrada de dinheiro de múltiplas fontes, o passado será esquecido e ele cairá novamente no gosto popular. O Ano eleitoral de 2008 será ideal para testar o plano, que arquiteta a permanência do PT no comando do Estado pelas próximas duas décadas.
Ao fiar-se na memória curta da população, especialmente a que verdadeiramente necessita do Estado, o governador Marcelo Déda age dentro de uma lógica camaleônica. Como foram esquecidos os escândalos do mensalão e das sanguessugas graças a mimos como a grana do Bolsa-Família, com o devido perdão dos eleitores ao Grande Molusco, Antônio Palocci, José Genuíno (...), assim também haverá o povo de apagar da memória o sofrimento de agora tão logo comecem as obras e ações governamentais (e partidárias) que pretende para a partir de janeiro.
Terão as quimeras do governador este epílogo surreal e mirabolantemente esquisito, tal como dito? É esperar pelo passar dos dias...
  • PS: É no mínimo estranho o silêncio do Sindicato dos Trabalhadores na Saúde (Sintasa), do Sindicato dos Trabalhadores na Educação (Sintese), da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SE), da Central Única dos Trabalhadores (CUT/SE) e até da imprensa auto-proclamada “imparcial” ante o fato de o governo do PT não cumprir a obrigação constitucional de investir 12% do Orçamento na Saúde e 25% na Educação. Fosse outro o governador, certamente o próprio PT já o teria denunciado ao Ministério Público Estadual por improbidade administrativa. Aliás, alguém viu o MPE por aí?

::::: AS MENTIRAS QUE ELES CONTAM :::::

DE GRÃO EM GRÃO
É do Iguaçu a catarata de elogios dos colaboracionistas do governo infiltrados na imprena ao governador Marcelo Déda pelas duas indústrias (Crown e Campo Lindo) em implantação no Estado. Só que elas não são idéia nem obra do governo do PT. O protocolo de intenções da parceria, já que o Estado oferece incentivos às empresas, foi assinado no ano passado por João Alves Filho. A construção das unidades fabris começou no semestre passado, também cumprindo acordo estabelecido no ex-governo.

MAIS UM GRÃO
A ainda minimamente comentada ampliação do Porto de Sergipe é outro dos projetos que o governo do PT tenta apropriar-se para fazer de conta que planeja. O Ignácio Barbosa foi implantado por João Alves Filho em 2003. Desde o momento em que ele passou a lutar pela implantação da refinaria da Petrobras, paralelamente discutiu o crescimento do terminal marítimo. Além da refinaria, a obra é necessária para atender também a Zona de Processamento de Exportação (ZPE), outro projeto do ex-mandatário para os terrenos próximos a área portuária.

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