E.Zine 18/09 N152

EMBAIXO DO TAPETE Em 10.05, a denúncia da micareta picareta pela revista VEJA fez um ano. Lá se vão, então, 15 meses. Como outros escândalos nacionais, a farra com o dinheiro do Sistema Único de Saúde (SUS) para lançar a candidatura do então prefeito de Aracaju Marcelo Déda a governador caiu no esquecimento. Nem uma mínima investigação foi feita para averiguar se realmente houve esperteza. VEJA apontou vários mistérios na contabilidade da prefeitura de Aracaju. Os artistas contratados por Sua Alteza Real para o bota-fora da administração teriam recebido cachês muito menores que os registrados nas finanças oficiais. O cantor Daniel, por exemplo, faturou apenas 103 mil reais, e não os 271 mil e 500 reais registrados na contabilidade da prefeitura. Desencontro de valores também ocorreu nos contratos de Fábio Júnior, Agnaldo Timóteo, Ana Carolina e Luiz Caldas. Imediatamente, aventou-se a suspeita de desvio de dinheiro para um caixa dois. Diante do silêncio do Ministério da Saúde, Ministério Público Federal e Polícia Federal, o Partido dos Aposentados da Nação (PAN/SE) encaminhou à Justiça Eleitoral em 20.12.2006 recurso contra a expedição do diploma de governador de Marcelo Déda e do vice-governador Belivaldo Chagas "por propaganda eleitoral antecipada (Art.36 da lei 9.504/97; Art. 73 da lei 9.504/97)". O processo chegou naquele mesmo dia às mãos do relator, ministro José Delgado, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como de praxe, foi encaminhado (02.01.2007) para ser examinado pela Procuradoria Geral Eleitoral (PGE). Passados oito meses e quinze dias, absolutamente nada ocorreu. Sem um parecer da PGE, o recurso do PAN/SE não poderá ser julgado pelo TSE. Será a micareta picareta mais um daqueles escândalos espertamente encaminhados para debaixo de vistosos tapetes sem que um único vivente seja punido? Será como o tal Dossiê dos Aloprados investigado pela Polícia Federal, cuja conclusão é de que o crime aconteceu, mas não há criminoso? Só o tempo dirá...

Nenhum comentário: